Lost In Love escrita por anaafontenele


Capítulo 1
Muita neve e umas alucinações estranhas.


Notas iniciais do capítulo

Woo Hoo! Então, tá ai, espero que gostem! :)



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Noite fria em algum salão chique de festa em Long Island, NY – 13 de Janeiro de 2008.

–Mamãe? – a pequena Amélia Léger perguntou, puxando o vestido de seda da mãe, Clara.

–Sim, querida? - ela respondeu, com um sorriso no rosto e ajeitando os óculos.

–Posso ir conversar com a lua lá na sacada? Estou com dor de cabeça e esta festa não acaba nunca.

–Claro, - Amélia criou esse hábito de “conversar com a lua” desde os 4 anos. Sempre que estava com dor de cabeça ou algum problema que não conseguia resolver, esperava anoitecer para conversar com a lua, que para ela parecia responder e dar bons conselhos. Clara sabia muito bem o porque da filha gostar tanto daquele satélite, por isso nunca ouvia as amigas dizendo para ela levar Amélia em algum psicólogo. – mas não se perca nesse salão imenso, ok?

–Ok, mamãe. Volto logo! – Amélia abriu um sorriso brilhante e um dente da frente faltando completava o charme que a garota tinha. A pequenina tinha muitas dificuldades na escola, sim, mas era quieta e uma ótima compainha. Adorava dias ensolarados e não perdia um passeio no parque em um dia de verão por nada. Mas nesses últimos meses a mente de Amy estava transtornada, estava tendo pesadelos com as mesmas criaturas que a assombravam quando era menor.

–Hey, Amy!

–Oi, mamãe! – Amélia se virou.

–Está com seu colar?

Amélia olhou para o peito, onde estava um colar dourado comprido, com um sol como pingente, ganhara de seu pai quando ela ainda era uma recém-nascida, no dia em que seu pai a deixou sozinha com a mãe e o primo, Kevin. Ela sorriu novamente e continuou correndo, Clara a observou até perde-la de vista.

O salão de um prédio chique em Long Island estava lotado e todo arrumado, cheio de gente da sociedade e educadores muito famosos. Estava ocorrendo uma festa de final de ano para premiar os educadores que mais fizeram diferença nas escolas do estado de Nova York. Sua mãe havia sido convidada e ganhou o prêmio de melhor professora de música de 2008 em NY. Pois é, a mãe de Amélia tinha talento, sabia tocar vários instrumentos e trabalhou duro para pagar a faculdade, ela amava o que fazia.

Amélia finalmente encontrou a sacada, que tinha flores rosas e amarelas presas nos pilares, a pequena mal conseguia enxergar direito a rua abaixo, com vários carros passando. Ela se sentou no canto e ficou admirando a lua que estava cheia e brilhosa. O céu estava lindo, mesmo não tendo muitas estrelas por causa das luzes da metrópole, mas o prédio ficava um pouco afastado, então...

“Por que? Por que estou tendo esses pesadelos, lua? Eu queria ser uma criança normal. Tiraria as maiores notas e minha mãe se orgulharia de mim.” – Amélia pensou radiante para ganhar uma resposta.

“Sua mãe já se orgulha de você, pequena Amélia.” – A voz de uma mulher jovem e valente entrava pelos ouvidos de Amy como se fosse uma melodia, a Lua. “E seu pai também.”

“Eu não tenho pai.” – respondeu secamente, olhando feio para o lado. “Ele nos deixou, abandonou mamãe quando eu era apenas um bebê e ela não podia ficar comigo o dia todo porque tinha que estudar!”

“Ele precisou, você sabe disso. E também sabe que Clara acha ele o melhor homem do mundo, que fez muito bem para ela e ainda faz muito bem para você, pequena Amélia.”

“Eu não o conheço e nunca recebi nada dele. Apenas meu colar.”

“Um dia esse colar te ajudará muito.”

Amélia segurou o pingente com força e voltou o olhar para a lua. Lágrimas escorriam de seus grandes olhos azuis claros que puxara da mãe. Aquela pequena criança sentia falta da presença do pai, e lembra que trazia felicidade para a casa. A mãe de Amy sempre contou que ele tinha o sorriso mais branco de todos, pele bronzeada, cabelos loiros com cachos suaves, grandes olhos cor de mel, um rosto másculo que tinham covinhas nas bochechas e no queixo. Essa fora a única descrição do pai que ela conseguiu. Também contou que quando os dois namoravam, seu pai gostava que o chamassem de Aaron, mas esse não era seu nome verdadeiro e Clara nunca quis contar para Amélia como seu pai realmente chamava, ela dizia que um dia ela saberia.

“Lua, eu preciso de uma família!” – Amélia se desabou a chorar.

De repente, uma luz forte e prata explodiu na sacada. Amélia se assustou e rapidamente se levantou e encontrou uma menina de mais ou menos 12 anos em sua frente. A menina era bem branca e tinha um cabelo preto longo e brilhoso preso em uma trança, tinha uma tiara em forma de várias luas pratas em sua testa, sua bochecha era cheia de sardas e ela tinha lindos olhos azuis claríssimos. Estava com um arco prata preso em seu corpo e nas suas costas, uma aljava de flechas. Ela olhou com carinho para Amélia e veio para um abraço, que por sua vez estava confusa mas tentou retribuir.

–Pequena Amélia, como você cresceu! – Amélia não sabia se ria ou saía correndo. Cresceu? Pequena Amélia? Elas eram praticamente da mesma altura.

–Quem é você?!

–Claro que não me reconheceria nessa forma. Sempre te vigiei, você deve se lembrar de mim como uma mulher adulta sempre com meninas por perto. Minhas caçadoras amadas. Mas elas estão por perto.

–Ca-Caçadoras?

–Sim. As Caçadoras de Ártemis, Amélia.

–Tipo, Ártemis, Ártemis mesmo, a deusa?

–Sim, minha linda. Na verdade, eu sou a própria Ártemis, deusa da caça e lua.

Amélia soltou uma risadinha irônica. Aquela menina era louca ou o que? Por que ela estava dizendo que era Ártemis e tinha caçadoras? Ela só podia ter bebido muito suco de uva.

De repente a coisa mais estranha aconteceu: um barulho de plantas crescendo e de repente, uma menina ruiva e com olhos cor de vinho apareceu, montada em um pé de uva que chegava até o último andar do prédio. Aquilo era impossível. Ela direcionou a mão para a sacada e ordenou que crescessem mais folhas até que ela ficasse no chão seguro. Ela também tinha um arco prata e tinha botas pretas com detalhes roxos, aquela garota devia amar roxo.

–Oh, desculpe. Meg, filha de Dionísio. Está na caçada há 12 anos. Qual o problema de pegar um elevador? – A menina olhou para a ruiva, Meg.

–Perdão, minha senhora. Mas os mortais não conseguem ver por trás da névoa mesmo, M’lady. Essa é sua sobrinha? – E ela moveu os olhos vinho para Amélia, que estava com os braços cruzados e com uma feição fechada, aquilo já estava passando dos limites.

–Sobrinha?!

–Senhorita Meg, estava guardando essa notícia para mais tarde.

–Apolo se diz tão homem mas não consegue dar a notícia para a própria filha, consegue?

–Não ofenda Apolo, Meg. É um homem mas continua sendo meu irmão. Meu estúpido e idiota irmão.

–Ah por favor, agora vai me dizer que Apolo é meu pai!? – a expressão de Amélia era de raiva, mas alguma coisa no fundo de seu coração queria acreditar naquela bobagem toda. – Vai me dizer que sou uma semideusa que usa espadas, lanças e arcos e flechas e luta contra monstros?!

–Sim. Você é uma semideusa.

–Por que minha mãe esconderia isso de mim?! Ela me ama!

–Ela fez isso para te proteger, Amy. Se soubesse que era semideusa seu cheiro iria ficar forte e monstros iriam tentar te matar.

–O-Oque!?!? Me poupe! E não me chame de Amy!

Amélia saiu correndo e chorando pelo saguão. Muitas pessoas estavam dançando e andando por toda parte e Amélia estava ficando tonta. Acabou que desceu para o térreo. Lá ficou sentada perto do aquecedor, para ver se tentava afastar o frio. Seu casaco de couro já ajudava bastante por cima de um vestido verde claro, botas grossas e quentinhas e uma meia calça. Amy parecia uma princesinha do gelo, mas ela odiava frio, neve e qualquer coisa relacionada. O vento assoprava e fazia uma melodia quando passava pela pequena janela. Amélia ouvia músicas e melodias de todo lugar, havia nascido com esse dom. Mesmo tendo apenas 9 anos, já sabia tocar violão muito bem.

Um homem entrou no saguão e conversou com a recepcionista. Ele usava um terno azul escuro riscado por baixo de um casaco. Ele tinha uma barba cinza comprida, igual o cabelo. Algumas rugas marcavam seu rosto. Seus olhos eram azuis elétricos e por um momento Amélia sentiu medo, mas também sentiu vontade de sair correndo para abraçá-lo. Ele tinha cara de ser familiar.

Não bastava a noite ter sido tão atormentadora, então de repente a recepcionista se transformou em uma coisa parecida com uma vampira sinistra e feia, ela se ajoelhou aos pés do homem que a olhava com desprezo. De repente, o homem tocou seu ombro e soltou uma descarga elétrica e fez a monstra cair e virar pó. Amélia assistiu aquilo com os olhos arregalados e não deu tempo nem do homem olhar para trás e tentar matá-la, ela já estava na outra calçada. A pobre e assustada menina saiu correndo com todas suas forças, lutava contra o vento gelado que batia em seu rosto, droga, esqueceu de pegar seu gorro.

A neve caia pelas ruas que agora estavam ficando vazias. Amélia correu tanto que acabou se perdendo, estava bem longe do prédio, ainda mais de sua casa. Ela não olhou pra trás nem por um segundo, estava tão apavorada que o frio não incomodava mais. Só queria que aquilo tudo fosse um sonho e ela acordasse em um dia quente de verão, com sua mãe trazendo o café da manhã na cama. Amy já estava se cansando e resolveu entrar em um beco. Ela se sentou do lado de uma caçamba de lixo e colocou suas luvas.

“Talvez tudo isso seja um sonho” pensou e se abraçou, tentando se aquecer. Ela pegou no sono.

No sonho que teve, um menino aparece com uma espada e levando Amy no colo para longe de monstros que estavam perseguindo-os. Ele corria com dificuldade pela subida, entre vários pinheiros. O garoto tinha um corte sangrando na testa e vários machucados, a perna dele estava com um corte profundo e seus passos deixavam marcas de sangue na neve. Amy tinha uma perna enfaixada com pedaços de uma blusa e seu pescoço estava sangrando bastante, mesmo sabendo que era um sonho, podia sentir a falta de ar e a angústia de estar desmaiada. O menino então avistou um rapaz mais velho, que estava com uma espada e chamava outras pessoas para vir ajudar. O menino ajeitou Amy no chão e olhou para trás, onde um monstro enorme vinha os alcançando.

“Cuide dela por mim! Não diga que passei por aqui! Não preciso de ajuda, vou ficar bem. Apenas não deixe ela em perigo!” O menino gritou para o rapaz que estava ainda bem longe. Então ele saiu correndo e cravou sua espada negra no peito do monstro, que com muita dificuldade, virou pó. Ele andou um pouco e foi engolido por uma sombra preta e desapareceu.

Amélia acordou em um susto e pulou para frente. Estava no mundo real. E estava mais frio ainda. Sua pele estava dolorida e não conseguia mexer o rosto sem sentir dor. A neve começou a cair mais forte e a pobre criança estava perdida e desesperada. Então olhou em direção a rua, onde encontrou um menino passando pelo beco, o mesmo menino de seu sonho.

–Me ajude! – ela tentou falar, mas sua voz saiu rouca. – Socorro! Me ajude! – ela disse mais alto.

Sabendo que ele não ouviria, desistiu e começou a chorar de novo. Afundou seu rosto, seus braços que abraçavam as pernas. Depois de alguns segundos sentiu uma mão tocar seu ombro, olhou pra cima e reconheceu, mesmo estando escuro, o garoto que havia acabado de passar pela calçada e acabado de aparecer em seu sonho.

–Você precisa de ajuda?

Ela olhou pra ele por um momento pensando que ele estava de brincadeira. "Não, não. Estou quase congelando, não preciso de ajuda não."

–Er... Sim.

–Vem, eu tenho um pouco de café bem quente. Prazer, meu nome é Nico di Angelo. – Nico ajudou Amélia a se levantar. Ele era um pouco mais alto e parecia ser mais velho, tinha olheras em volta dos olhos e um cabelo liso e preto e uma franja estava começando a cair pela sua testa. Usava um casaco de aviador e uma calça preta igual os coturnos.

–Meu nome é Amélia. Amélia Léger, e eu estou ficando louca. Acabei de ver um monstro meio vampiro, um homem o matando com um choque elétrico vindo das mãos, a lua se transformar em menina e uma garota conseguir se transportar apenas criando plantas. – Amy o abraçou e encaixou seu pescoço em seu ombro, ele estava quentinho, mas ficou imóvel.

–Wow. Sem abraços, por favor. – Nico se afastou de Amélia. – E você sempre fala tanto assim?

–Desculpe, estou desesperada. Preciso de um lugar quente. Preciso do sol.

–Ah. Podemos ir para sua casa. Como sua mãe se chama?

–Eu não tenho mãe. – Mentiu. – Nem casa.

–Hm, podemos então ir para um lugar menos – tossiu – frio que aqui. Você é corajosa? Esse lugar é nossa única opção.

–Depois dessa noite eu não tenho medo de mais nada.

–É o que vamos ver... Venha comigo, Amélia Léger.

Nico a pegou pelo braço e saiu correndo, fazendo com que Amy fosse junto e eles afundaram na escuridão. Uma escuridão que parecia ser infinita. Infinita e fria. E olha que ele disse que tiraria ela do frio.


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Notas finais do capítulo

Eu demorei muuuito para escrever esse capítulo, tudo o que eu imaginei por meses estava saindo da minha mente e eu não podia colocar tudo nesse primeiro fkdsjflksdjfklsd espero que tenham gostado, bjbj.



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