E aqui estou eu, esperando mais um treino de futebol acabar, junto com a minha melhor amiga Sophie, que espera pelo irmão, James.

– Ainda não sei por que eu perco meu tempo aqui com você! – murmurei, observando os meninos jogarem.

– Por que, assim como eu, você também esta aqui para ver esses meninos suados e sem camisa! – Sophie murmurou, não tirando os olhos do jogo. – Confessa que você gosta!

– Você poderia ser um pouco mais discreta! – falei, vendo Drake perder mais um gol.

– Mais? Querida, eu sou um poço de discrição! – ela falou e eu assenti, mesmo sabendo que aquilo não era muito verdade.

Logo o treino acabou, para a minha alegria e de Sophie, porque além do ginásio estar ficando extremamente quente, eu poderia ir embora e ficar meu fim de semana longe de uma certa pessoa. Os garotos passaram do nosso lado e ficaram olhando para nós de rabo de olho e soltando cantadas. Sophie ficava se achando, mas isso não importava muito para mim. Eu já tinha outra pessoa em mente, mas ele não se importava muito comigo.

– Vamos! – falei, me levantando da arquibancada e pegando meus livros. De repente me subiu uma sensação ruim pela garganta, como quando você sabe que uma coisa boa não vai acontecer e toda vez que isso eu sinto isso, sempre acontece alguma coisa ruim.

– Pra onde filha? – Soph perguntou.

– Esperar por James no carro?! – falei, como se não fosse obvio.

– Por quê? Vamos esperar aqui!

– Soph, por favor, eu to com um pressentimento ruim! Vamos embora! – pedi, mas ela negou. – Por favor.

– Ta bom! Pessoa chata. – ela falou se levantando, mas já era tarde demais.

Todo o ginásio tremeu, sons de passos pesados puderam ser ouvidos, como nas historias de gigantes que ouvimos quando somos crianças, mais uma vez o ginásio tremeu. Depois tudo ficou quieto.

– O que foi isso? – ela murmurou, tão assustada quanto eu.

– Eu não sei!

Mas, antes que pudéssemos pensar em possibilidades, um grande estrondo pode ser ouvido e logo todo o nosso campo de visão foi tomado por poeira. Onde surgiu o buraco pode ser visto uma luz vermelha e, aos poucos, pudemos distinguir um corpo com formato humano, mas completamente de metal abaixo dela e extremamente grande.

– JAMES!

O robô soltou uma espécie de laser do mesmo lugar de onde saia a luz vermelha. O laser destruiu o piso de madeira polido da quadra. Eu e Sophie corremos, em direção a porta de saída, mas o tal robô “soltou” o laser na direção da porta, derretendo-a, estávamos presos. A única saída era a que o Destruidor, como eu o apelidei, fez, mas também era onde o mesmo estava localizado.

– O que vamos fazer? – Soph me perguntou, completamente assustada.

– Eu não sei! – falei.

– SOPHIE! – ouvimos James gritando por ela. Olhamos para a entrada do vestiário, de onde ele e os meninos haviam saído a poucos segundos, completamente desavisados.

– CUIDADO! – gritei para eles quando vi o Destruidor se preparar para outro ataque.

Os meninos se jogaram no chão e rolaram, depois correram ate nós.

– Vocês duas estão bem? – Peter perguntou quando nos viu no chão.

– Sim, mas a saída ta bloqueada! – falei, apontando pra porta derretida.

– Precisamos tirar ele de lá! – Peter falou.

– Mas como? – Soph perguntou.

– Ele esta atrás de nós! – Drake falou.

– Oi? – perguntei confusa.

– Ele só atacou a nós! Só pode estar atrás da gente! – ele explicou.

– Precisamos atrai-lo para longe do buraco e tirar o resto do pessoal daqui! – Sophie falou.

– Eu vou! – James falou.

– Como? – agora foi a vez de Sophie perguntar.

– Eu sou o mais rápido de todo mundo aqui! Tem de ser eu! – ele falou e ninguém contestou.

– Só tome cuidado ta? Não posso perder você também! – Sophie falou, vendo James se levar.

Eu sabia o que ela estava sentindo. Na verdade, acho que todos sabíamos, porque em algum ponto da vida, perdemos um ou ambos os pais de algum jeito bem comum ou trágico, no caso de Sophie e James, que perderam ambos os pais para uma guerra estupida.

– Eu sempre tomo! – James falou, antes de levantar e ir se esconder perto da arquibancada. Olhei para trás e vi aquele humanoide destruindo todo o ginásio.

– Drake, você precisa ir lá dentro e avisar aos outros a hora certa de sair. – falei e ele assentiu, saindo correndo. – Nós precisamos ficar aqui e ajudar para que James não seja morto!

– Se espalhem e na primeira oportunidade, saiam daqui! – Peter falou e assentimos. – Mas com cuidado. Ao meu sinal! – Peter esperou, pacientemente, ate o momento em que o Destruidor “desligou” seu raio. – VÃO!

Cada um foi para um lado, se escondendo. Esperando apenas a hora certa de agir. Agora, era com James.