Cadente escrita por Sah


Capítulo 6
Cobaias




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O refeitório estava igual, mesmo prédio, mesmas mesas. A única diferença é que antes ele era cheio, agora parecia uma enorme sala com pessoas espalhadas.

Procurei algum conhecido, felizmente conhecia todos. La estavam eles, todos eles. Sarah, Samantha, Aaron e até Arthur nos encarando em silencio enquanto entravamos no refeitório. Eles não fizeram nada, não acenaram não me chamaram apenas me encararam com neutralidade, como todos os outros estavam fazendo. Me senti insegura, não conseguia ler as emoções que eles me passavam apenas senti uma frieza anormal.

Silas nos deixou e disse que quando tocasse o sinal novamente era para esperá-lo que ele vinha nos buscar. Logo quando ele saiu. O silencio foi quebrado por Amber, quem diria de todas as pessoas que eu menos sentiria falta no caso de um catástrofe ela encabeçava a lista.

— Ora, ora, ora. Finalmente as Belas adormecidas acordaram.

Não respondemos. E Bryan sentou em uma mesa longe de todo mundo. Annie fez o mesmo. Não sabia o que fazer, o que eu mais desejava era ir até os meus amigos, abraçá-los. Mas não tive essa coragem. Alguma coisa me dizia que eu não deveria fazer isso. Um tipo de pressentimento, uma voz interior: “ Não faça nada, ignore” .

Sentei em uma mesa e fiquei observando enquanto os outros comiam. Não tinha estomago para comida, minha cabeça estava cheia!

Notei que fora os meus amigos, todos os outros estavam misturados, Amber não andava somente com sua fieis seguidoras, que por alguma razão também tinha sobrevivido, mas também estava na presença de Emily, e de Violet, uma garota religiosa que normalmente usava óculos fundo de garrafa e cortinas, como Amber mesmo gostava de falar em alto e bom som.

Nem os amigos de Bryan fizeram contato com ele. Estavam juntos com alguns “nerds”.

Nunca um intervalo demorou tanto para acabar. Antes de o sinal tocar Silas chegou, e disse que precisávamos ir até a enfermaria.

Quando ele disse enfermaria, pensei na velha enfermaria da escola, com apenas uma cama e uma mesa e na velha senhora Janice como enfermeira, mas quando chegamos parecia mais que estávamos em um centro médico avançado, melhor que o hospital que eu estava. Essa “enfermaria” era um dos novos prédios que foram construídos.

— Certo, estão todos aqui. Disse Silas enquanto fazia a contagem.

— Vocês passarão o resto do período aqui. Farão alguns exames e poderão ser dispensados.

Mais exames. Quando acho que já agüentei agulhas o bastante isso acontece.

— Por que iremos fazer mais exames. Já não fizeram o bastante no hospital? Ou por acaso pegamos alguma doença nesse tempo? Disse Bryan revoltado

— Vocês não fizeram o suficiente. Temos equipamentos aqui, que o hospital da cidade não tem. Vocês só poderão sair daqui hoje se fizerem tudo o que for ordenado, caso o contrario meus amigos não deixarão que saiam hoje. Disse Silas com sua voz fina enquanto apontava para dois soldados na porta de vidro.

Eles colheram mais sangue e fizeram uma espécie de tomografia. Quando percebi já era mais de quatro horas. Minha mãe viria me buscar as três.

Quando fomos liberados, corri para frente da escola, e ela não estava lá. Pensei em ligar, mas lembrei de que estou sem o celular. Olhei em volta, e o ponto de ônibus não existia mais.

Eu só teria que andar 40 minutos. Eu posso fazer isso.

Comecei a andar, mas logo senti algumas dores na perna. O médico disse que eu teria. Viro a esquina e vejo um velho Camaro estacionado. Passo em frente a ele e vejo Bryan tentando ligar o motor. Ultrapasso, não querendo atrapalha-lo.

— Você precisa de uma carona? – Bryan fala pela janela.

— Não, obrigada. – Recuso de forma educada.

— Tem certeza? Você não mora no Monte Ravenna?

Ele sabe onde eu moro.

— Sim.

— Então é caminho para mim.

— Não sei.

— Você que sabe. Você também deve estar sentindo dores por falta de movimentação, não é?

— Sim, quer saber eu aceito sua carona.

E eu fiz uma coisa que eu jurei nunca fazer, entrar no carro de qualquer cara como ele.

O carro tinha cheiro de eucalipto. Sentei no banco da frente. E observei enquanto ele ajustava o rádio. Bryan não costumava dar carona a ninguém, nem para Amber, seu carro, como eu ouvi falar, era uma espécie de refugio.

Não falamos nada no caminho, não comentamos nada do que está acontecendo, e eu achei isso bom. Ainda preciso digerir tudo.

Ele estacionou em frente ao meu prédio. Mesmo sem eu apontar. Me despedi e agradeci muito. Quantas meninas não me invejariam nesse momento? Depois de tudo o que aconteceu seria bem menos que antes.

Ao virar em direção ao prédio, o vejo. Com o cabelo como sempre foi, agora mais brilhante que da última vez. O sol de fim de tarde, refletido em seus olhos. Mesmo depois de tudo ainda sinto a mesma coisa por ele. Mas a sua face de ódio ainda me assusta.

— O que você pensa que estava fazendo no carro daquele cara – Ele diz com raiva.

Me assusto com essa atitude dele. Depois de mais de uma semana que eu não o vejo.

— Ele me deu uma carona. – Falo tentando não demonstrar o que eu sinto.

— Como você consegue ainda ser tão ingênua? Tinha combina com a Viola de te buscar hoje. Ela disse que você estava sentindo minha falta. Mas quando chego lá vejo você entrando no carro daquele cara.

Ele me viu entrando no carro do Bryan? Mas como ele chegou antes de mim aqui?

—Aaron, ele me deu carona, por que ninguém me avisou que você iria me buscar. Você poderia ter me avisado na hora do almoço, se você se quer tivesse falado comigo.

— Você ainda não entende, Liv.

— Não, eu não entendo nada.

Ele vem em minha direção, ele quer me abraçar, mas alguma coisa me diz para não fazer isso, e desvio.

— Por que você fez isso? Achei que você estava sentindo minha falta.

— Eu estou...

Agora eu o abracei apesar dos meus instintos dizerem que eu não deveria fazer isso.

— Você vai subir?

— Não, tenho muitas coisas para fazer. Mas prometo que no fim de semana teremos um tempo só para nós.

— Ok.Vou esperar ansiosa, por isso.

— E eu não quero que você fique perto daquele cara.

— Aaron, eu não posso prometer isso. Na minha turma só tem eu, ele e a Annie. Não vai ter como eu ficar longe dele.

— Você leva as palavras muito no literal, só não quero que você fique amiga daquele cara. Caras como ele, não tem amigas, você sabe disso.

— Sim, eu sei. Mas não se preocupe eu sei cuidar de mim.

— Eu espero que você saiba.

E assim que eu virei para abrir a porta ele havia desaparecido.


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