Para a surpresa de Luki, não fora o guerreiro de Pandora que o atacara.

Fora Jake.

E, por estar despreparado, tudo o que o netuniano pôde fazer foi cair no chão, enquanto os olhos escuros de Jake o encaravam... Mas, espera, havia algo diferente no alienígena.

Seus olhos não eram negros, eram verdes, radiantes. Ele nunca emanara uma aura de medo por onde quer que fosse. E, pior: ele nunca tentara matar os seus amigos.

Pelo menos, não até aquele instante.

O plutoniano agarrou seu pescoço com uma das mãos e o ergueu no ar, como se não passasse de um boneco de algodão, seu corpo irradiava energia negra.

– O que você está fazendo? – Dean gritou há alguns metros de distância. Aparentemente, ele havia acabado com os outros guerreiros de Pandora sozinho, perfurando seu peito com uma sequência de espinhos de gelo (O que fez com que eles se transformassem em pó, instantaneamente).

Jake se virou lentamente para ele. Seus olhos completamente negros pareciam capaz de fitar sua alma, provocando calafrios em sua espinha. Com um aperto no peito, Dean notou que ele se parecia com um dos demônios de seu livro; estava possuído.

Brianna observava aquilo com grande espanto. Era óbvio que ela não sabia o que fazer. Já estava preocupada com a irmã, imaginando onde ela estaria ou se estaria bem a todo momento e, agora, ao ver Jake, aquele que ela acreditava poder chamar de melhor amigo, sendo possuído por Pandora... Bem, ela estava confusa.

Não era como se ela pudesse lutar contra ele. Temia que fosse machucar o amigo por causa disso. Não suportaria ver Jake machucado por sua causa.

Percebeu que os garotos olhavam para ela. Luki tentava permanecer inexpressivo, mas estava claro que ele estava perturbado com aquilo. Ninguém nunca os preparara para possessões como aquela. Dean não tinha o mesmo controle do outro rapaz e já estava deixando com que algumas lágrimas escorressem pelo seu rosto.

Ela sentiu vontade de correr até Dean. Precisava abraçá-lo, reconfortá-lo, dizer que ia ficar tudo bem. Ela não suportaria viver se algo acontecesse contra o outro rapaz... Ela não suportaria.

Mas, antes que pudesse fazer isso, ele estendeu o braço para ela, com a mão aberta. Um sinal para que ela parasse. Apenas movendo os lábios, sem som algum, a garota perguntou o porquê.

Ela notou que ele forçou um sorriso.

– É o Jake... Eu posso cuidar dele.

Os dois se entreolharam por alguns segundos. Enquanto isso, Luki enfrentava Jake com alguns tentáculos de água. Brianna não podia deixar de ter a sensação de que não era contra a deusa que ele estava lutando, mas seu amigo.

E, bem, o que ela poderia fazer?

Por mais que ela pudesse se arrepender disso futuramente, ela saiu correndo.

...

– Jake! – Dean gritou mais uma vez. Dessa vez, sua voz estava completamente dominada pelo desespero. Em algum momento, ele havia soltado o arco e a aljava com as flechas. Estava tão trêmulo quanto Loki há alguns minutos.

O garoto plutoniano, olhou para ele, trincando os dentes. Aquilo só fez com que ele apertasse com ainda mais força o pescoço de Luki, que, embora tentasse se livrar, não tinha tanta força quanto Jake. Para falar a verdade, em outros momentos podia acreditar que era mais forte que o garoto, mas, no momento, a aura ao seu redor parecia deixa-lo mais poderoso, assustador.

– Pandora... – Luki disse, mais para si mesmo do que para Dean – Ela está fazendo isso.

– Pandora? – agora Dean estava a beira das lágrimas. Luki entendia que eles eram amigos, mas não entendia por que ele estava, bem, chorando – O que... O que nós podemos fazer?

Antes de responder, Luki jogou Jake contra o chão, criando uma explosão de água com os pés e se levantando bruscamente. Por baixo da armadura, seus músculos doíam. Mas a dor era mais que física. E fora Jake que causara aquilo.

Assim como o pai de Savanna, quando ele falou, a voz era a de uma mulher.

– Eu não sou sua pior ameaça.

Luki sentiu um arrepio por todo o corpo. Talvez mais do que Jake, a voz, por si só, irradiava poder. Era a voz de uma deusa, é claro que emanaria poder... e medo.

– Vocês são suas piores ameaças – ela continuou. Enquanto isso, o corpo de Jake se levantava do chão, onde Luki o jogara. Seus movimentos pareciam forçados, rígidos, inerte – E o garoto, Jake, sabe disso.

– Você não pode fazer isso com ele! – novamente, Dean gritava. Embora estivesse muito mais assustado que Luki, ele conseguira se manifestar contra a deusa. Aparentemente, ele era mais forte do que parecia.

Mas, claro, isso não queria dizer que Jake (ou Pandora) se curvariam para ele, se rendendo.

– Eu dei poder. E elevei-os ao máximo.

– Você... Você trouxe morte!

O rosto de Jake se virou para ele e um barulho estranho emanou de seu corpo. Era algo como uma risada.

– Oh, pobre Dean. – apesar das palavras, não havia qualquer sensibilidade em sua voz – Será uma pena destrui-lo.

O corpo de Jake ergueu uma mão e, assim, um longo chicote se materializou de sua própria sombra. Na verdade, era feito da sua própria sombra.

– Mas o mundo é assim. – ela continuou - O que você mais ama, é o que mais te causa dor.

E, então, Jake avançou contra Dean.