Além dos Mortais escrita por Ádrila Agnes, victor hugo


Capítulo 17
O Curandeiro


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas!
~ Ryan.



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Loki estava caído, de costas, sobre uma enorme poça de sangue. Do seu sangue.

O grito, surpreso, dos amigos, parecia soar a quilômetros de distância. Era como se ele tivesse submerso sobre água salgada: a cabeça balançando, o corpo sem peso.

Luki correu em sua direção. Ele viu como que anestesiado, seu tridente atravessar a armadura do guerreiro de Pandora com um som metálico. As três laminas ficaram presas pouco abaixo das costelas do adversário, mas, ainda assim, o corte não era profundo o suficiente para que ele se desintegrasse em pó, somente caísse no chão, se contorcendo, tentando se levantar.

– Loki! – a voz de Luki estranhamente, estava sóbria. Atrás dele, Brianna não conseguia tirar os olhos da ferida. Seus olhos tremulavam de medo. Jake e Dean, mais afastados, também estavam trêmulos.

– Está... Muito... Feio? – sua voz era rouca e frágil. Ele beirava a inconsciência.

Luki olhou para Brianna, sem dizer uma só palavra. Ao contrário dos outros, ele continha as suas lágrimas. Ele fez um sinal para que Dean e Jake se afastassem um pouco, e foi o que eles fizeram. Eles pararam a alguns metros de distância, impedindo que mais guerreiros se aproximassem, sem que eles pudessem perceber.

Era possível notar os resquícios da explosão que acontecera há poucos minutos no horizonte, próximos ao castelo do rei-sol.

– Loki, escute – sua voz ainda se mantinha calma – Você vai ficar bem.

As palavras dele eram concisas, o tom de voz parecia determinado. Por um momento, Loki imaginou se realmente podia ficar bem.

– Eu...

– Você não deve falar. Economize suas energias. Vai precisar delas.

Loki se calou. O amigo de cabelos alvos, sem dizer uma só palavra a mais, cobriu suas mãos com uma pequena quantidade de água, guiando-as calmamente até o ferimento do feiticeiro; ao sentir o toque gelado de suas mãos calejadas, Loki torceu o rosto em agonia.

Os dedos de Brianna tremiam. Mesmo depois de ter visto o seu planeta ter sido quase que escravizado por Pandora, ter vivido alguns anos na rua e lutado pela sobrevivência, ela mesma achava estranho ter uma crise naquele momento, enquanto Luki permanecia tão calmo. Então, ela entendeu: Ele nunca ficava nervoso. Não importava o quanto a situação estivesse caótica, ele sempre se mantinha neutro, e havia um motivo para isso. Eles precisavam dele. Não era apenas mais um aliado, mas seu líder.

O príncipe de Netuno era como um médico, não podia deixar que as emoções fluíssem como o próprio elemento que manipulava, talvez por isso tivesse tanta dificuldade para entender o relacionamento de Savanna e Drake. Enquanto pessoas ficavam preocupadas ou com medo, tudo o que ele tinha que fazer era se concentrar em salvar a vida de alguém.

Enquanto pensava naquilo, os movimentos de Luke continuavam. Ele movimentava a água lentamente, puxando e empurrando, pela área do ferimento. Em pouco tempo, ela tingira-se de vermelho, com o sangue do feiticeiro, mas Luki ainda tentava. Aos poucos, a água assumiu um tom ligeiramente brilhante, como se fosse mágica, capaz de purificar e salvar qualquer coisa. E devia conseguir, é claro.

As habilidades de Luki com a cura raramente eram usadas e, pouquíssimas vezes, era em um ferimento daquele nível. Sempre haviam curandeiros profissionais a sua disposição, quando se machucava gravemente em uma batalha ou contraia alguma doença. Ele, no máximo, havia aprendido a lidar com cortes que gerariam pequenas cicatrizes.

Mas, agora, aqueles cortes pareciam insignificantes.

O liquido em suas mãos voltou a irradiar luz, como se estivesse sendo iluminado por uma lanterna. Loki sentiu um formigamento percorrer os seus braços e pernas. O ferimento ardia e parecia fumegar. A dor era entorpecente.

– Como você está se sentindo agora? – com Luki erguendo o braço, a água desapareceu. Agora, podia-se ver com clareza o sangue que cobria grande parte das costas do amigo.

– Melhor – era verdade. Embora sua visão tivesse assumido um estranho tom de verde-pálido, a água tinha conseguido clarear seus pensamentos e estancar o sangramento. Isso, claro, não queria dizer que ele já estava completamente curado.

Luki suspirou, aliviado. Suor escorria por todo o seu rosto. Ele levou a mão até uma fenda em sua armadura, de onde retirara uma pequena caixa com uma cruz vermelha. De lá, ele retirou algumas faixas de gaze e esparadrapo.

Brianna ainda observava tudo, agora mais admirada do que surpresa. Na verdade, estava sensibilizada com aquilo, o que era novidade para ela. Como as pedras que dominava, ela era rígida, preferindo algo sólido ao... ás emoções.

Notando o olhar de Luki, que pairava sobre ela, ela ajudou o feiticeiro a se sentar no chão, permitindo que ele se apoiasse nela, e retirou a parte de cima de sua armadura, deixando a barriga do garoto a mostra. Ele arquejou de dor, mas não disse nada. Como Luki dissera, ele precisava concentrar suas energias em se manter acordado e vivo.

Luki rasgou um pouco das fitas de gaze e passou pelas costas e pela barriga de Loki, que arquejava em alguns momentos. Depois de alguns segundos, Luki se levantou, claramente aliviado. Ele deixara o kit de primeiros socorros jogado no chão.

– Ainda vamos precisar de algumas seções de tratamento por algumas semanas... – Luki disse.

– Se sobrevivermos – a menina disse, embora nem mesmo ela soubesse bem o porquê. Aquilo fez com que ela sentisse um arrepio percorrendo todo o seu corpo.

Enquanto observava Brianna ajudando Loki a se levantar, ele ouviu mais um grito de dor. Ao se virar para a fonte do barulho, ele pôde ver Jake caído no chão, tremendo, enquanto tentava desesperadamente se levantar. Ao seu lado, Dean se preocupava em tentar impedir que mais inimigos se aproximassem, lançando-os para longe com jatos e bolas de neve com o dobro de seu tamanho.

Antes que Luki pudesse fazer qualquer coisa, uma figura masculina avançou em sua direção.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram do capítulo em terceira pessoa, como serão todos os próximos? Sugestões?