Depois de Pedro ter ido para sua casa, eu fiquei trancada no meu quarto escrevendo algumas poesias e rabiscando coisas na parede. Desenhando de um lado, cantando minhas músicas favoritas, escrevendo em um canto da parede, retocando um detalhe que eu tinha esquecido, molhando mais tinta no pincel, usando minha lapiseira como baqueta de bateria.

Depois de "terminar" o trabalho nas minhas paredes que me isolavam do mundo, pensei no que estava acontecendo na minha vida e queria entender pelo menos alguma coisa do que estava acontecendo. E como uma lâmpada, a ideia de qualquer adolescente quando não sabe de alguma coisa surgiu na minha cabeça. Fui procurar na internet sobre Munchunkans e anjos. Cada coisa mais bizarra que achei naquela hora mas nada de parecido com o que eu tinha vivido, quando surgiu, sem eu ter clicado em nada suspeito ou parecido, uma página chamada "Calabouço de Vidro", que só tinha uma frase depois do título da página: "Diga qual o nome do objeto perdido dos 15 e terá suas respostas".

Fiquei em choque. Não sabia o que fazer. Mas em um impulso, coloquei a mão no bolso, onde tinha colocado o pingente. Ele tinha um formato prismático, feito de prata e tinha detalhes entre os contornos, muito bonito para ser somente um amuleto da minha mãe. Tentei lembrar de alguma coisa relacionada ao "objeto perdido" mas nada combinava com aquilo. Coloquei-o em cima da mesa, brincando com ele como se aquilo fosse me dar a resposta daquela pergunta. Pensei justamente no que aconteceu. Enquanto brincava com ele, sentia que o objeto ia se tornando mais quente e tremia. Larguei o pingente e ele começou a escrever na minha mesa, com uma pressão que marcava a madeira, deixando um rastro profundo e negro, devido a tinta que saia do pingente. Quando ele parou de tremer e caiu como um objeto qualquer, o que obviamente não era, li o que estava escrito.

– Bim... Ble... Fiendo? - Falei em voz alta. Dando aquelas pausas de quem não sabe ler alguma coisa, que no meu caso, nunca tinha ouvido falar de nada parecido.

Senti o chão, as paredes e tudo ao meu redor tremer, como um terremoto. Vi meus retratos quebrando ao tocarem no chão, as paredes com meus desenhos rachando é todos os meus livros espatifando no chão até que cai da cadeira e bati com minha cabeça no criado mudo.