Reis e Rainhas. escrita por BlindBandit


Capítulo 5
De Volta para Casa.




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– America.

Era uma noite tempestuosa quando eu comecei a sentir as contrações. Maxon apareceu correndo em meu quarto quando eu comecei a urrar de dor.

Miguel veio ao mundo um mês antes do previsto. Mas tão forte e vigoroso como um bebe de gestação completa. Ele recebeu o nome por ser um anjo em nossas vidas. Depois do rapto de Melody, eu já tinha perdido as esperanças pela felicidade. Foi aquele bebe que me trouxe de volta a vida.

Ele tinha os olhos azuis glaciais da avô. E os cabelos castanhos do avô. Eu nunca tinha visto uma criança tão sorridente e bem humorada quanto ele. Suas gargalhadas infantis enchiam o vazio dos quartos. Lira se apaixonou pelo irmão mais novo no segundo que o viu. E cuidava dele como um dia Melody cuidou dela. Lira dizia que mal podia esperar para apresentar o novo bebe para sua irmça mais velha. Eu pensava o mesmo.

Ele era o anjinho do meu sonho, eu tinha certeza disso. Eu me perguntava quanto tempo demoraria para aquela garotinha doce vir. E quanto tempo demoraria para minha Melody voltar para meus braços.

– Melody

Quatro meses. Eu contei. Já faziam quatro meses que eu vivia com os rebeldes. Se minhas contar estivessem certas, minha mãe já teria dado a luz ao mais novo bebe, e ele teria cerca de dois meses.

As coisas mudaram depois da discussão de Abigail com Guilard. Eu podia sair e conversar, mas sempre escoltada. No começo, todos estavam desconfiados de mim, e eu não os culpava. Minha família tinha arrasado a vida de muitos deles.

Se não fosse por Mama, Max e Bruce, eu ainda estaria exilada em um canto. Mas eles me acolheram, e aos poucos, os outros foram tomados pela curiosidade.

Eu ouvia os sussurros. Eles diziam que eu era uma verdadeira rainha. E eles me aceitariam no trono com prazer. Eu os ouvida exclamar admirados como uma criança poderia exibir tanta graça, e como eu era gentil a todos. E como eu era bela, como minha mãe.

Depois de dois meses, as outras crianças começaram a se aproximar. Eu fiz amizade com algumas delas. Angelina foi a primeira garota que veio falar comigo. Ela tinha os cabelos castanhos, sempre presos em uma grossa trança que caia pelas costas, e seus olhos eram de um verde musgo. Muito escuro.

Ela queria saber como era o palácio, e se encantava com a historias que eu contava. Logo, ela contou para outras crianças, que vinham até mim todas as noites, e imploravam por detalhes sobre o castelo e minha vida.

Eu no fundo sentia pena delas. Nenhuma delas escolhera ser parte dos rebeldes. Elas tinham nascido ali, ou levada com seus pais. Nunca conheceram uma vida diferente dessa. Eram educadas para nos odiar, sem saber o porque. Da mesma maneira que eu fora educada para odiá-los. E mais uma vez eu me perguntava o quão diferente éramos uns dos outros.

Quando o quinto mês se completou. Guilard finalmente me convocou para sua tenda.

Eu tinha medo dele, mas fui até la como uma rainha, como minha mãe havia me ensinado.

– Você vai escrever uma carta para seus pais – ele disse em tom ríspido. – que acompanhará uma carta minha. Talvez cheguemos a um acordo em te devolver. Você está lavando a mente de minhas crianças com historias fantasiosas sobre castelos e princesas.

Eu assenti, sem dizer uma palavra, e levei a folha e a caneta para um canto, elaborando uma carta aos meus pais.

“ Mamãe e papai.

Estou bem e estou viva. Perdoem-me por não mandar noticias por tanto tempo, mas eu não tinha nenhum acesso a uma folha de papel até agora. As pessoas aqui não são ruins, eu acho que vocês deveriam conversar. Acreditem em mim quando digo que somos mais parecidos do que imaginamos.

Não vou me estender em detalhes. Eu conto tudo a Vocês quando voltar para casa. muitas pessoas tem sido bondosas comigo, e estou aprendendo coisas que o palácio nunca me ensinaria.

Espero que todos estejam bem. Vocês e Lira, vovô e vovó, e espero que mamãe tenha dado a luz com saúde a um belo irmãozinho ou irmãzinha.

Anseio pelo nosso reencontro.

Com amor

Melody.”

– America.

Eu li a carta três vezes antes de correr escada a cima. Minhas damas de companhia se entreolhavam confusas por minha reação. Eu passei pelos guardas correndo e entrei no escritório de Maxon. Onde ele estava, mais uma vez, debruçado em papeis.

– America? O que houve? – ele se levantou.

– Uma carta. Uma carta de Melody. – eu disse extasiada.

Maxon tomou os papeis de minha mão, enquanto eu me sentava e tentava controlar os batimentos de meu coração.

– Ah, graças aos céus- ele disse, suspirando aliviado.

Junto com a carta de Mels, tinha uma carta do líder dos rebeldes, que preferiu não citar seu nome. Ele dizia que, após muita conversa, e de passar meses observando a princesa, um acordo seria redigido em troca da princesa, e com sorte, uma esperançosa aliança. É claro que ele mencionava que o acordo fosse tratado entre o príncipe herdeiro e os rebeldes, sem nenhuma intervenção do rei. A carta continha um endereço e a data que eles iriam se encontrar.

Maxon não precisava ler para saber que caso alguma coisa saísse das exigências dos rebeldes, Melody correria perigo. Ele franziu a testa. Não seria fácil conversar com o rei.

– Inaceitavel! – O rei rugiu, brandindo o copo de vinho que ele tinha em mãos. – Nós não vamos acordar nada com aqueles rebeldes! A única coisa que eles merecem é completo extermínio!

– Pai, eles estão com minha filha! – Maxon disse, contendo a raiva. – Nós não podemos negar nenhum tipo de negociação.

– Eu sou o rei! Sou eu quem decido que negociações irão ocorrer! E eu decreto que nós não vamos negociar com os rebeldes!

– Chega! – Maxon exclamou. Ele se levantou. A sala ficou tão silenciosa que me deu calafrios.

– O que você disse, garoto insolente?

– Eu disse chega – Maxon se aproximou do pai. – Já é hora de eu assumir minha coroa, a qual você não quer largar. Chega de receber ordens suas, chega de ser tratado como criança! É a vida da minha filha que está em jogo, e eu não vou deixar que você se ponha no caminho!

O rei ergueu a mão para acertar Maxon, mas o príncipe segurou o punho do rei antes que a mão o acertasse.

– Depois que eu resgatar minha filha – disse Maxon, sua voz era um sibilo. – E negociar com os rebeldes, você vai renunciar a coroa, e se aposentar, assim como seu pai fez. Se quiser, permaneça no castelo, des de que você não interfira em nenhum assunto de estado, a não ser que sua opinião seja requisitada. Estamos entendidos?

Maxon tinha fogo nos olhos de uma maneira que eu nunca havia visto. Todos aqueles anos guardando o que o pai lhe fizera. Ele finalmente tomara coragem de se por de pé em frente ao rei.

O rei Clarckson assentiu, como um garoto assustado, e depois soltou-se do príncipe, e saiu do salão batendo os pés. A rainha o seguiu, e eu e Maxon ficamos sozinhos na sala de jantar.

Um segundo depois, Maxon caiu sentado na cadeira ao meu lado, o rosto enterrado nas mãos, e começou a soluçar. Um choro que ele devia ter guardado a tanto tempo, juntamente com toda aquela raiva.

Eu passei meu braço em volta dele, e ele colocou a cabeça no meu colo. Eu o consolei pelas próximas horas.

– Melody.

– Você vai pra casa, garota. – disse Mama, ela sorria, mas tinha certo pesar nos olhos.

– Eu espero que de tudo certo – eu disse torcendo uma mecha de cabelo nos dedos. – Meu pai e Guilard podem se desentender e...

– Queridinha – disse Mama. – ele colocou a mão em meu rosto, sorrindo para mim como uma mãe faria. – Sou eu quem vou fazer o acordo com seu pai, e não meu irmão Guilard. E eu vou devolver vocês para seus pais. As mulheres sabem mais querida, nunca se esqueça disso.

Eu senti meus olhos se encherem de lágrimas.

– Obrigada Mama – eu disse jogando os braços em volta da larga cintura da mulher. Ela riu. – se não fosse por você...

– Querida, não fique assim... – ela colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Eu vou falar com meu pai, eu prometo Mama. Eu vou falar com ele sobre vocês. Vou dizer tudo o que eu vi. Eu não vou me esquecer de vocês. Pode demorar um pouco, porque ainda sou criança, mas eu prometo que vou dar uma vida melhor a todos vocês.

Foi a vez dos olhos de Mama se encherem de agua.

– Você falou como uma verdadeira rainha, Melody – ela disse. – Agora vamos, você precisa de um banho e estar no mínimo apresentável para quando voltar para sua casa.

– America.

Uma semana depois, eu levantei cedo. Era o dia que iriamos negociar com os rebeldes, e eu já não tinha conseguido dormir direito na noite anterior. Minhas criadas estavam esperançosas, e o humor delas me ajudou. Depois de pronta, eu passei no quarto de Lira. Ela estava brincando com suas bonecas, e ela abriu o maior sorriso quando disse que eu iria buscar sua irmã naquela tarde.

No quarto de Miguel, eu encontrei Helena amamentando o principezinho. Ela cuidara de todos meus três filhos como se fossem dela. Depois de perder sua filha, Helena se dedicava inteiramente aos meus, e eu lhe era eternamente grata.

Minhas damas me desejaram boa sorte, e rezavam pelo bem estar de Melody. Rose, efusiva como sempre, dizia que tínhamos que dar uma festa para o retorno da princesinha. Eu tive que lembra-la de que o sumiço de Melody não tinha sido anunciado. Para todos os efeitos, minha filha mais velha estava de cama, e não podia aparecer no jornal nacional.

O país temia pela saúde de sua princesa, enquanto eu temia por sua segurança.

Laura, a dama italiana, tinha se casado com um duque da corte de meu marido, dois anos antes, e estava esperando seu primeiro filho. Ela me desejou sorte, com todo o coração, assim como todas as outras. Minhas mais queridas amigas.

Ao meio dia, saímos do castelo. Junto com vários guardas, que juraram segredo sob tudo o que estava acontecendo.

Por fim, chegamos a um balcão abandonado. Eu e Maxon saímos discretamente do carro. Eu usava calças jeans das quais tanto sentira falta, e Maxon se vestia como um homem comum. Até nossos guardas estavam disfarçados.

Maxon segurou minha mão. Ele estava tão nervoso quanto eu.

– Juntos?

– Juntos – ele respondeu, e abriu as portas do balcão.

Para ser honesta, quando imaginava essa negociação, me vinha a mente um galpão abandonado com uma grande mesa no meio, onde Maxon se sentaria em uma ponta, comigo ao seu lado, e um homem carrancudo se sentaria do outro, cercado por homens armados e perigosos, urrando de raiva.

Mas quando eu entrei, realmente estava em um galpão abandonado, mas as semelhanças acabavam ai. Havia uma mulher sentada em uma cadeira, e ao lado dela, sentava-se minha filha, Melody.

Quando ela me viu, Melody correu até mim, livre como um passarinho, e se jogou em meus braços. Eu a apertei contra mim, com toda a força. As lágrimas rolando. Maxon nos abraçou, e ficamos assim por longos minutos, sem dizer uma palavra sequer.

Foi só quando nos soltamos que eu parei para examina-la. Ela estava mais alta, sem duvida. Os cabelos estavam na cintura, e precisavam de corte. A pele dela estava mais bronzeada e alguns machucados nas mãos e nas pernas. Ela usava roupas um pouco esfarrapadas, e seus doces olhos castanhos estavam cheios de sabedoria. Assustador conhecimento do mundo para uma criança.

– Mels, eu senti tanto sua falta. – eu disse beijando-lhe as faces

– Eu também mamãe – ela disse com a voz chorosa.

– Vamos aos negócios – disse Maxon recuperando a compostura. Ele sentou-se na frente da senhora. – O que vocês querem para que eu possa levar minha filha de volta?

A mulher sorriu.

– Vamos com calma Vossa Alteza – ela disse. – Meu nome é Abigail. Mas todos me chamam de Mama. E eu não quero nada para devolver a filha de vocês. Se quiserem, podem sair por essas portas agora mesmo e nada irá impedi-los.

Maxon levantou uma sobrancelha, intrigado.

– Isso deve parecer muito estranho para vocês – ela sorriu de uma maneira tão doce, que eu queria confiar nela. – Entendam. Se meu irmão estivesse em meu lugar, ele tentaria extorquir alguma coisa de vocês, mas eu admito que me afeiçoei a filha de vocês, e aprendi que talvez você não seja tão ruim quando seu pai é.

Um arrepio atravessou minha espinha. Ela estava certa.

– A pequena Melody passou bastante tempo conosco, até meu irmão permitir esse acordo. Já era hora de ela voltar para casa. eu não sou desumana, ela é só uma criança. A única coisa que eu quero em troca disso, príncipe Maxon, é que você de ouvidos a sua filha, ela é sabia. Escute o que ela tem a dizer, e lembre-se. Nós não somos monstros, assim como vocês também não são. Eu não pensava assim, mas a pequenina me fez mudar de ideia, espero que ela mude sua mente também.

Abigail se levantou. – Eu vou tentar ao máximo diminuir os ataques ao castelo. Não posso parar meu irmão e sua sede de “ justiça “, mas lembre-se de nós, e talvez um dia possamos viver em paz.

Maxon apertou a mão dela, e então eu fiz a coisa mais impulsiva dos últimos anos. eu a abracei. Era como abraçar minha mãe. Eu estava tão grata por ela ter cuidado de minha filha, e a trazido em segurança.

– Obrigada – eu disse, e os olhos dela se encheram de agua.

– Eu sempre acreditei em você – ela disse. – Eu sempre soube que você não era como as outras. Você será uma ótima rainha, America Singer.


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Notas finais do capítulo

gente, os reviews em, me incentivam a continuar escrevendo!



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