Anata no Negai Kanaemashou? escrita por Acacia


Capítulo 3
Capítulo Três: Ausência... Solidão... Imprevistos...


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora >



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Uma jovem dormia inquieta sozinha em seu quarto.
    Sua face estava levemente contraída e seus olhos moviam-se bruscamente, mesmo estando fechados. O lençol fino lençol grudava em sua pele. Seus sonhos pareciam não ser nada bons.

    Ela estava presa a uma árvore. Tentou se soltar, mas percebeu que não conseguia se mexer. Estava paralisada.
    Que estranho.
    Porquê ela estava presa naquele lugar? E porquê estava usando um kimono verde tão curto?!?
    Algo se moveu a sua frente e desviou sua atenção do kimono. Uma miko e um youkai estavam abraçados bem a sua frente e eles pareciam que iam...
    Ela desviou o olhar. Não conseguia encara-los. Uma sensação desagradável se espalhou por ela.
    Porquê tinha que estar ali? Porque tinha que assistir aquilo?
    Sua agonia crescia. Aumentava a cada segundo que ela passava paralisada na árvore. Mas por mais força que fizesse seu corpo simplesmente não se movia.
    Seus olhos não fechavam, ela era obrigada a ver como que em câmera lenta a distancia que separava os lábios deles diminuindo lentamente.
    Ela podia sentir o desejo dos dois. Desejo incontido, violento, insaciável. Porém dentro dela apenas havia dor.

    
    -NÃÃÃÃÃOOOOOO!!!!!!!!!
    Namida sentou-se bruscamente e deu de cara com Yuuko sentada em sua cama, sorrindo para ela. Yuuko viu que os pálidos olhos rosados da garota não estavam tão pálidos assim. Os fragmentos de alma remanescentes dentro dela estavam se manifestando.
    -Parece que nossa querida Nami-chan não dormiu muito bem esta noite. Né?
    -Néééééééééé!!!!
    Maru e Moro felizes juntaram as mãos e Mokona pulou na cabeça da garota. Porém ela continuava atordoada.
    -Y-Y-Yukko-s-s-san... eu.. eu...
    -Shiii.... Não fale nada, eu sei.
    Yuuko se aproximou e acariciou suavemente o rosto de Namida, que por sua vez pareceu se acalmar um pouco com o toque. Mokona pulou de volta para a cama, fazendo dela um trampolim.
    -Não se preocupe com sonhos minha querida. Aqui eles não podem alcança-la.
    Namida olhou com os olhos lacrimejantes para Yuuko, mas nenhuma lágrima desceu deles. Ela  apenas esfregou os olhos  e sorriu docemente, como se o sonho subitamente tivesse sumido de sua mente.
    Yuuko observava Namida. Mesmo tendo sua alma retirada e lembranças apagadas algo ainda tinha forças para permanecer dentro dela.
    A garota era forte.    
    Conseguira suportar uma das coisas que mais corroê a mente e o coração dos seres humanos. Que os faz enlouquecer, perder o sentido e a razão, levando-os a depressão profunda ou talvez vontade de findar sua existência. O amor não correspondido.
    Neste mundo, humanos são as criaturas mais estranhas que existem.
    Kagome estava de pé e amarrou alegremente seu cabelo com uma fita branca. Juntou as mãos e olhou para a bolinha preta saltitando em sua cama.
    -Neh neh Mokona!!! Nami-chan vai preparar o café agora, quer me ajudar? Você pode beber sake enquanto fazemos onigiris para a Yuuko-san.
    Mokona pulou feliz da cama de Nami-chan, soprou um apito e foi marchando em direção a porta, seguida pela garota e Maru e Moro que entoavam um coro felizes.
    -Sake! Sake! Sake! Sake! Sake!
    Os olhos de Yuuko brilharam ao ouvir essas quatro letrinhas. Ela se levantou num pulo rapidamente e seguiu as meninas fazendo um biquinho.
    -Nami-chaaaaaaaaaaaaaan!!! Não se esqueça de mim!!!


***

    Dias depois em outra parte da floresta, dois olhos da cor do sol fitavam o astro nascente, porém não brilhavam do mesmo modo esperançoso. Eram frios, gélidos como a tristeza que tomava conta de todo o ser de InuYasha.
    Onde ela estava?
    Era só nisso que ele pensava nesses dias. Era muito comum Kagome ir para sua era emburrada por causa de uma briga boba e só voltar semanas depois, ignorando completamente o fato de sua partida. Porém dessa vez já haviam se passado dois meses e nenhum sinal dela era visto. Ele nem ao menos sabia porquê ela havia sumido!
    InuYasha se acomodou melhor em cima do poço e fitou o horizonte vermelho.    
    Sentia um enorme vazio dentro de si. Era como se uma parte de seu coração tivesse sido arrancada. E o espaço vazio doía. Seus dias eram sem graça, sua rotina era desanimadora, sua vida estava era incompleta. Afinal, Kagome já era uma parte dele.
    Algo gelado dentro do Hanyou escorreu desconfortavelmente pelo seu estômago.
    Como Kagome podia lhe fazer tanta falta agora que ele se reencontrará com Kikyou? Afinal ele amava Kikyou. Sempre amara. Tinha que amar.
    Mas seu amor por ela não preenchia o vazio que Kagome havia deixado.  A colegial sempre voltava a sua mente. Seu desaparecimento fora muito estranho. Justo quando ele iria lhe contar sobre sua escolha.
    Mas não tinha coragem de procura-la. Isso poderia magoar Kikyou.
    InuYasha suspirou desanimado e fitou novamente o céu que agora estava completamente iluminado.
    Mais um dia começara e Kagome não aparecera.
    Ele desceu do poço e começou a caminhar na direção da cabana. Não poderia demorar muito, ou Kikyou desconfiaria de algo. Porém não sabia quanto tempo mais iria agüentar viver sem te-la por perto. Seu cheiro... fazia falta.
    Um raio de sol desceu gracioso por entre as nuvens e iluminou diretamente sua face, obrigando-o a desviar o olhar e faze-lo perceber um objeto estranho caído perto da raiz de uma árvore.
    O hanyou se aproximou para ver o que era. E com um pulo de espanto percebeu que a coisa tinha um fraco, porém inconfundível cheiro de Kagome.
    InuYasha correu até o monte disforme e reconheceu a bolsa surrada e amarela de Kagome, que já não estava tão amarela assim. Ela havia ficado dois meses entregue as chuvas, ventos e animais. Agora estava marrom e uma fina camada de musgo crescia por cima.
    InuYasha pegou a bolsa e a revirou incrédulo.
    Kagome não teria deixado a bolsa jogada por ai. Será que algo tinha acontecido com ela a caminho de casa? Algo havia lhe atacado?!?!?
    O Hanyou se levantou num pulo e começou a procurar sinais envolta que denunciassem algo estranho. Uma briga, pegadas, rastros de carroças... Alguma coisa... Qualquer coisa!!!
    Mas era loucura! Como algo poderia ficar intacto por dois meses?
    Ele vasculhou tudo a sua volta, com a bolsa inconscientemente apertada contra o peito. Nada, a não ser uns pássaros bobos cantando perto do poço.
    O poço!
    Será que ela voltara mesmo para casa? Mas se voltara porque deixar a bolsa? Só havia um jeito de descobrir. InuYasha suspirou e fez o que tinha ansiado fazer por esses dois meses.
    Pulou dentro do poço.
    Logo depois estava equilibrado na janela do quarto de Kagome. Porém, ele estava vazio. Ele pulou para dentro da casa e começou a procura por todos os lados. Aquela menina boba... Ela iria ver uma coisa quando a achasse.    
    Ele revirou a sala, cozinha, quartos, quintal, olhou em todas as janelas da escola e foi até aquele local vermelho estranho que ela e as amigas se reuniam para comer. Porém ela não estava em lugar algum. Só havia sobrado um local que ela poderia estar.
    Com o rosto vermelho só de pensar. InuYasha voltou a casa correndo. Parou na frente de uma porta, tampou os olhos e correu os dedos pela maçaneta, escancarando a porta e gritou.
    -KAGOME!
    -KYAAAH!
    Souta olhava para ele caído perto da pia do banheiro, onde estivera lavando as mãos.  Ele olhou de novo para o subto invasor, abriu um sorriso enorme e pulou de pé.
    -I-I-I-Inu-no-nii-chan! Você voltou!
    InuYasha suspirou aliviado. Não queria nem pensar em quantos Osuwaris iria sofrer se ela estivesse lá dentro. Cruzou os braços e olhou para Souta com superioridade.
    -Feh. Só vim ver se a Kagome estava aqui.
    Souta olhou para ele preocupado.
    -Are? Há meses que não vejo a nee-chan, achei que ela estivesse na sua era.
    O hanyou achou que outro buraco havia aberto seu estômago. Onde ela estava afinal?!?!
    Desceu correndo as escadas ignorando os gritos de Souta e pulou no poço.
    Ele iria acha-la. Tinha que achar.
    Procurou por toda a aldeia, lagos, campos, e por fim voltou a floresta. Já estava anoitecendo e ele não havia encontrado uma pista sequer. Será que aquele lobo fedido havia seqüestrado sua Kagome?!?!
    Feh.
    Não podia ser.
    Kagome era uma garota esperta. Nunca deixaria aquele lobo fedido encostar as patas nela.
    Ou deixaria?
    InuYasha voltou a floresta ainda pensando nisto, quando sentiu em cheiro estranho vindo de seu interior. Era fétido e grotesco.
    Um Youkai.
    InuYasha foi correndo na direção que seu faro apontava. Mas quando o cheiro estava insuportavelmente mais forte, sumiu.
    Aquilo era muito estranho, como poderia ter sumido assim? No ar?
    Sacou a Tessaiga e ficou a espreita. Porem a espada não se transformou, só continuou com seu falso disfarce de pedaço de metal enferrujado e sem corte.
    InuYasha fitou a espada incrédulo, e com um frio percorrendo a espinha pegou uma mecha de seus cabelos prateados para olhar.
    Estava negra.
    Dia de lua nova.
    Ouviu um barulho atrás de si, e no segundo seguinte um Youkai sangue-suga pulou em cima dele.
    InuYasha se desvencilhou dele com algum esforço jogando-o de lado e começou a correr.
    Apesar de todo seu orgulho sabia que não tinha chances contra aquele enorme inseto. Não na sua forma humana. E correr era tudo que lhe restava. Tinha que achar Kagome. Só isso o fazia ir em frente.
    Porém não reconhecia em que parte da floresta se encontrava. Nada lhe era familiar. Mas a uma pequena distância viu uma colina alta, onde poderia talvez se abrigar nas densas árvores que se erguião lá.
    Mas não tinha muito fôlego como humano, e logo o Youkai-sangue suga o alcançou. Num movimento repentino pulou em InuYasha, vertendo suas potentes presas em seu estômago.
    InuYasha caiu no chão, ele quase havia conseguido chegar perto das árvores, talvez ainda houvesse uma chance. Deu um soco no bicho que estava firmemente agarrado ao seu estômago. Porém ele não se mexeu.
    -Oe! Desista! Não vou morrer para você seu temme! Feh.
    Tirando forças apenas de sua teimosia, foi se arrastando incansavelmente para as arvores, e o youkai continuava a sugar-lhe o sangue, imóvel e firme.
    Alcançou o pé da montanha depois de algum tempo, mas não consegui avançar. Tinha perdido muito sangue e estava nauseado e tonto.  Sua vista embaçou e ele começou a perder os sentidos.
    Não. Ele não iria morrer ali. Não podia. Kagome.... Onde ela estava?  Nunca iria lhe perdoar se morresse assim. Nunca iria se perdoar. Desejava vê-la. Desejava sentir seu cheiro. Queria ela de volta. Mas talvez ela e aquele lobo fedido estivessem atrás de uma árvore rindo dele, vendo como era fraco. Kagome.. Não ria de mim Kagome.. Sou forte. Irei protege-la! Kagome-chan...
    Vagamente em seus devaneios imaginou um brilho escuro passar velozmente e atingir a cabeça do youkai, que caiu inerte ao seu lado.
    Uma moça de cabelos pretos vestida em um Kimono branco correu até ele e começou a falar sem parar numa voz familiar.
    -Kyaaaaaah! Senhor me desculpe! Você está bem? Não pude lhe ajudar antes! Nami-chan não pode sair da montanha, é perigoso, tive que esperar o senhor vir até aqui. Mas Namida matou o bicho com uma única flechada na cabeça! Na verdade Nami-chan tinha mirado na barriga dele, mas não conte a ninguém ta? Namida não é boa arqueira...
    InuYasha ouvia a garota tagarelar ao seu lado, mas não prestava a minima atenção em suas palavras. Ela tinha os olhos brancos rosados e seus cabelos exalavam uma leve fragrância deliciosa. Ele fechou os olhos para apenas sentir seu cheiro, enquanto seus sentidos se desvaneciam e ele perdia a consciência.

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Notas finais do capítulo

As pessoas que trocam a alma por um desejo não podem sair de dentro da casa da Yuuko (que no presente caso seria a montanha). Um bom exemplo são Maru e Moro o/



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