Um Cupido Diferente. escrita por Soquinho


Capítulo 2
Primeiro Capítulo.


Notas iniciais do capítulo

Bem, aqui está o primeiro.



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Percy gemia e praguejava contra a sua dor no pé esquerdo. Por que dói tanto? Foi apenas um corte! Exclamou em seus pensamentos. O pior de tudo era a tentativa de escapar, mas o rapaz sabia que aquele não era um momento oportuno, pelo menos, não para os campistas inquietos e loucos para saberem de tudo o que haviam feito. E quando digo tudo, é tudo mesmo. Annabeth, sua namorada, sabia do estado do filho de Poseidon, porém estava ocupada explicando a um campista novo do chalé de Hermes – ainda não reclamado – que não fora Percy a colocar Gaia para dormir. Leo apenas vangloriava-se por causa disso.

Na verdade, Annabeth queria livrar o seu namorado daqueles campistas ensandecidos por saber toda a luta dos sete semideuses profetizados, e levá-lo até o seu chalé para cuidar de seu machucado. Quíron aproximou-se, o centauro finalmente conseguira alcançar o casal e arquejava como se tivesse saído de uma sauna incrivelmente quente. A barba do centauro estava maior e mais encaracolada, os seus cabelos castanhos estavam bagunçados. É claro que havia sido efeito do tumulto que enfrentara para alcançar o semideus Percy Jackson.

Tinha um brilho de alívio em seus olhos acastanhados e um sorriso de felicidade desenhando-se em seus lábios.

– Percy, Annabeth! – exclamou o centauro, visivelmente alegre com o retorno de ambos. – A minha preocupação estava a mil, assim como me sentia atordoado pensando-nos outros semideuses – Parou para recuperar o fôlego, a correria ainda lhe afetava – E, graças aos deuses, vocês retornaram sãos e salvos!

Suas mãos seguravam os ombros dos adolescentes. Percy sentia-se meio tímido com toda aquela atenção, afinal, Leo derrotara de uma vez Gaia, mas ele não via problema em desfrutar a admiração dos outros. Se o problema não fosse aquela dor fina em seu pé esquerdo, o garoto dos olhos verdes realmente teria feito aquilo.

Jason intrometeu-se, pondo-se ao lado de Annabeth. A mesma ainda tinha a cintura com a mão de Perseu a rodeando. Estava aflita, a sabidinha queria esgoelar um “basta!” para todos aqueles campistas, mas saberia que a sua grosseira a deixaria mal vista. Ela não desejava aquilo. Agradeceu animada a Quíron, Percy também falara até Jason deixar-se levar e interrogar.

– Quíron, você viu o Nico por aí? – A conversa foi interrompida nesta pergunta aleatória. Sim, mesmo! Ainda não haviam visto Nico Di Ângelo por aí, ele nem sequer havia vindo os cumprimentar e dar os parabéns.

Onde aquele moleque se meteu? Pensou Percy. Bem, ele até podia ter uma resposta vagueando em sua mente, mas aquilo seria muita falta de consideração por parte do filho de Hades. Desaparecer sem ao menos parabenizá-los? Sem ao menos se despedir? Se é que tinha ido embora, aquilo o garoto dos mares não podia constatar, porém sentiu-se mal com o sumiço do jovem, apesar de que aquilo era bastante comum do Di Ângelo.

– Tocando neste assunto, Jason, eu realmente não sei. O vi hoje de manhã, parecia cansado e desalentado. Eu até troquei umas palavras com ele, mas não pude ficar muito tempo. Além da volta de vocês, uma nova campista chegou hoje.

Aquilo interessou a todos. Uma nova campista bem no dia do regresso deles? Era legal e queriam conhecê-la. Poderia estar ali no meio deles, observando-os com estima e querendo falar com eles. Percy deixou aquilo de lado e lembrou-se do que Quíron falara sobre Nico, parecia desalentado e cansado... Talvez o menino sempre estivesse sentindo-se daquela maneira, mas preocupou-se. Sumido logo naquele dia não era uma ideia que agradava a mente do Jackson, quis que Nico estivesse ali, ele já o havia salvado algumas vezes. Precisava agradecer. Ele queria agradecer.

Rememorou-se da dor e uma nova careta atingiu o seu rosto. Todos os três encararam o filho de Poseidon, ele mostrava estar mal. Quíron fez tudo o que o casal mais ansiava, os liberou e pediu para que Annabeth cuidasse daquele ferimento colocando um pouco de néctar e ambrosia. O corte poderia não ter sido tão fundo, mas a unha da empousa havia se cravado bem ali. Jason observou o rapaz tomar o rumo de do chalé três acompanhado da namorada, Annabeth Chase. Suspirou.

Virou-se para Quíron e voltaram a debater sobre os acontecimentos. Aos poucos, Hazel, Frank, Leo e Piper vinham se ajuntando aos dois e assim, acrescentando alguns fatos que ele esquecia. Jason preferiu deixar de lado aquele encontro que ele tivera com o cupido, ou melhor, Eros ao lado de Nico Di Ângelo.

O olhar de desprezo dela banhava aqueles campistas. Sentia-se inteiramente perdida, em todos os aspectos. Não conhecia ninguém ali, não sabia da história de nem pelo menos um. Só sabia que aquele era o único lugar onde ela estaria protegida e se chamava Acampamento Meio-Sangue. Não. Ela não se sentia protegida e, muito menos, bem vinda, já que a maioria festejava em cima de uns jovens que tinham acabado de chegar. Eles pareciam importantes, especialmente aquele tal de Percy Jackson. Ela o viu e chegou à conclusão de que... Ele era apenas um garoto agarrado a uma loira sem sal, mantendo uma expressão de quem comeu e não gostou. Não sabia que celebração era aquela, ninguém lhe explicara nada. Simplesmente o seu “sátiro” a abandonou ali e tal de Quíron que parecia um cavalo metido a sabichão, lhe cortara de dizer o seu nome, pois os sete semideuses haviam retornado. Lasquem-se esses semideuses de merda, o que tem de tão importante em ser filha de algum deus grego? Perguntou-se enraivecida. Já havia tomado ódio e repulsa por aquele ambiente, e sim, faria de tudo para conseguir libertar-se daquela prisão para adolescentes na época de verão.

Sentia saudades do seu bairro de classe média em Fukuoka, e jamais deveria ter saído dali.

O que tinha demais na América? Era apenas um lugar que se julgava ser a maior potência do mundo e só. Só. Preferia seus terremotos a nevascas. Estranhou aquele seu pensamento, chegava a ser até engraçado. Parou de girar a sua faca de cozinha e bufou, a comemoração continuava, porém com menos campistas e os dois mais aclamados já haviam se retirado.

Relembrou de que havia visto aquele garoto afundar em uma sombra. Esquisito... Por que ele olhava tanto para aquele cara? Indagou-se. Ela montou em sua cabeça diversas suposições sobre o que aquele menino era e o que ele tanto encarava. Uma mão tocou o seu ombro e a fez ter um leve susto, o bastante para fazê-la quase enfiar a faca de cozinha no pescoço do idiota. Virou-se ameaçadora, os olhos castanhos pareciam que faiscariam se ela se irritasse ainda mais e a faca estava apontada para o pescoço da criatura. Quíron deu dos passos para trás com o seu casco, assustado pela ação repentina da garota.

Ao notar de quem se tratava, revirou os olhos e guardou a sua pequena faca branca no bolso traseiro de seus jeans.

– Desculpe-me se lhe assustei, Kaede, não foi a minha intenção. E peço mais desculpas por tê-la deixado só, mas precisava atender os campistas que haviam voltado de uma guerra e tanto. – Quíron explicou-se e fez um sinal para que a menina o seguisse até a Casa Grande. Kaede o obedeceu, seguindo-o entediada e apenas assentindo enquanto ele falava. Estava ocupada planejando em como escapar daquele acampamento de dementes.

– Você estava me dizendo que perdeu o seu amigo enquanto lutavam contra uma empousa. Lamento – Olhou apiedado para a garotinha, porém a mesma só retribuiu com um sorriso sem humor e prosseguiram para a Casa Grande. – Bem, aqui você estará protegida e fará as suas atividades. Assim que acaba o verão, os campistas retornam para as suas casas, e aqueles que são órfãos, estão brigados ou não tem condição, podem permanecer aqui!

Kaede assentia tanto que já estava sentindo o seu pescoço ficar dolorido. Ela já havia entendido as regras, mas não pretendia passar mais nem uma hora naquele ambiente. Todos ali eram desconhecidos, além de ela duvidar seriamente da sanidade mental de cada um dali depois de ter testemunhado aquela algazarra. Subiram algumas escadas e pararam bem em frente à porta de entrada. Kaede virou-se, curiosa para gravar todo aquele cenário em sua cabeça. Aquele pavilhão que lhe lembrava a arquitetura grega, os chalés e alguns campistas passando com espadas, lanças ou arcos e flechas. Em que lugar eu vim parar? Aquela pergunta a deixava estonteada e com mais ânsia de fugir dali.

Desejou até mesmo a estar naquele internato onde um diretor que se transformara em javali tentou matá-la, mas havia algum ponto de proteção ali. Não, aquele tal de Acampamento Meio-Sangue era uma colônia de férias para crianças e adolescentes com retardo mental, no qual os monitores tentavam divertir contando as histórias absurdas da mitologia grega. Kaede reparou que não poderia ficar nem mais um segundo naquele lugar.

Quíron olhou para cima, absorvendo a Colina Meio-Sangue e falando sobre tal de Gaia e uma guerra. Kaede aproveitou o descuido do centauro, cravou os pés no chão e ganhou impulso para dentro das florestas.


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