Percy Jackson e as alianças de Ouro escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Nossa que raiva! Era pra esse capítulo ter sido postado ontem, mas pelo jeito o Nyah não salvou.

Bjos e aproveitem



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O zoológico estava vazio, a não ser pelos funcionários e pelas pessoas que acordavam cedo para caminhar. O chão era de blocos de pedra presos por concreto, as laterais que contornavam as ruas largas eram do mesmo material, que ligavam á uma área circular dando acesso ao restante do zoológico onde os animais ficavam expostos.

Na fechada havia uma enorme girafa da madeira segurando uma placa com o nome do parque. As correntes que ligavam a placa até a boca da girafa estavam revestidas por cipós e plantas de mentira. No caminho era possível encontrar latas de lixo recicláveis, as multicoloridas, e bancos de concreto juntamente com mesas de piquenique.

Ao passar pela área circular encontrei alguns funcionários do EPAM com equipamentos barulhentos e óculos especiais. Nenhum deles me viu, então pude entrar na mata que contornava aquele local sem se que notassem.

Alguma coisa me dizia para entrar no meio das arvores e procurar pelo chão, mas quando dei de cara com um pequeno macaco mudei completamente de ideia. Já tive que aguentar macacos suficientes para uma vida toda. Quantos mais eu pudesse evitar, melhor.

Andei mais poucos metros até sair numa área verde com imensas jaulas cercadas por plantas com espinhos. Lá dentro estavam os leões e tigres. Do outro lado mais felinos.

Rezei para que a aliança de Zeus não tenha caído na jaula dos leões, se não ambos de nós ficaríamos sem elas, pois eu voltaria para casa na mesma hora e contaria tudo para Annabeth, mesmo que tenhamos que juntar dinheiro pelos próximos meses para comprar novas.

Engoli em seco. Mesmo que a aliança de Zeus, o rei dos deuses, não tenha caído na jaula do rei dos animais- O que seria irônico- eu sabia que não seria fácil. Elas podiam muito bem ter caído na jaula de pandas fofinhos ou unicórnios. Mas com a minha sorte, ela deve ter sido devorada por um animal selvagem que não se alimenta á cinco dias e está louco por um pedaço de semideus.

Comecei minha busca jaula dos tigres, o animal sagrado de Dionísio e Baco- que dormiam estirados um sobre o outro em suas cavernas e troncos de arvores. Olhei brevemente pelas grades e não notei nenhuma luminosidade diferente, como o reflexo de uma joia.

Olhei na jaula dos leopardos e leões, e por sorte não havia nada de diferente. Continuei olhando por onde passava. Nenhum sinal dentro nem arredor dos canteiros floridos, nada perto das barraquinhas de sorvete e balões com forma de animais do zoológico. Entrei na ala da criaturas mágicas, como unicórnios, pegasos e outros tipos. Alguns ainda dormiam, assim como os felinos, outros, na maioria filhotes, comiam sua primeira refeição da manhã. Eles não ligaram quando me aproximei deles e olhei entre as grades.

Seus alojamentos eram espaçosos e coloridos, provavelmente porque aquele tipo de criatura mágica gostava de cores, os que pertenciam aos unicórnios tinham temas engraçados, como flores com palhaços pulando sobre elas como se fossem camas elásticas. Imaginei a pessoa que teria decorado aquelas jaulas. Ela devia ser uma pessoa muito feliz, ou muito ignorante. Se eu fosse um unicórnio evitaria o máximo ficar do lado de dentro com aqueles palhaços olhando para mim.

O alojamento dos pegasos eram mais simples, suas paredes eram pintadas com azul bebê e nuvens por todos os lados. Uma das paredes fora pintada com as cores do por do sol, deixando-a com uma porção de cores entre coral, laranja e pêssego. O pasto em ambas as alas eram verdes como esmeraldas, tão brilhante que se a aliança de Zeus tivesse caído ali, mandaria Hera procurar.

Imaginei o quanto Zeus devia estar preocupado. Eu no lugar dele teria surtado. Ambos de nós temos mulheres que nos arrancariam os dedos das mãos casso desconfiasse de alguma coisa, especialmente Zeus que dera milhões de motivos. Hera ainda não tinha visto-pelo o que eu imaginava, caso contrário o céu já teria escurecido á muito tempo. Aquele pensamento estava me fazendo ver aquela busca de outra maneira. Não como uma obrigação, mas como um favor. De um homem para outro homem. Foi engraçado pensar assim, principalmente sendo Zeus quem condenou minha mãe ao Mundo Inferior se eu não devolvesse o Raio Mestre, que por sinal não fazia ideia de onde estava.

Agora, dez anos depois, eu me encontrava da mesma maneira: Com a corda no pescoço.

Procurei como pude, mesmo que fosse só olhando por entre as grades, forcei a visão para mais além e consegui ver um brilho dourado perto dos filhotes que dormiam junto com os pais na jaula dos unicórnios. Eu só precisava encontrar uma maneira de entrar e pegar a aliança.

Não era para ser tão fácil. Por anos de prática imaginei que teria que procurar pela cidade toda e derrotar, no mínimo uns cinco monstros diferentes. Mas entrar num zoológico quase vazio e encontra-la logo de cara era raridade para um semideus.

Pulei a cerca viva e enrosquei uma parte da calça nos espinhos, depois que me soltei passei por baixo da faixa amarela que afastava os visitantes. Não esperei que estivesse aberta, afinal, na maioria dos lugares as áreas restritas eram trancadas e as chaves ficavam com os responsáveis, mas empurrei a porta de ferro e tentei abri-la. Peguei contracorrente e cutuquei o fecho com a ponta. Depois de forçar a fechadura ela finalmente abriu.

Entrei num pequeno quarto onde se soltavam os animais e eles passavam por pequenas portas até seu viveiro. Dei uma espiada pelas grandes nas janelas e pude ver os unicórnios acordando. Eles não pareciam de bom humor, mas o que eu podia saber sobre unicórnios além do básico que vi na época do acampamento Meio Sangue? Estava prestes a me formar em Biologia Marinha, e não pretendia fazer pós graduado em animais mitológicos.

Mesmo assim pretendia entrar no cativeiro deles e continuar procurando. Forcei a porta por onde eles passavam e ela se abriu. Quando passei todos eles se viraram para mim, me observaram passar entre eles e seus filhotes até finalmente um deles gritar- Não literalmente, usando a boca, mas dentro dos meus ouvidos.

Assim como os pegasos os unicórnios também podiam se comunicar comigo,mesmo com chifres eles eram uma espécie de cavalo, não muito diferente dos próprios pegasos que eu estava acostumado á ver praticamente todos os dias. Eles eram igualmente dóceis, embora quando irritador usassem seus chifres e a mágica contida neles para se proteger.

Nunca soube de ninguém que fora atacado por um desses animais, mas não queria fazer o teste e descobrir o poder daqueles chifres pontudos. Não estava afim de saber o que eles podiam fazer com aquilo.

Dentro do alojamento dos unicórnios havia muita palha além de cores vivas e palhaços saltitantes, o que tornava difícil ver o brilho da aliança. Agora estavam todos de pé e a pouca luz que chegava era tapada por seus corpos grandes e crinas macias.

–Pessoal, vou precisar de um favor- disse- Me ajudem a encontrar um anel dourado. Ele pertence á Zeus e ele vai ficar muito zangado se não o encontrarmos.

Chutei a palha do chão revelando a terra vermelha de baixo e espalmei os lugares em volta. Mesmo que eles resolvessem me ajudar seria impossível com aqueles cascos coloridos. Eles provavelmente pisoteariam até não sobrar nada da aliança.

–Mudança de planos- falei, empurrando alguns dos unicórnios para fora- Vocês ficam do lado de fora enquanto procuro. Vocês podem ajudar do lado de fora, e não tentem pegar, me chamem se for o caso.

Voltei para dentro do alojamento colorido e repleto de palha e enchimento de madeira e dei uma boa olhada em volta. Não havia outro lugar para procurar além do chão. Com os pés tirei a palha do lugar, prestando muita atenção onde pisava. Provavelmente a aliança de Zeus era de ouro olímpico, mas caso não fosse não queria ser o responsável por uma catástrofe.

Ainda não tinha tido resultados em minha busca. Podia ouvir o barulho e os apitos das maquinas do EPAM do lado de fora. Eles não podiam perceber minha presença, caso contrário eu seria colocado para fora do zoológico. Para manter minha segurança e ajudar na procura, peguei contracorrente e com seu brilho iluminei o lugar, que ricocheteou na fivela do meu cinto e de lá para o chão. Se houvesse alguma coisa metálica ali ela estaria brilhando como uma lanterna no escuro.

Estava quase desistindo, quando pensei numa teoria que poderia ser útil. Se a aliança de casamento de Zeus fosse do mesmo material ou semelhante á minha espada, ela teria brilho próprio, o que me faria procurar por coisas intensamente brilhantes, não por qualquer objeto dourado.

Olhei para fora, a aglomeração de unicórnios chamava atenção. Alguns caras de branco pararam para observar. Eu precisava sair dali antes que alguém me vise ou eles decidissem ver o que estava acontecendo de perto.

Abri a porta e voltei para o quarto de preparo dos cavalos coloridos. Ouvi um farfalhar de vozes e maquinas do lado de fora, apesar da porta ser de ferro, podia se escutar o eco de dentro do quarto vazio.Me escondi ao lado da abertura da porta e esperei que ela se abrisse. Não fora difícil para eles entrarem já que eu tinha feito o favor de abri-la antes. Ela se escancarou e numa fração de segundos três homens com o uniforme branco do EPAM entraram carregando suas bolsas de couro nos ombros e máquinas de raio X e detectores de metal.

A principio ninguém me notara apesar do brilho de contracorrente. Tentei escapar mas o último cara do EPAM, o que estava parado em frente á porta ainda não tinha saído.

–Vejam o que está mantendo os unicórnios do lado de fora- Ordenou um deles, que parecia ser o líder da busca- Vou se há algo de errado com a sala ao lado...

O líder se virou e dessa vez não pude deixar de ser visto. Peguei contracorrente e com a lateral golpeei sua cabeça. Ele caiu para trás e seu colega de equipe o pegou antes que batesse no chão.

Empurrei o cara parado na frente da porta enquanto passava. Ele cambaleou para trás de deixou seu equipamento cair. Corri em direção á terceira ala olhando por cima do ombro, enquanto mais caras vestidos de branco chamavam os seguranças e gritavam sobre ser uma área restrita.

Entrei por uma porta ao lado da primeira jaula com tema de selva. Na porta estava escrito “Acesso restrito para funcionários”, lá dentro haviam balcões para veterinários e incubadoras. Podes de plástico de aproximadamente cinco litros estavam cheios de ração e frutas, as paredes eram cobertas por quadros com figuras com a anatomia dos pássaros, sua musculatura exposta juntamente com seus ossos num quadro próximo a porta, ao lado de um esqueleto amarelado, que para mim, parecia real.

–Devo estar na ala dos pássaros- falei para o nada.

–Você está certo

Uma mulher de cabelos louros e longos se levantou, ela estava agachada atrás do balcão mais afastado da entrada. Ela carregava um pote igual aos que tinham o alimento dos animais,só que menor. Ela era bonita, perto do seu nariz havia uma cicatriz que parecia ter sido feita com lamina.

Ela notou que eu estava a encarando. Passou a mão pela cicatriz e sorriu.

–Foi durante uma cirurgia- Disse ela, sorrindo mais do que antes. Me senti desconfortável estando sozinho com uma mulher desconhecida que sorria descaradamente- Estava quente, e quando fui enxugar o rosto não notei que ainda estava com o bisturi na mão. Foi um acidente idiota.

–É... quer dizer, sinto muito. Você trabalha aqui?

Me senti um tremendo idiota por perguntar, mas tinha que mudar de assunto. Não queria saber da vida dela. Só queria encontrar aquelas malditas alianças e voltar logo para casa.

Ela abaixou a cabeça e passou a mão por seu jaleco- Sou veterinária dos pássaros do Zoológico- Ela olhou para minhas mãos. As escondi dentro dos bolsos da calça- E você? Trabalha aqui também?

–Sim! Só estou dando um olhada, vamos fazer umas...- Notei que a tintura do teto estava descascando e a torneira da pia estava solta- reformas. Esse lugar está precisando ser consertado. Vou avisar a direção.

–Isso séria ótimo!- Ela voltou a sorrir, colocou o pote que segurava no balcão e se aproximou de vagar- Eu e meus pássaros vamos adorar.

– Vou ligar agora mesmo para minha esposa e pedir que ela venha dar uma olhada. Ela é arquiteta.

Seu sorriso desapareceu.

–Sua esposa?-ela olhou para minhas mãos mais uma vez- Mas eu pensei que...

–Tenho que ir- Eu a interrompi- Vou pedir que venham dar uma olhada no laboratório. Até mais.

Definitivamente não teria um Até Mais. Aquela garota sorria demais, era quase se ela estivesse me chamando para sair.

Continuei andando. O EPAM ainda não encontrara a ala 3 do Pan’s and visitants. Os pássaros comiam seus pedaços de frutas, quietos. O que não era muito normal quando se trata de animais tão barulhentos. Me encostei na grade da primeira jaula e olhei para dentro. Não havia nada cintilando, então fui para a próxima.

A gaiola gigante dos periquitos não tinha nada de interessante. Seus poleiros estavam sujas por uma massa branca que fedia, o chão estava coberto por alpiste e folhas. O tema era selva assim como no primeiro, mas eu duvidava que pássaros como esses conseguissem durar muito mais de dois dias numa mata fechada cheia de predadores.

O viveiro desses pequenos pássaros também não tinha nada de brilhante ou cintilante. Então fui para a próxima.

A terceira jaula era dez vezes maior do que todas as que eu já tinha visto. Talvez a maior do zoológico. Dentro dela haviam pássaros gigantes com enormes bicos de ferro. Suas assas eram tão grandes que se abertas podiam cobrir facilmente todo meu bairro. Suas garras eram grandes,afiadas e grossas, sua cabeça era chata e ele tinha orelhas. A placa em frente á sua jaula os chamava de “Aves do Lago de Estínfalo”, e abaixo de suas fotos havia uma de Hércules segurando a cabeça de um animal da mesma especie. Matar um desses fora seu terceiro desafio.

Haviam dois acordados- ou semi-acordados - Deitados ao lado do que parecia ser um pedaço de braço humano.

Rezei mentalmente para que a bendita aliança de Zeus tenha caído muito longe dali, mas para minha “sorte”, havia um brilho dourado ao lado do maior deles.

–Zeus... você me deve uma.


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Notas finais do capítulo

amados, espero que tenham gostado.
bjão



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