Percy Jackson e as alianças de Ouro escrita por Ana Paula Costa


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, este capítulo vai animar vocês. Através dele fiz com que a história tenha mais capítulos. Vocês vão entender.
Bjos



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Aquela risada era tão aguda e alta que podia ser comparada com aquelas risadas de bruxas de desenho animado e filmes. A aparência da garota atrás de nós também fazia parte de uma história inventada; Seus cabelos muito longos e cor de chiclete escorriam por seus ombros. Ela usava um vestido curto e rodado, onde na cintura um corpete da mesma cor de seus cabelos a deixava tão fina que podíamos contorna-la com as duas mãos juntas. Suas sapatilhas de bailarina tinham fitas que subiam até os joelhos. Nas suas costas além de assas que se escondiam atrás de seu cabelo colorido, havia uma aljava e um arco com corações.

–Desculpe interromper, mas isso está me deixando enjoada- A garota massageou a barriga e fez careta. Ela se afastou alguns passos, ficando em baixo da luz do poste.

–Quem é você?- Annabeth tirou as palavras da minha boca.

–Sou Erodíte, um dos cupidos de Eros e Afrodite- ela nos olhou com interesse, enrolando os cabelos nos dedos- Você- A garota apontou para mim e sorriu, entusiasmada- Tem algo ai, guardado no bolso traseiro.

–A carteira?

–Não, idiota. Você tem um colar, o colar de Afrodite. Quero ele.

–Como você acabou de dizer- respondeu Annabeth, segurando meu pulso- Este colar é de Afrodite e vamos entregar apenas para ela.

–Afrodite nem se lembra mais da existência dele... Mas, se estivesse em meu pescoço- Erodíte o esfregou, comprimindo os olhos,pedinte- eu poderia ser a melhor de todos os cupidos!

–E os cupidos não tinham que ser bonzinhos?

–Jamais! Temos nossa própria personalidade!- Erodíte se moveu como um volto, tão rápida que a única coisa que pude ver fora o rastro cor de rosa que ela deixara no ar, e a seguir um puxão dentro do meu bolso de trás, e os cabelos de Annabeth voando por causa do vento. Em segundos Erodíte estava de volta em seu lugar, nos encarando enquanto jogava o colar para cima e deixava que ele caísse em suas mãos.

–Que engraçado- ela sorriu- Agora o colar está nas minhas mãos- Ainda nos encarando, Erodíte abriu o fecho de ouro e vestiu o colar, deixando as bolas aperoladas da frente abaixo do queixo, acariciando-as.

Saquei a espada, ao meu lado Annabeth já estava pronta para fazer o sabíamos de melhor, a cupido de cabelos coloridos sorriu ainda mais ao ver nossa inquietação.

–Vamos brincar de pega pega- disse ela entre os dentes- se vocês me pegarem devolvo o colar, mas se eu vencer, vocês terão que deixa-lo comigo.

–De acordo- concordou Annabeth.

Erodíte começou a correr. Em forma de vulto ela passou por nós nos fazendo cambalear, nos segurando no para-peito da ponte.

Annabeth correu atrás dela e eu a segui, tentando manter o vulto rosa em meu campo de visão. Era difícil enxergar algo tão rápido, ela aparecia e desaparecia de todos os lugares, tão rápida quanto um tiro de bala.

–Precisamos de um plano- berrou Annabeth, ofegante.

–Você ainda não tem um?!!!

A garota de cabelos coloridos se pendurou no alto de uma arvore e se balançou para fora dela, agarrando em outras. Com suas unhas compridas e decoradas, ela arrancou um galho grosso e jogou sobre nós, se transformando num vulto mais uma vez.

–Temos que encontrar uma fraqueza- Annabeth parou, se apoiou nos joelhos e eu parei ao seu lado, ofegante assim como ela.

–O que sabemos sobre os cupidos?

–Sabemos que...- Annabeth recuperou o ar- Sabemos que são uma espécie de anjos do amor, eles tem a missão de apaixonar as pessoas, normalmente aquelas que tem proximidade e tendências, como paixonites.

–Tendências?- E encarei por um momento, fazendo a cara que ela amava e detestava: A cara de ironia. Esse já foi motivo de discussão e brigas quando éramos mais jovens, mas com o passar do tempo ela vinha ficando amolecida quando eu a fazia, só não ganhava da cara de “Por Favor” que a deixava sem ter como dizer não. Ou quase.

–Sim, tendências.- Ela me encarou, debochada- Mas isso não quer dizer que Afrodite não tenha dado um empurrãozinho.

–Tenho certeza que você não resistiu ao meu charme.

–Não resisti a tentação de ensinar pessoas menos favorecidas- ela riu- Mas o seu charme ajudou bastante...

–Vocês dois- Erodíte chamou nossa atenção de cima de uma arvore próxima- Odeio esses casaizinhos melosos, mas concordo que vocês não são dos piores- ela passou a mão pelo colar- Vão desistir?

Olhei para Annabeth e ela para mim. Não foi preciso trocar palavras para que entrássemos num acordo. Ela confirmou com os olhos e telepaticamente já tínhamos feito um plano.

–Nem começamos!

Annabeth correu para a arvore em que nossa amiga colorida se pendurara. Contornei a arvore o mais rápido que pude, sentindo os joelhos cederem.

Enquanto Erodíte era perseguida por Annabeth, eu traçava uma rota para que pudesse encurrala-la e pegar o colar de seu pescoço. Deixei que se aproximassem, subi numa arvore próxima e me escondi entre as folhas e galhos, esperando o momento certo para dar o bote e pegar Erodíte no pulo.

Ouvi a risada descontrolada da cupido e o estalar de costas no chão, olhei na direção de onde viera o som e me surpreendi ao ver Annabeth e a ajudante de Eros rolando no gramado. Seus cabelos se entrelaçaram, formando nós e cobrindo seus rostos. Elas engasgaram com os próprios fios e pararam para tira-los do rosto antes de continuar.

Teria sido uma cena engraçada se não fosse a minha mulher trocando socos e tapas com uma criatura mágica descontrolada.

Saltei para o chão e corri até elas. Puxei Annabeth de cima de Erodítene salvando-a de um chute, a cupido tinha deixado marcas de unhas no rosto e pescoço de Annabeth, mas o nariz dela sangrava. Seu vestido rosa estava manchado de sangue, e alguns fios de cabelo estavam presos ao colar de ouro de Annabeth.

–Parece que te pegamos- Eu disse, tirando as folhas do cabelo de Annabeth, atento aos movimentos da cupido. Se ela tentasse se levantar e fugir eu a pegaria.

–O acordou foi Vocês me pegassem, a garota só me agarrou e me derrubou. Se vocês dois não fizerem, nada feito.

Rápida como um flash, ela desapareceu em forma de vulto cor de rosa mais uma vez. Achei que estaria preparado mas me preocupei mais com os arranhões no rosto de Annabeth do que com a garota esparramada no chão, com os olhos selvagens grudados em nós.

–Que droga!

Annabeth correu atrás da cupido com os cabelos cobrindo o rosto, tive que ir atrás dela para ter certeza que ela não se machucaria mais. Corremos e em instantes eu estava ao seu lado, ela me olhou e apontou para o ponto rosado subindo uma segunda ponte e cruzando o parque. Erodíte nos olhou enlouquecida e voltou a correr, pulando num perfeito mergulho de ponta dentro do lago.

Era perfeito. Ela estava dentro do meu alcance como filho de Poseidon. Mexi as mãos causando algumas pequenas ondas, até que elas ganharam força e se transformaram em grandes tsunamis. Fiz que elas se erguessem e mostrassem uma parte do fundo do lago.

A cupido estava deitada no fundo dele, enlameada e suja pela sujeira que se instalara lá. Soltei as mãos e a água voltou, cobrindo toda a superfície.

Ela apareceu, se debatendo com os braços para cima, pedindo socorro.

Puxei a água até a margem para que ela pudesse se segurar- Tinha me esquecido- Erodíte tossiu- Esqueci que você era filho de Poseidon. Você não sabia fazer essas coisas quando pequeno.

Ela nos encarou e se arrastou até nós. Em seus olhos havia surpresa e cansaço, Annabeth levou as mãos ao lado do corpo, procurando furtivamente por sua espada, que obviamente não estava ali. Fazia algum tempo que ela não a usava, mas mesmo assim ela deixava sua espada de osso de Drakon ao lado da cabeceira da cama.

A garota de cabelos rosa procurou por sua aljava, Annabeth correu para sua esquerda e eu para a direita da cupido, tirando bem na hora o arco de suas costas. Annabeth a acertou com um golpe cruzados de pernas o lado da cabeça da garota, fazendo-a gemer, caindo no chão.

–Pegamos você mais uma vez, dessa vez juntos- disse Annabeth entre os dentes- E como você sabia que...

–Conheço vocês. Só estão usando essas alianças na mão direita porque foi eu quem deu á vocês o que sentem um pelo outro.

Erodíte falava com seriedade, podia sentir a verdade em sua voz. Ela agia como já me conhecesse, como se soubesse as coisas que eu ia dizer ou fazer, como se me vigiasse á tempos.

–Podem estar se perguntando como, mas quando nomes estão escritos juntos, os cupidos escolhidos são mandados para decidir o momento certo para atirar as flechas- ela puxou uma da aljava e fingiu estar atirando uma em direção ao peito de Annabeth, onde fica o coração- Mas não foi preciso esforço, vocês já nutriam esse sentimento. Era uma questão de tempo até que ele florescesse.

–Quando foi que...

Ela me silenciou, e pediu para continuar.

–Observei vocês durante muitos anos, vocês eram muito diferentes dos apaixonados normais... O amor começa com as brigas, e vocês brigavam. Seguida da preocupação, e vocês se preocupavam um com o outro, vocês se ajudavam e colaboravam um com o outro, até ficarem em sintonia. Não foi difícil achar o momento certo para flechar pessoas já apaixonadas.

–Agradecemos, mas concordamos que você devolveria o colar se a pegássemos- Annabeth apertou as mãos ao redor dos ombros da cupido.

Erodíte sibilou entre os dentes, com as mãos delicadas com enormes unhas cor de rosa, ela tirou o colar do pescoço com cuidado e o jogou para mim. Guardei-o no bolso da frente.

–Trato é trato- ela bufou- Se querem saber, mesmo que eu não tivesse os flechados, vocês estariam juntos. Nunca vi nada igual.

Minhas bochechas pareciam em chamas- Tenha certeza disso. Aliás, nem mesmo a senhora do Olimpo conseguiu nos manter afastados. Nem sob as ameaças de Atena eu deixei de estar com Annabeth. Não seria por um cupido que não estaríamos juntos... Nem mesmo o Tartáro, perigoso e letal, conseguiu esse feito.

Annabeth sorria delicadamente.

–Posso pedir um favor, Erodíte?- pediu Annabeth, com a voz passiva e mansa, nem de longe parecia ter rolado na grama aos tapas com a mesma pessoa.

Erodíte fez que sim.

Não sabia qual seria esse favor, tão pouco o porquê dele. Elas acabaram de trocar farpas e já estão se tratando como se nada tivesse acontecido. Era loucura, mas a certeza nos olhos de Annabeth me tranquilizaram. Fosse o que fosse, ela sempre estava certa, tinha os melhores pensamentos e ideias. Eu confiava á ela meu braço direito- Ou melhor- Meu corpo todo.

–Mas não exagere, não vou fazer muito por você.

–Quero que traga Afrodite.

–Ridículo.

–É o máximo que pode fazer por ter jogado água no nosso clima- os olhos de Annabeth encontraram os meus- Estávamos muito bem cumprindo nosso dever de casal apaixonado e você veio nos interromper. Se puder trazer Afrodite e contar á ela o que temos á oferecer... Certamente ela virá.

–Ok. Mas em troca quero uma relíquia Britânica. Qualquer uma, mas tem que ser mais brilhosa do que as joias de Afrodite.

–Onde encontramos isso?- perguntei, prevendo mais uma aventura pela Londres de madrugada, sendo perseguidos por monstros e criaturas malucas. Não que fosse novidade, eu estava bem acostumado com essa rotina moribunda cheia de novidades e coisas sem lógica- ou cheia dela- mas o que de fato me assustava era a possibilidade de darmos de cara com o desconhecido.

–Fácil. No castelo da rainha.

–Isso sim é ridículo- disparou Annabeth.

–Se querem tanto ver Afrodite, espero que tenham uma outra forma de trazê-la até aqui. Lavo minhas mãos- Erodíte se virou para ir embora, mas eu a segurei pelo braço.

–Tudo bem, mas esqueça a ideia de assaltarmos o cofre da rainha da Inglaterra.

–Seja como for quero algo que traga inveja á Afrodite. E não demorem, Não ficarei aqui para sempre...

–Nos encontramos no mesmo lugar.

E assim iniciamos mais uma jornada em busca do futuro digno de pena de uma cupido, que assim como todas as outras que trouxeram inveja á deusa do amor, teria seu fim trágico. Assim como a fantasma que encontramos no museu.

Se ela queria assim, eu não me intrometeria. Só queria saber os planos de Annabeth e ela logo os revelou, agora tínhamos que encontrar a pá para Erodíte cavar sua cova. Mais uma vez eu e minha companheira de missões estaríamos a mercê do mundo, lutando incansavelmente para concluir nossos objetivos com dignidade e perfeição.

–Por onde quer começar nossa segunda caçada?- perguntei ao cruzarmos a faixa de pedestres em frente ao parque.

Annabeth se virou para me encarar. Estávamos de baixo de um poste, acima de nós a luz era intensa. Apesar de agora eu conseguir ver toda a rua iluminada, a única coisa que conseguia prestar atenção eram os olhos de Annabeth e a curva dos seus lábios.

E ali terminamos de dar o beijo que a cupido responsável por termos sido ligados por uma química que nem a deusa do amor conseguia explicar nos interrompera. Não nos importamos de estarmos no meio da rua ou se alguém por ventura acordasse no meio da noite e quisesse dar um passeio, dando de cara com dois jovens adultos se beijando. Éramos noivos, podíamos fazer o que bem entendêssemos sem nos incomodar com o que pensariam ou no que era impróprio.

–Mesmo que não dê certo, essa noite não poderia ter sido melhor- sussurrou Annabeth.

–Eu amo você.


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Notas finais do capítulo

Eae? Gostaram?