Flashbacks escrita por Mayy Chan


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Oi oi, amoras XD
Eu sei que eu demorei pra postar mais uma, mas é que eu estava meio que esperando o momento certo kkk
Espero que gostem dessa one, porque eu achei legal escrever ela *O*
Boa leitura e não se esqueçam dos meus reviews XD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/475703/chapter/1

Era pra ser como todas as manhãs de Natal, só que uma coisa muito errada está acontecendo ultimamente.

Eu simplesmente não tenho mais criatividade pra nenhuma pegadinha com a Gardner. Cara, tem noção de como isso é bizarro? Tipo, eu passei a minha vida toda enchendo o saco dela com pegadinhas e mais pegadinhas, e de repente eu só perco a criatividade e pronto? As coisas não deviam ser assim de forma alguma, na minha sincera opinião.

Tudo começou naquela noite fria de inverno...

*FLASHBACK*

— Hey, Trav! Adivinha o que eu estava fazendo, se aceitar eu te dou metade do meu estoque de chocolate roubado.

Ouvi a voz irritante da minha irmã mais nova. Corpo pequeno, cabelos castanhos claros muito lisos e que sempre estavam em um rabo-de-cavalo mal feito, short curto, chinelas e uma camiseta enorme. Aparentemente 13 anos, mas fez 16 semana passada. Chata, idiota, mas a melhor irmã mais nova que existe.

— Chutou a bunda daquele filho estúpido de Apolo que tentou fazer uma pegadinha com você?

— Perdeu, playboy. Na verdade eu estava pintando o quarto do di Angelo daquele rosa feio.

Kaitlin Wipfray, de fato, é a filha de Hermes mais audaciosa que já existiu em muitos anos. Todos os integrantes do chalé 11 tem o direito de fazer pegadinhas com qualquer chalé, só que apenas ela faz com o 13. O cara meio que controla os mortos, então tem que ser muito audacioso, ou idiota, pra pintar o quarto de um, praticamente, coveiro de rosa.

E, bem, isso é meio que digno da coroa da semana, tenho que admitir.

— Perdemos, losers. A Wipfray ganhou a coroa de loros essa semana. —gritei para todo o chalé, que estava lotado de pessoas fazendo diversos esquemas para suas pegadinhas.

— O que ela fez dessa vez, hein? — perguntou Connor.

— Pintou o quarto do di Angelo de rosa. Vida longa a rainha Kaitlin!

— Vida longa a rainha Kaitlin! — gritaram em reposta.

Logo após isso, colocamos uma coroa de loros em sua cabeça e a erguemos em ritmo de “It’s Time”.

— Sinto falta de quando você sempre ganhava, irmão. — indagou Connor do meu lado.

*FLASHBACK OFF*

E foi bem aí que eu acordei pra vida.

Katie Gardner sempre foi a minha inspiração pra pegadinhas, então, sem ela, eu simplesmente não conseguia fazer isso. Eu sou um tapado completo, mas acho que você já sabe disso.

Mas não foi só isso que eu descobri nas últimas semanas.

*FLASHBACK*

Mais um verão na minha casa.

Depois de sete anos passando as melhores férias do mundo no lugar dos sonhos de qualquer pessoa, é bem mais fácil chamar esse lugar de casa do que a minha própria, onde sempre está vazia em qualquer dia do ano, menos Connor claro.

E, claro, como todo ano, eu vou me superar com a pegadinha do século. Mas, é claro, pra isso dar certo só falta a Gardner de cobaia.

Avisto meus irmãos jogando vôlei com os filhos de Apolo e me direciono para eles, entrando no meio do jogo e pegando a bola com uma só mão.

— Alguém aí viu a Gardner? — gritei.

— Ela vai chegar mais tarde esse ano por causa do namorado, panaca. Agora vaza e me deixa quebrar com a cara desses nojentos.

*FLASHBACK OFF*

Eu sei que os meus flashbacks sempre acabam com uma fala da Hera da minha irmã, mas é que ela é tão idiota que chega a ser filosófica.

Será que já deu pra entender o que eu descobri? Bem, se não, eu apenas descobri que eu não consigo viver sem aqueles cabelos castanho-escuros, olhos verdes, cheiro de adubo e roupas sujas de terra.

É, eu estou apaixonado, ou como Connor gosta de falar: me ferrei.

Bem, eu não acho isso, graças ao fato que eu só tenho um pequeno problema no meu plano quase perfeito: ela me odeia. Vai ser moleza, conquisto ela até de olhos fechados.

Cara, quem eu estou tentando enganar? Ela nunca vai nem olhar pra mim. Tipo, ela tem um namorado e eu, bem, eu sou eu, né?

É como todas as minhas meio-irmãs dizem: a melhor parte de ser filha de Hermes é não poder namorar nenhum irmão, porque nenhuma menina ia querer um cara que não leva nada a sério como namorado. Será que elas não notam que é por isso que todas vão ficar pra titia?

Só que isso não importa. O que realmente me preocupa é o fato de que a menina que eu aparentemente sou apaixonado desde os meus dez nãos tem um namorado, e pior ainda, gosta dele a ponto de chegar uns dias atrasada para o acampamento.

Vou para o meu chalé e deito na cama com uma cara de bosta que devia estar terrível.

Posso ter qualquer filha de Afrodite aos meus pés, então porque eu estou querendo aquela filha estúpida de Deméter, que insiste em falar em altas e claras palavras que me odiava.

Cara, eu estou muito ferrado mesmo.

Não sou um homem fresco nem sentimental, então não vou chorar merda nenhuma. Prefiro ficar encarando o teto em busca de uma resposta, mesmo que eu não tenha nenhuma pergunta. As vezes é bom fazer coisas sem motivo pra ver se acha alguma ideia de como você foi idiota todos esses anos.

E se eu não tivesse colocado chocolate no teto do chalé dela? E se eu não tivesse colocado cola do lado da cama dela? E se eu não tivesse roubado tantas coisas dela? E se, ao invés do tapado que eu sempre fui, tivesse a tratado com respeito e me tornado amigo dela?

— Aí não seria a sua história.

Depois de quase ter um infarto, abri os olhos e a primeira coisa que vi foram olhos intensamente azuis, iguais aos meus. Aquela nojenta me persegue até aqui? Mas que merda!

E desde quando essa pirralha aprendeu a ler mentes?

— Tá lendo a minha mente agora, Wipfray?

— Não sabia. Obrigada por confirmar a minha hipótese.

— Idiota.

Vi ela se deitar do meu lado, como fazíamos na infância. Ela pode até ter ficado alguns anos mais velha, mas continua a mesma menininha pequena que eu conheci.

— Corre atrás antes que seja tarde, idiota.

E depois ela saiu me deixando algo a pensar.

— Pera, onde ela está?

A Wipfray se virou e me olhou com o costumeiro sorriso lateral dos filhos de Hermes. Vendo por esse ângulo, eu posso entender o porquê de nós sermos tão charmosos e irresistíveis.

— Onde tudo começou.

Não a vi mais. Um dos meus hábitos é sair correndo depois de falar algo muito importante, mas só agora pude perceber como isso é demasiadamente irritante.

E que merda ela quis dizer com “onde tudo começou”? Nada aconteceu ultimamente pra eu poder falar que alguma coisa chegou a acontecer.

Onde conheci a Katie? Não, porque eu estou sozinho no meu chalé, e também porque, se fosse, eu teria expulsado a nojenta da minha irmã assim que ela entrou nessa bagaça. Sabe como é amor de irmão, né? Aposto que ela tentaria me morder quando eu a expulsasse e aí a minha namorada, a Katie que teria me aceitado, iria rir.

Peraí, ela me disse mais alguma coisa, não disse? “Corra atrás antes que seja tarde”. O punho de Zeus! O mesmo lugar que eu fazia corrida com ela nos dias que ninguém estava afim de brigar!

Corri o mais rápido que pude, o que é estranho de se falar quando você é um filho de Hermes, o mensageiro dos deuses, o cara mais veloz de todo o Olimpo.

As árvores passam mais rápido do que é possível e mal dá tempo de eu poder enxergar as pessoas que estão passando por ali.

Tudo o que eu posso ver é Kitty sentada bem no topo da pedra onde eu tinha certeza que ia estar.

Quando seus olhos encontram os meus, tudo muda de repente.

Meus pés dormem, a minha barriga dá loopins e vira casa pra borboletas, minha boca seca e meu mundo vira.

Cara, como essa garota consegue ficar bonita de short e blusão? Isso só pode acontecer pra me deixar louco mesmo.

— A Kaitlin te disse onde eu estava, né?

Não consegui proferir palavra nenhuma, apenas confirmar freneticamente com a cabeça enquanto me sentava do lado dela, como nos tempos em que tudo que eu sentia por ela era ódio profundo.

— Por que voltou mais cedo? Não ia pular as duas primeiras semanas pra ficar com o seu namorado?

— Terminei com ele.

— Por que? — perguntei tentando não demonstrar a minha animação enorme.

— Estava com outro cara em mente.

Meu coração se despedaçou em mil e um pedaços. É isso? Quem é o vagabundo que roubou o coração da minha Kitty?! Me deem paz, seus filhos de Hera infelizes!

Eu sei que ela é linda, mas esse é exatamente o problema! Por que ela não podia ser feia e burra? Assim só eu ia olhar pra ela.

— Pode me dizer quem é o sortudo?

— Bebeu? Desde quando você se interessa pelos caras que eu me interesso? Tipo, pelo o que eu me lembro, o máximo que você fazia era zoar eles e, para os menos sortudos, batia.

Respira, Travis.

Lembra do motivo de que a peste nojenta da sua irmã filha de uma vaca te mandou aqui, não é? Você ama essa jardineira linda que insiste em dar uma de filha de Hermes e roubar a droga do seu coração, e não pode negar nem em mil anos.

Agora é a hora.

— Kitty, eu sabia que você era meio bobinha, mas não imaginava que era tanto! — falei a encarando. — Eu te amo, merda! Será que você até hoje não notou que tudo o que eu fazia era só pra chamar a sua atenção enquanto tudo o que você queria eram humanos normais e, vez ou outra, um sortudo filho de Apolo?! Sei que não sou o melhor cara do mundo, não sou tão normal assim e nem o cara mais bonito do acampamento. Tá, eu admito que sou o cara mais bonito do acampamento, mas por que pra você simplesmente não parece ser?! Se não ouviu ou coisa do tipo, eu repito quantas vezes precisar: eu te amo, eu te amo, eu te amo...

Mas já era tarde demais quando eu senti seus lábios sobre os meus.

Suas mãos mantinham-se agarradas ao meu cabelo e as minhas estavam indecisas entre seu pescoço e a sua cintura. O gosto de morango misturado com menta era irresistível e a forma em que as coisas pareciam fluir só deixavam tudo mais inspontâneo.

— Demorou pra se ligar, hein Stoll? E, bem, talvez, com muita sorte, eu também te ame um pouquinho.

O sorriso na minha face foi impossível de resistir, mas não durou muito porque eu optei por selar novamente os nossos lábios.

Agora tudo o que eu quero é que daqui há alguns anos eu olhe para trás e veja que essa sensação não é apenas um flashback do melhor Natal da minha vida chata.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e não se esqueçam de comentar nem que seja um "gostei", beleza?
Obrigada por ler XD
Beijocas, Mayy *O*