Vício M(eu) escrita por Menina Sem Tabu


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Posso parecer uma doida eufórica, mas que se foda, porque é o que sou, portanto: ESTOU MUITO FELIZ POR VOCÊ ESTAR AQUI! Tá, parei. Espero realmente que goste, mas que antes de qualquer coisa que seja honesto (a) e se sinta absurdamente livre para criticar e falar coisas ruins! Boa leitura, e até lá em baixo!



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Borboletas no estômago. Muitas borboletas, coloridinhas, alegres e esvoaçantes, saracoteando as suas asinhas dentro do meu intestino. Muitas borboletas, uma caralhada delas. Não, eu não estava apaixonada, pelo menos não era nada oficial. Era apenas o meu primeiro dia de aula do 3º ano do Ensino Médio. Honestamente, eu não compreendia todo aquele nervosismo, eu tinha total consciência de que seria um ano completamente igual a todos os outros anos do meu histórico escolar. Ou seja, não aconteceria absolutamente nada. Não valia a pena eu me iludir, a verdade era clara, óbvia e patética. Eu continuaria sendo a excluída-invisível. Você já conheceu alguém que nunca teve nenhum amigo? Não, eu não vou dizer “Muito prazer, esse alguém sou eu.”, porque eu tenho um amigo, ele se chama John e é o beagle mais lindo do mundo. O adotei depois que a sua ex-dona desnaturada, vulgo minha irmã, foi morar em outra cidade.

Além de John eu não tenho nenhum outro amigo.

Estou encarando o reflexo de meu corpo no espelho mais ou menos estreito e alongado de meu quarto. Não, eu não estou nua. Não suporto o meu corpo, sou magra demais, falta coisa demais em lugar demais em mim. Estou vestida com uma blusa laranja lisa e um jeans folgado. Nos meu pés, um all star clássico, sujo e surrado. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo, baixo, frouxo e desarrumado. Não sou bonita, minha mãe e minha irmã ficaram com toda a beleza da família. Temos os mesmo traços e quase a mesma descrição, acontece que para elas, a coisa funciona.

O cabelo loiro ondulado e volumoso fica bem com os olhos azuis cinzentos e os lábios nem grossos, nem finos de minha mãe. Minha irmã, que atualmente pintou as madeixas de preto e alisou, o que faz apenas com que realce ainda mais os seus já extra-gigantes olhos azuis também cinzentos. E a sua boca nada pequena que herdou de nosso pai, está sempre despertando os olhares mais perplexos e os pensamentos mais promíscuos. Já em mim, o cabelo loiro volumoso é cacheado e parece mais uma espécie de Black-power das branquelas. Meus olhos, maiores do que os de minha mãe e menores do que os de minha irmã, parecem ser esbugalhados, o que faz parecer que estou sempre apavorada. E meus lábios, também grandes não despertam desejo nenhum em ninguém. Não são grandes de um jeito sensual, são grandes de um jeito inchado.

–– Emily, se a senhorita não descer nesse exato segundo irá perder o primeiro tempo. –– escuto a voz exaltada de minha mãe vinda da cozinha. Sua voz é delicada de uma forma amável, a minha é delicada de uma forma que causa ânsia de vômito. Não que eu fale muito com as pessoas, mas John sempre vomita após os meus desabafos mais complexos.

Sem dar mais nenhuma olhadela no espelho vou tomar café e mendigar por mais cinco minutos para minha mãe me esperar e eu faturar uma carona até o colégio.

Os alunos, aqueles que eu deveria chamar de colegas e alguns até de amiguinhos, estão agitados, se abraçando e assassinando a saudade dos amigos. Todos nos seus respectivos grupinhos, dando as boas vindas para um novo ano, o qual todos sabemos que será exatamente igual a todos os outros anos anteriores.

Kate, Taylor e Linda, as únicas trigêmeas que não têm nomes parecidos continuariam sendo as princesinhas do colégio, enquanto Alice e Yasmin persistiram digladiando pelo posto de rainha do colégio e ninguém nunca, jamais, em hipótese alguma, tiraria o título de Deusa do colegial de Sofie.

Elas são as principais líderes de torcidas, as únicas que realmente aparecem na famosa pirâmide. As outras líderes não são consideradas importantes, têm lá a sua popularidade, mas não são dignas de andar com a realeza estudantil.

Confesso que, em certa fase de minha banal vida, já desejei muito participar desse grupinho (nojento). Não que eu idolatre Sofie ou queira me transformar numa clone perfeita, não é precisamente isso. Eu apenas gostaria de ter a popularidade dela, só por um dia. Sei lá, seria uma experiência, digamos que, interessante.

Largo algumas de minhas coisas em meu armário e levo apenas o necessário para a minha primeira aula: Matemática III. Logo de cara matemática, que maravilha! Não, eu não estou sendo irônica.

Sento-me na primeira mesa da fileira colada à parede. Logo após a professora entra e aguarda mais alguns minutos até que todos os alunos se acomodam. Começa-se então a fala de boas vindas da criatura, a qual com toda certeza e o perdão da palavra, vai foder com uma boa parte daquela sala. Duas batidas seguidas de um cabelo preto, liso, até quase a cintura interrompem a professora e fazem um terrível eco na minha mente.

–– Com licença. Desculpe o atraso, tive um imprevisto. –– Diz uma voz feminina chorosa.

–– Tudo bem, pode entrar. Mas só hoje, hein? –– a professora tenta soar brincalhona, mas a única coisa que consegue é uma absurda falha na sua missão.

A garota entra na sala e muitos olhares a seguem. Os olhinhos verdes da dita cuja fitam as cadeiras que já possuem uma bunda ocupante. Todos os lugares já estão preenchidos. Menos o que está ao meu lado esquerdo.

Sofie Brown senta-se ao meu lado.

As aulas correm perfeitamente normais e volto para casa a pé. Como é de costume, John está me esperando na esquina de nossa rua, apostamos corrida até em casa e ele me deixa ganhar. O derrubo no chão por causa disso e ele lambe o meu rosto. Nós dois vamos direto para o meu quarto, onde eu faço sua barriga de travesseiro e adormecemos. Cinco minutos depois de pegar no sono acordo sentindo um cheiro horrível.

Sim, meu cachorro peida enquanto dorme.


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Notas finais do capítulo

Ainda está aí? Se chegou até aqui, pode me dizer o que achou né?