Passou-se exatos cinco anos desde que Samantha não via mais aquelas pessoas que tanto amava. De certo modo talvez não amasse, pois se distanciou de propósito de todas elas. Não exatamente por ter se magoado com todos. Não. Porém ela pensou que se manter distante de todos seria o melhor para ela e para sua pequena e doce Elizabeth. Por diversas vezes ela achou que estava sendo egoísta, mas sabia que se Elizabeth crescesse ao redor de tantas mágoas, segredos e rancores que jamais foram mencionados por ela, seria muito mais prejudicial a sua amada filha. Mas o que responder quando surgem perguntas? Será que Sam, mesmo longe, conseguiria escapar delas?

Elizabeth – Ou Lizzy como sua mãe a chama – ainda é muito pequena, mas sua esperteza - que podemos dizer que herdou de sua mãe – era impressionável. Tinha acordado naquela manhã de sexta feira bem cedo, causou suas pantufas em formato de panda – Não estranhe o fato, ela ganhou de natal de sua amada ‘tia’ Cat – e foi direto para o quarto de sua mãe. Talvez fosse de se esperar que Sam abominasse o fato de ser acordada, mas quando se trata de Lizzy, ela simplesmente amava. A pequena abriu a porta calmamente e observou sua mãe dormindo por alguns segundos. Divertia-se ver que Sam ocupava toda a cama pela forma que se deitava. Segurando seu pequeno ursinho de pelúcia, ela se ajoelha na cama e cutuca sua mãe duas vezes. Sam abre os olhos e se depara com sua filha pedindo pra dormi ao seu lado. Ela bate na cama indicando permissão para Lizzy deitar ali e logo a abraça e se aconchega ao seu lado.

Uma cena admirável e doce como esta era comum na vida das Puckett’s. Pelo menos desde que Lizzy havia nascido. Sam sempre tentou ao máximo ser a melhor mãe do mundo. Ela sempre pensava nisso. Às vezes parecia paranoica de tanto que pensava. Era algo a se esperar com toda certeza quando Sam tivesse um filho o tratasse de tal forma. Pelo menos era o que ela sempre planejou. Como assim Sam Puckett planejava ter filhos? Bom, ela não planejava de fato, porém isso sempre passa pela cabeça de todo mundo, é meio que automático. Então, Sam vem tentado ser o que sua mãe não foi para ela. Contando também a maneira de que sua mãe tem a tratado durante esses cinco anos. Isso a magoava bastante. Às vezes ela se pegava olhando para Lizzy, pensativa e tão calma que a assustava. Será que aquela Sam durona e sem coração morreu? Ou ela ainda estava ali em algum lugar? A parte do ‘sem coração’ na verdade não existia. Ela dizia isso pra se manter firme em certos momentos, porém ela sempre pensava nos sentimentos das pessoas que amava. Analisando os fatos, podemos dizer que isso realmente mudou nela. Então realmente ela estaria sendo egoísta? Talvez...

- Vou fazer umas torradas. – Dizia Sam ainda na cama com Lizzy

- Eu prefiro panquecas – Diz Lizzy enquanto brincava com seu ursinho

- Panquecas com que?

- Calda!

- Mas calda de que? – Insiste Sam

- De chocolate! – Responde Lizzy animadamente

- Chocolate? Acho que não tem... Tem mel, pode ser?

- Eu odeio mel! – Dizia Lizzy com cara de brava

- Mas como? Como você pode odiar mel?

- Tem gosto ruim mamãe!

Sam ria com o jeito que Elizabeth falava. Ela era tão pequena e não se preocupava em dizer o que pensava.