Esperando Por Você escrita por Tamires Roberta


Capítulo 1
Capítulo Único




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Depois de um longo e exaustivo dia de trabalho Tanuma Kaname voltava para casa, murmurava em pensamento o quanto o seu cotidiano era um verdadeiro tédio, vivia para trabalhar e trabalhava para viver. De repente uma súbita vontade de passar pela praça tomou posse de si, a praça não ficava muito longe do local onde trabalhava, no entanto, era o caminho mais longo a se seguir de volta pra casa. Sentiu vontade de ver as árvores enfeitadas com aqueles reluzentes pisca-piscas, a cada dia que se passava o natal se aproximava e a sua cidade, já bonita, ficava ainda mais graças a todos aqueles enfeites natalinos.

E como todos os anos aquela praça estava linda e reluzente, no entanto seria bom ver aquelas arvores cobertas de neve, constatou Tanuma. Em um dos bancos ele viu um rapaz dormindo, não deveria ter mais de 19 anos, ao se aproximar mais percebeu que ele estava um pouco ferido, provavelmente havia se metido em alguma briga. No entanto seu semblante estava plenamente sereno, se não fosse imaginação sua parecia até que ele tinha um sorriso no canto dos lábios. Então esse é o espírito natalino? Ironizou.

A temperatura havia caído, então antes de ir embora Tanuma Kaname tirou sua jaqueta e cobriu aquele rapaz de pele alva e semblante delicado que tanto ressonava. No outro dia, quando estava indo trabalhar Tanuma sentiu vontade de passar pela praça, talvez pudesse encontrar aquele rapaz do outro dia e pegar a sua jaqueta de volta, egoísmo? Não, ela lhe custou caro. – Se enganava com uma desculpa qualquer, por mais que não admitisse no fundo, ele apenas o queria ver novamente-.

E mesmo achando improvável que ele ainda estivesse ali, pela praça passou. Tamanha foi a sua surpresa ao notá-lo dormindo no mesmo banco, só que dessa vez estava vestido à sua jaqueta.

- “Ele não está com calor não? Olhe esse sol!” Pensou.

Ao observar melhor viu que pela face do menor alguns pingos de suor brincavam, imaginou como estaria sendo difícil pra ele estar dormindo naquele banco vestido uma jaqueta por cima de suas roupas quentes e um sol de matar estar brilhando no céu. Suspirou indignado e acabou escorando a sombrinha que carregava no banco, protegendo o menor daquele sol escaldante.

Pela primeira vez em séculos Tanuma acabou não focando cem por cento em seu trabalho, parte de seus pensamentos estavam perambulando numa certa praça, especificamente em uma pessoa desocupada – assim pensava – que em um daqueles bancos dormia. Quando a noite chegou – o que lhe pareceu uma verdadeira eternidade – Tanuma seguiu o mesmo caminho que andava seguindo ultimamente, dessa vez não havia mais desculpas e sem pensar duas vezes os seus passos acabavam o conduzindo pela praça adentro.

No entanto, nessa noite não havia nenhum “rosto conhecido” por lá e Tanuma acabou não conseguindo negar que se sentiu um tanto quanto desapontado em relação a isso, mas se ele o tivesse encontrado por ali, se ele o visse dormindo ou ao menos sentado em um daqueles bancos que diferença iria fazer? O que ele faria? Perguntava a si mesmo.

No dia seguinte quando ia a caminho para a empresa onde trabalhava Tanuma Kaname o viu, mas dessa vez o “ressonante homem da praça” não estava dormindo, estava sentado no mesmo banco de sempre vestindo uma jaqueta por cima de suas roupas quentes e segurando uma sombrinha. As pessoas que por ele passavam o julgavam como um verdadeiro “estranho” ouvia-se múrmuros em todos os cantos, uns murmuravam que ele era muito “suspeito” e outros comentavam que ele só poderia ser um louco, já que várias vezes já o viram conversando com alguém que nem mesmo ali estava. E outros que sempre o viam por ali sentado no mesmo banco. O que ele almejava? Perguntavam-se os curiosos.

Tanuma não deixou de ouvir sobre o que as pessoas andavam comentando, e no fundo ficou curioso, o que de fato ele ia fazer ali naquela praça, no mesmo banco todos os dias? Por mais que a curiosidade fosse muita Tanuma Kaname nada fez, apenas seguiu o rumo da sua “mais que querida realidade” com inúmeras perguntas em mente. E a mesma coisa aconteceu durante toda uma semana, todos os dias que ele passava por ali, rumo ao serviço, sempre o encontrava sentado naquele mesmo banco, ora vestido a sua jaqueta, ora deixada no colo e com a sombrinha deitada em cima do banco. Certo dia, quando passava por ali – o que havia se tornando seu hábito- Tanuma não encontrou mais o menor ali.

Ele adorava poder ver o “rapaz ressonante” todos os dias, em sua mente costumava criar diálogos sobre o que poderia conversar com ele, talvez algum dia em seu horário de almoço ele poderia ir até aquela praça, sentar naquele banco e dizer: “Dia lindo hoje, não?” e assim ambos poderiam começar uma verdadeira conversa, se conheceriam melhor e entes que pudessem perceber começariam a se encontrar sempre e sempre que pudessem, sendo ali ou não. No fundo tentou se enganar dizendo que estava tudo bem, no entanto não funcionou como ele havia planejado. Logo acreditou que no outro dia aquele rapaz poderia aparecer, mas não apareceu, nem no outro, nem o outro e nem no outro. Pergunta a si mesmo sobre o que o rapaz pensava enquanto estava sentando ali naquele banco, completamente sozinho.

Em seu trabalho não se passava outra coisa em sua cabeça a não ser um rapaz tão misterioso e por sinal, bem bonito. Pela primeira vez Tanuma Kaname resolveu tirar ao menos uma hora de descanso em seu horário de almoço, nunca a tirava por que julgava ter muitas coisas para fazer e se as fizesse logo, poderia ir embora pra casa mais cedo. Resolveu ir para certa praça, talvez tivesse a sorte de encontrar “uma certa pessoa” lá, no entanto não encontrou. Soltou um suspiro frustrado e sentou-se no banco, então era isso não é? Perdeu-se em seus pensamentos.

- Posso me sentar aqui? – Alguém lhe perguntou

- Claro! – Respondeu sem olhar para o lado.

Tanuma havia perdido o chão quando virou e percebeu que quem estava prestes a sentar ao seu lado era a mesma pessoa por quem havia nutrido certa “afeição” inexplicável, seu coração ameaçava a qualquer momento sair pela boa de tão agitado que estava. Ele nem estava acreditando que estava sentado ao lado do seu “rapaz ressonante”, o observou por alguns instantes sem pudor algum o outro pareceu notar, logo comentou:

- Por favor, não me ache suspeito... Essa jaqueta... Essa sombrinha... Bom, não são exatamente minhas!

-... -

- Ahhhh! Mas não quer dizer que eu a tenha roubado, apenas estou esperando o dono aparecer. Eu queria o agradecer. Ele foi muito gentil comigo. Eu quero agradecer muito essa pessoa...

E dessa vez o coração de Tanuma bateu mais forte, então ele sempre esteve ali esperando por ele? Sentiu vontade de falar que o dono daqueles pertences era ele, no entanto não o disse se dissesse isso será que no dia seguinte voltaria a encontrá-lo?

- “O que exatamente devo fazer?” – Perguntou mentalmente.

- Entendo! Posso saber o seu nome?

- Claro! Meu nome é Natsume Takashi... E o seu?

- Tanuma Kaname!

Tanuma acabou ficando todo o seu horário de almoço conversando com Natsume, descobriu que naquele dia que ele resolveu ver as arvores com seus enfeites natalinos o menor havia se metido em uma briga ali perto, no entanto parecia que Natsume ainda escondia alguma coisa.

- Não sei se você acreditaria...

- Conte-me. – Insistiu Tanuma.

- Minha briga foi com um yokai, desde criança eu consigo vê-los. Muitas pessoas me chamavam de mentiroso quando eu apontava um lugar, falando que tinha alguém ou algo ali. Elas não conseguiam ver. Sempre tive poucos amigos por causa disso...

De alguma forma Natsume Takashi se sentia livre para desabafar ao lado de Tanuma, este por sua vez o ouvia atentamente.

-... Alguns são amigáveis, já outros vivem me atormentando... Não sei se você irá acreditar em mim, mas o que estou dizendo é a verdade.

- Não se preocupe, eu acredito em você, não sou uma pessoa tão incrédula assim. Mesmo assim, não consigo vê-los perfeitamente como você, no entanto vejo alguns vultos entende?

Nastume comentou que muitas pessoas o achavam estranho, suspeito ou louco – por às vezes conversar com alguns yokais-. Comentou também que sempre via Tanuma passar por ali...

- É o caminho para o meu serviço – Respondeu Tanuma Kaname.

Natsume trabalhava meio período, e sempre ia até aquela praça enquanto o eu horário se serviço não chegava, aquele era o seu lugar favorito, gostava de observar as pessoas rumando aos seus cotidianos, muitas vezes agitados, parados, entediantes... Assim como Tanuma achava o seu, entediante!

E então eles passaram a se encontrar todos os dias, e um sentia a falta do outro quando este não aparecia por lá. Tanuma sentia que deveria falar pra Natsume sobre ele ter sido a “alma cuidadosa” a cobrir ele naquela noite, e a deixar a sombrinha lá, no entanto ele tinha medo de que nada voltasse a ser como era antes, ou mesmo o menor não aparecer mais por lá já que não teria mais motivos para isso.

Por outro lado, pensava que talvez todas essas inseguranças não passassem de grandes bobeiras que a sua mente lhe pregava. Ultimamente eles estavam mais próximos do que nunca, Natsume não pararia de ir lá só por que não haveria mais motivos, mesmo tendo encontrado quem procurava ainda lhe restaria um motivo: Tanuma Kaname. No entanto, será que ele o compreenderia? Sérá?

Certo dia, em seu horário de almoço, quando Tanuma chegou naquela tão conhecida praça, viu Natsume dormindo no mesmo banco de sempre, acabou sorrindo bobamente ao constatar que foi assim que o tinha visto pela primeira vez, a única diferença é que, para o seu alívio, ele não estava ferido. Ainda com um sorriso bobo nos lábio pegou “aquela antiga” jaqueta que estava sobre o banco e o cobriu. Involuntariamente, Natsume acabou despertando.

Tanuma levou um susto e acabou indo pra trás. De qualquer forma, não haveria como ele conciliar todo aquele gesto como os dos primeiros, não é verdade? E mesmo se conciliasse, não seria o melhor a se fazer? Indagou confuso.

- Desculpe-me... - Disse Tanuma.

- Você...

E com havia previsto, de certa forma, mesmo que sem perceber Natsume conciliava tudo o que andava acontecendo nos últimos dias... Agora!

- Eu deveria ter te contado mais cedo... – Resolveu se abrir logo de uma vez – Que tinha sido eu a lhe cobrir das ultimas vezes, mas fiquei com medo. - “ Não queria que você parasse de vir pra cá, queria continuar te encontrando todos os dias. Adorava conversar com você... O seu sorriso... Você!“ – Pensou - Eu sinto muito mesmo.

Tanuma se sentia muito envergonhado, queria sair dali, provavelmente Natsume brigaria consigo por ter escondido isso dele por tanto, tanto, tanto tempo. Isso era o certo a se fazer não é? Já que ele acabou fazendo o incerto! Mas em horas assim, ele já não tinha mais certeza de nada, só que não queria ficar ali e ter que ouvir de Natsume tudo aquilo que repetia pra si sem cessar. Por quanto tempo ele ficou esperando sozinho, na esperança de que encontraria “aquela pessoa tão gentil”?

- “Tudo acaba aqui?... Assim?” – Pensou Tanuma.

- Eu sempre...

- “Não... Não diga mais nada...”.

- Sempre pensei quão bom seria se fosse você aquela pessoa.

- O que você...

- Você sempre passava por aqui. Caminhando a pé do outro lado. Eu me sentia desapontado se não via você por um dia. Por que eu estive observando você por um tempo. E depois que começamos a conversar você me deu felicidade. Eu sempre quis dizer... Obrigado!

- Me desculpe! Eu só pensei na minha felicidade.

- Me desculpe se eu te deixei irritado.

Mas o que tinha com ele? Por que ele estava se desculpando? Ele não era o cara errado dessa história, ele não havia feito nada. Espera...

“- Ele disse que dei a ele felicidade, mas...”.

- Por que você não voltou alguns dias atrás?

- Eu fiquei gripado!

-... Eu me senti sozinho quando não vi você naqueles dias.

- Você quer dizer que...

- Você me deu a felicidade também.

E durante um tempo eles continuaram a se encontrar naquela mesma praça, naquele mesmo banco. Tempos depois, o que há muito estava guardado dentro de cada um, foi se soltando com o tempo. Passaram a se encontrar não só na praça como também fora dela, ora na casa de um, ora na casa de outro, ora em um restaurante, ora no cinema... Ora namorando... Ora casados! E enfim sempre juntos e felizes até o fim de suas vidas.


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Notas finais do capítulo

Eu não me aprofundei muito nessa história de dezembro e natal. Também não me aprofundei em suas vidas pessoais, seus trabalhos, amigos ou qualquer coisa, queria me focar inteiramente em Tanuma e Natsume! E continuo achando que esse final ficou um tanto quanto confuso. @__@ /brega -q



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