Plenitude escrita por Lúthien


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Rotina, planos de casamento e um abacaxi que o Félix vai ter que descascar.
Não preciso pedir novamente que ignorem qualquer erro né? rsrs



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A viagem para São Paulo acabou fazendo muito bem a Félix, ele pôde rever seus familiares, sua amiga Márcia e acertar definitivamente suas contas com o passado. Ele voltou para Angra renovado, sentido que não havia nada que pudesse manchar sua felicidade. Amava Niko e os filhos cada dia mais, sua relação com o pai havia melhorado. Sentia-se plenamente feliz.

Dias se passaram, era uma tarde ensolarada de outubro, Félix e Niko acabavam de chegar em casa com os filhos, pois era dia da criança e eles levaram os garotos a um parque para comemorar. Félix carregava Fabrício.

– Ai que dia, meu Deus, não sei de onde esses meninos tiram tanta energia.

– Eles são crianças, Félix.

– Nossa, o Fabrício tá muito pesado - reclamou Félix sentando no sofá - Até nisso ele puxou você, Niko.

– Félix! - Niko se sentou no outro sofá com a cara amarrada - Isso é jeito de falar? Jaiminho, meu filho, vai tomar um banho, vai, você tá todo suado.

– Ta bom, pai! - O menino foi correndo para o quarto.

– Carneirinho, não precisa fazer essa cara, eu falei sem pensar.

– Falou sem pensar? Pois você vai ter muito tempo pra pensar a noite, tá?

– Como assim, Niko?

– Hoje eu te deixo de castigo.

– Que isso, Carneirinho? Vai ficar com raiva por causa de uma bobagem?

– Pensasse nisso antes. Me dá o Fabrício aqui, eu vou dar banho nele.

– Ah não, Niko, fica aqui comigo, chama a Adriana pra dar banho no Fabrício.

– Você esqueceu que a Adriana tá de folga hoje? - Niko levou Fabrício para o quarto e não deu atenção aos protestos de Félix. Fazia aquilo para provocá-lo.

– Niko! Que bicha mais geniosa!

Enquanto Niko dava banho em Fabrício, Félix foi ver como o pai estava. Não o encontrou no quarto e foi para o jardim. César estava sob a sombra de uma árvore, Maria estava sentada ao seu lado, lendo para ele.

– Boa tarde, Maria, querida.

– Boa tarde, seu Félix.

– Papi, como o senhor está? Como passou a tarde?

– Muito bem, filho. Mais cedo eu assisti um filme com a Maria e agora ela tá lendo pra mim. E como foi seu passeio?

– Ah, foi divertido, papi. Fazia tempo que eu não me divertia assim.

– Hoje eu fiquei me lembrando de quando você e a Paloma eram crianças, é uma pena que o tempo não possa voltar, eu teria feito tanta coisa diferente.

– Papi, não pense assim. Se tem uma coisa que eu aprendi, é que tudo na nossa vida é aprendizado.

César sorriu.

– Bom, eu vou deixá-los com sua leitura.

Félix entrou em casa e foi para o quarto de Fabrício, Niko enxugava o bebê e começava a vestir a roupinha nele. O garoto estava agitado, ele já conseguia articular algumas palavras, especialmente "papai" que era a que mais dizia quando estava na companhia de um dos pais.

– Fica quietinho, meu amor, deixa o papai colocar sua blusa.

– Papa- papai!

Félix estava parado na porta observando os dois com um sorriso singelo nos lábios.

– Ai, que cena mais linda de ver. Dois carneirinhos lindos.

Niko sorriu, quase já tinha esquecido sua pequena briga com o companheiro minutos atrás.

– Eu adoro ouvir ele nos chamando de "papai".

– Não tá mais chateado comigo, Carneirinho?

– Tô sim, viu?

Félix se aproximou de Niko e envolvendo sua cintura com os braços. Deu um beijo no pescoço.

– E o que eu tenho que fazer pra mudar isso?

– Hum... use sua criatividade. Niko pegou Fabrício e saiu do quarto.

Félix se sentou numa poltrona, jogando a cabeça para trás.

– Eu devo ter feito luzes nos cabelos de Sansão pra me apaixonar por uma bicha tão mimada.

Niko que não estava muito longe, retornou, inclinando o corpo próximo a porta, de modo que Félix só pudesse ver sua cabeça e a Fabrício:

– Eu ouvi Félix, e o Fabrício também. Agora são duas noites de castigo.

E saiu sorrindo.

A noite, depois de jantar e colocar as crianças para dormir, Niko terminava de escovar os dentes, Félix retornava do quarto do pai. O moreno entrou no banheiro do casal e abraçou o companheiro por trás, lhe dando vários beijos no pescoço, depois ficou contemplando a imagem dos dois diante do espelho.

– Vai mesmo me deixar de castigo, Carneirinho?

– O que você acha?

– Poxa, Niko, foi uma brincadeira. Você sabe que eu te acho lindo, gostoso, hum... - para cada palavra que dizia Félix dava um beijo no pescoço do amado.

Niko se derretia, mas continuava fazendo jogo duro para provocar Félix. Se libertou de seus braços fingindo estar indiferente aos carinhos dele.

– É, mas você sabe que eu não gosto quando você fala do meu peso. Eu até emagreci um pouquinho, tá?

Félix olhou para ele com uma expressão de quem não acreditava naquilo, mas preferiu não dizer.

– Você tá ótimo, Carneirinho. Eu gosto de você assim, fofinho.

Niko se sentou na cama, ficando com as costas encostadas na cabeceira e as pernas esticadas, cruzou os braços e retrucou:

– Hum, fofinho! Pelo menos eu não tenho fios brancos no cabelo.

– Ah, então é assim né? Olho por olho, dente por dente?

Niko continuou de cara fechada e não respondeu. Félix sabia que acabaria vencendo aquela disputa, mas precisaria insistir mais. Ele se aproximou da cama, ficando em cima de Niko, prendendo suas coxas entre os joelhos, inclinou seu corpo sobre o dele e começou a lhe distribuir beijos pelo rosto. Depois cantarolou baixinho:

"Fica comigo/Namora comigo/Casa comigo/Viva comigo até o fim"

– Não, me venha com chantagem tá? Eu adoro essa música, mas você não vai me convencer.

– Ah, é? Não é a música, Carneirinho, é um pedido.

– Pedido? Você já me pediu em casamento, Félix.

– Já pedi sim, mas se eu te disser que eu já marquei a data?

Os olhos de Niko brilharam, sua expressão emburrada logo deu lugar a um sorriso radiante.

– Sério, amor? Já marcou a data? Quando?

– Ah, Carneirinho, já que eu tô de castigo, eu não vou dizer, quando você me absolver eu te falo. - respondeu Félix com um sorriso malicioso, enquanto passava para seu lado da cama.

– Você sempre dá um jeito de sair vitorioso, né? - Niko puxou Félix pela cintura - mas eu adoro ser vencido assim. Eu te absolvo, meu amor.
Niko o beijou com paixão, as carícias se intensificavam, mas Félix interrompeu o beijo e perguntou:

– Não vai me deixar falar a data?

– Depois, amor, depois.

Na manhã seguinte, ao abrir os olhos, Niko percebeu que Félix estava o observando.

– Até que enfim, dorminhoco!

– Olha só quem fala! Por que você não me acordou?

– Ah, Carneirinho, você tava tão lindo dormindo, fiquei com pena de te acordar.

– Hum, acordou carinhoso, qual será o motivo?

– Você sabe o motivo... bom, eu fiquei aqui esperando você acordar, porque quero falar sobre nosso casamento.

– Ah, fala logo, amor!

– Então, você lembra quando a mami se casou com o Maciel?

– Lembro.

– E você lembra que ela disse que só faltava eu me casar naquela casa? Eu acho que na verdade ela já estava com segundas intenções sobre a gente, né?

– Ah é, sua mãe é uma diva, sempre deu a maior força pra gente.

– É, não é a toa que é minha mami poderosa.

– Mas o que isso tem a ver com nosso casamento.

– Niko, mas como você é devagar, hein?

– Ai, Félix, não fala assim.

– Desculpa, Carneirinho, eu falei sem pensar, você sabe como eu sou...

– É, se sei, você nunca mede suas palavras.

– Não, meu amor, não fica irritado, não agora. Eu vou te explicar... bom, eu andei falando com mami sobre nosso casamento e ela pediu que a gente celebrasse nossa união na casa dela, assim... só pra manter a tradição.

– FÉLIX! Amei a ideia!

– Ah, é sério, Niko? Que bom, porque eu e mami já providenciamos quase tudo sem te consultar, na verdade eu queria fazer um surpresa.

– Uma surpresa linda, amor. Eu adorei. Mas quando é que vamos nos casar?

– Eu tava pensando em dezembro, antes do natal.

– Dezembro, mas porque esperar tanto tempo?

– Ah, dezembro foi o mês especial pra mim, foi quando nós ficamos mais próximos, foi quando você me resgatou daquele poço fundo onde eu caí.

– Awn, que lindo amor!

– Eu inclusive já planejei nossa viagem de lua-de-mel

– Mas e as crianças, Félix? O seu pai...

– É aí que vem a melhor parte, eu liguei pra sua mãe e ela vai vir pra cá para ajudar a Adriana com os meninos, seus pais são aposentados mesmo, não haverá problemas pra eles virem pra cá.

– Amor! Eu adorei, como você é inteligente, você pensa em tudo!

– Eu sei que eu sou incrível, Carneirinho.

– E modesto também... - Niko sorriu - mas você tem razão, você é incrível, Félix.

Os dois se abraçaram e trocaram um beijo apaixonado, naquela manhã demoraram um pouco mais para sair daquele quarto.

Mais tarde, Félix se despedia de Niko, quando ele ia para o restaurante:

– Fica mais um pouquinho, vai? - pediu Félix segurando Niko pela cintura.

– Félix, eu já fiquei tempo demais, mais do que devia.

– Mas agora você tem mais um ajudante no restaurante, Carneirinho.

– Eu sei, mas mesmo assim que tenho que estar presente. Não é você mesmo que diz que é o olho do dono que engorda o boi?

– Hum, tá bom, vai, mas volta cedo, hein?

– Eu volto, amor, assim que tiver tudo sob controle eu volto correndo pra você.

Trocaram mais um beijo, mas foram interrompidos por Maria que acabava de chegar:

– Hum- hum

– Oi, Maria! Não vimos você aí.

– Bom dia, seu Niko, eu acabei de chegar. Bom dia, seu Félix.

– Bom dia, querida!

– Félix, eu vou trabalhar, tá. - Niko fez um carinho no rosto do companheiro, depois entrou no carro e saiu. Félix acenou para ele e se virou para entrar em casa.

– Seu Félix!

– O que foi, Maria?

– Eu preciso falar com o senhor, tem um tempinho?

– Pode falar.

– É que... eu passei em um concurso no Rio e serei convocada em breve, eu vou ter que sair daqui.

– Ah, que pena, Maria, você tem cuidado tão bem do papai. Quando é que você vai?

– Pois é, seu Félix, eu tenho trinta dias pra assumir o cargo, mas eu não queria esperar muito sabe? Eu já tenho um lugar para ficar lá, então eu pretendo assumir minha vaga o mais rápido possível.

– Eu entendo.

– Olha, seu Félix, eu não tenho queixa nenhuma do trabalho aqui, mas é que eu sempre quis passar nesse concurso.

– Tudo bem, Maria, eu te entendo. É que você é tão boa com o papi, tem paciência pra cuidar dele. Vai ser difícil encontrar alguém pra te substituir.

– Obrigada, seu Félix. Eu gosto muito de trabalhar aqui, o senhor e o seu Niko são ótimos patrões.

– Quanto tempo você ainda pode ficar?

– Talvez duas semanas, o tempo de eu organizar minha mudança, me despedir dos meus amigos.

– E você pode continuar aqui nessas duas semanas? Assim eu terei algum tempo pra pensar no que fazer.

– Claro que sim, eu não quero deixar o senhor na mão.

– Obrigado, querida!

– Com licença, seu Félix.

– Toda!

Assim que Maria entrou, Félix ficou pensando no que iria fazer, pois se havia algo que ele aprendeu depois que se mudou para Angra com Niko é que a vida doméstica podia ser muito feliz, mas também trazia muitas responsabilidades.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, até a próxima.



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