Paraíso escrita por Kelly S Cabrera


Capítulo 1
Paraíso


Notas iniciais do capítulo

Primeira fic de anime, então se estiver meio fora do normal ignorem LOL



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A cidade era fria como gelo. Haviam poucas pessoas andando pelas ruelas sujas e esbranquiçadas pela neve. Essas poucas pessoas olhavam com desconfiança pra os visitantes. Ambos os jovens andavam lado a lado vestindo um sobretudo de cor escura, assim como a calças, contratando com sua pele clara. Não havia muita diferença entre eles, a não ser a cicatriz em seus olhos: em um deles do lado esquerdo e do outro no direito e a cor dos olhos.

 

-Ah! Quer fazer o favor de olhar pra frente? - Um deles, o que tinha a cicatriz no olho direito, gritou passando as mãos nos cabelos revoltos.

-Não acha isso estranho? – O outro perguntou – Essa cidade, tem alguma coisa errada...

-Errado ou não, não vamos ficar aqui mesmo. Estamos de passagem, Albian.

 

Albian voltou a olhar para trás. Não era possível que Ceres, seu irmão, não estava sentido nada. Alguma coisa aconteceria e ele temia que fosse ruim. Até a atmosfera estava estranha.

 

Então ouviram latidos e um tiro vindo de algum lugar não muito longe deles.

Eu sabia, Albian pensou. Havia um caçador na cola deles e pelo visto não seria tão fácil se esconder de novo. Por um bom tempo o humano os perseguiam. Correram por uma ruela e em uma bifurcação mais a frente, trocaram um olhar rápido se separando um do outro.

 

Albian corria o máximo que suas patas permitiam. Conseguia sentir o cheiro dos cães e do humano que não estava muito longe. Desde quando aquele caçador estava o perseguindo? A corrida parecia não ter fim e o humano, assim como os cães, parecia não estar nem um pouco cansado. Virou em uma das ruelas, trombando com uma caixa de madeira, mas não parou para sentir a dor. Continuou correndo, sentindo seus perseguidores mais próximos, precisavam chegar onde queriam. Eles tinham que encontrar o Paraíso.

Parou abruptamente ao ver que o final da rua era uma grande parede, não poderia pular aquilo por mais que quisesse. Pensou em voltar, mas já era tarde demais. Lá estavam os cães e, logo em seguida, o dono deles apareceu.

Albian deu um passo para trás, rosnando e mostrando que não estava para brincadeiras, mas isso pareceu não intimidar o humano que apontou sua arma.

 

Ceres parou ao ouvir um uivo de longe. Alguma coisa tinha acontecido e ele tinha certeza que foi com Albian. Voltou pelo caminho que corria encontrando com os dois cães que o perseguiam. Rosnou mostrando o perigo, que não afastou os cães. Avançou em cima deles ao mesmo tempo que eles avançavam. Um dos cães tentou mordê-lo, mas graças a sua agilidade o lobo se esquivou para o lado fazendo o cão bater contra uma das paredes. O outro, que veio logo em seguida, conseguiu pular em cima de Ceres, mordendo seu pescoço. O lobo jogou seu corpo, e conseqüentemente o do cão, contra a parede fazendo o cachorro o soltar. Não esperou eles se levantarem e se recuperarem, correu para direção oposta em busca do irmão.

 

Virou uma ruela e viu dois cães caídos no chão, provavelmente não levantariam mais. Correu mais um pouco dando para uma grande parede. Caído no chão estava seu irmão, o corpo encharcado de seu próprio sangue. Agachou e passou as mãos nos pêlos de Albian, ele ainda respirava, mesmo que fracamente.

 

-Ce... res … - A voz de Albian veio dolorida e cansada. Ceres percebeu que Albian já não o via mais, mas quando colocou uma de suas mão perto do focinho do irmão ele farejou e a lambeu. - Me des...

-Shhh – Ceres o interrompeu – Descanse agora, Albian... Não precisa falar.

 

Voltou a passar a mão nos pêlos ensanguentados do irmão e ficou assim por um bom tempo, até a respiração de Albian cessar. Agora Ceres estava sozinho e se perguntando se o caminho que escolheu valia realmente a pena.

 

Quando jovem Ceres sempre ouviu os mais velhos da alcatéia dizerem que ele os levariam para o paraíso, o lugar onde viveriam tranquilamente, sem precisar se esconderem. Infelizmente, nada disso aconteceu. Sua alcatéia foi dizimada, restando somente ele e um lobo um pouco mais jovem que si, Albian. Prometeu então cuidar do lobo e encontrar o Paraíso. Agora, era Albian que estava morto diante de seus olhos, assim como os outros e o que restou para Ceres foi seguir sua jornada sozinho.

 

Levantou-se ainda olhando o corpo do outro lobo, uivou em um adeus partindo logo em seguida carregando o irmão. Andou pelas ruelas cautelosamente, em direção a saída da cidade.

 

O que não esperava encontrar, bloqueando uma das ruelas era os quatro cães e logo atrás, a uma certa distância, o humano que teimava em persegui-los.

 

O humano olhou surpreso para o que via. Uma pessoa carregando o lobo que matou a pouco tempo atrás. Viu o rapaz colocar o lobo cuidadosamente no chão e encará-lo.

 

-Desgraçado – Ceres disse por entre os dentes, sem se importar em mostrar sua raiva.

 

Os cães começaram a rosnar, mostrando que havia algo errado. O humano então olhou para o lobo no chão e quando voltou a atenção para o rapaz, um outro lobo pulou em sua direção. Por puro reflexo, atirou sem saber se conseguiria acertar o lobo a tempo, sentindo um filete de sangue escorrer pelo seu rosto. Olhou para trás vendo o lobo cercado pelos seus cães, assobiou para eles se afastarem, a briga seria entre eles apenas.

-Lobos agora viram humanos, como aquele livro dizia... - Disse pensativo, vendo onde o tiro havia pego, um pouco a cima da barriga do lobo.

 

Ceres rosnou mostrando que ainda podia lutar, o que fez o humano abrir um sorriso. Usou a dor como apoio para continuar acordado e mesmo com a vista embaçada, correu em direção ao humano. Sentiu seu corpo ser perfurado pelas balas, como uma chuva. Caído no chão viu o humano se aproximar e com um pé chutar levemente sua cabeça. Tentou rosnar para avisar que ainda estava acordado, mas nada aconteceu.

Quando o humano se afastou, chamando os cães novamente por um assobio, viu o corpo de Albian no chão. Então, enquanto sua mente e visão escureciam rapidamente, percebeu...

 

O Paraíso não fazia mais sentido...

 

 

FIM

04/11/2009 – 03:14

 


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