Xadrez escrita por Mar
Notas iniciais do capítulo
Então... O whats app parou. Vocês sabem, podem se distrair aqui, haha.
Gregory Lestrade agora era um homem solteiro. Alugara um pequeno apartamento perto da Scotland Yard e vivia um dia de cada vez.
Sherlock Holmes atuava como detetive consultor - o único do mundo - e agora tinha ajuda do ex-médico do exército e também colega de apartamento, John Watson.
Durante o almoço, Greg decidiu ir até a clínica onde John trabalhava. Encontrou-o organizando alguns papéis.
– Ei, John.
– Oh, olá, Greg. Como vai?
– Melhor. E você?
– Meio cansado, mas bem - Sorriu - Você não viria aqui só pelo prazer da minha companhia.
John havia se provado um ótimo amigo, além de contato direto entre ele e Sherlock. Lestrade suspeitava que John também era o responsável por manter o detetive consultor livre das drogas e até dos cigarros.
– Exatamente. Você por acaso tem o telefone do Mycroft? - Se sentou onde os pacientes geralmente se sentavam.
– Mycroft? O que diabos você quer com o telefone do Mycroft? E você é um policial, não há um banco de dados para isso ou algo do tipo?
Coçou a cabeça. Maldita ideia.
– Você tem ou não?
John conteu a risada antes de responder.
– Tenho sim. Vou anotar para você - Pegou o celular e rabiscou um número em um pedaço de papel - Vai chamá-lo para um encontro?
Greg se levantou, pegando o papel.
– Claro. Um encontro de casais, com você e Sherlock também.
Sentiu o bloquinho atingir seu ombro enquanto saia da sala, rindo.
***
O crepúsculo tingia o céu de violeta e laranja, e nuvens longas se espreguiçavam aqui e ali. Casais passeavam de braços dados, sorridentes, deprimindo o homem que os observava, sentando em um banco sob uma árvore.
Segurava um embrulho simples com um laço mal feito e um pedaço de papel, e com a outra mão, digitava hesitantemente alguns números. Parecia besteira fazer aquilo. Ingenuidade, talvez. Mas fez, de qualquer maneira.
– Mycroft Holmes - Atendeu em dois toques.
– Ei, é o Greg. Hm, Lestrade - Limpou a garganta.
Uma pequena pausa do outro lado da linha.
– Que surpresa agradável. Pode falar.
– Eu, hm... Quem sabe... Um café?
– Um café?
Lestrade bateu o embrulho na sua testa. Mas que merda era aquela?
– Quer tomar um café? Ou uma cerveja...
– Prefiro chá. E estou indo.
Desligou. Gregory só percebeu que não havia dito onde estava quando o carro negro que estacionou a sua frente abriu a porta do carona e ele avistou Anthea.
Não conversaram durante o caminho até o centro de Londres. Desceram em uma esquina e andaram até um lugar com mesinhas de jardim na calçada, crianças tomando sorvete e seus pais, chá.
Mycroft já tinha deduzido tudo o que tinha para deduzir: Lestrade comprara um CD como agradecimento pela noite que passara em seu apartamento há algumas semanas. Provavelmente conseguira seu número com Watson.
Sentaram-se em uma das mesas após fazerem seus pedidos.
– Obrigado por vir.
– Não tinha porquê recusar, Lestrade.
– Greg, por favor.
Acentiu. Lestrade colocou o embrulho na mesa e sentiu-se corar.
– Vi que você gosta de Strokes e... Decidi te agradecer. Comprei esse CD no lançamento, está até autografado, é o Room on fire. É o meu preferido, mas acho que você pode ficar com ele.
Mycroft ficou sem fala. O que era estranho, porque isso nunca acontecia. E é claro, ele já tinha aquele CD, tinha toda a discografia. Podia não parecer, mas ele realmente apreciava aquele tipo de música, que o lembrava de quando era menor e tinha uma banda. Durou pouco, mas o suficiente para ele se apaixonar pelo gênero.
Estendeu a mão e pegou o embrulho. Greg tinha se esforçado, dava para ver, mas o resultado não fora dos melhores. Desfez o laço de fita vermelha e desdobrou o papel branco com gravatas azuis e pretas desenhadas. Sorriu como quase nunca sorria: De verdade. O sorriso era grande e lhe provocava rugas ao lado da boca.
– Você deveria sorrir mais - Greg soltou sem perceber.
O sorriso a sua frente hesitou, mas logo alargou-se mais.
– Por que diz isso?
– Fica bem em você. E, hm, sabe, desfaz um pouco toda essa seriedade.
Holmes corou um pouco. Lestrade não pôde evitar o pensamento de que agora suas bochechas combinavam com o tom castanho avermelhado de seu cabelo.
– Tem certeza de que não quer ficar com o CD? Como você disse, é seu preferido.
– Agora tenho.
– Obrigado.
Tomaram seus chás. Se despediram com um aperto de mãos e dois sorrisos tortos.
***
– Senhor, posso falar uma coisa?
– Claro, Anthea.
– O senhor deveria ter beijado ele.
Mycroft quase engasgou.
– O quê?!
A morena sorriu. Não precisava mais respondê-lo - já que a semente do que ela queria dizer já estava plantada - e não poderia, graças a um e-mail vindo direto do Governo acabava de chegar ao seu inseparável celular.
– Temos trabalho a fazer, senhor.
***
Domingo de manhã. Dia de folga. Estava ouvindo Johnny Cash, mas só conseguia pensar em The Strokes. Sentia falta da mulher, que agora abrigava outro homem onde antes era o seu lar.
Suspirou. Assim era a vida, não é? Levantou-se e colou um adesivo de nicotina no braço. Sentia saudade e vontade de fumar, além é claro, da vontade de escutar seu CD favorito.
O celular tocou, e Greg se arrastou para atendê-lo.
– Lestrade. E já vou avisando que estou de fol...
– Mycroft - O cortou.
– Oh.
A linha ficou muda por alguns segundos. Lestrade não sabia o que pensar. E Mycroft não sabia se deveria fazer o que queria... Se importar é uma desvantagem, não é mesmo?
– Estava pensando se gostaria de vir aqui ouvir seu CD. - Soltou.
– Seu CD.
– Meu CD. Só venha ouví-lo comigo, Greg.
Greg olhou para o celular, surpreso. O Holmes mais velho não era o tipo de homem que mantinha amigos, era? Bem, ele nunca imaginaria que o castanho gosta de Strokes, então não ousava supor mais nada a seu respeito.
– Eu adoraria.
– Em quinze minutos na porta do seu prédio - E desligou.
Greg chegou a cair no chão da sala na pressa de correr para tomar um banho. Parecia inadmissível chegar totalmente desalinhado na casa da sombra da Rainha. Vestiu sua melhor calça jeans e uma camiseta cinza com alguma frase em francês. Quando desceu, o carro já o esperava.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Ei fantasmas que estão acompanhando, deixem um comentário!!