Xadrez escrita por Mar


Capítulo 2
O jogo começa


Notas iniciais do capítulo

Então... O whats app parou. Vocês sabem, podem se distrair aqui, haha.



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Gregory Lestrade agora era um homem solteiro. Alugara um pequeno apartamento perto da Scotland Yard e vivia um dia de cada vez.

Sherlock Holmes atuava como detetive consultor - o único do mundo - e agora tinha ajuda do ex-médico do exército e também colega de apartamento, John Watson.
Durante o almoço, Greg decidiu ir até a clínica onde John trabalhava. Encontrou-o organizando alguns papéis.

– Ei, John.

– Oh, olá, Greg. Como vai?

– Melhor. E você?

– Meio cansado, mas bem - Sorriu - Você não viria aqui só pelo prazer da minha companhia.

John havia se provado um ótimo amigo, além de contato direto entre ele e Sherlock. Lestrade suspeitava que John também era o responsável por manter o detetive consultor livre das drogas e até dos cigarros.

– Exatamente. Você por acaso tem o telefone do Mycroft? - Se sentou onde os pacientes geralmente se sentavam.

– Mycroft? O que diabos você quer com o telefone do Mycroft? E você é um policial, não há um banco de dados para isso ou algo do tipo?

Coçou a cabeça. Maldita ideia.

– Você tem ou não?

John conteu a risada antes de responder.

– Tenho sim. Vou anotar para você - Pegou o celular e rabiscou um número em um pedaço de papel - Vai chamá-lo para um encontro?

Greg se levantou, pegando o papel.

– Claro. Um encontro de casais, com você e Sherlock também.

Sentiu o bloquinho atingir seu ombro enquanto saia da sala, rindo.

***

O crepúsculo tingia o céu de violeta e laranja, e nuvens longas se espreguiçavam aqui e ali. Casais passeavam de braços dados, sorridentes, deprimindo o homem que os observava, sentando em um banco sob uma árvore.

Segurava um embrulho simples com um laço mal feito e um pedaço de papel, e com a outra mão, digitava hesitantemente alguns números. Parecia besteira fazer aquilo. Ingenuidade, talvez. Mas fez, de qualquer maneira.

– Mycroft Holmes - Atendeu em dois toques.

– Ei, é o Greg. Hm, Lestrade - Limpou a garganta.

Uma pequena pausa do outro lado da linha.

– Que surpresa agradável. Pode falar.

– Eu, hm... Quem sabe... Um café?

– Um café?

Lestrade bateu o embrulho na sua testa. Mas que merda era aquela?

– Quer tomar um café? Ou uma cerveja...

– Prefiro chá. E estou indo.

Desligou. Gregory só percebeu que não havia dito onde estava quando o carro negro que estacionou a sua frente abriu a porta do carona e ele avistou Anthea.
Não conversaram durante o caminho até o centro de Londres. Desceram em uma esquina e andaram até um lugar com mesinhas de jardim na calçada, crianças tomando sorvete e seus pais, chá.

Mycroft já tinha deduzido tudo o que tinha para deduzir: Lestrade comprara um CD como agradecimento pela noite que passara em seu apartamento há algumas semanas. Provavelmente conseguira seu número com Watson.
Sentaram-se em uma das mesas após fazerem seus pedidos.

– Obrigado por vir.

– Não tinha porquê recusar, Lestrade.

– Greg, por favor.

Acentiu. Lestrade colocou o embrulho na mesa e sentiu-se corar.

– Vi que você gosta de Strokes e... Decidi te agradecer. Comprei esse CD no lançamento, está até autografado, é o Room on fire. É o meu preferido, mas acho que você pode ficar com ele.

Mycroft ficou sem fala. O que era estranho, porque isso nunca acontecia. E é claro, ele já tinha aquele CD, tinha toda a discografia. Podia não parecer, mas ele realmente apreciava aquele tipo de música, que o lembrava de quando era menor e tinha uma banda. Durou pouco, mas o suficiente para ele se apaixonar pelo gênero.

Estendeu a mão e pegou o embrulho. Greg tinha se esforçado, dava para ver, mas o resultado não fora dos melhores. Desfez o laço de fita vermelha e desdobrou o papel branco com gravatas azuis e pretas desenhadas. Sorriu como quase nunca sorria: De verdade. O sorriso era grande e lhe provocava rugas ao lado da boca.

– Você deveria sorrir mais - Greg soltou sem perceber.

O sorriso a sua frente hesitou, mas logo alargou-se mais.

– Por que diz isso?

– Fica bem em você. E, hm, sabe, desfaz um pouco toda essa seriedade.

Holmes corou um pouco. Lestrade não pôde evitar o pensamento de que agora suas bochechas combinavam com o tom castanho avermelhado de seu cabelo.

– Tem certeza de que não quer ficar com o CD? Como você disse, é seu preferido.

– Agora tenho.

– Obrigado.

Tomaram seus chás. Se despediram com um aperto de mãos e dois sorrisos tortos.

***

– Senhor, posso falar uma coisa?

– Claro, Anthea.

– O senhor deveria ter beijado ele.

Mycroft quase engasgou.

– O quê?!

A morena sorriu. Não precisava mais respondê-lo - já que a semente do que ela queria dizer já estava plantada - e não poderia, graças a um e-mail vindo direto do Governo acabava de chegar ao seu inseparável celular.

– Temos trabalho a fazer, senhor.

***

Domingo de manhã. Dia de folga. Estava ouvindo Johnny Cash, mas só conseguia pensar em The Strokes. Sentia falta da mulher, que agora abrigava outro homem onde antes era o seu lar.

Suspirou. Assim era a vida, não é? Levantou-se e colou um adesivo de nicotina no braço. Sentia saudade e vontade de fumar, além é claro, da vontade de escutar seu CD favorito.

O celular tocou, e Greg se arrastou para atendê-lo.

– Lestrade. E já vou avisando que estou de fol...

– Mycroft - O cortou.

– Oh.

A linha ficou muda por alguns segundos. Lestrade não sabia o que pensar. E Mycroft não sabia se deveria fazer o que queria... Se importar é uma desvantagem, não é mesmo?

– Estava pensando se gostaria de vir aqui ouvir seu CD. - Soltou.

Seu CD.

– Meu CD. Só venha ouví-lo comigo, Greg.

Greg olhou para o celular, surpreso. O Holmes mais velho não era o tipo de homem que mantinha amigos, era? Bem, ele nunca imaginaria que o castanho gosta de Strokes, então não ousava supor mais nada a seu respeito.

– Eu adoraria.

– Em quinze minutos na porta do seu prédio - E desligou.

Greg chegou a cair no chão da sala na pressa de correr para tomar um banho. Parecia inadmissível chegar totalmente desalinhado na casa da sombra da Rainha. Vestiu sua melhor calça jeans e uma camiseta cinza com alguma frase em francês. Quando desceu, o carro já o esperava.


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Notas finais do capítulo

Ei fantasmas que estão acompanhando, deixem um comentário!!