Mai escrita por tayriel


Capítulo 1
Chuva e morte


Notas iniciais do capítulo

Para ajudar na compreensão, as partes que estão em itálico e negrito são flashbacks revividos pela protagonista.



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Tic... Tic... Tic...

A chuva estava parando. E, como se sintonizadas com as gotas do céu, as últimas lágrimas dela acompanhavam o ritmo e começaram a cessar.

– Mai, Mai, Mai...

As vozes soavam repetitivas em minha mente.

– Não. - rebati o pensamento que latejava incessante.

– Corra, corra!, ela gritou no momento em que ele passou pela porta do quarto.

Desperdiçar o folego que lhe restava tentando salvá-lo. Bobagem. Com certeza foi uma decisão nada esperta.

Não importava mais. Nunca me importei para ser franca. Eu não precisava mais daquilo. A situação veio a calhar com meu desejo desesperador. De certa forma, foi perfeito.

Mas agora tenho que sair daqui. Antes que pensem que fui eu. Antes que desconfiem pela minha falta de emoção.

– Chega de me culpar por algo que não fiz. - exato. Você não fez, minha consciência insistia em cutucar a ferida recém aberta.

Não, não fui eu. Não é culpa minha. Não podia salvá-los. Não queria.

Um rio de sangue escorria pela lâmina. Ela segurava o grito engasgado na garganta para que ele não soubesse que ela estava morrendo. Mas não tinha jeito. Mesmo tentando evitar era inevitável.

– Corra, corra!, ela gritou no momento em que ele passou pela porta do quarto.

E foi assim que acabou. A cabeça dele caiu no chão em frente a ela. Yuki Namida morreu olhando para seu marido decapitado. Papai.

– Mai... Por que Mai? Por que filha? - ela susurrou ainda com o olhar fixo nos dele. E ela deu seu último suspiro.

Não tinha sido eu. Por algum motivo eu fui poupada. Ou castigada. Eu tinha me esquecido, mas eu sei que irei me lembrar. Quem foi... Eu lembraria. No fim não mudaria nada, seria apenas uma satisfação completamente desnecessária para a minha consciência, porque eu não conseguiria derrotá-lo. Não sei se ele um dia voltaria para me usar de novo, ou se voltaria para me matar também usando o corpo de outra pessoa.

Soltei os dedos já gelados de Yuki e parti.

A chuva deliciosa escorria pelo meu rosto, pelas minhas mãos e encharcava meus cabelos negros e curtos. Me encolhi no meu casaco e fui em frente.

– Adeus mamãe, adeus papai.

Quem quer que fosse aquele demônio, ele me libertou da jaula em que eu vivia usando meu próprio corpo para assassinar meus pais, mas um dia com ele eu presa estaria e, provavelmente, por toda a eternidade. Acho que eu deveria saber quando o chamei... Agora o cheiro de morte pairava no ar e não sairia da minha memória tão cedo.

–Relatos de Mai, a possuída.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por dedicar seu tempo para essa leitura.



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