Em uma noite, quando Violetta tinha apenas 6 anos, ouvia-se gritos vindos da sala de estar. Ela correu até a escada e ali ficou, observando tudo. Sua mãe gritava:

-Quem é ela? Quem é? Me diga!

Seu pai dizia:

-Não tem ninguém! Meu amor, eu te amo.

-Pare com essas mentiras!

-Não estou mentindo! - ele realmente não estava.

-Já chega, estou cansada disso.

No dia seguinte minha mãe vem até o meu quarto chorando.

-Violetta, a mamãe vai viajar...

-Mas por que mamãe?

-É só por um tempo meu amor.

-Não vai mamãe.

Ela chorou ainda mais.

-Tchau meu amor. Sei que ainda vamos nos encontrar, até lá, saiba que eu te amo incondicionalmente.

Pude ver ela saindo porta à fora.

Alguns meses depois estávamos assistindo o noticiário na TV, uma batida em uma das principais rodovias dos EUA, envolvia um caminhão e um carro, o motorista do caminhão e os dois passageiros do carro haviam morrido, as vítimas foram reconhecidas, entre eles estava minha mãe e o atual marido.

Des que minha mãe nos deixou, meu pai poderia ter se revoltado, se entregado às bebidas ou drogas, mas, ao invés disso, ele passou a se dedicar ao trabalho. Mas essa dedicação se tornou doentia, ele trabalhava para esquecer minha mãe, para fugir da realidade, assim, fugia de mim também.

* 10 anos depois *

Acordei às 07:00 horas. Mais uma sexta-feira quente na Flórida. Abri as janelas do meu quarto e deixei o sol e a brisa do mar tomarem o local. Fiquei olhando o mar por um tempo.
Coloquei meu biquini um short e uma blusa e desci as escadas.

Moro em um apartamento com meu pai. Cobertura, 3 andares. O prédio ficava na beira da praia.
Mesmo que só eu e pai morássemos lá, o apartamento tinha 4 quartos.

Fui até a cozinha e vi um bilhete.

"Bom dia, fui trabalhar, vou voltar mais tarde hoje.
Pai. "

Larguei o bilhete em qualquer lugar. Já estava acostumada a ficar sozinha. Desde que minha mãe foi embora, meu pai virou empresário e vive para o trabalho, acho que é a forma dele esquecer um pouco ela.
Como ele se dedica em tempo integral, eu fico "largada". Tenho que me virar. Olga cuida da casa, faz as compras e comida. Ramalho basicamente está com meu pai todo o tempo. Angie é minha salvação. Ela sempre está aqui quando eu preciso.

Coloquei um pouco de suco de laranja em um copo e bebi. Peguei uma maça e saí do apartamento.

Fui até a praia e fiz uma caminhada na areia. Quando voltei ao ponto de onde tinha partido, fui dar um mergulho. Pouquíssimas pessoas iam àquela praia.

Voltei à areia e fiquei sentada encarando o mar.

-Sabia que te encontraria aqui.

-O que quer?

-Meus pais pediram pra te perguntar se você pode dormir lá em casa hoje. Eles vão sair esse final se semana e não confiam o suficiente em mim para "cuidar" da Lara.
Você vai?

-Vou. Pela Lara. Nem eu deixaria ela com você.

-Obrigado pela confiança.

-Não há de que.

-Tenho que ir. Meus pais saem às 14:00.

-Tudo bem. Chego 10 min. antes pra falar com seus pais.

-Tá. Tchau.

-Tchau, Léon.

Voltei ao apartamento.
Já eram 10 horas.
Tomei banho e desci.

-Oi Olga.

-Oi Vilu. O Almoço sai ao meio dia.

-Ok, obrigada.

Voltei ao meu quarto. Liguei a TV e o notebook.

Uma pessoa online. León.

Logo recebo uma mensagem.

León: Oi
Violetta: Oi
León: Meus pais vão sair mais cedo. 13:00.
Violetta: Sem problemas.
León: Ótimo.
Violetta: Ótimo.

Desliguei o notebook e tentei achar um filme interessante. Estava passando A Escolha Perfeita.
Já estava no final. O filme acabou no mesmo momento que Olga me chamou para o almoço.