Our Miracle

Prólogo.

Seus passos eram firmes enquanto seguia pela terra destroçada e avermelhada. O aperto sobre o punho da espada era fraco, permitindo que a ponta da lâmina abrisse caminho pelo chão enquanto era arrastada sem orgulho algum.

Estava cansada, fatigada e psicologicamente despedaçada. Jamais cogitou que aquele homem caído a sua frente, o homem que ostentou se tornar um Deus – e que conseguiu tal proeza -, que sacrificou vidas, que corrompera-se e que agora jazia caído entre a vida e a morte; era o mesmo homem pelo qual buscou com afinco.

Parou, logo quando viu-se frente a ele.

A vida escapava de si enquanto tinha como última visão a única pessoa que seria capaz de lhe tirar a vida. A mesma pessoa que se tornou aquilo pelo que ele sempre desejou sem se tornar ambiciosa.

– Você não merece... – o murmúrio veio dolorido, sangrento e choroso.

– Por quê? – fora tudo o que a ruiva conseguiu pronunciar diante do nó em sua garganta.

– Por... Que...? – e fracamente o ruivo sorriu desviando o olhar para fitar uma última vez o sol que se punha ao longe, muito distante. – Por que... Será peso demais para seu coração... Filha... – sussurrou-o fracamente.

Descontente perante tal resposta e amargura por suas ações a ruiva sorriu triste. Sorriu enquanto sentia as lágrimas escorrerem por sua face e pingar sobre a terra e o sangue.

– Não. – balançou a cabeça. – Você não é meu pai. – concluiu. – Você não é Esclud Sieghart. – chorou rouca. – É um assassino! É meu inimigo! Você é... Astaroth... – a espada rodou entre seus dedos antes de ser erguida e cravada no chão com uma força falha. - Pai... – o murmúrio choroso ecoou sofrido enquanto a ruiva ainda mantinha-se de pé com suas últimas forças.

O ruivo ferido olhou-a e sorriu mediante a beleza que podia contemplar, sua querida filha havia tornado-se uma mulher forte. Forte o suficiente para carregar o peso do mundo consigo, forte o bastante para derrotá-lo e, agora, destemida o suficiente para arrancar dele sua vida e seus ideais; e mesmo que ela se arrependa disso, não mudará o fato de que aconteceu. Não mudará o fato de que ela escolheu arrancar dele sua vida por um bem maior.

Os minutos se seguiram silenciosos enquanto a Sieghart negava-se a encarar o corpo ao chão. E só quando dera-se conta de que Astaroth, seu pai, não exalava mais vida alguma; Elesis permitiu que seus joelhos cedessem. Permitiu ao seu corpo convulsionar diante do choro. E permitiu-se gritar diante da dor que crescia em seu interior mediante o que fizera. Mas não importava o quanto gritasse, nada mudaria o fato de que ela tivera a capacidade de matar seu pai, matar o homem que lhe tornou quem é hoje.

Nada seria capaz de curar a ferida que se abrira em si naquele fim de tarde.

Nada a tornaria menos culpada do que ela já tinha consciência.

E tudo pelo que a ruiva poderia esperar naquele momento era que seu pai pudesse descaçar em paz