Children escrita por KindestHuntress


Capítulo 3
Gifts




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Miss Aubrey continuava a ver o celular, mas agora estava com um largo sorriso e ria levemente. Não comentei nada, apenas sorri comigo mesmo. Eu adorava vê-la sorrindo. Era tão... Não sei, só sabia que ela ficava mais linda desse jeito.

Continuei indo para a porta, mas só prestava atenção em Aubrey, tanto que esbarrei no batente da porta, assustando tanto Aubrey quanto Beatrice.

Comecei a rir, nervoso, com os dedos na boca. Senti sangue, não muito, mas o suficiente para chamar a atenção das duas ruivas.

– Angel, você está bem? - Eu via que Aubrey tentava segurar o riso, se fazendo de séria. Beatrice estava encostada na porta, rindo bastante.

– Sim, só está sangrando, haha. - Ri de novo, e Aubrey aproximou as delicadas mãos de meu rosto, verificando o ferimento.

Encostou os dedos finos em meu queixo, analisando minha boca com uma expressão que meu deixou intrigado. Seus lábios estavam levemente abertos, e os olhos verdes pareciam brilhantes.

Ela percebeu meu olhar, e rapidamente se afastou, arrumando o macaquinho. Tossiu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e olhou para Beatrice, que nos observava curiosa.

– Beatrice, aller emballer vos vêtements dans le placard, ma chère. Nous allons. Je vais m'occuper de cette plaie dans la bouche d'Angel. Peut aller. Ensuite, nous allons sortir pour dîner!– Ela sorriu para a pequena, que correu para o quarto alegre.

Miss Aubrey colocou as mãos em meus ombros e me guiou até o sofá. Me fez sentar e foi até a cozinha. Olhei para o chão de madeira brilhante, um pouco confuso. Segundos depois, ela voltou com uma caixinha branca nas mãos, e um sorriso fraco no rosto.

Ela deve ter percebido minha confusão, pois enquanto sentava na mesinha de centro, e abria a caixa de primeiros socorros, começou a se explicar.

– Entenda, Beatrice é minha sobrinha, morava em Paris com minha irmã Carolyn. Que infelizmente, se meteu em confusão ao casar com um cara procurado da polícia. - Ela pegou um pequeno pedaço de algodão pronto para limpar feridas - Me ligou há duas semanas atrás, pedindo que ficasse com Beatrice até a polícia de lá o prender e elas estarem seguras. Estive tensa, como pode perceber, e peço desculpas por ter descontado em você.

Escutei a história atento, enquanto ela limpava com cuidado o pequeno corte em minha boca. No final, ela olhou em meus olhos, suspirando profundamente, colocando as mãos no colo. Fiquei a admirando, vendo as bochechas rosadas e os lábios finos.

– Angel? - Ela me chamou, levantando uma sobrancelha.

– Oi, ah, sim. Não se preocupe, Aubs, de qualquer jeito, estou aqui, não estou, mi querida? - Sorri, colocando minhas mãos sobre as dela.

Ela olhou para nossas mãos, e depois segurou as minhas, sorrindo antes de levantar rapidamente e pegar a caixa de primeiros socorros.

– Hm... Beatrice havia dito que você trouxe um presente para mim, onde está?

Abri a boca para responder, mas logo percebi que a caixa não estava mais onde eu havia deixado.

– Estava aqui há pouco. Dios. - Comentei confuso.

Pelo canto do olho, vi Miss Aubrey revirar os olhos, chamando pela sobrinha.

Ouvi saltos baterem contra o chão, arrastados. Os cabelos ruivos da criança apareceram lentamente em nosso campo de visão, denunciando a arte que ela havia feito.

– Novas botas, Moreno?! - Ouvi Aubrey exclamar, surpresa.

Beatrice pegou o presente da tia e simplesmente calçou, embora fosse vários números maiores do que o dela. Botas cano longo, número 37. Aubrey arregalou os olhos e chamou a pequena mais perto. Abaixou-se, contemplando a bota preta que ia até metade da coxa de Beatrice.

– Ai, Meu Deus, Angel! A bota que eu queria! C-como as conseguiu?! - Perguntou eufórica, sem me olhar. Com um gesto, pediu para que a pequena se apoiasse nela, para tirar-lhe as botas. Assim o fez enquanto eu explicava rapidamente.

– Já tinha feito reservas há muito tempo. Chegaram ontem. Vim trazer antes que você chegasse, mas essa pequena aí me manteve preso até que você viesse, porque eu não podia entrar em seu quarto...

Aubrey pegou ambos lados e sentou no chão mesmo, tirando as sapatilhas vermelhas, vendo como ficavam. Assim que calçou, me aproximei, ajudando-a a levantar. Correu para o quarto, chamando Beatrice. Não pude resistir, e as segui rapidamente.

O quarto não era o que eu imaginava, embora fosse tão grande quanto o apartamento. As paredes eram algo parecido com salmão, exceto a que acomodava a cama, que tinha uma coloração um pouco mais forte, beirando o laranja. A cama, como imaginei, era grande, com bastantes travesseiros.

Olhei para frente, vendo que Aubrey estava dentro do closet, murmurando elgoios para a bota. Com passos lentos, me aproximei da porta, percebendo as duas dentro do armário, que por sinal era maior do que parecia por fora. Minha parceira de equipe estava na frente de três espelhos, admirando meu presente de três perspectivas diferentes.

Ela percebeu que eu a olhava e virou rapidamente, vindo estonteante em minha direção. Pulou em meu pescoço e me abraçou forte, depositando um beijo em minha bochecha.

Arregalei os olhos, e isso a fez perceber o que tinha feito, se afastando de uma maneira culpada.

– Obrigada, Angel. - Agradeceu de cabeça baixa, numa voz quase inaudível.

Eu sorri (estava sorrindo demais aquele dia. Era bom).

– E então... Vocês devem estar cansadas, vou deixar vocês em paz. Hm, Aubs, mais tarde ligo para você, ver como Beatrice está, tudo bem? - Comentei dando um passo para trás.

Aubrey levantou a cabeça, pendendo-a para o lado.

– Já está indo? Err... Quero dizer, Beatrice e eu íamos sair para jantar... Tenho certeza que ela iria adorar sua companhia. - Eu ouvia, mas não conseguia processar.

Aubrey estava me convidando para jantar.

– É claro que sim, haha. Posso esperar vocês se arrumarem. - Abri o maior sorriso do dia. Tive a impressão de que ela soltou o ar.

Gracias, Angel. - Ela sorriu, pegando as pontas de uma saia imaginária ao fazer uma reverência. Retribuí, rindo.

– Trocar de roupa, é? - Exclamou Beatrice, puxando minha camisa e o cinto vermelho de Aubrey.

– Sim, ma chère. - A ruiva colocou as duas mãos na costa de Beatrice e a guiou até o quarto de hóspedes. Eu permaneci no quarto de Aubrey, mas me sentei na beira da cama dela. Sorrindo como um bobo.

Minha ruiva preferida entrou no quarto, novamente colocando os cachos laranjas atrás da orelha, sorrindo tímida.

– Hm... Então, senta aqui. - Bati no lugar ao meu lado, chamando-a para sentar.

Ela levantou a sobrancelha, mordendo o lábio inferior, pensativa. Deu de ombros e sentou na cama, mas deixou a distância de um corpo entre nós. Revirei os olhos, já sabendo que ela faria isso.

– Hm... Obrigada por ter ficado. Agora é como se eu tivesse uma filha, me sinto estranha. - Ela balançou a cabeça, como se estivesse espantando pensamentos e se jogou na cama, cansada.

Olhei para ela, que estava de olhos fechados, respirando calmamente. Saí da cama e me agachei no chão, tirando as botas com cuidado. Aubrey sentou rapidamente, surpresa.

– O que está fazendo? - Perguntou, tirando as pernas de minhas mãos.

– Nada. Juro. - Fiz um "x" no peito, e ela me olhou desconfiada. Fechou os olhos e voltou a posição anterior.

Tirei a outra bota e coloquei as mãos no pé dela, começando a massagear. Senti ela rir, acho que estava fazendo cócegas, teria que fazer melhor.

– Uh, não fazia idéia que você sabia fazer massagem. - Disse calma, relaxando. Eu ri mentalmente.

– Você não sabe de muitas coisas, princesa. - Respondi, o sorriso modificando minha voz.

Passei para o outro pé, fazendo movimentos circulares, pressionando pontos estratégicos. Aubrey estava tão relaxada que eu poderia supor que ela estava dormindo. Levantei cuidadosamente, para checar como ela estava.

Seus olhos estavam fechados, e ela havia colocado as mãos debaixo do rosto, e como supus, estava dormindo.

Devagar, dei a volta na cama e tirei a tiara dourada que ela estava usando, as pulseiras, e o cinto. Nesse último, pensei que ela fosse acordar, mas Aubrey só virou para o outro lado, sonolenta. Era tão linda...


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