Sangue de lobo escrita por o caçador


Capítulo 2
A rebelde, parte 01


Notas iniciais do capítulo

se gostou do capitulo anterior e continuou lendo, saiba que estes dois capítulos seguintes serão do ponto de vista de Grace



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São exatamente sete horas da manhã em Nova Jersey, o meu relógio desperta, como toda manhã, com aquele escândalo. Levanto-me da cama com os cabelos ruivos ainda emaranhados e olheiras por baixo de meus olhos verdes que, segundo minha mãe, puxei de meu avô. Ando em direção ao banheiro para tomar um banho, como todas as manhãs de segunda, para sair para a escola, no caminho passo pela porta do quarto de meu irmão que estava entreaberta dando assim para ver o safado ainda deitado. Eu avisei que se ele desligasse o relógio e voltasse a dormir novamente eu não iria o acordar, como da ultima vez, e da vez entes dessa e assim por diante.

Após o banho, me vesti com uma calça jeans desbotada, uma camisa cinza e coloquei minha jaqueta favorita, só faltava pentear meus cabelos que apesar de bem lisos, insistiam em ser quase tão rebeldes quanto meu pai dizia eu ser. Peguei minha mochila observando que já eram sete e quarenta então passei pela cozinha, peguei rápido meu café da manhã (uma maçã) e saí correndo pela rua. Cheguei há escola exatamente quando o sinal tocou, fui correndo para a sala e no caminho topei com três alunos, dos quais cada um fez questão de me dizer um palavrão impublicável. Entrei na sala e me sentei em meu lugar ao fundo, do lado da parede, e nossa, como eu amava aquela parede, encostei-me nela e esperei a maldita professora chegar. A senhora Evans era uma mulher lá para os seus quarenta e tantos (séculos) anos de idade, sempre se vestia com uma saia cumprida ou vestido, no caso de hoje, a segunda opção. Enquanto eu avaliava a figura roliça que estava nos dando aula, nem me reparei que ela já tinha dado inicio á chamada, tanto que quando a reparei já estava chamando meu nome pela terceira vez.

— Presente senhora roliç... Quer dizer Evans!— eu estava tão hipnotizada com a gorda que quase a chamei disso

— A senhorita é muito desatenta sabia? Devia prestar atenção na aula ao invés de olhar o alem como uma louca — me chamou de que?

— E a senhora devia parar de mugir como uma vaca... —falei sem perceber que foi em voz alta

— Vá já para a diretoria!

— Se não vai fazer o que?

— Vou ter de avisar ao seu pai!

— E?

— Eu estou mandando! Vá agora!

— Só se pedir com jeitinho... — viro o rosto de lado e subo os olhos

— Eu devia te dar uma suspensão! Mas não, o diretor tem algo melhor para você

Eu saio e bato a porta escutando atrás de mim os gritos da Sra. Evans e dos alunos caindo na gargalhada. Chegando á sala do diretor solto um logo suspiro e entro, eu sei que dessa vez passei dos limites, mas quem liga? Eu olho bem no fundo dos olhos do diretor, como se fosse um desafio, então ele me convida para sentar com um gesto de mão bem específico e começa a falar com a vós grave e confiante:

— Grace, Grace... Eu já não sei mais o que fazer com você. Eu já tentei todos os castigos e métodos possíveis para te fazer parar de implicar com a professora...

— É fazer o que se sou uma adolescente de dezesseis anos revoltada e anti-social? — dou de ombros

— Eu ainda não acabei. Você tem sido muito mal educada, mas eu acho que já tenho a resposta, tem um aluno novo chegando e eu acho que seria muito bom para ele se você ficasse responsável por ele, mostrasse-lhe a escola e colocá-lo em algum grupo

— Mas o que? — pergunto assustada me imaginando babá de pirralho de treze anos— eu não quero cuidar de pirralho nenhum!

— E quem disse que é uma criança? Na verdade é mais velho que você

— Então para que precisaria de minha ajuda?

— Como eu disse antes, para conhecer a escola e arrumar amigos

— Ele pode fazer isso sozinho!

— Mas você não!

— Ok quando ele chega?

— Amanhã de manhã, e é bom você comparecer na escola se não eu lhe tiro três pontos em todas as matérias! E tem mais, está suspensa o resto do dia, aproveite bem a sua manhã

Saí de lá irritada, com fumaça saindo pelos ouvidos, peguei minha mochila na sala e saí da escola, mas para a minha falta de sorte o tempo estava fechando e ficou nesse ritmo até que começou a chover e eu acabei ilhada em um mercado, “bem” pensei ”se eu vou ficar ilhada aqui até a chuva passar, ao menos vou comprar alguma coisa para comer”. Passo pelas prateleiras do mercado e pego um pacote de biscoitos recheados, vou para a fila para pagar quando eu o vejo, alto, forte, de cabelos escuros e os olhos de um dourado mais belo que já vi na minha vida, ele olha para mim e acena, mas tudo o que consigo fazer é ficar vermelha com as bochechas em chamas, ele sorri e continua olhando os enlatados. Eu paguei e fiquei na porta comendo os biscoitos olhando a chuva que ficava cada vez mais forte, foi quando uma mão segura em meu ombro e eu fico logo nervosa “será se eu fiz alguma coisa?”, olho para trás e vejo o mesmo rapaz que estava me olhando, ele me encarava com aqueles olhos dourados enquanto sua boca se arqueava em um sorriso simpático.

— Você está a pé? — pergunta

— Sim... Como percebeu?

— Nada só que o meu carro é o único parado aqui por perto, e você está um pouco molhada, então pensei que estivesse á pé, por falar nisso, onde você mora?

— Aqui perto — disse um tanto receosa— umas dez quadras, por quê? — Perguntei enquanto apontava á esquerda

— Quer uma carona?

— Não preciso, eu espero... — foi então que caiu um raio e tudo se esclareceu por um breve momento

— Espera a chuva passar? Acho que vai demorar

— Não preciso, serio

— Vamos, eu não mordo — disse sorrindo com os olhos um pouco mais estreitos

— só desta vez — falei abrindo o jogo mesmo indo contra todos os meus princípios

Ele entrou no carro e me convidou ao banco do carona enquanto colocava as compras no porta-luvas No caminho, enquanto ele dirigia trocou alguns olhares comigo, mas acho que vendo minha cara de pimentão, preferiu não dizer nada. Chegando em casa ele parou o carro bem na entrada, e já que é lei da etiqueta, coisa que não tenho mas segui por educação, o convidei para entrar e beber alguma coisa, mas para minha sorte ele simplesmente recusou e saiu no carro. Entrei em casa cansada da maldita escola. Meus pais trabalham o dia inteiro e meu irmão fica na casa de amigos e tudo mais então corri para o meu quarto e como sempre tranquei a porta mesmo sabendo que não tinha ninguém em casa, meu quarto não tinha nada de especial, um armário embutido, um estante de livros, uma escrivaninha com um notebook, uma cama e uma janela com cortinas azul marinho, as paredes eram brancas, exceto uma no mesmo tom das cortinas, minha cama tinha uma colcha fina e branca e dois travesseiros em cima, Joguei-me nela bagunçando a colcha que minha mãe arruma antes de sair e peguei o celular para colocar um musica, mas havia algo estranho, estranho demais, não importava o quanto eu quisesse ficar em casa, me veio uma sensação de desconforto, levantei da cama e me sentei na escrivaninha, liguei o note e fui ver se encontrava alguma coisa na internet para me prender a atenção, passei duas horas sem fazer nada só andando pela casa quando eu parei para pensar “eu estou sozinha, tenho o resto do dia para fazer o que eu quiser e vou ficar mexendo na internet? De jeito nenhum!” eu reparo que a chuva havia passado então pego a bicicleta e vou dar uma volta, enquanto pedalo sinto o vento no rosto e isto me acalma.

Pedalo em direção a Pine Barrens, a floresta ao sul da cidade, entro na trilha e paro a bicicleta em uma clareira, meu esconderijo, fico lá o resto do dia pensando, lendo, comendo frutas das arvores em volta mas principalmente pensando, em especial no cara do mercado, e por que diabos eu aceitei a carona dele? tinha algo confiante em sua expressão, algo que inspira confiança, algo por falta de palavra melhor...

especial, retiro este pensamento estúpido de volto a ler e quando percebo que vai escurecer pego novamente a bicicleta e volto para casa, sei que dizem que a floresta é atormentada pelo demônio de nova Jersey, mas pouco me importo, isto mantém os outros longe e o torna um lugar bem calmo, em casa disfarço e digo que não aconteceu nada de interessante na escola e enrolo até a hora de dormir para meu pai me deixar sossegada, sempre quis sair de casa, mas quem disse que uma adolescente de dezesseis anos pode morar sozinha.

Repito todo o ritual da manhã só que dessa vez coloco um gorro na cabeça, pois o dia estava mais frio e me certifico de levar a capa de chuva na mochila.

— Senhorita Grace... — disse o diretor— Lembra de nossa conversa de ontem? Venha comigo até a diretoria, tem alguém que quero lhe apresentar

Fomos até a maldita sala do diretor e chegando lá, adivinha quem eu encontro sentado em uma das cadeiras á frente da mesa? Cabelos castanhos escuro, olhos castanho claro, penteado moderno, jeans e jaqueta preta... Se pensou no cara do mercado acertou! Ele estava me olhando com aqueles olhos dourados levemente pressionados provavelmente sem entender nada também.


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Notas finais do capítulo

agradecimentos especiais aos autores de city of bones, the imortals, e game of thones a e é claro a usuária leilinha por incentivar a escrita!
deixe comentários e compartilhem! até o próximo capítulo