Avelãs. escrita por niiizu


Capítulo 3
Capítulo 3




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Elsa chamou Anna discretamente assim que a sua partida de baralho com os outros terminou.

–Anna, Hans quer falar conosco. Ele falou comigo logo que saiu do navio, parece muito aflito. Vamos chamá-lo até o escritório?

–Tudo bem. Hans! Pode vir com a gente um pouco, por favor? – Ela disse mais animada e com um tom mais alto do que deveria, chamando a atenção de todos. Elsa sentiu pena de Hans, que saiu da sala de estar mais envergonhado do que sairia sem aquele estardalhaço.

–Muito bem. Pode começar. – Disse Elsa friamente. Ela estava mais impiedosa com ele, pois havia lembrado tudo o que ele havia feito para sua irmã.

–Bem, eu não sei nem por onde começar. Depois que Harald me castigou, tomou todas as minhas posses e chances, eu fui mandado pra um quarto numa pensão para trabalhar com lixo, esterco e esse tipo de coisas. Eu aprendi a valorizar minha vida de príncipe, minhas regalias por morar em um castelo. Talvez eu não tivesse amor dos meus pais, reconhecimento, mas pelo menos eu tinha uma vida ociosa, uma cama decente, pessoas que me tratavam bem.

– Todo o reino me desprezava agora, a dona da pensão me cobrava mais caro do que todos porque achava que eu recebia mesada de Harald, por mais que eu desmentisse isso e muitas vezes fosse dormir sem comer por dias. Eu comecei a entender que o que fiz com vocês foi horroroso, sinceramente não sei como vocês não me sentenciaram a morte. Eu passava noites em claro, fedendo, com fome e com remorso, com vontade de morrer para nunca mais correr o risco de ver vocês de novo, ou ouvir algo sobre.

–Quando Harald me ofereceu um lugar no palácio de novo eu não aceitei por vergonha. Só aceitei um banho e roupas para ir ao funeral dos meus irmãos, e voltei à minha vida de pobreza. Nem com os irmãos que haviam me tratado tão mal eu tinha coragem de ficar, por vergonha de ter sujado o nome da família. Mas, quando fui demitido e não conseguia mais emprego de jeito nenhum, eu me vi obrigado a pedir um emprego no palácio. Mesmo assim eu fingia que não era nada, por mais que meus irmãos me dissessem que eu não precisava mais fazer isso, que eles viram que eu havia entendido.

–Foi a governanta, babá quando nós éramos crianças, quem me abriu os olhos. Se eu me sentia tão mal, tão desmerecedor, eu deveria fazer algo com relação a isso, procurar algo que acalmasse minha consciência. Então resolvi me desculpar. Desculpei-me com minha mãe, meus irmãos, meus súditos, todos. Logo em seguida minha mãe morreu, também. Acho que ela estava me esperando.

Um silêncio triste encheu o cômodo, mas Hans não se deixou levar pelo luto.

–Eu fui aceito como um membro normal da família, exceto pelas posses tomadas que eu não queria de qualquer modo. Depois que pedi desculpas em público, muitas portas se abriram e eu consegui um emprego bem melhor, porque não conseguia mais ficar parado em casa sem fazer nada. Monika sugeriu que eu pedisse desculpas a vocês e colocasse um ponto final nisso tudo, e eu hesitei muito antes de aceitar que ela escrevesse a carta que enviou a você, Elsa.

–Então, foi isso que eu vim fazer. Pedir desculpas. Sei que não mereço, que fiz coisas horríveis, que enganei a todos e menti muito, especialmente pra você, Anna; mas não conseguiria acalmar minha alma sem fazer isso. Mesmo se vocês não aceitarem, mesmo que me mandem de volta pra casa agora, eu não conseguiria. Eu sinto muito. Desculpa pelas mentiras, os erros, a falsidade, por tentar matar vocês duas... Céus, como eu pude? Eu... Não sei mais o que falar.

Elsa e Anna entreolharam-se. Ambas sentiam pena do rapaz, mal o reconheciam. Ele falava olhando para o chão, muitas vezes pausava pensando no que dizer, mexia nas mãos freneticamente, parecia tão nervoso e submisso. Aquele não parecia o homem que conheceram, e isso era bom, mas esse homem encolhido e tristonho também não era o que elas queriam. Anna ajoelhou-se e tocou o seu joelho, sorrindo.

–Hans, é claro que nós perdoamos você. Eu não o convidaria para o meu casamento se não o tivesse perdoado há muito tempo. Seu irmão nos mandou uma carta há muitos anos, pedindo desculpas e contando todos os castigos que você havia recebido, e nós achamos bem merecido na época, mas estamos muito felizes que você, mais do que foi punido, aprendeu com os seus erros. Você é livre para voltar a Arendelle quando quiser e pode se considerar absolvido de tudo o que fez.

Hans olhou para ela com os olhos marejados, mas também com um sorriso muito grande. Saíram do escritório com uma nova amizade, fresca e verdadeira entre si.


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Notas finais do capítulo

Uuh! Tons of drama!



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