Dimitri a olhou, incrédulo. Ele não podia acreditar que ela deixou a ficha cair naquela hora. Não podia acreditar que estava pagando por algo que ele não cometeu, que ela o tirou cinco anos de felicidade. Dimitri simplesmente não sabia se ele a perdoaria depois daquela noite de verdades. Ele havia pensado sobre as várias formas que aquele reencontro poderia terminar, mas nunca imaginou que ele estaria ali, olhando para aquele rosto que tanto amou, sem poder falar nada. Imaginou sentir raiva, mas não pensou que a raiva subisse ao ponto de querer quebrar tudo o que lhe via a frente. Tudo o que conseguia pensar era que ela não acreditou nele, após ele dizer que a amava, após a única coisa que pediu foi a confiança mútua e respeito, e na primeira oportunidade, ela virou e fugiu.

“Dimitri” Ouviu a voz de Rose. Ele não queria que seu coração palpitasse, não queria que sua pele se arrepiasse como se só seu nome, dito por aquela voz, fosse a melhor das carícias. Não queria esquecer tudo e correr pra ela, jogá-la na cama, a cama que ele lhe tirou a virgindade, e fazê-la sua novamente. Não, ele não podia. Ele se seguraria e gritaria e lhe viraria as costas, apenas como ela fez. “Dimitri, por favor, você tem que entender, eu... Eu vi aquelas fotos e ela parecia tão satisfeita e vocês estavam nus, o que você espera que eu fizesse?” Ele a olhou, não podia acreditar naquilo.

“Viesse atrás de mim, me perguntasse à verdade! Caramba Rose! Eu alguma vez te dei motivos para duvidar? Alguma vez olhei para alguma mulher que não fosse você? Você não parou para pensar que eu não tinha nem forças para ficar de pé, quanto mais transar com outra mulher?” Dimitri explodiu. Ele sabia que tinha que se afastar, ele sabia que acabaria fazendo uma besteira. Poucas vezes Dimitri ficou com tanta raiva, e menos ainda foi a quantidade de vezes em que ficou bêbado de verdade. E ficar bêbado naquela hora parecia uma ótima ideia, se ele não se lembrasse do por que ele estava naquele iate. Passou a mão pelos cabelos, puxando-os para trás. Tinha que resolver algo, e rápido, não podia deixar aquilo terminar assim.

Olhou para Rose, que estava com a face corada, de raiva ou de vergonha, ele não poderia dizer. Sua respiração estava curta, fazendo o colo dos seios subir e descer rapidamente, parecia que ela tinha corrido uma maratona. Mas Dimitri sabia que estava tentando se acalmar, provavelmente estaria contando de um à cem naquele momento. “Eu não posso fazer isso agora. Eu não posso pensar. Eu tenho que estar lá para meu melhor amigo, e eu não posso carregar essa bagagem de merda para a festa dele. Mas eu quero resolver isso, Rose. E eu quero resolver isso logo. Preciso virar a página.”

Rose o olhou, ele sentiu no momento em que ela endureceu os ombros e então balançou a cabeça, concordando. Ele sabia que estava brincando com fogo, sabia que devia deixar aquilo passar, mas ele não podia perder a oportunidade de falar com ela novamente. Não podia deixar de lado aquilo que seu corpo parecia gritar para ter, mesmo que sua mente dizia que era errado, que não tinha volta e que ele estava na beira de um abismo.

“Você me liga?” Rose perguntou, era interessante ela saber que ele a localizaria nos próximos dias, e que ele tinha tido o poder de localizá-la todos esses anos. Ela só não precisava saber que ele já tinha feito isso e se mantinha às escondidas. “Eu ligo.” Respondeu.

Quando Rose se aproximou para a porta, lembrou-se que Dimitri tinha tomado a chave e que a porta estava trancada, de qualquer forma, tentou girar a maçaneta, a esperança é a última que morre. Respirou fundo e se virou para pedir a chave, apenas para ser jogada contra a porta, seu corpo esmagado pelo de Dimitri, os dois corpos se tocando em todas as partes. Rose arregalou os olhos e suspirou um segundo antes que a boca de Dimitri veio para a dela, reclamando e tomando tudo. Na surpresa, Rose abriu a boca, dando toda a liberdade para Dimitri se satisfazer. As mãos dele vieram para sua cintura, esmagando-a mais, e suas mãos, inconscientemente, ela queria acreditar, correram pelo cabelo dele. Não sabia quanto tempo passou ali. Um minuto ou uma hora, não importava, até que uma batida veio através da porta, seguido de um “Dimitri? Rose? Vocês estão bem?” com a voz doce de Olena.

Dimitri parou de beijar Rose, não sabendo como tinha chegado até ela, em primeiro lugar, e não sabendo como teve forças de parar, em segundo. Mas soltou seus lábios e a encarou, seus braços ainda circundando a cintura dela. “Eu sairei daqui a pouco.” Sussurrou em seu ouvido, e então com um “Nós estamos bem, mama. Só um segundo.”

Dimitri se ajeitou, esperou que Rose arrumasse o vestido e abriu a porta, não encarando sua mãe. Rose passou por ele de cabeça baixa e foi seguida por Olena, que após seu filho fechar a porta, abriu um sorrisinho, sabendo o que os dois estavam fazendo, se os lábios inchados fossem qualquer indicação.

Já não era sem tempo, pensou, enquanto seguia sua –se Deus quisesse– futura nora.