Logo amanhece e Maria e Estevão continuavam dormindo. Lentamente Maria vai acordando e sente como Estevão está aconchegado em seu corpo. Maria olha as horas no relógio que se encontrava no criado. Ela se vira suavemente.

Maria – Meu amor... – fala enquanto acariciava o rosto de Estevão –...Meu amor, acorda.

Estevão somente resmunga e continua dormindo. Maria então, para acordar seu marido, sobe em cima de Estevão e começa a beija-lo. Eram beijos leves, que foram acordando Estevão que começou a corresponder, os deixando cada vez mais ousados.

Maria – Bom dia, minha vida... (selinho)

Estevão – Bom dia, meu amor. – Estevão começa a apertar o corpo de Maria contra o seu e dá alguns beijos pelo seu pescoço.

Maria sorri e se afasta de Estevão, saindo de cima dele. Ela fica de pé ao lado da cama.

Maria – Eu vou tomar um banho agora e me arrumar pra descer pra tomarmos café.

Estevão – Nada disso. A senhora começa me beijando daquela maneira e agora vai saindo assim? – Estevão com uma cara de safado, se levanta da cama e fica de frente a Maria.

Maria – Eu não fiz por querer...

Estevão – A não?

Maria – Não. Eu só te beijei pra você acordar.

Estevão – Então você está me devendo um beijo.

Estevão agarra Maria pela cintura e lhe dá um beijo.

Maria – Pronto. Beijo dado, agora vou tomar meu banho. – ela dá um selinho em Estevão e vai em direção ao banheiro.

Maria logo sai e Estevão também vai tomar seu banho. Eles descem juntos e de mãos dadas para tomar café. Todos já estavam em seus devidos lugares. O clima não era dos melhores pelo acontecido da manhã anterior. Estevão leva Maria até seu assento e se põe a seu lugar.

Silêncio. Era a única coisa que existia naquela sala. Estevão não aguentando mais aquela situação resolve falar.

Estevão – Eu vou dizer isso somente uma vez e espero que todos compreendam.

Todos que estavam tomando seu café da manhã, pararam e olharam imediatamente para Estevão.

Alba – Não estou entendendo, Estevão. O que tá querendo nos dizer?

Estevão – Eu não admitirei que tratem Maria dessa forma.

Maria – Estevão...

Estevão – Não Maria, me deixe falar. – ele se volta aos demais - Maria é minha esposa e ela merece respeito, vocês não podem continuar a desrespeitando como fizeram ontem.

Heitor – Pai, mas essa mulher...

Estevão – Heitor eu acabei de dizer...

Estrela – Papai como acha que nós nos sentimos hein? Antes da chegada de Maria nós não tínhamos problemas, poderíamos dizer que a nossa vida era perfeita. Mas foi só ela chegar que tudo começou a mudar, a nossa vida se transformou em um inferno.

Alba – Estrela tem toda a razão. Depois da chegada de Maria, os problemas surgiram e...

Estevão – Tia, a senhora mais do que ninguém sabe de toda a história. A senhora sabe que Maria não é culpada de nada que está acontecendo. Ela é uma vítima de tudo isso.

Heitor – Vítima? Por favor, né?

Maria – Por favor não discutam por uma coisa boba.

Estevão – Não é uma questão boba, meu amor, é algo que eles são obrigados a fazer.

Heitor – Obrigados? Uma mulher que diz amar meu pai e o trai...

Estevão – Mais porque insistem nisso? Maria nunca me traiu. Tenho certeza que Maria me ama. Ela é e sempre foi a única mulher que eu realmente amei.

Nesse momento o silêncio retorna. Os olhos de Estrela se encheram de lágrimas com as palavras de seu pai. Ela acreditava que sua ‘mãe’ tinha sido o único amor da vida de seu pai. Suas suspeitas de que Maria e Estevão foram amantes no passado, só aumentaram com essa afirmação.

Estrela olhou para Maria – Você... – ela não conseguiu terminar de falar e saiu correndo para o seu quarto.

Maria vendo o estado que sua filha saiu da mesa, se desesperou e por impulso foi atrás dela. Estevão quis ir junto, mas Maria não permitiu.

Já na porta do quarto de Estrela, Maria pensou se realmente devia entrar. Concluiu que sim e isso fez. Ao entrar se deparou com uma Estrela diferente do que várias vezes havia convivido. Essa Estrela agora estava encolhida ao lado da cama, sentada no chão, chorando. Maria vai se aproximando lentamente.

Maria – Estrela...

Estrela – O que você quer? Sai daqui.

Maria se senta junto a ela no chão – Eu vim ver como você estava.

Estrela levanta a sua cabeça e olha para Maria – Eu não preciso de você... Como vocês puderam enganar a minha mãe? Como você foi capaz de ser amante do meu pai? Por que destruiu a nossa família? – Estrela chorava como uma criança a quem foi lhe tirado seu brinquedo favorito.

Maria – Eu nunca fui amante do seu pai. Me dê um voto de confiança.

Estrela – Não, não... – Várias coisas surgiam a mente de Estrela, que estava mais confusa do que nunca. O que mais lhe incomodava, era que não conseguia odiar Maria e isso a afligia.

Maria - Filha...

Estrela – Quantas vezes eu vou ter que lhe dizer pra não me chamar de filha. Você não entende que não é minha mãe? Eu tento, eu te juro que eu tento de odiar, mas eu não consigo. Há algo mais forte do que eu que não me deixa. Me diz por que, por que?

Maria, sem pensar, se deixando levar pelo momento disse – Porque eu sou a sua mãe...