Date Line escrita por DevilSide


Capítulo 4
Capítulo III - Gentle Giant


Notas iniciais do capítulo

Mais um, uhul! O próximo, creio eu, irá demorar um pouco - mas não muito, prometo. Penso em mudar o rumo da história também, então precisarei revisar o que eu já escrevi para ver se tudo fará sentido. De qualquer forma, espero que vocês aproveitem.



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Não levou mais que uma hora para Aomine voltar para casa, tomar um bom banho quente e terminar de se arrumar para o encontro. Tudo estava em perfeito estado: os cabelos penteados, pescoço e pulsos perfumados, o blazer e o restante do conjunto, que caiu perfeitamente sobre os seus um metro e oitenta e cinco centímetros de corpo, e até mesmo a gravata, que precisou de uma mãozinha extra – a mãe do ala-pivô -, para ficar perfeitamente arrumada.

– Aominecchi! Você está pronto? E a gravata?! – Era Kise no celular, preocupado com o moreno.

– Oi para você, Kise. Uh?! A gravata? Eu mesmo arrumei. – Mentiu. Era orgulhoso demais para admitir a verdade. – E eu estou pronto. Eu acho. – Ao seu lado, sobre o colchão da sua cama, estava a caixa de bombons; o buquê estava sobre a estante, dentro de um vaso.

– Sugoii! Boa sorte para você, Aominecchi! – Era possível ouvir uma voz feminina ao fundo e pelo timbre, parecia levemente irritada. Era Miwa Asao, a jovem modelo e estudante da Teikō Junior High? – E-eu preciso ir, Aominecchi! Bai bai!

Chegou no horário combinado. Após avisar Satsuki por telefone que ele já havia chegado, Aomine tentou se acalmar, relaxando em uma das poltronas na sala de espera, que ficava convenientemente de frente para os dois elevadores. Mas era impossível. Durante aqueles longos minutos de espera, o ala-pivô começou a perder a confiança em si mesmo e naquele encontro, amaldiçoando Kise por ter o colocado em uma fria. Tudo poderia ter sido diferente: não precisaria gastar a sua mesada com roupas novas, buquê de flores ou com chocolates. Seria um passeio casual, um encontro de amigos e nada mais.

Foi então que, durante as suas lamentações e arrependimentos, ouviu um sino tocar, obrigando o moreno a erguer a cabeça. Da porta do elevador, saiu uma Satsuki despreocupada que mexia no celular – provavelmente enviando mensagens para uma de suas amigas. Foi então que, de soslaio, ela finalmente percebeu a presença do maior, que rapidamente se levantou para cumprimentá-la.

– A-Aomine-kun! – Exclamou Satsuki, levando as mãos até os lábios. As bochechas coradas destoavam da sua pele alva, quase pálida; os olhares, incrédulos por ver Aomine daquele jeito, procuravam por respostas.

– Satsuki. – Impaciente, o moreno finalmente resolveu quebrar aquele silêncio constrangedor. Mas não havia algo mais constrangedor que a situação do próprio ala-pivô, que não só foi iludido pelo seu colega de equipe, agora tinha que lidar com a situação sozinho e explicar a Satsuki o porquê do blazer, das flores e dos chocolates. – Aqui está! – Ele não explicou. Ao invés disso, ele jogou nos braços as flores de cerejeira e a caixa de doces.

– Ki-chan n-não estava mentindo... - Satsuki gaguejou algumas palavras, baixinho, deixando frases incompletas e sem sentido no ar, até que decidiu se calar para pegar seus presentes com dificuldade. Usava luvas felpudas por causa do frio, o que não ajudou muito na hora de tentar segurar a caixa em formato de coração. Não eram apenas as luvas que protegiam Satsuki do frio, mas também o seu longo moletom, que terminava na altura das coxas, e o gorro rosa que protegia as suas orelhas. Devido as suas roupas, era mais do que óbvio que Satsuki, diferente de Aomine, não havia planejado encontro algum. – Que droga! – Resmungou, lutando para equilibrar os presentes no braço. Mas apesar da leve irritação presente na voz da gerente, era possível perceber um sorriso, mesmo que curto, em seus lábios.

– Eu te ajudo, Satsuki. – O ala-pivô socorreu a garota, tomando a caixa de bombons das mãos dela e deixando com ela o buquê, para que ela apreciasse o aroma, um adocicado e intenso.

– O-obrigada. – Respondeu tímida a gerente, enquanto escondia o seu rosto vermelho atrás das flores de cerejeira.

– E então, serei o seu segurança hoje à noite ou não? – Aomine tentava transparecer confiança, como se ele não estivesse, de fato, decepcionado por ter sido iludido com a ideia do encontro perfeito. No fim, não havia um encontro, mas sim um passeio casual entre amigos – coisa que eles faziam diariamente, sem nervosismo ou falsas expectativas.

O ala-pivô conduziu Satsuki que, ainda tímida e sem graça – mas sem esconder o sorriso de felicidade em seu rosto -, o acompanhou para fora do condomínio. O silêncio reinou entre o casal durante quase toda a caminhada para o centro da cidade.

– Ah! – A gerente gritou de empolgação quando avistou uma das primeiras mudanças de cenário, depois de tantas árvores, postes e casas sem graça: era um restaurante italiano – uma raridade naquela região -, todo muito bem iluminado, com cartazes e promoções que chamavam a atenção dos casais, afinal, era o White Day. – Aquele restaurante parece ser tão gostoso... – Disse baixinho, formando um pequeno bico nos lábios. – Aomine-kun, depois que eu pegar as minhas coisinhas, o que acha de jantarmos no Piko, Pizzo... Hmph! – Estufou as bochechas, irritando-se com o fato de não conseguir pronunciar aquele nome italiano.

– Pizzolato’s? – Aomine a corrigiu com um sotaque italiano de fazer inveja. – Eu não sei. Parece ser um lugar muito caro.

– Pão duro, mão de vaca! – Momoi atingiu o maior com um tapa na altura do ombro.

Pão duro? Eu gastei quase toda a minha mesada com você – pensou o ala-pivô. – Oe, Satsuki! Tudo bem, tudo bem, podemos comer no restaurante sim.

Momoi abriu um sorriso largo, vitoriosa e eles continuaram a caminhada pelo centro da cidade. As lojas estavam iluminadas, cheias de cartazes que comemoravam o White Day. Não apenas as lojas pareciam empolgadas com a data, mas os casais também, que preenchiam as calçadas, conversando, rindo e alguns, descarados, trocando saliva. Todos estavam animados ali, com a exceção de Aomine.

Embora ele tentasse esconder a sua frustração e até mesmo ignorá-la, era impossível não se sentir para baixo enquanto o restante do mundo esfregava na sua cara o quão patético ele foi ao acreditar em um possível encontro, ou pior, em um relacionamento mais profundo.

– Aomine-kun! – Chamou pelo moreno que andava distraído em um momento particular de autopiedade. – Ali esta a loja onde estão as minhas coisinhas! – Satsuki puxou o maior pelo braço antes que ele pudesse fazer a pergunta mais óbvia de todas: que coisinhas tão misteriosas ela iria pegar naquela loja? Foi então que, ao passar pela porta automática, se deparou com diversos manequins femininos espalhados pela loja. Era uma loja de roupas femininas. – Você vai sentar aqui. – Arrastou o moreno até um banquinho, e deixou, ao lado dele, a sua bolsa, o celular e o buquê de flores – esse último colocado com muito mais delicadeza. – Você cuida das minhas coisinhas, okay? – E com uma piscadela e um sorrisinho animado, Satsuki saltitou para fora da visão de Aomine.

O que restou para o moreno, além de esperar Momoi, foi procurar, com os olhares, algo que o interessasse na loja. Depois de tantos manequins, roupas coloridas, de bolinha e mulheres rindo e cochichando, o ponto mais interessante que ele encontrou foi o teto. Após longos minutos de espera, ele sentiu o banco vibrar algumas vezes. Melhor, sentiu o celular vibrar, e com as vibrações, um toque baixinho. Eram mensagens para Satsuki, e Aomine não poderia deixar aquela oportunidade de ouro passar: pegou o celular para bisbilhotar as conversas de Momoi com as suas amigas.

– MOMOICHI! – Começou a mensagem, seguida de emoticons e outros caracteres que Aomine não conseguiu identificar. Ele sequer teve o trabalho de verificar o nome do remetente. – Como está o encontro com o Aominecchi? Eu disse para você que ele estava planejando uma surpresinha!

Naquele exato momento, o ala-pivô da Teikō sentiu vontade de jogar o celular na parede – e se fosse o dele, já teria feito há muito tempo. – Tch, idiota! – Resmungou sozinho enquanto voltava a ler o texto, se torturando com tudo aquilo.

– Aomine-kun. – Era Satsuki, chamando-o enquanto ele, muito ocupado, procurava por mais mensagens do Kise para Momoi. Ela se aproximou um pouco mais do moreno, encheu os pulmões de ar e falou em voz alta, para que todos ali ouvissem: - Dai-chan!

– Oe, Satsuki! – Ele largou o celular. Mesmo com aquela pele bronzeada, era possível ver a mudança da coloração para um vermelho vivo na área das suas bochechas. Foi então que, ao subir com os olhos, ele se deparou com uma nova Satsuki: uma Satsuki não mais menina, que usava blusas largas e tênis velhos, mas uma Satsuki mulher. Usava agora um vestido vermelho, longo e decotado – que, devido à posição da gerente, deixava o busto farto ainda mais evidente -, e salto alto, para ao menos tentar alcançar o moreno. Aomine ficou sem palavras – e o que arrancou as palavras do moreno não foi a surpresa de Satsuki, mas sim o seu sorriso divertido.

– Dai-chan. – Ela o chamou mais uma vez e deu alguns passos para trás; cruzou os braços na altura dos seios e formou um bico nos lábios, emburrada. – Quem te deu autorização para mexer no meu celular? Hmpf! Não quero mais os seus serviços como segurança! – Exclamou, virando o rosto. Aomine tentou se explicar, mas ela riu, interrompendo o moreno. – Shh. Eu não preciso mais de um segurança, mas sim de um par para o meu encontro. Ou melhor, o nosso encontro!


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