Dias de Ensino Médio escrita por Pedro Campos


Capítulo 10
Parte II - Decisão Final


Notas iniciais do capítulo

Bom galerinha, enfim o último capitulo da história, espero que tenham gostado da nossa aventura até aqui e espero também que curtam o final. :D



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Foram cinco minutos, ou dez, perdi a noção do tempo enquanto a olhava, ela com aqueles lindos olhos castanhos me olhando como se perguntasse “Por que está olhando para mim mané? “. Devo ter demorado bastante tempo, mas quanto enfim voltei a realidade levantei rápido e chamei uma enfermeira sem tirar os olhos da Yas, então enquanto esperava a enfermeira fui para perto dela e tentei falar.

– Consegue... Falar? - Falei gaguejando.

Ela continuou olhando para mim, com expressão de susto agora.

– Yas, consegue falar? - Repeti e dessa vez ela olhou para mim e balançou a cabeça positivamente. Então a enfermeira e uma equipe médica chegaram correndo e me pediram para sair, eu dei um beijo rápido na testa de Yas e sai.

Pouco tempo depois dona Meeg chegou correndo e me abraçou sorrindo.

– Ela acordou. - Falou ela enquanto sorria e chorava de emoção.

– Sim. - Falei, ainda tenso.

Dona Meeg foi chamada pelos médicos e entrou no quarto e eu fiquei sentado no corredor, nervoso, segurando minha mãos encostadas na boca como se estivesse orando, o que na realidade eu estava fazendo.

– Pai do céu, se o senhor pode escutar-me, guarda o coração da Yas, não deixe ela se ferir mais. - Orei em silêncio e fiquei ali sozinho de olhos fechados por um longo tempo, possivelmente umas duas horas. Durante esse tempo pude ouvir mais alguns familiares dela chegando, mas eu não conseguia sair da posição que estava ou falar qualquer coisa. Durante mais algum tempo ficamos sem notícias, até que de noite, dona Meeg saiu do quarto e falou com todos, porém só consegui a ouvir quando ela veio falar comigo.

– Pedro, ela está bem, ainda não falou nada, mas os médicos dizem que isso é normal nas primeiras horas após o coma. Eu contei a ela sobre os pais, ela chorou muito e só parou agora. - Aquilo me destruiu por dentro. - O doutor disse que dependendo da recuperação dela em breve ela poderá ir para casa. Acho que eles não vão mais permitir visitas por hoje, acho melhor você ir para casa descansar.

– Promete que qualquer notícia nova irá avisar-me? - Prometo Pedro, qualquer coisa que acontecer eu te ligo.

– Obrigado dona Meeg. - Falei tentando mostrar um sorriso.

– De nada Pedro. Descanse.

O caminho até minha casa parecia incrivelmente mais longo, ao chegar em casa avisei a minha mãe que Yas havia acordado, ela ficou feliz, porém ao ver minha expressão me questionou.

– Não está feliz por isso Pedro? - Perguntou ela.

– Estou, é claro que estou. - Falei rápido.

– Não é isso que sua expressão mostra. Senta ai e me conte o que houve. - Ela falou em um tom de ordenança e me sentei.

– É que, eu to feliz por ela ter acordado, mas eu estou triste por ela. Ela perdeu os pais naquele acidente. E ao ver a expressão dela quando ela acordou e depois saber a reação dela ao descobrir sobre os pais. - Pausei um pouco. - Aquilo acabou comigo.

– Oh meu filho. - Minha mãe me abraçou e foi um daqueles abraços de mãe que aquecem a todo o corpo. - É normal que você se sinta assim, mesmo com a Naty eu sei que você ama a Yas. E ver ela naquele estado, aquilo mexeu com você. Sobre a morte dos pais dela, foi uma fatalidade, porém Deus sabe de tudo meu filho, e aposto que agora seu trabalho é ser o anjo da guarda da Yas e cuidar dela o máximo que puder, ela mais do que ninguém precisa de ajuda, da sua ajuda Pedro.

Antes de me deitar orei novamente pela Yas, então peguei no sono.

Demorou mais ou menos uma semana para a Yas voltar para casa, o estado dela mesmo estando estável ainda segundo os médicos era delicado, pois Yas ainda não havia dito uma só palavra. Então durante essa semana ela ficou em readaptação, ainda assim nenhuma palavra foi dita. Eu tentava a visitar todos os dias, porém nunca era permitido.

Até que no sexto dia após ela ter acordado, finalmente ela foi liberada e pode ir para casa. Assim que ela chegou em casa eu já estava na porta a esperando. Ela estava pálida e um pouco mais magra, porém ainda tinha aquela beleza que me encantava e mesmo com um toque de cheiro de hospital aquele cheiro dela que me hipnotizava ainda prevalecia, era uma mistura de morango com soro de hospital agora. Assim que me viu ela deu um pequeno sorriso de lado e entrou, dona Meeg me pediu para esperar um tempo na sala e depois de uma hora mais ou menos pude ir para o quarto da Yas a visitar. Ela estava deitada na cama olhando para o teto dela, um habito que aprovo aliás. Me sentei em uma cadeira ao lado da cama dela, aquilo me lembrava o hospital, porém ignorei esse fato. Quando me sentei ela virou o rosto e ficou me encarando.

– Olá. - Falei a olhando nos olhos e ela só sorriu timidamente. - Finalmente acordou em. Achei que eu teria que te dar um beijo para você acordar.

Ela riu por alguns pequenos segundos e depois ficou séria de novo.

– Pronto para voltar para a escola? - Perguntei e ela fez que não com a cabeça e eu sorri. - Eu também não estaria.

– Sabe eu quero me desculpar... a última vez que nos vimos estávamos brigando. Me perdoa pelo que eu falei? - Perguntei e ela fez que sim com a cabeça. - Ainda bem, enquanto você dormia eu prometi que nunca mais brigaríamos.

Ela sorriu de leve e fiquei mais algum tempo conversando com ela até que deu a hora de eu ir embora, então a beijei na testa e já estava saindo do quarto quando fui surpreendido.

– Eu... eu... lembro... do que... você... falou... . - Yas falou e me virei de sobressalto.

– O que? - Falei correndo até ela.

– Enquanto eu dormia... eu ouvia... você falar...

Eu provavelmente corei violentamente.

– E... eu... - Falou ela lentamente. - também te amo vermelhinho.

– Yas... você está falando. - Falei sorrindo. - E falando que me ama ainda por cima.

– Sim... seu... bobo.

Yas tinha sessões com um psicólogo todos os dias e algumas sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. Eu a visitava dia sim, dia não, já que eu tinha minhas tarefas e atividades, após oito dias Yas já estava quase totalmente normal e já podia ir a escola.

Acordei às 5 da manhã e me arrumei correndo e fui logo para a casa dela para a acompanhar até a escola. Às 6:30 eu já estava na porta a esperando e às 7:15 ela saiu, linda como sempre e agora só com o cheiro doce de morango.

– Pedro. - Ela me abraçou forte. - Você veio mesmo.

– Eu prometi que viria. - Falei e sorri e ela sorriu também.

– Vamos? - Perguntou ela um pouco animada.

– Sim. - Falei pegando a mochila dela para carregar.

Enquanto andávamos fiquei impressionado com a força de espírito que ela tinha, mesmo com tudo que havia acontecido ela já parecia bem, como se nada tivesse acontecido. Durante o tempo que passamos juntos em sua recuperação nós ainda não havíamos conversado sobre o coma ou sobre tudo o que tinha rolado. Até agora.

– Sabe Pedro... - Falou ela de repente. - Tenho que te agradecer muito.

– Como assim?

– Sabe enquanto eu estava no coma...

– Dormindo. - A interrompi e a corrigi.

– Dormindo. - Repetiu ela e sorriu, mas depois voltou a ficar séria. - Era como se eu estivesse sonhando com um mundo perfeito, mas eu sabia que aquele não era meu lugar e a sua voz... ela me trazia de volta cada vez que eu pensava em ficar lá para sempre, era como se você fosse minha consciência e tudo o que você disse antes de eu acordar... aquilo me despertou por completo, você foi sincero e cuidou de mim. Por isso tenho que te agradecer Pedro.

Eu quase fiquei sem palavras.

– Eu... Você não tem que me agradecer Yas. Eu fiz tudo que fiz por amor a você, eu não conseguia te ver daquele jeito, não podia te deixar ali perdendo sua vida.

– Pedro. - Ela me abraça de novo e depois continuamos a andar agora em silêncio.

O dia na escola foi quase normal, tirando o alvoroço que foi com a volta da Yas. Na maior parte do tempo fiquei junto com ela, quando eu não estava Julia estava para a proteger dos curiosos.

Mas algo que passou dos limites de anormalidade, Davi e Julia estavam diferentes um com o outro, mais carinhosos? Tinha algo de errado. Até que rolou o beijo.

Davi e Julia se beijaram, os dois estavam namorando. Aquilo era incrível, mas fiquei um pouco desapontado por não ter ficado sabendo daquilo antes, mas ainda assim eu estava muito feliz pelos dois, eles formavam um casal muito lindo.

No final do dia levei Yas para casa com Julia e as duas ficaram conversando na casa da Yas, me despedi das duas e fui para casa. Quando cheguei tomei um banho e estava quase indo dormir quando a campainha tocou. Bufei e fui atender a porta e para minha surpresa era quem eu menos esperava, Naty. Ela havia voltado mais cedo alegando que não aguentava mais de saudades de mim. Ela me abraçou tão forte que quase esmagou meus órgãos internos fazendo omelete de Pedro. Eu a abracei de volta, mas sem muita vontade.

– O que houve Pedro, não está feliz por eu ter voltado? - Ela perguntou.

– Não, não é isso, é que que você me pegou de surpresa.

– A desculpa se quiser eu volto depois.

– Não, para com isso Naty, é só que eu não esperava por isso.

– Sei. - Falou ela desconfiada.

Na realidade não era só isso, eu estava meio que desapontado, dentro do meu coração eu já sabia qual decisão eu tinha tomado, porém ela magoaria muito a Naty.

– Naty, acho que precisamos conversar.

– Oh-oh. - Exclamou ela. - Aposto que não vem algo bom.

– Eu não quero ter que fazer isso, eu te amo, mas eu não acho certo continuar com algo que não é para ser. Eu tinha dúvidas, mas agora tenho certeza. Meu coração pertence a Yas, não a você. - Eu me surpreendi por ter conseguido falar aquilo tão rápida e diretamente.

– Então você está terminando comigo? - Ela parecia já ter previsto o que estava acontecendo.

– Sim Naty, não da mais.

– É, eu acho que já sabia disso. - Falou ela e me beijou na bochecha. - Eu sempre soube, você ama a Yas não a mim.

Ela se virou e saiu e eu fiquei ali segurando a porta, magoado comigo mesmo por ter feito aquilo, mas eu também sabia que eu tinha feito o certo. Porém ainda faltava uma coisa a se fazer. Eu havia tomado uma decisão e precisava tornar ela solida. Em todos os lados, todas as pessoas viam o que meu coração dizia, menos eu, e agora eu podia ouvir claramente o som do coração, é complicado entender, pois é muito difícil fazer sua cabeça e seu coração trabalharem juntos. No meu caso, eles não eram nem amigos. Mas agora os dois pareciam ter feito uma união, um acordo de paz temporário e os dois estavam de acordo sobre o que eu deveria fazer.

Antes que pudesse perceber eu já estava em cima do meu skate na esquina da casa da Yas, quando cheguei em frente à casa dela peguei o skate na mão e corri batendo na porta de uma forma elétrica. Quando ela abriu a porta me lembrei de tudo o que passamos até aquele momento, o dia em que a vi pela primeira vez, quando ela soube que eu gostava dela e mesmo assim continuou minha amiga, no inicio do ano quando acabamos na mesma sala de novo e aquilo me encheu de alegria, tudo veio a minha cabeça em questões de segundos.

– Yas. - Finalmente falei sorrindo.

– Pedro. - Ela falou sorrindo.

– Eu não sei o que falar, palavras são incapazes de demonstrar o que sinto agora.

–Que tal começar do começo. - Falou ela se aproximando mais.

– O começo? O começo se foi a muito tempo, eu o perdi sem querer, por isso agora quero um novo começo com você, há tanta coisa que quero viver com você, tantos sonhos que quero realizar com você, simplesmente te amo e nada, nenhuma circunstância ou motivo vai me separar de você, basta você aceita esse novo começo comigo. - Nada mais importava, nenhum pensamento, ou teto, nada. Eu havia guardado tudo aquilo tudo por muito tempo dentro de mim, mas agora tudo havia se soltado, era como se o peso do mundo tivesse estado em minhas costas por muito tempo e finalmente eu pude solta-lo e descansar.

Hoje só lembro que aquele beijo foi a melhor das respostas que ela poderia ter me dado.

Fim.

Ou não.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado do final da história e não se desanimem pois ainda tem um epílogo. :D

Espera... é claro que ñ posso terminar a história assim



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