“Miku não entendeu o que seu pai quis dizer com aquilo, mas também não perguntou, pois logo depois, a médica voltou ao cômodo, trazendo consigo um novo assunto, tragando apenas para a intimidade do casal, a tal mágica...”

1 mês depois...

Aproveitando que Sasuke estava a tomar o seu banho, Sakura olhou-se no grandioso espelho que havia em seu quarto, mesmo sabendo que não enxergaria ali, as respostas que procurava.

A rosada estava pensativa, mas não como antes, quando estava beirando á melancolia... Agora a Uchiha estava tentando colocar ordem em seus pensamentos.

Ela se sentia estranha, estava estranha e inúmeros fatores evidenciavam isso. Enquanto se examinava diante do espelho em várias posições e ângulos humanamente possíveis, o moreno saiu do banheiro e vendo a esposa distraída, decidiu provocá-la.

Quando a mulher o viu, era tarde demais, pois o homem só de toalha a envolveu em um abraço sedutor, logo seguido de um lento e tentador beijo.

Bem, digamos que os dois estão se empenhando “muito” para terem um herdeiro. Enfim, vamos deixar o casal “caliente” em paz, resolvendo seus assuntos carnais...

Você, meu caro amigo leitor, deve estar com uma pulga por detrás da orelha, se perguntando o povoava a cabeça de Sakura.

Para responder isso, será necessário voltarmos um pouco no passado. Ei, eu juro que isso não será enfadonho, farei de tudo para ser direto e buscar apenas as informações relevantes.

A primeira estranheza veio em meio a uma tarde agradável, de um dia qualquer da semana, quando aceitaram um amável e carinhoso convite vindo de Jun para um almoço delicioso em família.

Não preciso me aprofundar em detalhes, você consegue imaginar sozinho todos juntos ao redor de uma grandiosa mesa, rindo e conversando, tipicamente uma família feliz e unida. Tudo começou quando o prato principal foi servido, uma iguaria de salmão, com cara e cheiros bons.

Todos devoravam aquilo como se fosse o manjar dos deuses, mas Sakura, ao sentir o cheiro do peixe, se esforçou para não fazer uma careta de nojo. Seu estômago se embrulhara como papel amassado, mas tentando ser gentil e não fazer desfeita com os amáveis anfitriões, a rosada até tentou comer, mas ela sentia que mastigava isopor, jogando a comida de um lado para o outro da boca, enrolando para não engolir.

Quando a Uchiha engoliu, seu estômago protestou violentamente e a mulher teve de respirar fundo para controlar a ânsia que fazia seu corpo estremecer. Quando o mau estar passou e ela levantou seu olhar para as pessoas ao seu redor, todos os olharam atenta e seriamente, percebendo o comportamento estranho dela, que com um sorriso amarelo, desculpou-se por não poder comer o delicioso prato.

A segunda estranheza já é algo mais recente e bem mais intimo de Sakura: o seu ciclo menstrual. Claro que sabemos que apenas 20% das mulheres tem o seu ciclo perfeitamente regulado, mas depois de três semanas de atraso, a rosada já estava começando a achar que havia algo de errado com o seu organismo.

Depois da manhã amorosa com o marido, a Uchiha arranjou uma desculpa para ir ao hospital. Felizmente Sasuke não perguntou muito e poucos minutos depois, a mulher já estava a caminho do hospital.

Ao chegar lá, longo trombou com Shizune, e explicando brevemente o por que de estar ali, e a morena deu um jeitinho de atendê-la logo. No escritório, a mulher escutou Sakura atentamente, rabiscando de um jeito indecifrável em uma folha de papel, com uma seriedade que chegou a preocupar a rosada.

—Está tudo bem, Shizune?—Perguntou a Uchiha, exibindo um sorrisinho nervoso amarelo, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha.— Eu estou começando a ficar assustada...

Com um suspiro, Shizune se ajeitou na cadeira que fez um barulho casual e metálico, e então, com um ar médico e com os finos dedos entrelaçados, declarou:

—Bem, eu realmente pensei, pelos sintomas, que você estivesse com alguma anemia. E eu realmente te daria uma bronca por isso, mas acho que eu irei te dar os parabéns.— Falou sorrindo e com os olhos brilhando.

Sem que Sakura entendesse, a morena se levantou a avançou sobre a rosada, a sufocando com um abraço de urso que fez com que os ossos da rosada estralassem e que a mesma engolisse um pouco do cabelo da mais velha. Ao se afastar, a médica viu a confusão de sua paciente e não teve vergonha de gargalhar diante do cenho franzido da mesma.

—Ai, ai...—Murmurou Shizune, se recuperando da crise de risos que tivera.— Sakura sua lerdinha, cadê todo seu raciocínio rápido de antigamente?—Zombou a mulher pegando uma caneta azul e um bloco de papel de tamanho mediano usado para prescrição médica.—Acho que terei de desenhar!—Disse se divertindo e a Uchiha, confusa e um pouco assustada, deixou que ela se divertisse como uma criança.

Depois de poucos segundos de traçados energéticos e ininterruptos, Shizune virou o bloco como se aquilo fosse a mais valiosa obra de arte, exibindo nele um desalinhado e infantil boneco de palito, tendo o cabelo eriçado e barriga saliente como se tivesse uma melancia debaixo do vestidinho triangular.

—Bem, deixe-me explicar...—Falou a morena, usando a caneta para apontar o que queria em sua gravura.—Essa é você...—Disse apontando para a cabeça redonda da bonequinha sorridente.—E esse é o neném dentro do seu útero!—Apontou para a barriga enorme.

A expressão da ninja mudou rapidamente de confusão para surpresa, os seus olhos estavam tão arregalados que pareciam que iam cair de sua face e sua boca escancarada a deixava com um ar quase que cômica. Se deliciando com aquilo, a médica falou por fim, com um ar doce e quase maternal:

—Parabéns, minha Sakurinha, você está grávida.

Durante alguns segundos, que pareciam duras eras, Shizune ficou a espera de alguma reação como quem dá um presente a uma pessoa e fica ao lado, como um abutre a espera de alguma reação positiva. A morena sabia que era normal aquela reação de perplexidade, assim como chorar, gritar de felicidade e sair sorrindo por aí, mas então, pela primeira vez em sua carreira médica, a médica viu uma mulher desmaiar ao saber que estava grávida.