The number 20. escrita por Lana


Capítulo 15
Capítulo quinze.


Notas iniciais do capítulo

Fui super rápida e aqui está nosso último capítulo! Espero que gostem!



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Era bom estar de volta à Nova York. Rosalie realmente gostava da cidade, adorara crescer ali, e estava feliz com a perspectiva de o filho ter a chance de também crescer em uma cidade que ela considerava tão incrível.

Também era bom estar perto de Alice e Edward novamente, e até mesmo da mãe. Sentia-se triste por estar distante do pai, mas aquilo era facilmente resolvido com viagens e algumas horas de avião. Nova York era seu verdadeiro lar, e apesar de Los Angeles tê-la dado várias coisas boas, estar de novo na Big Apple era outra coisa. Era estar em casa.

Morava num predinho charmoso de dois andares, com tijolos vermelhos na fachada, rodeado de vizinhos simpáticos. Sabia que o filho cresceria rodeado de amor ali e a transferência para a filial de Nova York se mostrava uma escolha cada vez mais certeira.

Em uma tarde de quinta feita, surpreendeu-se ao ver o nome de Emmett no visor do celular. Eles mal se falavam naqueles dias; há muito tempo, na verdade, contando sempre apenas os fatos mais importantes e trocando mensagens sobre como ia tudo depois de muito tempo sem se falar. Ele queria convidá-la para sair no dia seguinte à noite. Sabia que ela estava de volta à Nova York e ele havia chegado naquele dia mesmo ali, depois de algum tempo viajando.

Rosalie disse sim imediatamente, feliz com a perspectiva. Estava ansiosa, receosa e acima de tudo feliz. Sentia falta dele há tanto tempo, mesmo com os contatos esporádicos – principalmente por causa dos contatos esporádicos.

Na noite seguinte, deixou Noah com Alice, já que ele adorava brincar os primos, e inventou uma desculpa qualquer para a irmã, para não conta-la sobre Emmett. Guardou aquela informação como um segredo, como se aquilo a fizesse mais importante, mais real. Arrumou-se com cuidado, prestando atenção a detalhes que normalmente não se atentava tanto. Era uma mulher muito bonita, mesmo aos quarenta e tantos anos, e sabia que não precisava de muito esforço para chamar a atenção do sexo oposto. Ainda assim, empenhou-se na aparência, fazendo uma maquiagem que realçaria os melhores pontos de seu rosto e colocando um vestido que valorizava o corpo.

Ela o encontraria em um restaurante, onde jantariam. Era um restaurante muito comentado e Rosalie se perguntou como Emmett conseguira uma reserva ali tão facilmente. Perguntou-se se aquela reserva já estava feita há muitos meses. Perguntou-se se aquilo significava algo. Decidiu parar de se perguntar coisas. Chegou um pouco atrasada de propósito. Não saberia lidar com a ansiedade se tivesse que esperar por ele lá, então decidiu chegar depois na esperança de ele já ter chegado.

Ele tinha. A hostess a recepcionou e indicou a mesa em que Emmett estava. Ela seguiu com passos hesitantes até o ver sentado numa mesa de canto. Ao vê-lo, a ansiedade pareceu se dissipar. Ele a viu então, sorrindo ao assisti-la se aproximar, e se levantou para recepciona-la com um abraço quando alcançou a mesa. Todo o corpo de Rosalie relaxou enquanto sentia aqueles braços fortes a envolverem.

Estar nos braços de Emmett era como estar em Nova York.

Ele estava incrível, como sempre. Uma camisa azul escura adornava o torso definido e uma calça preta a acompanhava. O eterno sorriso de covinhas pareceu contente de vê-la depois de todo tempo.

Cariño, é tão bom ver você! – ele disse ao se sentarem, o sorriso ainda no rosto. – Como você está?

— Estou bem. – ela disse, sorrindo de volta. – E você? Como anda tudo? Faz muito tempo desde a última vez que nos vimos. – ela comentou.

De fato, fazia. Era o período de tempo mais longo que passaram sem se ver. Ela não o via há cerca de quatro anos. Havia sempre alguma viagem, ou falta de tempo, ou trabalho ou família. O tempo e as condições pareciam inimigos deles e a falta de procura acabou se tornando maior.

— Estou bem. Tenho aproveitado as viagens do trabalho para conhecer um pouco mais de tudo. – o sorriso de covinhas se tornou nostálgico. – Conheci muitos lugares incríveis, você ia adorar. Mas pedi para me colocarem em alguma coisa mais parada, para que não precisasse sair tanto de Nova York.

Nesse momento, o garçom se aproximou, oferecendo o cardápio. Eles escolheram um vinho e cada um fez seu pedido, e o garoto jovem se afastou educadamente.

— Parada, é mesmo? Achei que você amasse o trabalho viajando. – ela continuou, agora que estavam sozinhos novamente.

— Eu amo, mas é difícil manter um relacionamento assim. – ele deu de ombros e ela fez um “Ah!”. Ele deu um sorriso de lado, meio culpado. – Gostou de como joguei sutilmente a informação na conversa? Esperava fazer isso depois do jantar, mas pareceu uma boa oportunidade. – ele riu curtamente.

Rosalie riu também, tentando esconder a surpresa dos olhos enquanto enfiava uma mecha do cabelo louro curto atrás da orelha. Ficou feliz de ouvir a notícia antes de jantar, afinal, sentia o estômago se retorcer depois de recebê-la.

— Isso realmente muda a perspectiva. – ela respondeu, forçando um sorriso aos lábios. – Quem é ela? Nunca vi ninguém nas suas fotos.

— Andou me acompanhando nas redes sociais? – ele perguntou erguendo uma sobrancelha e deixando um sorriso grande brincar em seus lábios. Ela revirou os olhos enquanto o garçom voltava com o vinho. Ele os serviu em silêncio e partiu novamente.

— Não seja ridículo. – ela respondeu então. – Você é meu amigo, suas fotos aparecem para mim. – ele sorriu.

— O nome dela é Kate, ela trabalha numa revista. Nos conhecemos numa entrevista... e estamos noivos. – contou e Rosalie arregalou os olhos automaticamente, fazendo muita força para engolir qualquer expressão de choque que pudesse passar por sua face.

— Isso é bom, estou feliz por você, Emm! – ela se obrigou a dizer, forçando um sorriso ainda maior. Ele sorriu em agradecimento e ela deu um longo, realmente longo gole no vinho a seu lado.

— Obrigada, Rose. Mas e você, como anda o Ethan? – perguntou. Rosalie se encolheu minimamente e bebeu o resto de vinho da taça. O grandão a observou e ergueu uma sobrancelha, antes de voltar a encher a taça de sua acompanhante.

Esse era o problema de conversar com pessoas que não sabiam de seu mais novo divórcio, Rosalie pensou. E ali estava Emmett, bronzeado, uma barba por fazer bastante sexy, os olhos cintilantes e aquele sorriso de covinhas maravilhoso, anunciando seu noivado com outra mulher. Querendo saber sobre seu segundo marido que mal durara quatro anos no casamento.

Ali estava Emmett, no auge de seu esplendor e felicidade. Rosalie se sentiu patética.

— Ele está ótimo. – mentiu casualmente. Ele não pareceu notar nada de errado.

Não podia contar a ele. A verdade é que não queria admitir aquela derrota quando ele estava tão feliz e completo, e ela... nem tanto assim. A vida não estava ruim, é verdade. Tinha um filho esperto a quem amava e que lhe dava muita felicidade e tinha um cargo de chefia numa empresa bem sucedida. Mas já no amor...

— E Noah? Já está com quantos anos agora? Sete? – quis saber. Ela se agarrou com forças ao assunto muito mais seguro.

— Oito. – ela corrigiu com um sorriso. – Está enorme e uma peste. – Emmett sorriu também.

— Imagino que sim. Adoraria vê-lo qualquer hora.

— Claro, Emm. – concordou automaticamente. – A hora que quiser.

Continuaram a conversar, enquanto ele contava sobre sua última viagem, ela sobre seu trabalho novo no polo de Nova York, sobre como estava sendo estar de volta. Ela perguntou então mais sobre Kate, querendo ser simpática e educada, e Emmett a contou sobre a noiva. A mulher parecia ótima e Rosalie se esforçou para não odiá-la automaticamente. Não era dela a culpa por ter se apaixonado pelo homem incrível à sua frente. Muito menos era dela a culpa de tê-lo feito se apaixonar também.

— E então, você tem visto o Edward com frequência? – ela perguntou em certo ponto, depois de terminarem o prato principal. Emmett negou com a cabeça.

— Na verdade, não. Acho que a última vez que o vi foi em janeiro, talvez? – ele se esforçou para lembrar. – Foi em algum momento depois do ano novo, tenho certeza, mas não o vi depois.

Rosalie murchou um pouco. Ela não entendia como aquilo se tornara possível. Ela não via Emmett há quatro anos e, ainda assim, seu próprio irmão o vira há apenas seis meses. Emmett tinha tempo para ele, aparentemente, mas para ela não. Edward não tinha o hábito de contar sobre o amigo a ela, e ela se perguntou se era proposital. Um pequeno ciúme fez cócegas em suas entranhas enquanto ela amaldiçoava Edward por ter se tornado tão próximo de um amigo que era para ser seu.

— Acho que vou liga-lo, falando nisso. – Emmett continuou, não percebendo o momento dela. Ela assentiu.

— Tenho certeza que ele adoraria. – deu um sorriso.

A noite terminou depois de mais algumas taças de vinho e eles se despediram com um forte abraço. Rosalie desejou sorte na nova etapa de Emmett, ressaltando o quanto ele merecia aquilo e toda a felicidade que acompanharia o momento. No caminho de volta para casa ligou para Alice e perguntou se podia buscar Noah no dia seguinte. A irmã concordou, perguntando o que estava acontecendo. Ela inventou uma nova mentira, de que a noite se estenderia muito e que provavelmente ficaria tarde passa buscar o filho, e a baixinha concordou.

Ela voltou para casa, tirou o vestido preto e os saltos, pegou uma garrafa de vinho branco e sentou-se no chão da sala, no tapete branco confortável. Colocou nos alto-falantes um de seus álbuns preferidos e encheu a primeira taça.

Não sabia como tinha chegado ali. Não sabia como tinha deixado não um, mas dois casamentos morrerem. Sentia-se desolada depois daquela noite. Quando era mais jovem e olhava para o futuro, jamais imaginara que seria daquela forma.

Via Alice e Jasper, mais felizes do que nunca. Os três filhos eram os maiores amores de suas vidas, e Alice estava se dando muito bem em uma nova empreitada de design de interiores.

Edward e Bella estavam tão bem quanto. Bella dando aulas na universidade e Edward trabalhando numa grande empresa. Os dois pareciam cada vez mais apaixonados. Nessie estava se tornando uma mocinha cada vez mais inteligente e adorável. Rosalie duvidava que a sobrinha continuasse filha única por muito mais tempo.

Ela pensou no pai, já bem mais velho, ainda vivendo um romance com Julia, e então pensou na mãe.

Esme nunca mais se envolvera com ninguém, pelo menos não de forma séria, não publicamente, não alguém que ela apresentasse para a família e realmente mantivesse um relacionamento. Agora, com mais de setenta anos, Rosalie achava improvável que ela fosse fazê-lo. Queria perguntar à mãe como era viver sozinha. Tinha o filho e o amava mais que tudo na vida, mas naquele momento, sabendo que todos tinham alguém, ela se sentiu mais sozinha do que nunca.

Não é como se não houvesse mais homens ou possibilidades no mundo, ela sabia daquilo. A verdade é que no fundo, sentia-se exausta e não queria mais nenhuma falha. Não conseguiria lidar com mais um fracasso amoroso. Não queria lidar com o drama. Tinha uma mísera esperança, uma ideia boba e romântica de que algo poderia acontecer naquela noite. Ela quase riu quando percebeu como a noite não fora nada do que ela esperava.

Estava feliz por Emmett, é claro que estava. Amava-o e queria vê-lo feliz e realizado. Sentia-se contente por ele ter achado alguém que o fizesse sentir daquela forma. No fundo da mente, achara que ele nunca se envolveria a sério com ninguém. Vendo-o por tanto tempo sozinho, assumiu que ele não queria um relacionamento sério; levou aquela possibilidade muito a sério durante toda a vida. Mas ali estava ele, noivo e feliz, enquanto ela bebia uma garrafa de vinho inteiramente sozinha.

Era patético e a ironia não passava despercebida a ela. Quando a garrafa já estava quase no fim, ela se permitiu derrubar algumas lágrimas. Ela estava em um momento fraco, mas aquela não precisava ser ela. E daí que não tinha nenhum envolvimento romântico naquele momento? Não precisava daquilo. Tinha uma família – uma ótima família –, e sua vida era rodeada de amor. Não precisava de um homem para ser feliz e o fato de ter sempre se enfiado em um relacionamento atrás do outro a fez refletir sobre como levara sua vida até ali.

Podia ser feliz sozinha, é claro que podia.

Terminou a garrafa sozinha, algumas horas e lágrimas depois, e ao se levantar para ir para o próprio quarto já sentia o corpo formigando e uma leve tontura tomar sua mente. Caiu com força na cama ainda feita e deixou a mente mergulhar em inconsciência enquanto repetia a si mesma que tinha tudo o que poderia precisar.

Duas semanas mais tarde, um tempo depois de colocar Noah na cama, Rosalie estava estendida no sofá enquanto lia um relatório importante do trabalho. Uma taça de vinho a fazia companhia e ela se esforçava para manter o foco depois de um longo dia. A campainha tocando a tirou da imersão nas palavras e ela levantou, abandonando as folhas e a taça na mesa ao lado do sofá. Destrancou a porta marrom e a abriu em seguida.

— Emmett. – sua voz soou inteiramente surpresa.

Ela não falava com ele desde o jantar que haviam tido. Emmett estava com olhos muito intensos e parecia ter chegado ali às pressas, alertando a loura de que algo devia estar errado. Rosalie se perguntou o que havia acontecido, preocupada que algo ruim fosse a atingir em poucos segundos.

— Você se divorciou. – ele a acusou, sem cumprimentos ou nada semelhante. Ela franziu as sobrancelhas, confusa, ainda mais surpresa.

— Eu... Sim. – admitiu por fim. – Quem te disse?

— Seu irmão. – ela revirou os olhos. – Nós nos encontramos em um bar no final de semana e ele mencionou.

— Bem... Estou divorciada. – ela constatou, dando de ombros. – Você veio até a minha porta só para dizer isso?

— Por que não me contou? – quis saber. Ela se encolheu.

— Eu não sei. – respondeu abaixando os olhos, encarando os pés. – Eu estava... Eu não sei. Não gosto de anunciar os meus fracassos por aí.

— Achei que éramos amigos. – ele acusou com um quê irônico na voz. Ela sentiu vontade de tomar o caminho menos gentil, apontar todas as falhas daquela frase, mas decidiu continuar calma.

— Nós somos. – ela disse, voltando a olhar para ele.

— Amigos compartilham as coisas. – ele disse com a voz firme.

— Olha Emmett, não é nada demais... Eu... – ela engoliu em seco. – Não gosto de deixar claro que não funciono em relacionamentos. Não queria falar de divórcio logo quando você estava contando do seu noivado.

— Você escolheu sermos amigos. – ele disse, o tom acusatório. – Deveria levar a sério. – ela franziu as sobrancelhas, impaciente.

— Qual o ponto de tudo isso? Veio me acusar de não querer te contar coisas pessoais? Não sou obrigada a falar sobre o que não quero. – rebateu exasperada.

— Droga, Rosalie! – ele bufou, franzindo os lábios, as mãos fechadas em punhos.

— O que diabos há de errado com você? – ela perguntou irritada, o encarando com as sobrancelhas levemente arqueadas.

— O que há de errado é que tenho estado apaixonado por você pelos últimos vinte anos e saber que você se separou... Eu... – ele expirou com força. Rosalie recuou um passo.

— O que? – sussurrou, o coração acelerado e a voz mal saindo de seus lábios. Ele suspirou longamente.

— Vinte anos atrás você se tornou minha melhor amiga e eu me apaixonei por você. Estava apaixonado por você quando você se casou. E quando se separou também. Viajei o mundo apaixonado por você. Até mesmo me apaixonei por outra mulher enquanto ainda era apaixonado por você. – ele expirou uma risada sem humor.

— Emmett...

— A verdade é que acho que nunca tentei te esquecer de verdade, sempre achei que em algum momento haveria a possibilidade de nós dois... Mas então você se casou novamente e eu... não soube lidar tão bem. Achei que não havia mais.

— Emmett. – ela repetiu estupefata.

Ela não sabia que ele ainda se sentia daquela forma. Sempre o vira tão bem, a uma distância segura e parecendo totalmente realizado, que jamais imaginara que ainda haveria outro lugar para ela em sua vida. Ele deu um passo à frente, se aproximando de Rosalie, a mão se ergueu um pouco, como se fosse tocá-la, mas pairou no ar. Ele umedeceu os lábios.

— Não... Você escolheu sermos apenas amigos, Rose, e eu concordei por que... Porque não queria imaginar uma vida sem você nela. – ele suspirou, irritado, jamais tivera tanta dificuldade em se expressar. – Mas agora... Agora não há nada entre nós.

— Você está noivo. – ela sussurrou incrédula, lembrando-o do óbvio. Ele franziu os lábios.

— Eu estou. – concordou e abaixou a mão. – E ela é ótima, realmente é. Poderíamos ter um casamento feliz e envelhecer juntos. Mas ela não é você e eu preferiria envelhecer ao lado da minha melhor amiga do que de qualquer outra pessoa.

A respiração de Rosalie ficou engasgada em sua garganta, sua mente a mil sem conseguir parar em um lugar sequer. Não é como se pudesse falar que jamais imaginara aquilo. Já havia, muitas vezes, imaginado a vida com Emmett, como tudo seria se tivessem ficado juntos há tanto tempo atrás e depois novamente quando se separou de Nate.

E ali estava ele, abrindo o coração e lhe dizendo tudo o que o sufocara por anos a fio. Confessando um amor que o perseguira por todos aqueles anos enquanto eles envelheciam. Ela não sabia o que falar, a cabeça parecia rodar.

— Eu não sei o que dizer. – respondeu por fim. Emmett engoliu em seco, nervoso.

— Bom, você tem duas opções. Pode me falar que estou louco e obcecado e que não sente nada por mim e que eu devia te esquecer. E se o fizer, vou te esquecer. – prometeu. – Não importa o que for preciso, nem que eu tenha que apagar qualquer traço de você da minha vida, vou te esquecer, porque não quero continuar vivendo assim.

Foi a vez de Rosalie engolir pesadamente, os lábios muito secos e a respiração um pouco acelerada. Emmett se aproximou ainda mais dela e ergueu a mão, tocando-lhe o lado do rosto dessa vez. Ela sentiu seu corpo dar o mais leve dos tremores e entreabriu os lábios, respirando com dificuldade.

— Ou você pode escolher arriscar dessa vez. – ele continuou. – Pode escolher reescrever comigo uma história que começou tantos anos atrás e foi interrompida. Pode arriscar e descobrir que não vai valer a pena. – ele deu de ombros, a mão ainda no rosto dela, forçando-a a olhar para ele. – Ou pode arriscar e ser mais feliz do que jamais imaginou. Mas tem que escolher agora, porque não terá outra chance. Porque se disser não, vou sair daqui e me casar com a Kate e fingir que você não existe, para que eu possa ter a droga da minha felicidade em paz, sem um diabo no meu ombro perguntando se seria melhor com você.

Ela fechou os olhos, incapaz de continuar a encarar os olhos muito brilhantes de Emmett. Sua respiração estava incerta agora e a mão dele em seu rosto a impedia de pensar direito. Havia muito tempo ela não se sentia daquela forma, com aquele frio de ansiedade por causa do toque de alguém.

— Emmett, sou uma bagunça. – ela murmurou. – Tenho um filho e dois ex-maridos nas costas. Ninguém em sã consciência ia querer se envolver comigo. – ela respondeu e sentiu quando Emmett se aproximou ainda mais dela, o rosto abaixando o suficiente para que Rosalie sentisse a respiração dele contra seu próprio rosto.

— Eu não me importava com seu número antes, cariño. O que a faz pensar que me importaria agora? – ele sussurrou de volta. Ela umedeceu os lábios que estavam secos, ainda sem abrir os olhos. Achou que seria mais fácil se concentrar assim, mas a falta de visão só parecia intensificar o toque dele, a respiração contra sua pele. – Sei que quer dizer sim, querida. Diga sim. – e então ele lentamente encostou seus lábios aos lábios dela, pressionando-os gentilmente. Rosalie sentiu as pernas ficarem moles enquanto sentia os lábios e a mão dele que não estava em seu rosto tomando lugar em suas costas. – Diga sim e farei de tudo para que seja a mulher mais feliz do mundo. – prometeu em um sussurro e então a beijou de verdade.

Rosalie não era beijada há muito tempo. Quer dizer, era beijada, mas não daquele jeito. Não com aquela intensidade e fervor, carinho e paixão. Não conseguiu fazer outra coisa que não fosse responder ao beijo, levando as mãos ao cabelo de Emmett, puxando-o para mais perto de si. O beijo foi longo e só pararam quando as respirações estavam ofegantes e os corpos gritando por mais. Emmett encostou sua testa à de Rosalie, os olhos mais brilhantes do que nunca.

— Sim? – ele presumiu. Ela respirou fundo e se afastou um pouco, agachando-se para se sentar no degrau de frente da casa. Ele se sentou ao lado dela.

— Não é tão simples, Emm. Não venho sozinha. – ela o lembrou, olhando direto para frente.

— Jamais achei que viesse. – ele respondeu calmamente.

— E você ainda está noivo.

— Isso é o que está te impedindo? Posso ligar agora mesmo para a Kate e acabar tudo. – se prontificou. Rosalie olhou para o grandão e revirou os olhos. Ele deu um sorriso pequeno. – Certo, não faria isso por ligação, mas você entendeu. – ela reprimiu um sorriso e balançou a cabeça. E então voltou a ficar séria.

— Não sou a mesma garota que era há vinte anos, Emm. – falou. – Tenho um filho, muitas mágoas e sou bastante danificada a essa altura.

— Não sou o mesmo de vinte anos atrás também. – ele deu de ombros. – Não estou pedindo por aquela garota. Estou pedindo por você. Estou abrindo o meu coração e pedindo por você.

— Você está sendo impulsivo. – ela disse por fim.

— Tive vinte anos para pensar sobre isso, mulher! – ele respondeu exasperado. – Não quero ouvir desculpas, Rose. Se não quiser ficar comigo, apenas diga. Vou sobreviver.

— Não é que eu não queira, mas Emmett, essa é a segunda vez que nos vemos em quatro anos! Acho que não está pensando direito no assunto e não tem ideia de em que está se metendo. Sou uma mãe solteira, que trabalha o dia todo e mal tem tempo para si. Acho que está se precipitando e vai se arrepender no momento em que perceber no que se meteu.

Ela não conseguia admitir a ideia de ser deixada de novo e só de pensar em ser deixada por Emmett já sentia o coração se partir. A distância segura a que sempre se mantiveram não era apenas pelo homem, mas por ela também. Sabia, sempre soubera, que havia nos recôncavos do seu coração um espaço que pertencia à Emmett. Também sabia que aquele pequeno espaço poderia facilmente dar uma rasteira em sua lógica e deixa-lo tomar conta de todo o resto e isso a apavorava.

Seu coração já fora quebrado tantas vezes antes, e ela tinha certeza que aquele homem tinha o potencial de pegar o seu coração e fazer picadinho dele.

— Por que não deixa que eu me preocupe com isso? – ele sugeriue ela voltou a encarar a rua. – Sei quem você é, cariño. Sei que vou amar o seu filho. E sei que pode ser complicado às vezes, mas quero tentar. Sempre quis. E mesmo se não der certo algum dia... Vou ficar feliz por ter tentado.

— Está disposto a jogar fora seu relacionamento por isso? Uma tentativa? – ela perguntou se voltando para ele.

— Por você eu estou. – ele respondeu, pegando a mão dela nas suas. – Esperei todo esse tempo, Rose, para que você decidisse que estava pronta, mas você nunca decidiu. Fui seu refúgio por muito tempo, mas não quero ser a pessoa pra quem você corre apenas quando precisa de abrigo. – ela abriu a boca pra responder, mas nada saiu. Ele respirou fundo. – Não posso acreditar que estou me humilhando a essa extensão por uma mulher que não sente nada por mim, então diga sim. – sussurrou com a voz profunda.

— Eu sinto. – ela respondeu em voz baixa. O sorriso que Emmett deu em seguida podia iluminar a rua toda.

— Venha morar comigo. – ele pediu.

— O que? – ela arfou, incrédula, a voz parecendo finalmente voltar ao tom normal. Ele deu um riso curto.

— Não quero perder nenhum tempo.  – explicou calmamente.

— Emmett, isso é loucura.

— Não é. – ele discordou. – Fizemos vinte anos de preliminares, cariño. É hora de atar os nós.

— Estou com medo de continuar aqui e você acabar me pedindo em casamento daqui a dois minutos. – ela revirou os olhos, zombando. Os olhos de Emmett cintilaram e um sorriso torto brincou em seu rosto.

— Você aceitaria?

— O que? – ela repetiu. Ele sorriu.

— Se casaria comigo se eu pedisse? – perguntou, se aproximando mais dela. A boca de Rosalie estava aberta, em choque.

— Você é louco. – ela balançou a cabeça de forma negativa. Ele continuou sorrindo.

— Isso não é um não. – apontou. Rosalie estava prestes a rebater quando ouviu uma voz fina a chamar.

— Mãe? – ela e Emmett se viraram automaticamente para a porta atrás deles onde a figura de um menino magro de pijama os encarava. O cabelo louro dele era exatamente igual ao da mãe.

— Querido. – ela disse surpresa. – Achei que tinha te botado na cama. – ela ralhou, se levantando do degrau. Emmett a seguiu.

— Fiquei com sede e não achei você. Você me deixou sozinho. – ele acusou. Rosalie sorriu gentilmente.

— Desculpe. – Emmett limpou a garganta casualmente, como se para lembra-la de que ele estava aqui. – Querido, esse é o Emmett, você se lembra dele? – Noah negou com a cabeça. Emmett sorriu.

— Eu te conheci quando você era bem pequeno, mas agora está quase do meu tamanho! – ele disse impressionado. – Está com quantos anos agora? Quinze? – Noah sorriu.

— Só oito. – deu de ombros.

— Impossível. – Emmett decretou. – Ninguém de oito anos é grande assim. – o sorriso de Noah aumentou.

— Por que não subimos e te colocamos de volta na cama? – Rosalie sugeriu. – Já passou muito da sua hora de dormir. – disse pegando no ombro do filho e o virando para a porta. – E você pode... Subir e me ajudar. – Emmett sorriu enquanto a seguia para dentro da casa.

— Isso quer dizer que aceitou se casar comigo? – Rosalie revirou os olhos, mas Emmett não viu, já que seguia atrás dela.

— Morar juntos não é praticamente a mesma coisa? – o sorriso dele aumentou.

— Quer dizer que aceitou morar comigo?

Rosalie ignorou o moreno e não o respondeu enquanto guiava o filho até o quarto dele, o colocava sob as cobertas e dava um beijo em sua testa. Então saiu e fechou a porta atrás de si, voltando para a sala onde Emmett permanecia encostado nas costas do sofá que tomava o cômodo.

— Então? – ele ergueu uma sobrancelha.

Rosalie respirou fundo e o encarou de forma séria enquanto balançava a cabeça de forma negativa. Ela então se aproximou lentamente dele, um sorriso começando a aparecer em seus lábios.

— Estivemos fazendo preliminares por vinte anos, cariño. – sussurrou, as mãos subindo lentamente pelos braços fortes e parando ao redor do pescoço. Ela então moveu uma mão, colocando-a sobre o rosto de Emmett e o trazendo lentamente para si num beijo. Quando se separaram, Emmett tinha um sorriso vitorioso nos lábios. – Estou pronta para ser sua.

 


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Notas finais do capítulo

Tan-dan! Olha eu trazendo um final onde todo mundo fica junto e feliz hahaha isso é pra ninguém me ameaçar e já me perdoar pelos que não foram hahaha

Agora, como estão todas? Espero que todo mundo esteja bem e se cuidando! Me digam, gostaram do capítulo? Espero que sim e espero ver vocês nos reviews! Se você leu a fanfic e nunca se manifestou até aqui, adoraria ouvir a sua opinião também (e a hora é agora haha)!

Já peço desculpas por qualquer falha ou algo que falte. Tentei cobrir tudo, mas nem sempre lembro de todas as coisas que preciso amarrar no final, e vez ou outra algo fica esquecido. Espero que não tenha acontecido e que vocês gostem de como tudo ficou.

Fui ((((super)))) rápida porque estou escrevendo outras histórias e queria fechar essa aqui antes de postar as novas hahaha. Quero também dizer um enorme obrigada a todo mundo que me acompanhou até aqui (apesar dos anos de sumiço e da enorme demora para postar kk), que deixou reviews e palavras incríveis que se tornaram meu melhor incentivo. Vocês são maravilhosas demaissssss e espero que essa experiência tenha sido tão divertida para vocês quanto foi pra mim!

No mais, espero vê-las em breve, espero ouvir o que acharam e muito obrigada por toda a paciência. Um beijo enorme!
Lana.



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