Presa a Você escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 9
Assustado


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, beijos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/473668/chapter/9

Aquilo não estava acontecendo! Vestindo minha boxes, voltei-me para Emma, que encolhida na cama, parecia tão pequenina, tão assustada.

– Por favor, diga que nós não nos casamos.

Merda! Não era aquilo o que queria dizer, não daquela forma pelo menos. Dando de ombros ela retirou sua aliança para inspeciona-la. Em seguida a vi fazer uma careta e correr para o banheiro.

Emma Adams estava vomitando apenas pelo fato de estar casada comigo. Essa doeu!

A encontrei debruçada sobre o vaso, me aproximei e segurei seu cabelo até que ela tivesse terminado. Pegando uma toalha, a molhei e entreguei a ela, em seguida deixei o banheiro, fechando a porta.

Sentei na cama, respirei fundo e deixei que as lembranças me inundassem.

Os cassinos,

O casamento,

O hotel...

O barulho da água sessou e alguns minutos depois ela voltou para o quarto, usando um robe um tanto colado e curto demais, fazendo com que eu imediatamente ficasse “feliz”.

Bufando, levantei e fui para o banheiro. Mesmo depois de um banho frio, a imagem de Emma em seu vestido esvoaçante não saia de minha mente.

Um tanto irritado, deixei o banheiro para encontra-la aparentemente também irritada, tentando fechar seu vestido. Emma como sempre, era adorável quando inconscientemente fazia biquinho.

– Deixe-me ajuda-la com isso. – foi o que eu fiz, a ajudei, ignorando as faíscas e o calor que senti quando nossas peles se tocaram, ou como ela suspirou e se afastou.

– Não vou machuca-la Em.

Era estranho estar perto dela sem ter de ser sarcástico ou um filho da mãe. Emma era uma garota brilhante, não merecia um cara como eu. Era por isso que vinha mantendo distancia desde que Andrew a pedira em casamento, era por essa e muitas outras merdas que eu, lutava para mostrar a ela o quão fudido eu era. Embora fosse difícil ignorar o quanto ela lutava para acreditar.

Não pude deixar de sorrir quando percebi a maneira com a qual ela me olhava, era quase impossível estar perto dela sem a querer da mesma forma.

Percebendo que eu a olhava, ela corou adoravelmente como só ela podia fazer, e virou-se a procura de algo.

– Esta em cima da poltrona.

Frustrada ela caminhou até a poltrona e pegou sua bolsa, a inspecionando.

– Emma?

– Sim?

– Eu me lembro.

– O que exatamente você quer dizer com isso?

– Me lembro de... –porque era tão difícil dizer? – Me lembro de ter feito amor com você.

Talvez, só talvez nós pudéssemos...

Sua gargalhada me tirou de meus devaneios românticos. Seu riso era frio e sem vida, e ela até mesmo tinha algumas lágrimas escorrendo de seus olhos. Eu esperava qualquer outro tipo de reação, menos aquela.

– Primeiramente Hunt, você não faz amor, você fode. Não tente me convencer do contrario, pois se bem me lembro a quase três anos atrás você cuspiu isso em minha cara logo após de eu ter lhe dado minha virgindade. Então NÃO DIGA QUE FIZEMOS AMOR PORRA, fizemos sexo, ou fudemos se você preferir, como qualquer outro casal estupidamente bêbado. E quanto a estas malditas alianças, iremos fingir que isso, toda essa merda nunca aconteceu entendeu?

Suas palavras me cortavam como navalhas. Onde estava a garota doce que eu conheci a alguns anos? O que eu havia feito a ela?

Assisti enquanto ela jogava sua aliança na cama e caminhava para a porta. Eu não podia deixa-la sair assim, não sabendo que ela se importava. Fui até ela e a segurei.

– Então você apenas vai voltar para seu riquinho? Vai dizer a ele sobre o quanto gritou meu nome a noite toda Emma?

Posso dizer que também não esperava o tapa que levei. Certo eu mereci.

– Você não tem o direito de me dizer o que fazer ou não Dean, não ouse achar que tem pois não lhe dei essa liberdade. Eu amo Andrew e é com ele o meu lugar.

O ama? Garota estupida!

– Não foi o que pareceu quando trocávamos votos ontem Emmy, não tente negar.

Não pude evitar, a puxei, trazendo seus lábios para os meus. Como resposta ela se agarrou a mim. Isso Em! Ela tinha gosto de pêssego e a suavidade de sua pele, me fazia quere-la como nunca quis nada em toda minha maldita existência.

O encanto se quebrou quando Emma se afastou, ela parou quando viu seu reflexo no espelho e compreensão passou por seu rosto antes que ela corresse para fora do quarto, me deixando lá, gritando o nome dela.

Me vesti rapidamente, mas não rápido o suficiente para a impedir de entrar em um taxi.

Depois de fazer o check-out, fugi para a casa de quem, de certa forma, nunca me abandonaria, Ellie.

Contei tudo a ela, Ellie sempre fora uma boa ouvinte e conselheira, mesmo que eu nunca seguisse seus conselhos, eu sempre corria para ela quando precisava.

– Você esta cansado de saber o que penso sobre isso Dean. Você é muito parecido com ele sabia, - ela estava falando de Theodore Hunt, meu pai – um idiota incorrigível.

Somente ela podia me fazer sorrir quando na verdade a vontade de chorar, fugir e me esconder era quase insuportável.

– Lucy sempre foi muito paciente, para a sorte dele. – sempre que falávamos de Emma, a história de como Theodore Hunt e Lucy Brown se conheceram vinha a tona. Segundo Ellie, meu pai era um cara muito cabeça dura, um eterno bad boy, que teve a infelicidade de se apaixonar pela filha de um pastor. Eles tiveram que fugir quando mamãe descobriu que estava grávida, pois a família dela não aceitava o relacionamento dos dois. Eles tiveram um começo difícil, mas Ellie e Gorge, meu avô, os ajudaram.

– Ele era um cara sortudo. – sussurrei. Não era fácil para mim, nunca foi, falar sobre eles.

– Você também é Dean, quando vai entender que Emma é sua Lucy?

Segundo Ellie, Emma e eu erámos almas gêmeas, como meus pais. Segundo ela, eu devia lutar por Emma, lutar para merecê-la. Segundo Ellie, eu podia ser esse cara, um cara honrado com uma bela esposa, filhos e uma casa com cerquinha branca.

...

Algumas horas depois eu estava transtornado, Andrew estava aqui e vê-lo com as mãos em cima dela depois de tudo o que aconteceu, me fez ver vermelho. A ideia de tê-lo a tocando como eu toquei fazia com que eu quisesse matar alguém, especificamente ele.

Depois de nosso pequeno confronto, resolvi apelar. Pegando meu celular disquei meu anjo da guarda.

– Ellie preciso de ajuda.

[...]

– Um vestido? – perguntei olhando o belo vestido azul a minha frente.

– Um vestido, mas não qualquer vestido Dean. Este em especial pertenceu a sua mãe.

Sorri ao imaginar Lucy o usando em sua formatura.

– Obrigado Ellie. – falei, beijando minha segunda mãe.

– Se apresse ou vamos nos atrasar.

Mal podia esperar para ver Emma o usando.

[...]

Depois de esbarrar nela nos bastidores, tive de usar todo um esforço sobre humano para não beija-la, quando ela fechou os olhos, esperando que eu o fizesse. E mesmo no palco, tive de me controlar para não “sair de meu personagem”. Porém quando a vi em frente a geladeira, com tanto calor quanto eu, ou mais, não pude aguentar, Deus eu sou humano afinal!

Meu intervalo nunca fora tão bem utilizado.

Era impossível fingir ainda ser o mesmo depois de tê-la completamente, talvez eu apenas devesse parar de lutar para afasta-la e começar a lutar para tê-la ao meu lado. Talvez Emma fosse minha Lucy.

Quando voltamos ao palco para o grande desfecho, eu desviei-me do texto, não pude deixar de dizer aquilo que sentia, pela primeira vez. Porém mais uma vez, sendo o fraco que sou, fugi quando senti a forma com a qual Emma me beijou, como se tivesse tanto medo quanto eu tinha.

Corri para longe de tudo e de todos, como um cachorro ferido. Eu não podia me permitir ama-la, as pessoas que ouso amar sempre se vão.

Antes de voltar para o hotel passei em um bar e bebi, tentando inutilmente esquecer a dor.

Quando finalmente cheguei ao hotel, nenhum dos garotos estava lá. Não podia culpa-los, afinal estávamos em Vegas.

" Mamãe me contava uma história enquanto papai assistia TV no andar debaixo. Eu queria ser como o garoto da história, corajoso destemido, um herói.

Estávamos todos muito animados com a minha festa de aniversário que seria na próxima semana, mamãe sempre dormia muito tarde cuidando de tudo para que ela fosse perfeita.

– ... Então ele disse...

Eu nunca descobri o que o garoto herói disse, pois um estando veio do andar debaixo.

– Fique aqui.

Mamãe saiu, e então voltou em seguida, correndo. Ela fechou a porta e veio até mim.

– Meu amor, preciso que você se esconda, e não saia. - ela chorava e eu queria perguntar por que.

– Você tem que me prometer que não vai sair de lá até...

Passos, acho que papai estava subindo.

– Eu amo você pequeno Dean.

Dizendo isso ela me beijou e me empurrou para de baixo da cama, segundos antes da porta ser brutalmente aberta, revelando dois homens.”

Acordei suado e com meu travesseiro molhado por minhas lágrimas. Deitando em posição fetal, chorei enquanto imagens de minha mãe sendo brutalmente estuprada enquanto eu assistia me atormentavam. Eu fiz o que ela pedira, permaneci quieto ali enquanto sua vida se esvaia. Depois que os homens se foram, deitei-me junto a ela e chorei até adormecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tadinho do nosso Dean :/