Acorde escrita por Teruu


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Yoo minna-chan!
Essa é minha primeira fic Rin x Len e eu espero que gostem e se interessem! >///
Gosto muiiito de comentários, então sintam-se a vontade para criticar!
Obrigada pela atenção e boa leitura! ^^

Kissus!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/473641/chapter/1

– Senhor, por favor! Me deixe levar isso só por hoje! O-O senhor tem que entende m-minha situação, eu... – Implorava eu com todas as forças.

– Por favor, garota, acalme-se... – O senhor falava com uma voz mansa, gesticulando com as mãos para cima e para baixo, como se pedisse para controlar meu tom de voz. – Olhe, não queremos fazer nenhum escândalo, certo? Sinto muito por você, mas... Não posso deixa-la levar um produto meu sem pagar, eu até deixaria, mas o que as pessoas iriam pensar se soubessem que deixei uma garota de 14 anos levar um produto meu sem pagar? Digo, não faria bem para a reputação de minha padaria...

Aquele senhor gordo, barbudo e com os cabelos grisalhos tentava me dissuadir como se eu fosse uma criança de apenas 5 anos de idade. Eu já estava a ponto de pedir de joelhos para que ele me deixasse levar apenas uma sacola com três pães hoje... Por que ele não podia simplesmente entender que eu não tinha condições de pagar?

– M-Mas... O que eu vou comer hoje? – Disse com uma voz embargada, com os olhos lacrimejando, prestes a chorar.

Ele soltou um suspiro derrotado e voltou a falar.

– Certo Rin, mas não sei se poderei fazer uma coisa dessas de novo, viu? – Sussurrou em meu ouvido e me entregou discretamente a sacola com os pães.

O agradeci com um sorriso e quando já estava para partir, ele tocou meu ombro e me entregou outra sacola, e diferente da outra, esta continha leite e algumas bolachas.

– Deseje melhoras á sua mãe por mim. E feliz aniversário, Rin. – Após dizer, deu me as costas e voltou a gerenciar a padaria. Acenei e segui na direção oposta, trilhando o caminho para minha casa.

***

As pessoas na rua paravam para me olhar. Eu não era mais uma pessoa “notável” pelo fato de ser bonita ou algo assim, na verdade estes olhares se deviam ao fato de que meus trajes estavam completamente encardidos e esburacados e minha aparência era horrível. Olheiras profundas no rosto, como as de quem não dorme há séculos, pele pálida como de um cadáver e magra de uma forma que era possível visualizar o relevo de meus ossos na pele... Era realmente assustador.

Mas estando em um momento tão difícil, acho que não devo me importar com minha aparência exterior ou interior - que provavelmente também deve estar destruída-; Nem mesmo me importo com o fato de hoje ser meu aniversário, para mim é só mais um dia inútil e desprezível como todos os dias durante este um ano e meio tem sido. A única coisa que realmente me dedico atualmente é com a saúde de minha mãe.

Por fim cheguei em casa. Abri a porta impulsivamente e escutei aquele rangido estrondoso invadir meus ouvidos como um violino desafinado. Mal entrei e já estava sendo recebida por um enxame de moscas, no qual já estava até familiarizada. Fechei a porta por trás de mim e fitei aquele pequeno e imundo apartamento que eu chamava de “casa”. Notei na sala alguns móveis que faltavam, como por exemplo a TV que eu vendera semana passada para tentar somar ao pouco dinheiro que tinha para auxiliar no tratamento de minha mãe. As paredes estavam manchadas devido ao vazamento de água em um dos canos, que causara um infiltramento.

Suspirei pesadamente e caminhei com passos longos até o quarto de minha mãe, e ao abrir a porta, lá estava ela deitada na cama, ligada a alguns aparelhos que mediam sua pulsação e um soro que a mantinha hidratada e alimentada ligado ao seu pulso.

– Ohayo, mama... – Murmurei carinhosamente em seu ouvido. – Tem dormido bem?

Melhor dizendo:Tem dormido bem durante esse um ano e meio?

Minha mãe entrara em coma á um ano e meio e desde então minha vida se tornou um verdadeiro inferno. Por que ela tinha que ter dirigido naquela noite?! Por quê?! Eu disse para ela que seria perigoso... Que a estrada não estrava boa e com aquele temporal... Por que ela queria tanto ver o papai mesmo ele tendo a abandonado?!

Escutei meus próprios soluços ecoarem no quarto. Tapei minha boca e limpei as lágrimas que ameaçavam cair de meu rosto. Não queria que minha mãe escutasse meus prantos, sei que ela pode me ouvir.Vamos Rin, seja forte...

– Kagamine-san? – Disse a enfermeira de minha mãe que acabara de entrar no quarto. – Nem percebi que já estava aqui... Você está bem, querida? – Se aproximou de mim e se ajoelhou ao meu lado, me encarando com um olhar preocupado.

– Sim, sim. Obrigada pela preocupação, IA-san. – Falei com um tom firme, tentando disfarçar ao máximo minha tristeza. – Algum telefonema de papai?

– Não. Nenhuma notícia dele, mas... Querida, não acha que ele está demorando de mais para lhe enviar a pensão desta vez?

Sim, eu tenho certeza.

– Vou tentar me comunicar com ele esta tarde. – Levantei do chão fitei e novamente minha mãe deitada na cama. – Já deu os calmantes da vovó hoje?

– Claro, não se preocupe com isso, Kagamine-san. Ah! Já preparei seu banho, viu? E tenho roupas novas para você, na verdade são de segunda mão da minha prima... M-mas acho que vão ficar ótimas em você! – Sorriu animadamente para mim. – E feliz aniversário! Felicidad...

A cortei antes que pudesse continuar a falar.

– Você não deveria tirar uma folga, IA-san? Já passou o Natal e você continua aqui. Não acha que deveria estar aproveitando com sua família? – Disse em um tom passivo, tentando manter a calma.

– M-Mas... K-Kagamine-san ... – Senti seu olhar piedoso penetrar minhas costas e me atingir em cheio.

Eu não gosto que sintam pena de mim, eu não sou uma pobre coitada. Na verdade... Eu sou sim. Vivo de doações e misericórdias. Olhe no que se tornou Rin...

E pensar que anos atrás eu estudava em um colégio elite, e pensar que anos atrás eu tinha amigos, e pensar que anos atrás eu tinha um irmão ao meu lado, e pensar que anos atrás eu tinha uma família unida, e pensar que anos atrás... Eu era feliz. Agora eu não passo de uma garota imunda que largou os estudos e está prestes a cometer o maior erro de sua vida.

– IA-san, por mais que se esforce você não é minha mãe. Você tem que comemorar com sua família e não passar o ano novo limpando as fezes de minha mãe, não acha? – Juntei todas as forças que tinha para forjar um sorriso sincero no rosto.

IA ficou em silêncio por alguns estantes, como se mastigasse com dificuldade o que eu acabara de dizer. Ela olhou em meus olhos e depois desviou o olhar, levantando do chão e caminhando lentamente até a porta.

– Como queira. De qualquer forma, está aí a sacola de roupas que lhe trouxe, e deixarei meu número pregado na geladeira para qualquer coisa. Pedirei com urgência que enviem uma enfermeira de plantão e voltarei o mais rápido que puder. – Ela disse friamente, creio que feri seus sentimentos com meu mal uso de palavras.

– Desculpa... – Minha voz saiu falha e tão baixa que ela provavelmente nem deve ter escutado, pois no mesmo instante saiu do quarto e me deixou sozinha, mergulhando em meus pensamentos.

***

O maior erro de minha vida. Eu estou prestes a cometer o maior erro de minha vida. Eu, Kagamine Rin estou prestes a cometer o maior erro de minha vida.

Eu não parava de repetir estas palavras mentalmente antes de sair de casa. Oh, Deus! O que eu estava fazendo... Se antes eu não tinha dignidade, agora que não terei mesmo.

Eu estava prestes a vender meu corpo, como as pessoas dizem... Virar uma garota de programa? Me prostituir? Sim, eu estava prestes a me tornar uma puta. Tudo o que minha mãe nunca desejaria em nenhuma hipótese para uma filha dela. Mas o que eu deveria fazer? Não tinha escolha. Eu tenho apenas 14 anos e tenho que cuidar de uma casa, que inclui: pagar aluguel, conta de luz, água, imposto, gasto com produtos de higiene, os remédios de minha avó, tratamento de minha mãe... Muita coisa, certo? E não poderia trabalhar legalmente, afinal não curso o primeiro ano do médio, o que me resta a escolha de trabalhar em um trabalho ilegal.

Tive de sair de meu antigo colégio pela alta taxa de mensalidade para economizar, e entrei em um colégio público. Sabe o que me dói? Ninguém daquele meu colégio ter ligado para mim para perguntar como eu estava. Todos eram uns esnobes que só se importavam com o próprio nariz! Isso inclui meu irmão... Depois da separação de nossos pais, ele nunca mais entrou em contato, não mandou cartas nem telefonemas, não cumpriu nada do que prometera.

Quanto ao meu pai, casou com aquela maldita amante dele depois da separação além de ter levado quase toda nossa fortuna, deixando apenas este apartamento velho com mobilhas que ele provavelmente comprara em uma venda e garagem qualquer e uma pensãozinha ridícula que não paga direito nem os gastos do mês.

Se ele nunca tivesse a abandonado, minha vida seria diferente.

– Rin! Rin! – Gritava minha avó a minha procura do outro lado da casa. – Onde está você?! Rin!

– Aqui vovó. – Caminhei ao seu encontro com passos rápidos, e lá estava ela apoiando seu corpo na parede e segurando um chinelo em uma das mãos.

– Rin... – Disse entre dentes. – Onde pensa que vai?

– Vou sair, mas prometo voltar o mais cedo que eu puder. – Falei no tom mais respeitoso que podia.

Ela ergueu o chinelo e jogou em mim, acertando em cheio meu rosto. Caí de joelhos no chão com o rosto entre as mãos. Merda, como doía...

– Rin! Rin! Você é uma inútil! Vai deixar sua mãe só em casa?! E quanto a mim Rin?! Quanto a mim!? Quem cuidará de mim!? – Ela gritava e apontava com o indicador para si mesma, provavelmente ela estava entre mais um de seus surtos de estresse.

Na verdade quem deveria estar cuidando de alguém aqui era ela.

Quanta humilhação... Deus,eu mereço isso?

As lágrimas escorriam de meu rosto sem que eu mesma nem percebesse. Levantei do chão com dificuldades e senti outro chinelo ser arremessado contra mim, desta vez acertando minhas coxas. Permaneci em silêncio enquanto ela se esgoelava de gritar comigo, e tudo o que fiz foi sair e deixa-la trancada sozinha em casa e assim parti para meu novo “emprego”.

O maior erro de minha vida... O maior erro de minha vida... O maior erro de minha vida...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem e não esqueçam de favoritar ali em cima! >/////



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Acorde" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.