Perder você escrita por Mariii


Capítulo 2
Protegê-la


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem! Talvez queiram me matar, mas faz parte... hauahauhau



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– Mary! Como você está? Já está de volta a Londres? – Molly atendeu o celular, surpresa por ser Mary, que tinha ido passar sua lua de mel fora do país.

– Hey, Molly! Sim, voltamos ontem! Estou bem. Não poderia estar melhor, mas também estou morrendo de saudades de vocês todos.

– Eu também! Nossa, nem parece q foram só duas semanas. Parece que estamos há eras sem nos falar.

– Também tenho essa impressão. Escuta, você vai para o hospital hoje, Molly?

– Só mais tarde. Farei plantão na noite de hoje. Por quê?

– Estava pensando em dar um pulo até a sua casa, preciso conversar com você.

Nessa última frase, Mary soava preocupada e Molly já conseguiu imaginar do que essa conversa iria se tratar. Não conseguiu segurar um suspiro.

– Pode vir, Mary. Estarei desocupada por praticamente o dia todo.

– Em uma hora eu passo aí, então.

Molly desligou o telefone, e tendo uma hora livre antes da chegada de Mary decidiu que 30 minutos de caminhada faria bem para ela e então aproveitaria para comprar algo para as duas comerem. Vinha se exercitando mais de uns tempos pra cá, ajudava a ocupar a mente e isso era tudo o que ela precisava no momento.

Depois que Sherlock a deixou no casamento, Molly chorou por alguns momentos, e decidiu que essas seriam as últimas lágrimas que perderia por conta dele. Se ele queria evita-la, pois bem, que assim fosse. Não perderia mais tempo pensando sobre isso, o que tivesse que acontecer, aconteceria. Ele era adulto suficiente para tomar decisões, e a dela estava tomada. Seria forte.

Enquanto caminhava por sua rua, já voltando para casa, viu que estava se mudando um novo vizinho, somente algumas casas após o prédio dela. Molly não pode deixar de reparar que ele era muito interessante. “Hum... de repente algo do céu está caindo para mim.”

Um rápido olhar mostrou que ele não usava aliança. Grandes chances de ser solteiro e isso animou Molly, apesar de saber que só estava se enganando. Ainda por cima, o coitado do rapaz estava com o braço direito imobilizado com gesso, o que dificultava bastante ele a retirar suas malas do carro. Quando Molly passou por ele, ele lhe deu bom dia e sorriu. Ela retribuiu e pensou que poderia ajuda-lo com as malas, porém já estava ficando atrasada para receber Mary. “Outras oportunidades virão”, pensou Molly, “E então talvez eu já esteja recuperada.”.

~***~

– Molly! Que saudades! – Mary tinha se tornado grande amiga de Molly. Tinham se conhecido através de John, quando Sherlock estava falsamente morto. A empatia foi instantânea, e sua experiência lhe dizia que Molly escondia algo. Quando descobriu que Molly tinha ajudado na pequena peça de Sherlock, Mary percebeu o quão fundo eram os sentimentos de Molly. O carinho que sentia por ela aumentou depois de saber tudo que ela fez sem exigir nada em troca, e desde então a amizade delas só aumentou.

Quando Mary conheceu Sherlock, não demorou a perceber que a frieza que John dizia ser a característica principal de Sherlock não existia quando o assunto era Molly. Quando os viu junto no casamento, achou que finalmente as coisas dariam certo. Como era de se esperar, Sherlock estragou tudo.

Conversou com Sherlock quando voltou de sua lua de mel. John quis que passassem no apartamento de Sherlock para vê-lo, principalmente depois que contou a ele o que tinha acontecido na festa de casamento entre seu amigo e Molly.

~***~

No dia anterior.

– Sherlock, o que diabos você fez que estragou tudo? – John indagou, deixando Sherlock surpreso, e isso era muito raro.

“Droga, sabia que Mary perceberia tudo e contaria a John. Essa conversa definitivamente não era para estar acontecendo.” – Pensamentos passavam rapidamente pela mente de Sherlock, e ele não queria falar sobre isso com ninguém.

– Do que está falando, John?

“Muito inteligente, Sherlock. Vamos ganhar tempo. Eles não vão desistir até conseguir as respostas que querem.”

– Não se finja de bobo, Sherlock. Isso nós sabemos que você não é. Mas caso seu brilhante cérebro tenha falhado, eu relembro você. Molly, Sherlock. Molly. O que você fez com ela? – Mary estava ficando irritada, e com isso demonstrava sua lealdade a Molly, iria defende-la como podia.

– Dancei.

Sherlock viu Mary começar a ficar vermelha com a irritação crescente e John estava com uma expressão de indignação. A conversa não estava indo bem. John e Mary ainda não se conformavam em como Sherlock podia ser arrogante e infantil ao mesmo tempo.

– No que você estava pensando, Sherlock? Molly ama você. John, como você o aguenta?

– No que estava pensando quando dancei? Realmente não me lembro. – Sherlock deu um sorriso irônico para Mary.

“Até eu quero me matar agora, Mary, você não é a única.” Ele só queria escapar daquela conversa. Petulância era o meio de fuga que Sherlock conhecia.

Mary olhou derrotada para Sherlock. Sabia que ele não ia ceder nesse joguinho infantil que criou. Percebeu que ele está começando a ficar irritado também, assim como ela já estava.

– Sherlock, por mais que você não admita, eu sei que algo mudou em relação a Molly. Então, por que, Sherlock? Será que você pode me responder ao menos isso? Olhe pra mim, por quê?

– Mary, vamos lá, eu não sinto nada por...

– Não me ofenda, Sherlock. Eu quero a verdade. Por quê?

Sherlock encarou Mary por alguns longos segundos. Mary estreitou os olhos, a compreensão não demorou a chegar e sua expressão suavizou.

– Hey, o que está rolando entre vocês? – John, por sua vez, não entendia o que se passava entre os dois “psicopatas” de sua vida.

– Você quer protegê-la... – Mary disse isso num sussurro, e John arregalou os olhos ao perceber o real motivo de seu amigo.

– Sherlock, ela não é tão indefesa e inocente quanto você pensa, por favor.

– Mary, esse assunto está fora de discussão.

“Raios, fizeram com que eu assumisse algo que eu nunca imaginaria que fosse sentir, muito menos falar em voz alta. O que está acontecendo com o mundo?” Nesse momento ouviu seu celular apitar, quando leu a mensagem, agradeceu aos céus. Lestrade o chamava para um caso.

– Preciso ir, foi bom ver vocês novamente. – E partiu, deixando John e Mary sem ação na sala do apartamento 221B.

~***~

Após conversarem sobre amenidades no apartamento de Molly, Mary decidiu ir direto ao assunto.

– Molly, preciso te pedir uma coisa.

– Hum? – Molly prendeu a respiração, percebeu que finalmente a amiga ia falar do assunto que a levou até ali.

– Queria te pedir... Eu sei que as coisas deram errado... Mas queria te pedir para que não desista de Sherlock. Ele precisa de uma chance, Molly.

“Oi? Será que eu ouvi errado?”

– Mary, acho que não entendi bem. Você quer que eu não desista dele? Que eu dê uma chance para ele? Será que não seria o contrário? Não estou entendendo, de verdade. Eu fiz o que pude, Mary. – Estava descrente e bufou para a amiga. Não acreditava que estavam dizendo isso justo para ela, que durante anos ficou atrás de Sherlock, que finalmente conseguiu demonstrar o que sentia, dizer com todas as letras, e em resposta foi menosprezada.

– Molly, ele sente algo por você. Eu vi. Mas ele acha que tem a obrigação de proteger você. Para ele, isso é mais importante que todo o resto.

– E eu não tenho o direito de fazer minhas escolhas? Você sabe muito bem que eu consigo me virar sozinha. Ele vai me proteger de um atropelamento ou de algum raio que decida cair na minha cabeça? – Molly estava indignada, estava ferida. Irritava-a quando a tratavam como uma criança indefesa, que não podia tomar suas decisões.

Mary sorriu.

– Eu sei, Molly. Me falaram que você está se saindo muito bem nas aulas de defesa pessoal e tiro. Mas mesmo que Sherlock soubesse disso, não seria suficiente para ele.

– Não posso fazer mais nada, Mary, sinto muito.

– John também não concorda com as atitudes dele. Nesse exato momento está com ele, tentando enfiar alguma coisa naquela cabeça dura.

– Quer saber, Mary? Eu não estou interessada. Vou seguir com minha vida, conhecer pessoas novas. Por sinal, um vizinho muito interessante acabou de se mudar. E não quero mais saber, só isso.

– Não, Molly, me escuta...

Nesse momento o celular de Molly apitou, a chamando para realizar exames urgentes em um corpo que acabara de chegar ao hospital.

– Sinto muito, Mary, tenho que ir.

~***~

Em Baker Street John tentava, sem sucesso, convencer Sherlock a falar sobre o assunto.

– Por Deus, Sherlock. Você vai ignorar Molly para sempre?

– Sim. Ou melhor, não.

Sherlock acabava de receber uma mensagem sobre um assassinato, e a responsável pelos exames preliminares na vítima seria Molly. “Droga!”

~***~

Molly finalizava os exames iniciais quando Sherlock adentrou a sala.

– Molly.

– Sherlock.

Sherlock não imaginava que sentiria tantos sentimentos misturados ao vê-la. Ao mesmo tempo em que estava feliz, se sentiu vazio por não poder tocá-la. Por não poder ao menos ter uma daquelas conversas leves que eles tinham até tão pouco tempo atrás, onde ela arrancava risos espontâneos dele com tanta facilidade. A dor o perfurou. Desconhecia essa dor, e decidiu que era a mais forte que já tinha sentido.

Ela não sabia como reagiria, por mais que tinha decidido não bancar mais a apaixonada, não o tinha visto desde o casamento. No geral, conseguiu disfarçar bem o constrangimento. Decidiu que agiria friamente, ele merecia isso. Sherlock Holmes aprenderia por bem ou por mal.

– Os exames preliminares já estão prontos? – Indagou Sherlock.

– Sim, estão naquela pasta. – Molly apontou para uma pasta em cima da mesa que ficava próxima a porta.

Observou enquanto Sherlock examinava a vítima, com seu jeito peculiar de procurar evidências. Ele era lindo, e ela estava ficando sufocada. Precisava que ele fosse embora, nunca quis tanto que ele acabasse logo o exame e partisse.

Não demorou muito até que ele pegasse a pasta que ela indicou e se dirigisse a saída. Quando chegou a porta, Sherlock estancou. Molly ergueu uma das sobrancelhas. “Ai meu Deus, o que será que vem agora?”.

Sherlock se virou e a encarou.

– Molly...

– Esqueceu algo, Sherlock?

– Não, mas...

– Então nós acabamos por aqui. Até mais.

Sherlock sentiu-se desabar. Mas não demonstraria isso, jamais. Nunca tinha visto Molly tão fria. A única coisa que passava pela sua cabeça era “o que foi que fiz?”.

Ele assentiu para ela e saiu. Molly sentia seu coração quebrado em tantas partes que lhe era impossível contar. Sentiu impulso de ir atrás dele, mas não podia ser assim. E não seria.

~***~

Molly só saiu no outro dia de manhã do hospital, após cumprir seu plantão. Morava perto do hospital, portanto decidiu caminhar.

Sentia-se triste, machucada. Não sabia mais se estava agindo da maneira correta. Talvez Mary estivesse certa. Sherlock não tinha uma personalidade fácil e, de repente, precisava de mais tempo, de mais insistência da parte dela. Molly precisava pensar, precisava de umas boas horas de sono e muito chocolate.

Avistando seu apartamento, sentiu vontade de correr até ele, se trancar e não sair por uma semana, pelo menos. Mas, quando olhou com mais atenção viu seu novo vizinho tentando colocar uma mesa em um furgão de mudanças. O braço quebrado e engessado o atrapalhava na tarefa e ele estava com muitas dificuldades. “Céus, para algumas pessoas o dia começou pior que o meu.”

Sentiu pena do seu novo vizinho. Suor escorria pela face dele com o esforço de colocar a mesa no furgão. E a toda hora a mesa caia de volta para a calçada e ele tinha que recomeçar. Quando Molly estava passando por ele, recebeu um sorriso, igual a primeira vez que tinham se visto.

– Graças aos céus você apareceu! Se importa de me dar uma mãozinha? – Olhou sorrindo para o seu braço engessado, indicando a ironia de sua frase.

– Claro que sim, sem problemas. – Molly estava extremamente cansada, mas não custava fazer uma caridade por alguém machucado.

– Muito obrigado! Não sei se conseguiria sem uma ajuda. Você poderia entrar no furgão e puxar a mesa enquanto eu a levanto?

Quando Molly adentrou o furgão, um pensamento passou veloz por sua mente. “Se ele está se mudando para cá, porque está colocando a mesa no carro e não retirando?”

Talvez o cansaço e a preocupação com Sherlock a impediram de perceber esse detalhe até que já estivesse dentro do furgão.

Não teve tempo de refletir sobre o fato antes de sentir o gesso contra seu rosto e sangue jorrando de seu nariz. Molly caiu, sua cabeça bateu no chão. Uma dor insuportável dominava toda sua face. Percebeu a mesa sendo colocada no furgão e a porta se fechar. Percebeu que perdia os sentidos. O sangue a fazia engasgar.

“Não, por favor, me tire daqui.”

Então, tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

:D

Posso continuar viva?
Comentem, por favor! Façam uma pessoa feliz...rs