About Us escrita por Rayssa


Capítulo 5
Breathe Again


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu demorei .-. Mas, estou atolada de coisa da faculdade e.e Esse é o penúltimo capítulo .-. Espero que gostem sz



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A menina encarou o espelho, vendo a imagem que nele se formava. Ela estava lá, com os cabelos presos, e as roupas sem graça. Seus olhos estavam sem vida, não era lá que ela queria estar. Não deveria ter escolhido ser professora. Não deveria ter escolhido aquilo. Não. Não deveria... As lágrimas se formaram em seus olhos, e ela piscou várias vezes, para que elas não descessem. Havia feito uma escolha, e teria que arcar com suas consequências.

Respirou fundo, antes de sair de seu quarto, em direção as masmorras. Durante todo o seu caminho, percebeu uma certa agitação entre os alunos, uma agitação que ela assimilou ao primeiro dia de aula. Contudo, tinha a impressão de que algo estava errado, já que haviam muitos olhares em sua direção.

Ignorou tudo, apenas seguiu o seu caminho tranquilamente.

(...)

Se sentiu estranho por estar naquele comboio outra vez, após tantos anos. Mas, estava feliz por estar ali. Tudo estava prestes a mudar.

(...)

A aula havia sido exatamente como esperara. Os alunos pareciam animados com a forma que ela dava aula – nada que ela não esperasse, já que passara anos ensinando a seu irmão mais novo – e alguns meninos de corvinal pareciam particularmente interessados nela. Havia até recebido um bilhetinho anônimo, que dizia que ele era apaixonado por ela, desde de seu primeiro ano, quando ela ainda estudava e fazia o sétimo ano.

Isso havia animado a ruiva, mais do que ela esperava. Entretanto, continuava com aquele buraco dentre de si, e uma saudade abrasadora de seus familiares e, principalmente, de Scorpius.

Não estava com estomago para almoçar, por isso, decidiu ficar em seu quarto, e ler um pouco. Ficou em dúvida sobre o que ler, inicialmente, pensou em ler o profeta diário, mas aquilo iria a lembrar mais de Scorpius, e ela não queria isso. Então, já que era professora de poções, decidiu que iria estudar um pouco mais, precisava manter a matéria fresca em sua mente, antes de ir para a segunda rodada de aulas.

(...)

O loiro encarava a cabine com um sorriso nos lábios. Passara tanto tempo ali, tantas memórias que ele nunca poderia deixar para trás. Memórias que sempre fizeram parte dele. Ele crescera tanto nos últimos anos. Mas havia uma memória especial sobre esse comboio.

“Por conta do acidente, as aulas haviam acabado mais cedo. Rose se afastava cada vez mais de seus primos, e isso incomodava Scorpius de um jeito que ele não esperava que fosse acontecer. E naquele dia, enquanto ela encarava a janela, mesmo a odiando, o garoto entrou na cabine, e sentou-se em sua frente.

– Rose... – chamou, e ela o ignorou completamente. – Eu vou estar aqui, se precisar conversar, ok? – a ruiva assentiu, sem tirar os olhos da janela.

Eles não trocaram palavras durantes todo o trajeto. E mesmo ela não tendo tirado os olhos da janela, ele não tirou os olhos dela. Durante toda a viagem. Eles ficaram lá. Calados. Com seus diferentes mundos, presos em um.”

(...)

A segunda remessa de aulas fora tão fáceis como a primeira. Todos ficaram encantados com a nova professora de poções. Incrivelmente jovem, bela e esperta. Mas já era o final do dia, e a fabulosa professora estava tão cansada, que mal podia escrever o seu nome. E se não fosse pelo fato de não ter almoçado, com certeza, não teria ido jantar.

Sentou-se com os outros professores. Sabia que todos os olhares se dirigiam a ela, e isso a incomodava bastante. Conversou com alguns professores, entretanto, evitou falar muita coisa, não estava animada o bastante para entrar em uma conversar eufórica. A pessoa com quem mais conversou, foi Neville, que se sentara ao seu lado.

– Ah, Rose... – ele chamou, quando ela estava ficando de pé, para sair. – Tem uma matéria muito legal sobre a poção da verdade no paquim, dá uma olhada. – o homem pegou o jornal, que, por algum motivo que a ruiva desconhecia, estava sobre o seu colo.

– Obrigada Neville. – sorriu gentilmente, e pegou o pasquim. – Te vejo amanhã. – após dizer isso, virou-se sobre seus calcanhares, caminhando para fora dali.

(...)

Scorpius abriu um grande sorriso, ao ver aquelas letras cravadas ao lado da janela da cabine. Quase não acreditava que aquela era a mesma cabine que, quando estavam no quinto ano, Hugo cravou as iniciais de Rose e Scorpius ao lado da janela, dizendo que, um dia, eles ficariam juntos, e que aquele seria o símbolo do amor dos dois.

O homem levantou-se, e andou até o local, tocando as duas letras, deixando que aquele calor aquecesse o seu coração. Queria tanto que o garoto estivesse certo. Queria muito ficar com Rose. Estava completamente apaixonado por ela. Sentindo um amor que nunca pensara que iria sentir, algo muito maior do que aquilo que sentira por Deenise.

O expresso apitou, significando que iria parar em breve.

(...)

Rose estava deitada em sua cama, com o jornal jogado ao seu lado, e olhando para o teto, como se aquilo fosse algo interessante. Seus dias de gloria, foram os dias em que estudara naquela escola, então, era para se sentir bem, feliz. Aquele vazio... Não podia mais continuar ali. Apenas bons momentos deveriam estar ali. Momentos maravilhosos.

Após um suspiro pesado, a mulher pegou o jornal ao seu lado, e decidiu que, quanto mais rápido lesse, mais rápido poderia ir dormir. Contudo, assim que olhou para a primeira página, seu coração parecia ter falhado. Não podia ser, não, não, não.

Com as mãos trêmulas, tentou segurar firme as folhas, e com os olhos arregalados, passou a ler o que estava escrito ali. E a cada palavra que passava, o seu coração acelerava mais, fazendo com que a garota se sentasse. Boquiaberta e com os olhos cheios de lágrimas – que ousavam descer sem sua permissão – leu o artigo que ela mesma escrevera, alguns anos atrás, até o fim.

Após terminar, fechou o jornal, e ficou lá, parada, encarando o nada.

Passou um bom tempo assim, tentando assimilar como seu artigo fora parar no jornal, até que batidas na porta a fizeram sair do transe.

Passou as mãos pelo rosto, tentando enxugar as lágrimas, e parecer mais apresentável. Entretanto, as batidas voltaram, dessa vez, mais fortes. A mulher levantou rapidamente, era tarde e isso era sinal de urgência.

Arrumou suas roupas, no intuito de desamassa-las. E tentou ficar mais apresentável no caminho até a porta. Parou em frente a mesma, respirou fundo e abriu.

Imediatamente, gelou.

– Boa noite senhorita... – cumprimentou o homem, formalmente. – Eu vim me apresentar, eu sou o novo medibruxo da escola. – os olhos do homem lhe desafiavam, fazendo uma gargalhada nervosa escapar pelos seus lábios.

Inacreditável.

– Não vai se apresentar? – mas o que veio a seguir, nenhum dos dois estavam esperando. Rose se lançou nos braços do homem, apertando-o contra si.

O homem não hesitou em aperta-la de volta, estava sedento pelo cheiro da ruiva a sua frente, pelo toque, pelo abraço, por aquela intimidade que só eles dois sabiam que tinham. Ela encaixou seu rosto na curvatura do pescoço dele, respirando o cheiro que o loiro inebriava. Ambos sentiam-se mais confortável com a presença do outro.

– Eu senti sua falta. – sussurrou o homem, levando a mão aos cabelos dela, e afastando-se um pouco, para poder beija-los.

– Eu também... – sussurrou. – você não faz ideia. – o sussurro saiu ainda mais baixo, fazendo o homem aperta-la ainda mais contra si.

– Parece até que faz anos que não vemos... – brincou, enquanto enrolava os dedos entre os cabelos ruivos da garota.

– Não parece que nos vimos antes de ontem, nem pensar. – sentir aquela proximidade, aqueles braços ao seu redor, enchia qualquer espaço vazio que ela poderia sentir. Se sentia segura, como se aquele fosse o seu verdadeiro lugar.

Então, ela lembrou. Sua primeira e mais rápida reação, foi empurra-lo longe.

– QUAL O SEU PROBLEMA?! – berrou, sem se importar de se outros poderiam ouvi-la. – VOCÊ É INACREDITÁVEL. EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO! – exclamou, sentindo seu corpo voltar a tremer, sentia-se traída. Um dor tão grande quanto a de ter feito o que fizera.

– Rose... – a voz do homem era controlada, contudo, seus olhos mostravam o nervosismo e o medo que sentia naquele momento. – Eu precisava fazer isso. – tentou toca-la e recebeu outro empurrão como resposta.

Sem querer, deixou que um sorriso abrisse em seus lábios. Lá estava ela, a Rose que ele queria vê-la. Com sua personalidade forte e desejo de manter o controle. Seus olhos demonstravam a fúria de emoções que nunca fora capaz de soltar, uma avalanche de emoções que estava a ponto de entrar em colapso. Sua real personalidade contra a sua culpa. Ele podia finalmente ver. Então, sem se conter, gargalhou.

– E VOCÊ AINDA RIR? E TEM A CARA DE PAU DE VIR AQUI? – a cada segundo, a raiva dela aumentava. – NÃO ACREDITO QUE FUI CAPAZ DE ME APAIXONAR POR VOCÊ. – e com essa afirmação, ele não hesitou em puxa-la para si, colando seus lábios nos dela.

Foi algo rápido. Um simples beijo.

Após o beijo, a mulher ficou parada, sem reações positivas ou negativas. Apenas tentando processar o que acabara de acontecer. Ele havia a beijado, mais um vez, dessa vez havia sido algo rápido, e que provocara uma sensação ainda melhor do que da primeira vez. Um arrepio por sua espinha e a sensação de que era amada de uma forma desconhecida por si. Não havia mais fúria em seus olhos, não havia mais nada, estavam opacos, como se todo o seu brilho tivesse sido roubado.

– Rose? – o homem estava claramente preocupado. Mas ouvi aquela voz fora a gota d’água. Os olhos da ruiva ficaram cobertos de água e, em menos de um segundo, as lágrimas começaram a descer, com soluços irrompendo de sua garganta.

Scorpius passou os braços ao redor dela, abraçando-a, o mais forte que podia. Se ele pudesse, tomaria o coração quebrado da mulher em seus braços, e o corrigiria com as próprias mãos, cuidando para que ele não ficasse com nenhuma cicatriz. E nunca deixaria que ninguém machuca-lo outra vez, protegendo-o com o seu próprio coração.

Ele não podia fazer isso. Mesmo que ela deixasse, seria impossível que ela não possuísse cicatrizes, e que ela mesma não se machucasse. Rose nunca seria como as outras garotas, e ele sabia disso. Isso não significava que ela não poderia ser feliz, e ter uma boa vida, ao lado de alguém que ela amasse. Significava exatamente o contrário. Ela precisava que alguém cuidasse dela, que alguém limpasse suas feridas, e a ajudasse a se recuperar, aos poucos. Alguém que aguentaria quando suas cicatrizes fossem reabertas, e ela caísse novamente em seus prantos.

Scorpius era esse alguém, e ela podia sentir isso agora.

– Está tudo bem... – a voz dele começou a reconforta-la. Os soluços começaram a diminuir. – E eu estou aqui... – colou os lábios na cabeça dela. Juntou mais os corpos, como se pudesse coloca-la dentro de si, e não deixa que nada a tocasse. – eu sempre estarei, te prometo isso. – sussurrou contra sua testa. E mesmo com as lágrimas ainda descendo, um leve sorriso surgiu nos lábios dela.

– Já disse que você é maluco? – sua voz era trêmula e fez um grande sorriso surgi nos lábios dele. – Só alguém muito louco para me prometer algo assim. – sua voz era sussurrada, quase como se não conseguisse falar. – Sabendo como eu sou, e de que eu preciso de você para viver... – sua voz ia ficando cada vez mais firme, assim como o aperto de Scorpius. – assim como eu preciso de ar. – aquilo era absolutamente verdade, pois, nas últimas semanas, ela não vivera, nem mesmo por um segundo, apenas sobrevivera.

E estar ao lado dele, era como respirar novamente.

Sentia-se viva.

– Se ser maluco vai me fazer ficar ao seu lado, eu não me incomodo nenhum pouco. – colocou o queixo sobre a cabeça dela, segurando as lágrimas que se formavam nos cantos de seus olhos.

Passaram um tempo assim. Quietos, apenas aproveitando um ao outro. Não haviam barreiras. Aquela era a mais verdadeira Rose que ele poderia encontrar no momento. Agora ela podia ver. Durante todos aqueles anos se odiando, eles criaram um laço silencioso, onde os dois conheciam um ao outro de uma forma única. Havia uma cumplicidade única. Hugo estava certo, eles realmente eram feitos um para o outro.

– Hugo... – pronunciou baixinho, percebendo todo o horror que aquela palavra significava. Seus olhos se arregalaram, e seu corpo se retesou. Scorpius intensificou o abraço, para que ela não desabasse outra vez.

– Foi ele quem publicou o artigo. – a afirmação do homem, fez com que a ruiva arregalasse os olhos, e se afastasse um pouco, para ver se ele falava a verdade. Seus olhos eram impassíveis, não havia mentira.

– O que...? – seus olhos estavam cheios de lágrimas mais uma vez.

– Eu nunca faria isso sem a aprovação dele... – suspirou pesadamente, soltando a garota. – Ele precisava saber como você se sentia, para mostrar que não se importava com isso, e você finalmente estar livre para se perdoar. – apesar de as lágrimas estarem prontas para sair, ela não permitiu. Estava cansada de chorar, e pronta para aceitar o que estava por vir, pronta para voltar a vida.

(...)

– Você deveria tomar mais cuidado campeão! – afirmou o loiro, enquanto o garoto tomava a poção que iria transformar as escamas em pele novamente. – Nada de bebê poções que não estão em perfeito estado. – balançou a cabeça. Se te contassem que ser o medibruxo de uma escola de mágica dava tanto trabalho, ele provavelmente não acreditaria. Todavia, os alunos dos dois primeiros anos tinham uma capacidade fora do comum de fazer coisas estupidas.

– Obrigado Senhor Malfoy. – o homem negou com a cabeça.

– Não venha com essa de Senhor... – revirou os olhos e sorriu amigavelmente para o garoto. – Apenas Scorpius, entendeu? – o menino olhou para a escamas, que já estavam mais parecidas com pele.

– Tudo bem, valeu Scorpius. – após dizer isso, levantou-se e saiu, quase correndo, da enfermaria. Recebendo um olhar reprovador do loiro, que logo se tornou surpreso, ao ver uma certa ruiva, encostada na porta da enfermaria.

– Rose... – ela sorriu gentilmente, e aproximou-se do loiro.

– Você tem jeito com as crianças. – deu de ombros, querendo passar uma certa indiferença, o que era impossível, já que seus olhos estavam cheios de admiração.

Obrigado. – suspirou pesadamente, se encostando em uma das macas. – O que faz por aqui? – perguntou despojadamente, esperando que sua ansiedade não fosse vista.

– Eu queria falar com você... – sussurrou, claramente nervosa.

– Estou ouvindo. – o loiro passou a encara-la, no intuito de instiga-la.

Ela abaixou a cabeça.

– So-sobre nós dois... – gaguejou. – Eu só... – ela não precisava falar mais nada. O homem passou os braços ao redor dos ombros dela, puxando-a para si.

– Não precisa... – sussurrou em seu ouvido. – Se você não quer nada comigo, seja por qual motivo for, saiba que não fiz nada disso para conquistar o seu coração. Eu só quero que você seja feliz. – a ruiva apertou-se mais a ao homem, e aproximou seus lábios do ouvido dele.

– Só preciso de um tempo, para me acostumar com tudo isso. – um sorriso se apoderou de seus lábios.

Não importava se ela o queria, ou não. Ele só a queria feliz.

– Todo o tempo que precisar. – ela se afastou hesitante.

– Eu aceitei... – sussurrou mais uma vez – aceitei a proposta do Lysander. Eu vou trabalhar para o Pasquim. – um sorriso enorme surgiu nos lábios do loiro.

– É uma pena, porque o Zabini me enviou uma carta... – ele balançou sua capa, no intuito de desamassa-la, após o abraço. – A noiva dele quer que você trabalhe para ela no profeta diário. – Rose franziu o nariz. Ela não queria ser escritora de lá, não mais.

– Você poderia dizer a ele que não estou interessada? – perguntou em um tom animado, que fez o loiro arregalar os olhos e cair na gargalhada.

– Você não vai querer? – ela negou com a cabeça. – Por que? – a mulher deu de ombros.

– Eu não pertenço a aquele lugar. – aproximou-se do loiro e beijou sua bochecha. – Tenho que ir, tenho uma aula em cinco minutos. – um sorrisinho apareceu em seus lábios, enquanto ela se virava.

Rose não pertencia aquele lugar. Sonhara, por muito anos, em trabalhar para o profeta diário... E agora, não. Era simples assim. Não havia mais nada. Ela deixou que aquilo ficasse para trás, para o passado.

O mesmo lugar para onde seus demônios estavam indo.


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Notas finais do capítulo

QUEM NÃO QUER ME MATAR, GRITA: EUUUU! KKKKKKKKKKKKKKK, brincadeirinha.
E ai, o que acharam? Valeu a pena esperar?
Beijooooooos ;***



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