Pov. Clove

Mais uma vez, eu estou atrasada para aula, não sei nem por que me surpreendo. Corri pra sala assim que botei o pé na escola, passei pelos corredores totalmente vazios, parei no meu armário e peguei os livros da próxima aula. Ouvi passos se aproximando e sai correndo, pois sabia que era a inspetora. Bati na porta da sala e coloquei a cabeça pra dentro.

- Pode entrar? – Perguntei presumindo que levaria um grande NÃO.

- Posso saber o motivo do atraso? – Perguntou a Professora me olhando.

- Motivos particulares. – Falei sem paciência.

- E quais motivos seriam esses?

- Pode entrar ou não? – Perguntei ignorando sua pergunta anterior. Ela me encarou e sorriu de canto.

- Claro, mas da próxima vez só entrara no segundo horário. – Disse firme. Entrei e fui andando calmamente ate a cadeira. – Ande mais rápido Sra. Fuhrman, não posso esperar sua boa vontade.

Fuzilei-lhe com o olhar e sentei na cadeira ao lado da minha melhor amiga, Katniss Everdeen. Ela sorriu pra mim e eu dei um sorrisinho sem vontade. Peguei meu caderno na mochila e comecei a desenhar, e fingir que estava copiando o que a megera tinha passado no quadro. Fiquei rabiscando algo no caderno sem prestar atenção em absolutamente NADA do que ela estava falando. De vez em quando levantava o olhar para fingir que estava lhe escutando, o que na verdade eu não estava fazendo, pois estava mais ocupada com os fones de ouvi, escondido em baixo da touca da blusa, ouvindo o novo CD do Paramore, que em minha humilde opinião estava perfeito. Comecei a cantarolar baixinho Future, que era uma das melhores musicas desse álbum, quando katniss me cutucou. Olhei pra ela e vi que a professora estava me olhando, como se esperasse uma resposta pra algo. Discretamente diminui o volume da musica.

- Desculpa, pode repetir a pergunta? – Pedi, tentando disfarçar.

- Sra. Fuhrman, eu já repeti a pergunta três vezes.

- Sim, eu não escutei, será que poderia perguntar de novo? - Olhei para o quadro e vi que tinha sobre os conflitos da Guerra Fria. Bom eu já tinha aprendido sobre isso, na sétima serie. Sei algumas coisas, então se ela perguntar algo difícil eu poderia enrolar.

- Talvez se a Senhorita tirasse os fones do ouvido, talvez me escutasse. – Disse e a sala toda riu. Dei de ombros. – Eu estava perguntando se a senhorita poderia me explicar o porquê da Guerra fria?

E claro que eu sei essa resposta, mas estou com muita preguiça de falar qualquer tipo de coisa. Minha vontade era de responder “Que eu saiba a professora aqui e você, então você deveria me explicar o porquê da guerra” Mas eu sabia que se fizesse isso, provavelmente seria no mínimo expulsa de sala. Então simplesmente dei de ombros e falei que a guerra fria foi um conflito ideológico, onde o EUA era um país capitalista e a União Soviética era Socialista. Foi uma guerra, sem guerra, vamos se disser assim. Não ouve batalha, só meio que uma disputa que no final não teve batalha.

A professora me olhou e voltou a dar a aula. Katniss me encarou com um sorriso, tipo: Mandou bem. E eu apenas dei de ombros. Deitei a cabeça sobre o braço apoiado na cadeira e peguei no sono ouvindo a irritante voz da professora.

Acordei umas horinhas depois com a Katniss me chamando, falando que o professor Felipe já iria entrar na sala. Claro no mesmo instante despertei além do Felipe ser o maior gostoso, ele também não tolera que durmam na aula dele. Não que a aula dele seja chata, e ate legalzinha, mas entre uma aula e um soninho, todos sempre preferem o sono! Então pra que ninguém dormisse na aula, o professor simplesmente colocou a simples regra, quem dormir na aula dele, leva uma linda e bonita advertência pra casa. Então eu simplesmente me espreguicei e sentei direito na cadeira e limpando o rosto.

- Boom Dia galera! – Fê entrou na sala todo animado. Olhei-o de cima a baixo analisando seu corpo totalmente sexy e gostoso.

Ele estava com uma camiseta regata, e uma bermuda cinza. Mordi os lábios imaginando o que poderia fazer com aquele corpinho perfeito. Analisei-o mais uma vez, e então desviei meu olhar de seu corpo escultural quando ouvi a risada da Kat.

- Ta rindo do que? – Perguntei revirando os olhos.

- Você já viu sua cara? Toda vez que o Fê entra na sala você fica com essa cara de “Quero te dar” – Disse Kat rindo.

- “Quero te dar”? Serio isso? – Perguntei parecendo ofendida.

- Muito serio. Melhor você usar um pratinho em baixo do rosto da próxima vez que ele aparecer, pois assim impede a baba de escorrer.

- Nossa Kat, como você é engraçada. – Resmunguei. Ela riu e eu tentei prestar atenção na aula do Felipe.

*****

A aula do Fê foi legal, e consegui prestar um pouquinho de atenção no que ele falava, por mais que meu pensamento estivesse longe, consegui compreender o assunto. Após a aula dele, fomos para o intervalo, corri junto com a Kat pra cantina. Pegamos nossa refeição e fomos para quadra. Sentamos na arquibancada e ficamos olhando os meninos jogando futebol Americano. Ficamos discutindo quem era o menino mais gostoso da escola, quando não tínhamos assunto falávamos disso. Katniss continuava achando Peeta o mais gostoso, já eu discordava, sempre achei o Finnick o mais gostoso de todos.

- Eu ainda acho que o Finnick e o mais gostoso, Kat. – falei observando ele de longe.

- O Finn já é um padrão normal, Clo. Ele está muito manjado, loiro, dos olhos azuis, e surfista. – Disse sem animo. – Que coisa mais original.

- Ah, mas o Peeta também e muito manjado, e eu acho que o Finn não é tão manjado assim, a maioria dos garotos da escola é jogador de futebol, e o Finn é surfista. É ser surfista não e nada manjado. – Falei ainda olhando Finnick de longe.

- Nada manjado? Tem certeza? – Disse ela com som de deboche. – Eu ainda acho o Peeta o mais gostoso.

- Cada um com seus gostos. – Falei rindo.

Finnick olhou em nossa direção e acenou, acenei de volta com um sorriso bobo no rosto. Peeta fez o mesmo e foi à vez da Kat dar um sorriso bobo. Ri com sua cara de palhaça, babando pelo Peeta. Eu sabia que ela tinha uma “Queda”, ou melhor, abismo, por ele. Ficamos mais uns minutos olhando pros garotos, quando o Cato sentou ao meu lado, e me deu um beijo na bochecha.

- Hey gatinha! – Disse me abraçando de lado. – Oi Kat.

- Oi pequeno. – Falei passando a mão por sua cintura e apertando.

- Ei Cato. – Disse Kat dando um sorriso de lado. – Vou dar uma volta depois volto.

Eu e Cato concordamos e após ela sair, ele sentou de frente pra mim. Cato é meu melhor amigo, desde sempre. Conheço-o desde quando me entendo por gente. Fomos criados juntos, minha mãe e a mãe dele trabalhavam juntas, e morávamos no mesmo prédio. Cato foi meu melhor amigo em todos os momentos da minha vida ate hoje, sempre que precisava de algo eu corria ate ele e lhe pedia ajuda, claro que ele sempre me ajudava de bom grado. Foi com ele que chorei quando levei um fora do Marvel, foi o Cato que bateu no Gale quando ele tentou me forçar a ficar com ele. O Cato estava sempre comigo, nos momentos bons assim como nos ruins.

- Conte-me tudo, não me esconda nada. – Falei curiosa pra saber como tinha sido a noite dele – Como foi com a Annie? Rolou? – Ele ficou me olhando calado. – Fala Cato!!

Ele riu e apenas negou com a cabeça.

- Não. Nós acabamos não fazendo nada. – Disse ele com um sorriso de canto.

- POR QUÊ? VOCÊ É GAY? – gritei. – SUA ÚNICA NAMORADA QUE EU GOSTO É APROVO, E VOCÊ NÃO TRANSA COM ELA? TEM CERTEZA QUE VOCÊ É HOMEM? VOCÊ É GAY?

- Ex-namorada Clove. – disse ele calmo. – Nós decidimos terminar. É não, eu não sou gay.

- Ta. Isso está muito confuso, me explique o porquê nesse termino tão de repente. – Falei totalmente confusa.

- Vou explicar calma. – Disse ele rindo. – Olha, eu e a Annie meio que já estávamos em crise, e eu sei que ela não gosta tanto assim de mim, e eu também não sou apaixonado por ela. Você mesma sabe que nosso namoro começou meio que pra eu ajudar ela, e ontem quando nós saímos, conversamos muito sobre tudo, e ela acabou admitindo que não gostava de mim como um namorado e sim como um amigo, e contou que já era apaixonada por outro… - Ele pegou uma bala na mochila e colocou-a na boca e continuou. – Ela então pediu que nós terminássemos e eu aceitei sem problemas nenhum, e ainda disse que ajudaria ela com o tal cara que ela gosta. E foi assim que nós terminamos. Fim.

- Serio? Você é um banana mesmo! – Falei rindo – Um banana, mas um banana fofo!

- Um banana que você ama né? – Disse convencido.

Gargalhei e dei um tapa no seu braço.

- É quem disse que eu te amo? – Perguntei.

- Eu disse. – Sorri de canto e abraçando ele de lado.

- Aham sei... Convencido. – Disse. – Então isso quer dizer que você ainda e virgem?

- E... Sou... – Ele parecia envergonhado com aquilo. – Ta a fim de tirar?

- Eca Cato, nós somos como irmãos. – Falei dando um tapa em sua perna.

Ele riu e disse:

- Calma Clo, eu só tava brincando.

- Brincadeira de mau gosto, se eu não fosse quase sua irmã, ate pensaria na possibilidade de tirar sua cabaça. – disse rindo. Ouvimos o sinal tocar e nos despedimos, estava na hora de voltar pro inferno.