Muse escrita por AloeGreen


Capítulo 23
Capítulo XXIII - Listen To Your Head


Notas iniciais do capítulo

Não demorei muito dessa vez. As ideias estão aflorando em minha cabeça...
Boa noite!



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Muse

“O que já não suportou o couro de minha humildade! Vivo ao pé de minhas alturas: qual é a altura de meu cume? Ninguém me disse ainda. Mas conheço bem os meus vales”

Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)

Capítulo XXIII:

Listen To Your Head

Turno: Sakura Haruno

Colocar as meninas no carro, e leva-las para a casa de Tsunade, enterrando-as nos campos do fundo, foi certamente a melhor coisa a se fazer. Eu não poderia deixar elas ali naquela maldita floresta. Nunca descansariam em paz.

Tsunade está em viagem, portanto, não sabe de todo o ocorrido. E mesmo assim, não acho que ela se preocuparia em ter dois corpos enterrados em seu território. Ás vezes acho que devo contar mais as coisas para ela...

– O que faremos agora, Sakura?- Perguntou Naruto, ainda meio desolado pelo que aconteceu mais cedo. Juntei meu joelhos, e os abracei sentada no sofá. Estava tão quieto e aconchegante ali... Como se tudo estivesse em seu perfeito normal.

– Cuidaremos de você, Konohamaru.- Foi o que pude responder, acariciando docemente os cabelos castanhos do pobre garoto, que tinha a mesma expressão do loiro. Deveria estar mais inconsolável que todos ali. Vi de relance, Naruto abaixar a cabeça e suspirar.- Konohamaru, você pode se servir de qualquer coisa ali na cozinha. Eu e o Naruto temos que conversar lá fora.

– Certo...- O garoto sorriu naturalmente, e pela primeira vez. Estava faminto de certo.

Após o irmão de Ino e Matsuri se levantar, lancei um olhar direito ao Naruto, que os umedeceu rapidamente e se levantou do sofá junto a mim.

Lá fora estava fresco. Era a brisa da noite chegando para dar suas boas vindas. Protegi meus braços num ato, e desci os dois degraus do deque. Fiquei fazendo rabiscos com o pé na terra, procurando saber o que falar. Até que respirei fundo e falei:

– Acho que precisamos de Itachi.- Olhei para o loiro, que ficou confuso, afinal, para quê serviria Itachi, era o que ele se perguntava.

– O que ele tem a ver com isso, Sakura?

– As meninas me disseram, que Itachi já pertenceu á BUNKER.

– Não sabia disso...

– No dia que ele saiu daqui, deixou uma carta. Disse que ficaria fora da cidade, precisava ficar longe dos caçadores. Mas, não disse ao certo para onde iria...

– Mas Sakura, no que ele poderia nos ajudar?- Continuava Naruto.

– Talvez eu esteja sendo egoísta, e despejando toda a minha obrigação em cima das costas dele sem perceber mas, creio que Itachi pode nos ajudar.- Neste instante, olhei para Naruto com veemência.- Ele conhece BUNKER e as pessoas que trabalham lá. Mas antes, precisamos encontrar ele.- Sasuke me passou pela cabeça, e então tornei a entrar na casa. Konohamaru estava no sofá, com um pacote chips na mão. Puxei minha bolso que estava na poltrona de Tsunade, e afundei minha mão lá dentro, procurando pelo meu celular. Com êxito, disquei para o número dele e ouço sua voz do outro lado da linha:

Alô?

Sasuke? Eu e o Naruto precisamos passar aí na sua casa. É assunto sério, Sasuke.

– Tudo bem, tudo bem. Mas o que é? Você saiu sem se despedir hoje de manhã...

– Estamos indo para aí.- Não deu outra, desliguei sem esperar ele responder. Naruto parou bem na porta de entrada vendo que eu terminara de falar com Sasuke.

– E aí?

– Sasuke está em casa. Vamos para lá, mas antes faça uma trouxa de roupas por via das dúvidas.- O loiro concordou, subindo quarto á cima junto á mim. Peguei uma mala razoavelmente pequena e adicionei umas roupas na mesma. Peguei minha escova de dentes e enrolei em um papel, guardando-a dentro da mala também. Ao descer para sala, me deparei com Konohamaru e fiquei pensando em alguma roupa de Naruto que poderia servir nele.

– Konohamaru, vamos lá para cima.- O garoto largou o pacote de chips e subiu comigo para o quarto novamente. Naruto não terminara de fazer a mala.

– Naruto, você tem alguma roupa que possa servir nele?- Fiquei mexendo a boca, esperando ele conseguir achar alguma coisa.

No fim, Konohamaru vestira uma blusa que ficava justa em Naruto, mas que mesmo assim, acabara ficando gigante no garoto. Pelo menos agora estava limpo.

Ajudei Naruto com a mala, e descemos para a sala, onde depositamos as malas ao lado da porta. Lembrei de Tsunade, e providenciei um bilhete para a mesma bem em cima do balcão da cozinha.

Konohamaru adentrou o banco de trás do carro, e eu e Naruto fomos na frente. Gire a chave, mudei a marcha, e aceleramos para fora dali. No caminho, fiquei pensando se teria sido inteligente levar minha katana, no caso de algum imprevisto, entretanto não voltei atrás. A katana... Minha mente me levou no dia em que Ino e Matsuri me presentearam com ela. Obviamente era tudo muito novo para mim, porém, era a realidade no momento e eu precisava de uma arma. Não, uma. A arma. Acho que não sei dizer o quanto sou grata por elas.

Limpei uma lágrima sem pensar, mas não impediu de Naruto me olhar preocupado. Alguns instantes se passaram, e eu ainda sentia seus olhos pregados em mim, assim, não tive paciência:

– O que foi, Naruto?

– Sakura, você lembra como matou aqueles caras lá na floresta?- Eu não esperava por isso. Na verdade, fiquei até incomodada quanto o loiro lembrou-me da cena. O problema era que, eu não me recordava nitidamente do que ocorrera.- Você começou a levitar, e estrangulou um deles, até ser decapitado. O outro, bateu tantas vezes contra uma árvore, que acabou perdendo a consciência e deixou que caísse de trinta metros de altura, para morrer de vez.- Um arrepio subiu pela minha espinha. Eu não me lembrava disso. Mas que merda estava acontecendo?!

– Não, não foi isso.- Descordei, apertando o volante, até os nós da mão ficarem brancos.

– Naquele momento, você se transformou em outra coisa, Sakura. Não era você, eu sei disso.- Me detive nele por um curto momento, tirando os olhos da pista. Tentava recordar do que se passara, mas nada vinha. Naruto voltou os olhos para frente, e eu fiz o mesmo.- O que acontece com você, Sakura?- Indagou o loiro ao meu lado, quase num murmúrio.

Eu não faço ideia, pensei.

Decidi ligar o rádio então. Tocava Alison, de uma banda meio grunge chamada Slowdive. Não deu tempo de eu aprecia-la por muito tempo pois, os portões do casarão Uchiha já se abriam para nós. Estacionei no mesmo lugar de ontem, bem em frente do chafariz. Sasuke descia apressado os curtos degraus da porta principal, indo de encontro com a gente.

– Sakura, Naruto.- E logo olhando atrás de mim, Konohamaru.- e...?

– Longa história. Contamos lá dentro.- Lhe lancei um olhar estreito, adentrando a casa já não tão desarrumada.

– Teme.- Naruto passou pelo mesmo, dando um toque no ombro de Sasuke.

– Dobe.- O moreno fez o mesmo, mas ainda com os olhos pregados em mim e os lábios entreabertos.

Acompanhei Konohamaru com a mão em seu ombro, e nos sentamos no sofá da sala de estar. Naruto ficou recostado á coluna branca, de braços cruzados e seguindo Sasuke com os olhos, que sentou-se frente á mim e irmão de Ino e Matsuri.

– Sasuke, você sabe que eu trabalhava em um shopping de calçados. E, as donas da loja, minhas companheiras de trabalho, eram...- Você não deverá contar a ninguém. Prometa, foram as palavras que surgiram na minha cabeça, no dia em que fiquei sabendo do segredo das irmãs. Entretanto, creio que agora não vale mais.- Elas eram feiticeiras, Sasuke e trabalhavam para a BUNKER, tentando se aproveitar da chance de encontrar o irmão delas que se perdera, o Konohamaru.- Tornei a passar a mão pelos ombros do garoto, que se encolheu após eu citar as irmãs do mesmo.

– BUNKER tava caçando ele?- Perguntou Sasuke, tomando a história.

– Sim, ele é um feiticeiro também.

– Entendo.

– Bom, hoje elas descobriram o paradeiro dele, Sasuke, por uma ficha de procurados no BUNKER. Elas me chamaram para ajuda-las a procura-lo na floresta do Leste. O problema é que não esperávamos encontrar dois caçadores naquela área...- Minha expressão mudou com o caminho da história. Relembrar toda a angustia daquele momento era terrível.

– O que aconteceu?- O moreno suspirou, parecendo se preparar para algo pesado.

– Lutamos contra os dois. Mas não deu. Não deu.- Apertei os lábios. Nada de lágrimas, Sakura, falei a mim mesma.- Morreram. Mas antes, eu prometi a Ino que faria BUNKER cair. Com essas mesmas palavras.- Tive de ser firme. Sasuke passou as mãos pelos cabelos negros, com uma expressão aturdida. Ele mordeu os lábios por alguns segundos, naquela mesma pose de sempre: com os cotovelos apoiados nos joelhos, e os dedos entrelaçados.- Sasuke, precisamos encontrar Itachi.- O moreno voltou ligeiro os olhos para mim após eu citar o irmão.

– Por que? O que Itachi pode ajudar com isso?- Continuava com os olhos sobressaltados, ora em mim e ora em Naruto.

– Itachi já foi um BOONDOCK.

– Foi apenas por uma noite, e nessa noite, ele foi mordido e virou um deles, tendo que sair da cidade, Sakura.- Falou com um tom de voz mais grave, o que me frustou profundamente.

– Eu acredito que ele pode nos ajudar, Sasuke.

– Sakura, você tá brincando com o fogo, sabe?- Espanou as calças e levantou-se, indo até o balcão de bebidas da casa. Pegou um Johnny Walker e derramou o líquido amarelado num copo baixo, finalizando com duas pedras de gelo.- Vai acabar dando briga isso. E acredite, você não quer arrumar briga com esses caras.- Riu fanho.

– Sim, pode haver uma briga. Entretanto, não é isto que procuramos. Deve existir uma alternativa melhor...- Deixei a frase quase pela metade.

– Claro, como sentar e conversar com os caçadores fosse uma opção.- Mais uma vez soltou um riso abafado, o que me fez levantar com a paciência lá embaixo.

– Olha, eu confio mais no seu irmão do que em você. O tempo que a gente passou junto, fez eu acreditar verdadeiramente nele. Se tivermos que lutar, estaremos preparados.- Esbravejei.

O silêncio tomou conta do lugar. Sasuke deixou o ar sair pelas narinas, emburrado. Naruto continuava recostado na coluna com a cabeça baixa. Olhei para Sasuke de baixo, com os punhos serrados.

– Eu tenho um palpite de onde ele esteja. Eu e Itachi fomos uma vez numa cidadezinha em New Hampshire chamada Nashua. É muito provável que ele fora para lá...- O moreno cortou o silêncio, depois de excruciantes segundos.- Eu posso levar vocês até lá.

– Obrigado.- Um enjoo tomou conta de mim, após eu agradecer. Virei de costas para os os meninos, e fiquei próxima á porta janela. Merda, como eu fui arrogante, disse a mim mesma. Perdão, Sasuke.

Sasuke subira para o quarto, deixando novamente aquela sala silenciosa.

– Não precisava falar assim com ele, Sah.- Falou Naruto, de manso. Apenas o olhei, sem qualquer expressão no rosto. Uma lábio acima do outro, o sugando. Arrependida.

Logo mais, Sasuke também voltava com uma mala feita. Deveria ter pelo menos umas três peças de roupa dentro da mesma. Vinha também junto com a chave de um carro.

– Vamos no meu carro.

– Ir no seu ou no meu carro não faz diferença.- Coloquei a mão na cintura.

– Então vamos no meu.- Assentiu Sasuke, com a cabeça, num movimento arrogante como ele era sempre, se tratando de seus carros. Sim, seus. Com “s”.

Saímos da casa e Sasuke trancou a porta da frente, com uma chave do mesmo chaveiro do carro. A garagem se abriu para nós, e visualizamos o KIA Soul dele, um carro suficientemente grande para nós quatro. Transferimos as malas da minha velhinha BMW I 1990 e as colocamos no porta-malas do outro carro. Adentramos, e sem mais delongas, partimos para o possível paradeiro de Itachi.

Já estávamos quase saindo do estado do Maine, quando passamos por uma rua do qual eu me recordava. Após passarmos pelo hospital Goodall, sobressalto do banco e digo:

– Pare o carro, Sasuke!- Dei com as mãos no vidro.

– Por que pediu pra parar o carro?!- Perguntou Sasuke ao meu lado, brecando com toda a força do mundo o carro.

– Tem uma pessoa que precisa ir com a gente.

***

Fake how you want

Fake every last step, just dont fall,

Just don’t fall.

Gold Fields – Trecho de Anxiety


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