American Horror Story Coven - The Aftermath escrita por AHSfan


Capítulo 24
Autobiografia Parte I: Catherine Patlock


Notas iniciais do capítulo

Olá,

Primeiramente, quanto tempo! Voltei a escrever agora que estou de férias e peço minhas mais sinceras desculpas por ter protelado tanto dar continuidade (ou conclusão) a saga das meninas. Enfim, boa leitura!



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Eu sou fogo. Está claro, pra mim, que sempre fui. Não consigo lembrar-me de uma só vez em que este estranho sentimento ardente não esteve presente em mim. Queimando minhas palavras, carbonizando meus gestos e fazendo de mim uma pessoa explosiva. Não menti quando disse que decidi vir para a academia de bruxas meramente porque ouvi falar dela e naquele mesmo dia tomei a precipitada decisão de me mudar. Sim, precipitada. Não conversei com tia Annie pra saber se ela concordaria, só tomei o ônibus que saía de Seattle para New Orleans sem pensar duas vezes. Eu nunca penso duas vezes.
Meu nome é Catherine Patlock e esta é uma parte da minha história.
Nasci em Seattle, a cidade cuja temperatura nunca passa dos ridículos 25 graus. Morei a vida inteira com minha tia Annie, uma senhora simpática que achou graça aos meus olhos e resolveu me adotar quando eu era bebê, por algum motivo que ainda me é desconhecido.
Deixando de lado esse existencialismo de como cheguei ao mundo, uma das minhas mais primordiais lembranças na verdade, é a do dia que escutei Sex Pistols pela primeira vez. Tia Annie é uma daquelas senhoras hippies, cujos cabelos eram longos lisos e loiros, com gostos extravagantes e pouco dinheiro no bolso, mas excelente olho para pessoas. Ela tinha alguns amigos que deixavam LPS na casa e vez por outra, eu, ia até lá e colocava os benditos pra tocar e ficava dançando loucamente, cantando e, inadvertidamente, quebrando inocentes vasos de planta. Nesse dia, quando ouvi as primeiras notas de “Anarchy in the UK”, com a bateria e os primeiros acordes se unindo de uma forma niilista, anárquica e poderosa, eu soube. Eu simplesmente soube que não existiria nenhum outro tipo de música tão poderosa diante de mim.
Desde então pouca coisa mudou, musicalmente falando é claro. Eu evoluí de uma pequena pestinha para uma rebelde sem causa e enfim uma causadora de problemas. Perdi a conta do número de vezes que tive de mudar de escola, até que tia Annie percebeu que o problema não eram as instituições escolares e suas metodologias de lavagem cerebral. Catherine Patlock era o problema. Logo que minha tia Annie levou-me ao que deveria ser uma escola progressista/alternativa/modernista as coisas mudaram. Lá eu conheci a única pessoa capaz de penetrar, sem nenhum tipo de escrúpulos, na estrutura em chamas que sou eu.
Daniel Benjamin.
Às vezes, acordo de manhã e pego uma foto de Daniel. A foto que ele me deu, no último dia de aula. Pergunto-me se as coisas poderiam ter sido diferentes, se eu não tivesse me envolvido com ele tão rápido, de uma forma tão intensa. Se eu não confiasse tanto nele e assim entregasse minha amizade a alguém tão frágil. Às vezes, sei que é estupidamente egoísta, mas desejo nunca tê-lo conhecido. Estou certa de que teria sido melhor para nós dois.
Daniel Benjamin mudou o jogo pra mim, o garoto transferido de Paris. Ele foi meu primeiro melhor amigo. A pessoa que estava ao meu lado quando manifestei meus poderes pela primeira vez. Um cara bonito, nerd do tipo que usa óculos e que deveria ter pulado umas duas séries, acho. Daniel era todo cérebro, mas uma negação quando se fala de qualquer outra coisa. E foi assim que nos conhecemos: eu estava a caminho de gazear a primeira aula quando nós nos esbarramos.
“Ouch, moleque! Olha por onde anda!” Vociferei, mas quando olhei para cima esperando ver o cara que estava na minha frente minutos atrás, ele estava no chão. Caído, o que me evocou uma subita risada.
“Ah! De-desculpe!” Ele respondeu ajeitando os óculos para cima do nariz.
“De boa.” Respondi estendendo a mão que ele pegou um pouco hesitante.
“Tudo bem contigo?” Perguntei ainda meio risonha.
“Fora o vulcão que passou por cima de mim, tudo está bem.” Ele respondeu sorrindo. Daniel tinha o sorriso de covinhas mais lindo que já vi. Fiquei meio sem palavras na hora. Depois disso nos tornamos praticamente inseparáveis. Ele me fez permanecer na escola, contrariando todas as chances. Porém a melhor coisa acerca de Daniel era o fato dele ser tão gentil, tão bobo e tão generoso que você não conseguia evitar ficar perto dele.
Era simplesmente agradável.
É amargamente doloroso, de uma forma sádica, pensar nessa época. Hoje eu sei que quando as brasas não são completamente queimadas, elas estão sempre a um ponto de carbonizarem-se novamente e arder em chamas. Era melhor que eles tivessem me matado aquela noite, de uma vez por todas, porque quando me libertei eu não apenas chamusquei, mas destruí tudo que estava a minha frente. A lembrança me vem fresca e recente, como se fosse ontem.
“Você o viu, não viu, Cat?” Daniel era o único ser humano no mundo inteiro com a permissão de me chamar pelo meu apelido secreto: Cat. Lembro claramente que dei uma enorme risada. Era dezembro, estava fazendo um frio desgraçado em Seattle. Eu estava indo passar o final de semana na casa dele, a família de Daniel realmente me adorava e vice-versa, éramos ligados pelo amor à mesma pessoa.
“Se eu o vi?” Perguntei irônica. “Eu praticamente o comi com os olhos!” Estávamos falando do novato do terceiro ano por quem Daniel ficou profundamente interessado.
“Bem vindos!” A mãe de Daniel disse com um forte sotaque francês. Ela abraçou-o primeiro e então se dirigiu a mim. Marrie sempre me apertava junto, de uma forma calorosa, como somente uma mãe faria. Nessa época Cordelia já tinha feito o aviso sobre a academia de bruxas e não se falava em outra coisa pela cidade. Todas as meninas estavam se perguntando se não poderiam ser pequenas Sabrinas enquanto eu nem sequer imaginava o quão literal minha personalidade explosiva estava prestes a se tornar.


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Notas finais do capítulo

A parte II ainda será sobre a Catherine e daí mudaremos de personagem oks? Espero que tenham gostado! :D