American Horror Story Coven - The Aftermath escrita por AHSfan


Capítulo 11
Tensa e Fragilizada


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
Aproveitem



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Um calafrio percorre minhas costas e tento acalmar minha respiração que se tornou acelerada. Ponho as mãos em meu rosto e luto para engolir as lágrimas de tensão que se formam.

– Você está bem? – Dimitry vira-se em minha direção e passa uma mão solidária por meu ombro. Minha boca resseca repentinamente e apesar de tentar responder é como se minha língua estivesse paralisada.

– Desculpe-me pelo meu irmão. Alexei e o pai dele são obcecados com bruxaria.

– E você não? – Pergunto retomando um pouco de autocontrole.

– Eu sou adotado. Não dá pra perceber? – Dimitry levanta uma sobrancelha sorrindo simpático. Tento sorrir de volta, mas tudo que consigo é fazer uma careta. Provavelmente, Dimitry não sabe de nada do que o irmão dele tem feito e não serei eu, no estado emocional que estou, que irei revelar a verdade pra ele.

– Acho que deveria ir embora. – Digo movendo-me para a porta, mas Dimitry é mais rápido e está tão perto do meu rosto que sinto a respiração dele em mim.

– Espere, não posso nem sequer te oferecer um copo de água ou suco? – Ele põe a mão em meu cotovelo e sorri com os olhos.

– Hum... Não acho que seria uma boa ideia.

– Tem certeza? – Ele parece genuinamente preocupado e isso parte meu coração um pouco.

– Me desculpe. – Falo abrindo a porta e saindo para a varanda.

Forço meu corpo a seguir em frente sem tremer e sem chorar. Lembranças do medo que senti quando vi minhas amigas imobilizadas e amarradas feito animais me atingem e me enjoam. Eu mesma tive que me utilizar de violência para ajuda-las a escapar. E nada disso teria sido possível sem a ajuda de Misty, que provavelmente está tão morta quanto Fiona e Marie Laveau. Uma lágrima escorre de meu rosto e é seguida por várias outras. Estou correndo quando esbarro em alguma coisa e caio. Abro os olhos para ver Alexei contra a luz. Ele me olha confuso.

– Não sabia que bruxas choravam. – Ele pigarreia. - É o seu ombro que está doendo? – Alexei pergunta parecendo indiferente. Levanto-me trincando os dentes de tanta raiva.

– Me deixa em paz. – Tento passar por ele, porém Alexei segura meu braço.

– Não ouse encostar um dedo que seja no meu irmão, bruxa. Deixe ele fora disso.

– Isso nem sequer passou pela minha cabeça. – Falo com sinceridade e ele perde a pose de fortão aparentando estar surpreso por um segundo. Aproveito a deixa, completando:

– E eu tenho um nome, por sinal. É Jennifer. – Consigo me soltar do aperto de pedra dele e corro para dentro da mansão sem dar-lhe uma chance de responder.

Uma vez que fecho a porta da entrada principal na mansão encosto minhas costas na parede do corredor e começo a escorrer, sentando-me no chão lentamente. Minhas mãos estão definitivamente tremendo agora e minha respiração é tão entrecortada que tenho de respirar em golfadas de ar.

Em minha cabeça ouço o eco do grito de Elena, a voz demente de Spalding, a profecia sombria de Dione, a arrogância de Fiona e relembro a dor na expressão de Lili quando usei meus poderes nela. Minhas mãos cobrem meu rosto e sinto tanto medo e tanta vergonha como nunca experimentei antes.

É pressão demais pra mim.

Meu peito se aperta de saudades de casa, do sorriso bondoso de mamãe e da inocência do meu irmão. Eles me apoiaram mesmo quando descobriram sobre minha habilidade. Ainda assim mamãe e Josh sempre me amaram e entenderam.

“Você é como um super-herói agora, Jennifer! Isso é tão legal!” Dissera-me meu irmão...

– Você está bem? – Ana desce as escadas do dormitório e vem andando depressa em minha direção. Ela se põe a minha frente e ergue meu rosto para que eu olhe para ela.

– Jennifer? O que aconteceu? – Os grandes olhos castanhos claros de Ana me encaram com ansiedade.

– Ana! – Digo choramingando. Estou quase contanto tudo que descobri pra ela, sobre minhas visões, sobre a profecia de Dione e sobre a identidade do caçador. Meus lábios chegam a se abrir pra falar, mas me impeço. Ana tem levantado muitas suspeitas para que eu simplesmente ignore.

– O que foi? – Ela pergunta.

– Na... Não é nada. – Enxugo as lágrimas que insistem em escorrer. Ana franze as sobrancelhas e parece realmente confusa. Ergo-me e tento fugir, pois não suportaria qualquer tipo de confronto agora, mas Ana segura meu ombro e me vira na direção dela.

– Você está estranha comigo, Jennifer. O que é?

– Não precisa se preocupar, é sério. – Tento me soltar, mas ela aperta meu ombro com força imobilizando-me. Uma expressão de raiva se forma no rosto de Ana.

– Você não acha que eu invoquei o demônio, não é? – Ela me encara enquanto eu desvio o olhar para o piso da mansão. Um silêncio desconfortável toma lugar.

– É exatamente isso que você acha!

– Ana, eu sinto muito. – Tento falar algo mais, mas minha garganta trava.

– Eu sei que não fiz nada! Agora, quanto a você, já não tenho tanta certeza.

– Como assim? – Pergunto sentindo minha expressão tornar-se ainda mais angustiada.

– Você nunca percebeu que apesar da sua habilidade infligir dor, você nunca sofre nenhuma consequência disso? Até mesmo Queenie tem que se machucar no processo de ferir alguém, mas você não. – Os lábios dela se comprimem em uma linha fina. – Você só se beneficia disso.

As palavras de Ana são como um tapa na cara.

– E ontem que o caçador capturou as meninas, foi você esteve com elas o dia todo. Olhe pra si mesma antes de apontar o dedo pra outras pessoas. – Ana me solta e saí em direção aos dormitórios, deixando-me completamente sozinha com meus fantasmas.

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– Estou um pouco surpresa com seu pedido, Jennifer. Você tem certeza que quer mudar de quarto? – Cordelia me pergunta enquanto serve uma xícara de chá.

– Sim, senhorita Goode. Eu acho que será melhor assim.

– Compreendo. – Ela estende a xícara de chá em minha direção e senta-se na enorme cadeira.

– Farei os ajustes hoje, antes de ir para o aeroporto. – Cordelia sorri sabiamente e diz:

– Escute, eu sei que você está escondendo algo, Jennifer. - Sinto o sangue se esvair de meu rosto, velozmente, mas Cordelia põe a mão sobre a minha e completa:

– Mas também sei que você está fazendo isso porque acredita ser o melhor para todos. Só quero que saiba que você pode confiar em mim e contar com meu apoio para qualquer coisa que seja, está bem?

– Si... Sim, senhorita Goode. Muito obrigada. – Aceno com a cabeça diversas vezes de tanto nervosismo.

– Aqui está o meu número de telefone pessoal, por favor, ligue-me se precisar de qualquer coisa. – Cordelia me entrega um papel com uma letra delicada e elegante, contendo o número dela. Depois disso, desejo-lhe uma boa viagem e ela me dispensa. Estou andando sem rumo pela mansão, triste e pensativa. As palavras de Ana ainda me ferem pela veracidade contida nelas, por isso decidi fugir do conflito de vê-la frequentemente e pedi pra mudar de quarto. Percebo que estou caminhando em direção à estufa da mansão, mas quando estou prestes a abrir a porta posso sentir a presença de alguém atrás de mim e meu corpo inteiro fica tenso.

– Minha visão mudou. – Dione fala tão rápido que tenho de repetir mentalmente o que ela disse para compreendê-la.

– Isso nunca aconteceu antes. Você deve ter feito algo que alterou o futuro. – Ela olha em todas as direções menos pra mim, com seus olhos azuis perturbados.

– Você... – Ela segura meu pulso com força e se aproxima – Você não está mais sozinha. Várias pessoas a cercam, pessoas vivas e pessoas que não deveriam estar aqui. E você não matará usando sua magia. – Tento puxar meu pulso de volta, pois Dione está me machucando, mas ela me encara com seus olhos arregalados e por um segundo eu finalmente visualizo o que ela vê.

Estou de pé, mas observo meus joelhos tremendo. Ao meu redor estão Fiona, Marie Laveau e Misty. Em minhas mãos há uma espada que atravessa o corpo de uma pessoa cujo rosto não é revelado, pois está coberto em trevas. Meu rosto é um reflexo de aflição e apreensão. Meu corpo está mais magro, parecendo mais frágil e minhas roupas estão manchadas de terra e... Sangue.

“Está feito.” – Minha voz derrama dor em cada palavra.

Então Dione me solta e a visão acaba. Ela olha para os lados, como se para ter certeza de que está de volta ao mundo real e então, lentamente, ela olha em minha direção.

– Você... Viu?

Uma lágrima escapa de meu olho direito e mordo a parte interna da minha bochecha. Um momento passa antes que eu tome coragem e responda.

– Sim. – Meu lábio inferior treme e sei que estou prestes a chorar de novo.

– É assim que eu me sinto... O tempo todo. – Dione treme um pouco e começa a se afastar saindo e antes que possa me impedir eu digo:

– Dione! – Ela vira a cabeça e me observa silenciosamente. – O... Obrigada.

Dione acena e saí com seus passos lentos. Respiro fundo tentando acalmar meu coração que pulsa cheio de vida.

– É você a menina mais adorável do mundo? – A voz debochada de Fiona ecoa em meus ouvidos. Vejo-a encostada na porta da estufa, olhando-me como se eu lhe provocasse algum tipo de remorso.

– A garota me lembra de sua filha, em muitos aspectos. – Diz Marie Laveau sorrindo misteriosamente e acendendo um cigarro.

– Já tivemos essa conversa antes. – Fiona bufa.

– E você ainda assim insiste em negar a semelhança. Ela também é filha de...

– Deve ser. – Fiona me olha de cima a baixo e então pergunta:

– É verdade que Cordelia nomeou o bebê, que Spalding tinha em mãos, Myrtle?

– Hum... Sim. – Engulo em seco. Tem algo sobre a presença de Fiona e Marie Laveau que me torna incapaz de mentir.

– Está vendo? Você põe uma criança no mundo pra depois ela nomear sua neta de uma forma tão patética. – Fiona acende um cigarro pra si e revira os olhos. Marie Laveau ri como se tivesse ouvido uma boa piada. Então Fiona aponta a mão com o cigarro em minha direção.

– É melhor você matar logo alguém, assim eu posso ter uma longa conversa com Cordelia.

– Vocês não sabem quem... Irei matar? – Pergunto olhando de uma para a outra.

– Não importa quem é, criança. O que importa é que você o faça. Quando você fizer isso poderá retirar uma de nós do inferno. – Responde Laveau.

– Se eu pudesse controlar seu corpo faria você terminar isso hoje mesmo. – Fiona responde dando ombros.

Balanço minha cabeça negativamente diversas vezes olhando para o piso e quando levanto o olhar, nenhuma das duas se encontra.

– O dia que você ceifará a vida de alguém está cada vez mais próximo, Jennifer. Sinto muito. – Misty põe a mão em meu ombro. Viro-me e lá está ela. Com suas roupas boho hippie e seu olhar azul bondoso, cheio de piedade. Ela realmente sente muito por mim. Pergunto-me o que ela fez para ficar presa no inferno, mas opto por não questionar nada a respeito.

– Suas amigas estão bem?

– Sim... Eu não teria feito nada sem você, obrigada, Misty. – Pisco repetidamente para afastar as lágrimas.

– Você acha que... Eu posso ser a fonte das energias demoníacas? – Sussurro por medo de ouvir a resposta. Misty semicerra os olhos, pensando na minha pergunta.

– Você machuca animais por prazer? – Apesar da dúvida meio boba, ela parece muito séria então seguro meu impulso de rir.

– Hum... Não. Eu nunca seria de ferir qualquer animal. – Misty então sorri e abraça-me.

– Aí está sua resposta. – Quando ela termina de falar seu corpo simplesmente some, tão rápido quanto sou capaz de piscar.

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Estou na porta do meu quarto novo, o 111. Estarei convivendo com Catherine e Lili de agora em diante, porém a ideia me parece mais agradável agora do que jamais fora antes. Penso em como pedirei desculpas para Elena, por fazer isso sem avisa-la anteriormente, mas espero que ela me perdoe.

A porta do quarto está entreaberta e quando estou quase batendo para pedir licença escuto Catherine falar em um tom raivoso:

– Não importa o que a sua magia vodoo revelou, Jennifer é minha amiga e eu sei que ela não seria capaz de fazer isso! Que merda, ela nem sequer tem um motivo!

– Ela não precisa de nenhum motivo, Catherine! Eu mesma tornei-me imortal por mero capricho. Estou dizendo que senti energia do mundo inferior em Jennifer desde a primeira vez que a toquei, mas agora tenho certeza! – Callie exclama.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Tem alguma crítica a fazer? Por favor, sinta-se convidado a deixar um comentário e tornar a autora mais feliz :)
Obrigada por acompanhar a saga. Próximo capítulo será só tiro, porrada e bomba hehe