Imutável escrita por Segunda Estrela


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Este é o último capítulo que eu tenho pronto e estou fazendo uma postagem programada. Então eu ainda não sei o q vcs fizeram ou vão fazer, sei lá.
Tudo bem, eu não resisti, depois que eu terminei de escrever, eu fui ler esse capítulo ouvindo Let it go, ficou tão lindinhoooo! Eu comecei a música na parte que está escrito: O seu rosto era passivo, não mostrava... Bla bla bla, essas coisas. Podem tentar se quiserem, mas não sei se pe uma boa idéia pq eu tive que me segurar em algumas partes para o tempo ficar perfeito. Mas mesmo assim eu AMEI! E como vcs são leitores maravilhosos, podem fazer o que quiserem.



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Eu voava em uma confusão gélida de flocos de neve que iam de um lado ao outro em uma velocidade e força impressionantes, e o clima parecia piorar a cada segundo. Não que isso realmente fosse um problema para mim, afinal os ventos obedeciam aos meus caprichos e aquela não era das piores tempestades que eu já enfrentara. Com o passar dos anos, eu acostumara a me juntar a essas forças da natureza e eu não apenas as comandava, eu as carregava junto do meu espírito. Ainda mais veloz do que qualquer outro voo que eu fizera, eu seguia junto as rajadas de ar procurando em todos os lugares onde poderia estar a rainha. Eu semicerrava meus olhos e prestava atenção em cada ponto da paisagem invernal concentradamente, temendo perder qualquer detalhe. Eu segui em minha busca ansiosa, desejando desesperadamente encontrá-la.

Vamos, eu encontrei você mesmo quando estava muito longe, eu sei que vou encontrá-la agora.

Eu imaginava caminhos possíveis e impossíveis que ela poderia ter tomado, ia para todas as direções sem sair muito do mesmo lugar. Sentia-me bobo por não conseguir organizar meus pensamentos e encontrá-la logo. Eu vaguei pelas florestas da região, tão tolamente e desesperadamente que mal me reconheci.

O que está acontecendo com você?

Mal eu pensara isso e vi uma pequena figura solitária subindo o topo de uma montanha ao norte. Ela subia com seus passos vagarosos e meio tétricos, vencendo distâncias sem a menor pressa. Meu coração encheu-se de esperança da possibilidade de aquele pontinho distante ser quem eu procurava tão avidamente. Quase não havia dúvidas, qualquer outro não teria tido motivos para subir tão ao longe e onde o clima era tão pouco propenso. Eu avancei com afinco, vendo a sombra se tornar, gradativamente, a rainha do reino de Arendelle. Dei um suspiro audível de satisfação ao reconhecê-la. Impulsionei-me com força junto aos ventos e fui me aproximando dela o mais rápido que pude.

A aflição que impus a mim mesmo ao vê-la foi tão grande que, pela primeira vez em séculos, eu errei ao aterrissar. Não consegui equilibrar-me em meus pés e acabei caindo com o rosto enterrado na neve. Levantei quase que imediatamente, não me deixando abalar pelo caso e com um sorriso tolo surgindo em meus lábios. Baguncei meu cabelo, tirando os vestígios de neve, e depois bati minha roupa com uma animação desnecessária. Corri com meus pés afundando no chão e indo na direção de Elsa. Quando cheguei perto o bastante para analisar seu rosto dei uma fraquejada, a sua expressão era tão dolorosa que fazia eu me sentir tomado por uma onde de melancolia. Demorei-me em meus pensamentos antes de lhe falar alguma coisa.

– Ei, vamos lá, não fique assim.

Eu sabia que eram palavras tolas e mal pensadas, mas eu não estava conseguindo criar grandes frases motivadoras. Ela abaixou o rosto, abraçando o próprio corpo, não tentando se aquecer, mas talvez em uma tentativa de dar a si mesma um pouco de conforto.

– Você destruiu tudo. – Murmurou ela para si mesma.

Eu podia ver que ela segurava as lágrimas no fundo dos seus olhos, mas a rainha era uma mulher forte, não desabaria dessa forma. Lancei-lhe um sorriso triste, enchendo-me de admiração diante do seu sacrifício. Joguei-me na sua frente e balancei os braços compulsivamente.

– Ei, pare! Veja a beleza de seus poderes! – Eu tentava lhe chamar a atenção como um idiota.

Eu era apenas ignorado pateticamente por Elsa. Todas as minhas atitudes exageradas passavam despercebidas na frente de seus olhos.

– Me escuta! Só um pouco...

Ela fechou os olhos com força, franzindo as sobrancelhas e com uma expressão que fazia parecer que ela evitava o pranto a todo custo. Ela olhou para as mãos, desolada. E suas mãos tremiam, jamais pelo frio, apenas pelo medo que sentia de si mesma.

– O que eu fiz? – Disse ela com sua voz temerante.

Mantive-me calado, não sabia direito o que falar. Ela não me ouvia e tudo que eu tentava era inútil. Dei um suspiro pesaroso, não vira até aqui para desistir.

– Você parece não me ouvir e parece que não dá muito atenção para o que eu faço, mas eu sei. Eu sei que alguma parte de você, alguma parte bem escondida aí dentro me escuta. Então eu só peço que... – Disse entrecortadamente e tentando colocar toda a minha emoção nessas palavras.

O seu rosto era passivo, não mostrava alteração diante de mim ou diante do que eu falava. Seus olhos vagavam para todos os cantos, girando confusos para todo lugar, menos para frente. Olhei pesadamente, e com um sentimento estranho surgindo em meu peito.

– Eu quero que você seja livre.

Ela novamente se manteve imutável diante das minhas palavras. Uma luz brilhou pela minha mente, aquele era o meu cerne. Eu mostrava as pessoas a diversão que poderia existir no mundo. Sorri triunfante. Esfreguei minhas mãos, e delicadamente soprei a neve fraca que eu criara nos olhos de Elsa, esperando que isso mostrasse os horizontes de onde ela poderia ir.

– Tanto tempo escondendo-me dos outros, trancada, tendo de ser a garota perfeita. – Disse ela em uma voz levemente determinada.

– Você não precisa mais disso Elsa. Olhe para você, você é maravilhosa sem mudanças, sem precisar se esconder. Seja livre como não podia até hoje! Não encubra, sinta!

Ela novamente olhou para suas mãos, com a chama da determinação brilhando em seus olhos.

– Agora eles verão a rainha do gelo que eu posso ser. – Falou ela, olhando para frente com um sorriso fraco em seus lábios.

Alarguei meu sorriso até os olhos, dando-lhe minha maior risada em muito tempo.

– Vamos Elsa! Eu vou estar aqui para te ajudar, mas é você quem precisa dar o passo definitivo!

Ela fixou sua luva demoradamente e franziu as sobrancelhas, temerosa. Mas então fez o que eu tanto esperava, puxou aquele agouro e o jogou para ser levado pelo vento. Para mim, e para ela, aquele era o gesto da liberdade plena que ambos tanto esperavam. Ela moveu suas mãos para os lados e para o ar, criando partículas lindas e brilhantes como nem mesmo eu já vira. Virou-se para o lado e pela primeira vez atendeu o pedido de sua irmã e construiu um boneco de neve com a maior facilidade.

– Isso é incrível. – Disse Elsa para si mesma, logo depois dando uma bela gargalhada.

Olhei para ela abismado, o que eu realmente desejava era que ela pudesse sorrir assim o tempo todo. O seu sorriso era tão bonito e tão puro que me deu vontade me juntar a sua alegria. Dei um grito vitorioso, pois eu não conseguia me contentar com sorrisos de canto quando eu sentia todos aqueles sentimentos embaralhados dentro de mim.

– Você poderá ir longe se seguir seu coração Elsa. – Disse encorajando-a.

– Eu posso fazer isso. – Falou ela, e logo estranhou a própria reação, mas de tão feliz que estava simplesmente deu mais uma risada, alegre, porém contida.

– Vou ficar falando sozinha agora?

Ela mordeu o lábio inferior, nervosa, mas olhando para frente decidida. Logo recobrou sua confiança e correu animada. Eu a segui, ansioso para ver o que ela poderia fazer. Com um simples movimento de mão, ela criou uma pequena escada de gelo e neve meio brusca e de formas grosseiras. Ela hesitou no pé da escada.

– Continue, você é forte, você pode fazer isso. – Disse encorajando-a.

Ela colocou o pé no primeiro degrau e todas as formas brutas se transformaram em uma escada perfeitamente ornamentada com apenas um toque de uma magia bela e brilhante. E ela correu pelos degraus em um surto ansioso pela liberdade que ela evitou por tanto tempo. O seu sorriso era honesto e tão comovente que senti que faria de tudo para permitir que ela o desse para sempre. Ela chegou à outra ponta da montanha e pisou forte no chão com uma determinação motivadora. Uma grande forma de um floco de neve brilhou e se expandiu conforme ela completava seus movimentos. Ela girou seus braços e seu corpo, levantou o gelo do chão para fazê-lo acompanhar suas mãos com maestria. Olhei boquiaberto conforme ela construía um esplendoroso castelo de gelo a partir do nada. Suas mãos entalhavam formas detalhadas e impressionantes. Engoli em seco enquanto a seguia pelo salão que se formava a partir de nossos próprios pés.

– Isso é impressionante rainha.

Olhei atentamente as colunas e as paredes sendo formadas. Mesmo para mim, era incrível ver um humano conseguir fazer algo tão bonito.

– Finalmente eu posso ser eu. Não a rainha, não a filha perfeita. Apenas eu, apenas Elsa.

Virei-me na sua direção com um sorriso sincero em meus lábios. Ela fechou os olhos, tão serena e tão bela que eu novamente fui tomado pelo distinto desejo de tocá-la. Apertei minha mão no peito, estranhando os batimentos acelerados do meu coração. Foi então que eu vi uma lágrima solitária descer devagar pelas suas faces coradas.

– Finalmente posso ser livre.

Ela abriu os olhos devagar e estendeu seu sorriso. Com um movimento rápido ela soltou o coque e deixou o cabelo cair em uma trança longa e grossa. Ela levantou as mãos, como que puxando o frio pelo seu vestido, e onde ele passava, transformava o tecido escuro em um lindo vestido brilhante e azul. Ela criou uma capa quase que transparente para si e andou com uma confiança recém-conquistada na direção de sua sacada. Ela passou com convicção pela porta e olhou firmemente para o sol. Engoli em seco, naquele momento, ao vê-la sob a luz do sol, com toda a sua glória e confiança no auge, ela estava mais linda do que nunca. Senti meu rosto enrubescer e acabei dando um passo a frente. Eu queria protegê-la, não como um Guardião, não como eu já havia feito. Eu desejava vê-la feliz mais do que qualquer outro, desejava segurá-la em meus braços e fazer com que nada, nunca, a impedisse de dar o seu lindo sorriso.

– Eu queria que você me visse, queria mais do que tudo. – Disse com uma voz fraca e sem esperança.

E então tudo ao meu redor parou, não como se simplesmente tivessem deixado de se mover. Tudo pareceu imerso em um limbo temporal, não havia nenhum som, não havia sequer um movimento do lado de fora. Olhei ao redor confuso e nervoso. O primeiro pensamento que passou pela minha cabeça foi o de que Breu tivesse nos achado e ele se tornara tão poderoso que algo assim seria fácil de ser executado. Engoli em seco, com minhas mãos tremendo e apertando com força o meu cajado.

O que diabos está acontecendo?

Foi então que eu ouvi uma voz sonora e distante vibrar pelo castelo. Havia algo de diferente nela, era nobre e familiar. Ela continha um tom pomposo e respeitável, no entanto era agradável e convidativa.

– Olá Jack?

– Quem é você?! – Gritei meio assustado.

– Não se preocupe, eu não vou machucá-lo. Eu o salvei, não haveria motivo de destruí-lo. – Disse a voz.

Franzi as sobrancelhas, confuso.

– O quê?

– Eu sou o Homem na Lua. – A voz disse de uma vez, sem pausas, porém sem pressa. Arrebatando-me com aquela notícia como se não fosse nada.

Houve uma longa pausa antes de eu dizer qualquer palavra, pois eu simplesmente as sentia morrer nos meus lábios.

– O Homem na Lua? O-o quê?

Ele nada respondeu por um momento, deixando-me sozinho com minha confusão.

– Eu apoio o que está fazendo Jack.

– Então me ajude! – Gritei, confiando plenamente na voz misteriosa.

Eu não sabia explicar, mas tudo naquelas palavras me remetiam à vez que eu fora salvo no lago.

– Não é assim que funciona, eu não posso interferir dessa forma.

Passei a mão pelo cabelo, olhando para o nada espantadamente.

– Claro que pode!

O homem nada respondeu, um silêncio inquietante se seguiu por mais um momento.

– Ela não vai vê-lo Jack.

Eu lancei um olhar desesperado para a linda rainha que se colocava por sobre a sua sacada. Andei devagar na sua direção, ficando na sua frente e me perdendo em seus lindos olhos vibrantes. Dessa vez, sem ser temeroso, eu toquei o seu rosto e a toquei mais carinhosamente do que já havia feito com alguém em toda a minha vida, feliz por ao menos poder senti-la. Olhei para ela com uma tristeza crescendo em meu coração, eu temia que isso acontecesse, mas a verdade era que eu estava tão cego com a possibilidade de conviver com ela que fiz besteiras atrás de besteiras. Não que considerasse vir consertar o erro dos Guardiões uma besteira, me referia as atitudes mal pensadas e precipitadas.

– Depois de tanto tempo sem ser visto, acho que deveria ter me acostumado.

Novamente o silêncio foi aterrador. Comecei a me irritar com a demora de suas respostas.

– Eu quero ajuda-lo, mas já disse que não posso interferir desta forma. Vamos fazer uma troca. Eu lhe dou uma coisa preciosa e você me dá algo precioso em troca.

– O que quer dizer?

– Você me dá sua mortalidade, você desiste da eternidade e então, poderá ser visto por todos.

Minhas feições foram tomadas pela surpresa.

– Você poderá ser visto por todas as pessoas, pelas crianças, adultos e pela sua querida princesinha Elsa.

Arfei em surpresa. Aquela era uma oferta que há algum tempo eu teria aceitado sem pestanejar, mas agora eu sabia que tinha obrigações. Eu não podia abandonar os Guardiões dessa forma. Mas mesmo assim, eu não conseguia conter aquele desejo crescente em meu peito.

– Ela vai poder me ver?

Não houve resposta, mas eu sabia o que isso significava.

– E os Guardiões?

– Seu destino foi cumprido, não sei se poderá vê-los outra vez.

Dei um passo para trás, exasperado. Afundei meu rosto nas mãos, sem saber o que fazer.

– Como eu vou voltar? – Perguntei.

– Não disse que com certeza deixará de vê-los, o globo de neve ainda funcionará. Mas quando você voltar, não será mais um Guardião. E você não poderá derrotar Breu sem seus poderes, então permanecerá com eles.

Passei a mão pela testa, depois de tanto tempo para me tornar um deles. Eu jogaria tudo fora por ela? Eu lancei um olhar para a rainha, tão linda, tão poderosa. No fundo do meu coração, eu sabia a resposta.

– E então, aceita a minha troca? – Perguntou o Homem na Lua com sua voz passiva.


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Notas finais do capítulo

É isso aí, agora é me esforçar para escrever os próximos, espero que tenham gostado!!! E por favor, me contem o que acharam. Ah, alguém leu com a música? Sei lá, tava pensando nisso.



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