Imutável escrita por Segunda Estrela


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Olá, eu sei que eu demorei muito! Sinto muito! Demais da conta!
Mas já estou com os próximos capítulos prontos, se vocês forem bonzinhos (se é que vocês me entendem), eu posto ele amanhã. Espero que gostem.
Uh, eu quase esqueci, MUITO obrigado por recomendarem. Três pessoas de uma vez? Vcs querem acabar comigo. Ér... Obrigado a Cetrine, Dreamy Lizzie e Caliope, assim vcs me fazem corar.



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– Jack Frost? E o que é você?! Eu vi o que você fez ali atrás, você tem alguma coisa a ver com os poderes da Elsa?! Porque se você tem, você sabia disso tudo?! É por isso que ela se manteve longe de mim esse tempo todo?! E onde você entra nessa estória?! Você atacou meu noivo! Porque você atacou meu noivo?!

– Anna, ele nem é seu noivo de verdad... – Comecei a falar, tentando me explicar.

– Como assim não é meu noivo de verdade?! Ele me pediu em casamento, e a partir do momento que eu aceitei eu... Pera aí?! Você sabe meu nome?! Como você sabe meu nome?! – Gritou ela me impedindo de continuar.

– Bom, é meio compli...

– Eu não estou entendo nada do que tá acontecendo! Eu não te conheço, porque você age como se me conhecesse?! Espera, eu te conheço sim, você é o garoto estranho de hoje de manhã! O que não saía da minha frente! M-mas o que você tem haver com isso tudo?! E a Elsa, de onde vieram aqueles poderes?! É tudo minha culpa! Se ela tivesse me contado... – Choramingou ela.

– Ela nem ao menos confiou em mim! Todos esses anos, ela poderia ter me falado alguma coisa! Ela pensa que eu sou uma irmã tão ruim?! – Gemeu ela com sua voz tremula e chorosa.

Os seus lábios inferiores tremiam em um biquinho infantil. Olhei em volta, nervoso e sem saber o que fazer. Havia problemas sérios acontecendo e eu não poderia perder muito tempo consolando-a, mas também sabia que não poderia simplesmente ignorá-la. Dei um passo na sua direção e, meio sem jeito, dei tapinhas de leve nas suas costas. Ela virou os olhos que seguravam as lágrimas para mim.

–Ér... Sabe o que é? Tem coisas meio sérias acontecendo, se você pudesse se acalmar ia ser muito bom.

Anna fungou e olhou pesadamente para frente, analisando o nada em uma concentração descontente. Ela ficou assim por um tempo, mas então suspirou fundo e se virou para mim, parecendo que finalmente me daria atenção.

– Eu sou um Guardião. É uma estória meio complicada, então você tem que prestar atenção. Eu vim de muito longe daqui e de uma época diferente dessa.

Ela olhou para mim cheia de dúvidas, imaginando se eu era apenas uma pessoa criativa ou era um louco. Mas considerando toda a situação, acho que ela percebeu que qualquer possibilidade não poderia ser descartada.

– Eu sou um espírito encarregado pela lua. Quero dizer, eu fui escolhido pela lua para proteger as crianças do mundo...

– Mas Elsa não é... – Ela tentou começar a falar.

– Eu sei, mas é uma estória complicada, lembra?

– Ah, sim. Desculpa. – Disse ela olhando para o canto, envergonhada.

– Eu sou apenas um dos Guardiões, tem outros quatro que também lutam pelo bem de todas as crianças. Ah, e também tem o Breu, que é o espírito do medo. Nós enfrentamos ele há um tempo, ou daqui a muito tempo.

Eu tentava resumir a estória para que fosse mais fácil de compreendê-la, mas ela olhava para mim sem parecer estar entendendo muito bem.

Bom, ele está com vocês aqui o tempo todo.

– Qual é a aparência dele?

Olhei para ela confuso.

– Er... Ele tem a pele acinzentada, usa um manto preto longo e o nariz dele é estranhamente largo, mas eu não sei porque você...

– Não, não têm ninguém aqui assim não. – Afirmou ela negando com a cabeça.

– O quê? Não, ele, quero dizer, nós não podemos ser vistos pelas pessoas.

–Mas eu to te vendo.

Passei a mão pelo meu cabelo, não estava conseguindo ser coerente o suficiente para que ela entendesse.

– Escuta, apenas crianças que acreditam podem nos ver.

– Mas eu posso...

– Eu sei, mas você tem uma mente jovem. – A interrompi, prevendo o que iria dizer.

– Você está me chamando de infantil? – Disse ela parecendo insultada.

– No bom sentido. – Falei tentando reparar meu erro.

– Olha, eu até acredito em você, mas não estou entendendo nada. E não é porque você tem uns papos legais com a lua que tem o direito de ser...

Mas ela então foi interrompida por um floco de neve que caiu preguiçosamente na frente dos seus olhos. Sendo levado pelo vento de um lado a outro. A princesa piscou os olhos, confusa. E então o floco de neve solitário foi seguido por outro e mais outro, e ao olhar para o céu era possível ver todo um contingente de partículas geladas que caíam sem pressa.

– O quê? Neve?

Seus olhos então se fixaram para algo além de mim e sua expressão recebeu um ar desolado.

– Não.

Eu segui o seu olhar, e então vi com pesar que o gelo havia se estendido por todo o fiorde. Encalhando barcos e transformando toda a baía em uma enorme pista de gelo. Olhei para o céu, prevendo a nevasca que se seguiria.

– “Um inverno eterno”. – Disse, repetindo as palavras que ouvira da estória da Rainha do Gelo.

A princesa se virou para mim, confusa e ao mesmo tempo assustada.

– Você sabia?

Olhei de soslaio para ela e cheguei a abrir minha boca para responder, mas então uma voz, que recentemente se tornara familiar, interrompeu os meus pensamentos.

–Anna!

O príncipe irritante veio correndo descendo os degraus, apressado e com uma expressão preocupada.

– Escuta, ele não vai poder me ver. Aja com se eu não estivesse aqui. – Disse, adiantando-me antes que ele nos alcançasse.

– O quê? Isso não faz... – Exclamou ela ainda mais confusa.

– Por favor, confie em mim. – Disse tentando parecer o mais convincente possível.

Eu desejava com todo o meu corpo, com toda a minha existência, que ela acreditasse em mim. Mas eu sabia que os humanos eram criaturas desconfiadas, mesmo que vissem algo na frente dos seus olhos, eles sempre procuravam uma desculpa “lógica”. Qualquer coisa faria mais sentido do que o que não lhes era comum. Ela não respondeu, apenas olhou para mim cheia de desconfiança e cheguei a pensar que não faria o que pedi. Hans veio correndo e não demorou em nos alcançar. Fiquei apreensivo sobre o que deveria fazer, pois não sabia o que Anna faria em seguida. Ela olhou para mim com o canto dos olhos, mas quando Hans falou com ela, não deu sinais de que eu estava ali. Suspirei de alívio, pois sabia que ela estava, pelo menos, começando a acreditar na minha estória.

Essa é a diferença entre você e os outros que não nos veem, não é? Você parece acreditar em qualquer coisa.

– Anna, você está bem? – Disse o príncipe com seu natural tom de voz falsamente preocupado.

Ela abraçou o próprio corpo em uma tentativa de se aquecer.

– E-eu não sei, estou confusa.

– Dê um jeito de se livrar do engomadinho. – Falei, ignorando Hans.

Ela olhou por um segundo para mim. Ponderando se devia responder à minha “grosseria”.

– Agora. – Falei, apressando-a.

Ela franziu as sobrancelhas, nervosa, mas sem poder se virar para mim. Hans pareceu não notar nada, apenas continuou com seu teatro nauseante. Ele deu um passo à frente e olhou horrorizado para a baía.

– Anna, o fiorde está completamente congelado.

A princesa assentiu receosa.

– Ér... Hans, eu estou muito nervosa, acho que preciso de um momento para pensar no que vou fazer. Está começando a esfriar, se você pudesse pegar a minha capa, eu agradeceria muito.

Ele olhou para Anna de soslaio. Com um leve toque de incerteza surgindo em seus olhos.

– Mas Anna, você não parece bem... – Começou ele.

– Você não vai fazer isso por mim, Hans?

Fiquei surpreso com aquela resposta firme, imaginava ela mais como uma boba apaixonada, talvez toda aquela situação tivesse mesmo deixado-a nervosa. Ele deu um passo para trás. Olhou em volta, sem saber muito bem o que fazer, mas no fim olhou complacente para Anna, com um sorriso gentil em seus lábios.

– É claro que eu vou, mas é que eu estou preocupado com você.

Ela segurou suas mãos e olhou dentro dos seus olhos apaixonadamente. Revirei os olhos, não podia esperar até contar toda a verdade para ela.

– Não se preocupe, eu apenas preciso de um momento para ficar sozinha.

Ele se abaixou e deu um beijo delicado em sua bochecha. A moça corou até a raiz dos seus cabelos e deu uma risadinha.

– Tudo bem, eu farei como minha princesa deseja.

E antes de ir deu outro beijo no colo de sua mão. Eu pude ver a paixonite abobalhada que brilhou nos olhos de Anna enquanto ele se afastava. Passei a mão pelo pescoço, não estava certo se poderia convencê-la de que aquele príncipe encantado era um mentiroso. Assim que ele entrou novamente nos muros do castelo Anna se virou para mim não muito satisfeita.

– É bom que você tenha uma boa explicação.

Respirei fundo, eu tinha apenas uma chance. Se eu pudesse fazê-la entender, ela poderia ser o alicerce da libertação de Elsa. Pelo menos uma vez na vida, deveria olhar para dentro do meu âmago e ver que não estava apenas brincando. Eu não deveria apenas proferir palavras, eu deveria mostrar a verdade entranhada nelas. Olhei profundamente nos seus olhos e, por alguma razão, senti que conseguiria, pois eu desejava aquilo mais que tudo. Contei-lhe sobre o meu nascimento, um ato de generosidade da lua dando-me uma segunda chance. Contei-lhe sobre a magia no mundo e lhe falei de como ela estava absorta em todas as pequenas coisas, desde o nascimento de uma flor até o passar das estações. Contei-lhe sobre a lua e sobre as coisas maravilhosas que poderia fazer por aqueles que acreditavam nela. Mas principalmente, contei a estória de uma linda garotinha de olhos brilhantes, que se trancou de todo o mundo para poder proteger aqueles que ela amava, e como eu havia viajado de tão longe para poder reparar esse erro. Anna ouviu tudo com certa comoção, prestou atenção em cada palavra minha e eu vi dentro de seus olhos que ela acreditava em mim.

– Isso tudo é verdade?

O olhar que lancei para ela foi tão significativo e tão profundo que não precisei responder. Ela passou a mão pelo cabelo, horrorizada e dando um passo cambaleante pra trás.

– Então por minha causa, Elsa...

Ela ajoelhou-se no chão e cobriu o rosto com suas mãos em uma tentativa falha de lhe tirar dos ombros aquela culpa lancinante. Olhei para ela, receoso, não sabia se deveria consolá-la ou simplesmente alertá-la sobre o que poderia acontecer. Abaixei-me ao seu lado e coloquei minha mão nas suas costas, tentando ser gentil.

– Calma, é por isso que eu estou aqui. Eu não vou deixar nada acontecer com ela.

Pela segunda vez naquela noite, ela virou seus olhos marejados para mim procurando algum apoio. Retribuí seu olhar meio nervoso. Ele fungou e passou sua mão pelos olhos, secando as lágrimas.

– Por que você está fazendo tudo isso? Pelo que disse, nem mesmo seus amigos tiveram coragem, porque você está se arriscando tanto? – Ela soltava aquelas palavras em um murmúrio pungente.

– Porque é a coisa certa a fazer. – Disse sem hesitar um segundo sequer.

Ela olhou para mim surpresa, mas com certa confiança surgindo dentro de si. Lancei-lhe um sorriso triunfante. Eu estava satisfeito por ter conseguido fazê-la acreditar. Aproveitei então para lhe dizer o que estava martelando na minha cabeça há um tempinho.

– Eu sei que você pensa que esse Hans é inocente, e que ele fez o que fez por que pensou que ela fosse perigosa. Mas me ouça, há algo de muito ruim nele, eu consigo ver.

Ela deu um paço para trás com uma expressão injuriada.

– Eu confio inteiramente...

Eu sabia o que ela diria, se nem mesmo a sua irmã fora capaz de convencê-la a não se casar com um estranho, não era eu que conseguiria colocar algum juízo na sua cabeça. Preferi manter a política da boa vizinhança.

– Eu sei, mas isso é a parte perigosa. Não estou lhe falando para acabar seu noivado, apenas fique de olho no que ele faz. Tome cuidado com o que ele faz.

Ela franziu as sobrancelhas e pareceu meio desgostosa, no entanto eu sabia que diante das circunstâncias, ela faria o que eu pedi. Ela deu um passo a frente, indo na direção da água congelada.

– Se nós vamos impedir que isso aconteça, acho melhor irmos logo. – Disse ela sendo tomada por uma onda de determinação.

Olhei para o lado, eu não estava certo sobre o que fazer em seguida. Mas algo dentro de mim dizia que o melhor era não levar Anna.

– Você sabe o que pode acontecer se você for, não é?

Uma sombra percorreu o rosto da princesa. Ela remexeu suas mãos, nervosa.

– Eu sei, mas eu não vou ficar aqui sem fazer nada.

Passei a mão pelo pescoço, e comecei brincar com o cajado em minhas mãos, tentando afastar aquela insegurança que crescia em meu peito.

– Vamos fazer assim, eu vou na sua frente.

Ela olhou para mim, confusa.

– Mas você disse que a minha irmã não podia te ver.

– Eu sei, mas me dê apenas uma chance. Porque teve um momento em que estávamos lá dentro que eu senti que ela podia me ver. Se ela puder... Eu... Eu quero que ela me veja. Deixe-me ir na sua frente, eu vou tentar falar com ela, tentar resolver tudo sem que você corra o risco de... Você sabe.

Ela engoliu em seco e deu um suspiro. Olhou para o lado preocupadamente e esfregou seu braço tentando se acalmar.

– Tudo bem, mas eu espero seriamente que saiba o que está fazendo.

Olhei para o céu nublado a minha frente. Não, eu não sabia o que estava fazendo, mas eu iria até o fim se houvesse uma mísera chance de falar com aquela moça de lindos olhos lúgubres e nebulosos.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo acabou parecendo mais informal, mas é pq tem muito diálogo, não acho que eles ficariam falando sois vóis e blá blá blá. Bom espero que tenham gostado.