Eles poderiam ter apenas corrido. Mas Jack não achava isso. Assim que Hans e seus homens começaram a brincar com bolas de neve, ele pegou Elsa nos braços e começou a voar, seguindo os rastros, parando em uma casinha abandonada.

Os dois entraram. O ambiente era relativamente pequeno e sem iluminação.

– Anna! – gritou Elsa, fazendo a casa ecoar. E então eles ouviram uma voz feminina muito fraca, como se ela estivesse sem forças:

– Elsa?

Vinha de baixo. Ela correu até o porão e encontrou sua irmã toda machucada.

– O que fizeram com você?

– Não fizeram nada comigo, mas eu meio que levei algumas quedas no caminho pra cá.

– Jack! – disse Elsa – seu poder é curativo?

– Jack? Tem mais alguém aqui?

Jack ignorou Anna. Alguém que não o via era uma coisa completamente normal.

– Eu... eu não sei. O seu não é?

– Eu quase matei minha irmã com meu poder, óbvio que meu poder não é curativo!

– Elsa, com quem você está falando? – perguntava Anna

– É melhor não arriscar. Estamos perdendo tempo. Vamos!

– Anna, onde está Kristoff? – perguntou Elsa

– No sótão, pelo que me disseram. Mas disseram que se você não entregasse a coroa eu iria pra lá também, para que ao menos pudéssemos passar o resto da vida juntos, embora fosse pouco. Afinal, como você conseguiu despistá-los?

– Lhe conto no caminho.

Elsa soltou Anna e os três subiram até o sótão. Jack nunca havia percebido o quanto Elsa e Anna se pareciam. Elas tinham praticamente o mesmo rosto, mas Anna tinha um rosto um pouco mais travesso e um pouco de sardas. Mas a beleza de Elsa era indescritível. Tudo nela era belo. Antes seus olhos estavam sempre brilhando de medo. Agora era diferente. Seus olhos brilhavam sem medo algum, e Jack sabia que ela se sentia livre mesmo não estando isolada em nenhum castelo de gelo na montanha (e que castelo! Ele daria tudo para viver pelo menos uns dias ali).

Ele foi se lembrando disso. De quando todos começaram a julgar Elsa. Enquanto aquilo acontecia, tudo o que Jack queria era ser visto, para que pudesse ficar ao seu lado. Dizer que nada daquilo era bruxaria e que eles não podiam julgá-la, pois ela havia nascido daquele jeito. Mas não podia. Não podia porque era invisível. Ainda assim, seguiu Elsa até a tal montanha e escutou ela cantar pela primeira vez. Sua voz era hipnotizante, e sua felicidade naquele momento também. Ele foi acompanhando enquanto ela criava o castelo e seus olhos brilhavam cada vez mais. Quando ela soltou sua trança e seu vestido se transformou em um vestido de gelo, Jack tinha apenas uma certeza: era impossível não amá-la.

Voltando a realidade, eles finalmente chegaram ao sótão. E lá estava o tal do Kristoff, no qual Anna não hesitou em correr para abraçar (embora estivesse machucada).

– Nós vamos sair daqui, vai dar tudo certo.

– Vamos logo! – gritou Elsa, já a caminho da escada. O casal a seguiu e novamente eles desceram.

Assim que Anna abriu a porta do chalé, Hans a aguardava do lado de fora.

– Olá, Anna. Há quanto tempo.