Cinderella escrita por Catarina Oliveira


Capítulo 2
Capítulo 1 - Casamento e morte.




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Os primeiros meses sem Liz deixou John louco. O bebe era cuidado por Isabella, que concordou em ficar na fazenda, auxilando no
que fosse necessário. Afinal, ela era viúva e aquela menina lhe dava uma nova promessa de vida. John ficou três semanas na companhia de seu escritório, e sua garrafa de uísque. John só percebeu o quanto amara sua esposa após a sua morte. Ficou tão triste que simplesmente não sentia força e vontade para nada.

As dívidas da fazenda aumentaram, e enquanto pôde, vendeu alguns de seus escravos e parte de suas terras. Em uma tarde, decidiu criar coragem e ir conhecer aquilo que restou de Elizabeth. A menina ficara com o quarto na ala norte da mansão. Era um quarto médio mas tinha ali tudo a sua disposição. Além de Isabella, Cecília tinha sua ama de leite e não lhe faltava amor em momento algum. Quando John entrou no quarto, ambas as mulheres ficaram surpresas. Mas foi Isabella quem quebrou o silêncio.
– Já não era sem tempo, Sr. Holmes. Achei que nunca mais fosse sair daquele quarto. - disse, com amargura.
– Você está aqui há bastante tempo, Sra. Watson, mas isso não quer dizer que pode dizer tudo o que vem a sua cabeça.
As bochechas dela ficaram vermelhas. Mas não era de vergonha.
– De qualquer maneira, veio em uma boa hora senhor. Sua filha acabou de ser amamentada. Está sonolenta, mas ainda não dormiu.
Seu olhar para John não era tão amargo quanto o tom de sua voz. Apesar de odiar profundamente este desprezo que vê que ele sente, Isabella tem pena dele. Primeiro, por perder tempo enchendo a cara ao invés de conhecer a garota mais bela de toda Inglaterra. Segundo, por que Liz não está em nenhum fundo de garrafa. Está a sete palmos da terra, e Deus sabe aonde aquela mulher foi parar.
– Creio que você queira ter este encontro de modo privado, não é mesmo? - e mandou um olhar para a ama. Quando estava na porta, virou-se para o senhor.
– Se você quer saber a minha mais sincera opinião, Cecília é a Liz em miniatura. Nada tem de você nela.

Quando John ficou sozinho com a menina, sentou-se ao lado do berço. Lágrimas escorreram pelo o seu rosto, pois não retiraria uma virgula do que Isabella disse. Ela era de fato Elizabeth em miniatura. E quando a pegou nos braços, sentiu um alívio no peito. Não significava, exatamente, que ele havia superado a perda recente de sua esposa. Mas a criança trazia uma paz tão boa, que a partir daquele dia John não ficou longe dela. Mas com o passar do tempo, as semanas que ele passou jogado em sua cadeira, vieram a tona. Sua fortuna se desfez quase que por completo. Vendeu quase tudo: a fazenda, as terras, os escravos que restavam e pegou o restante do dinheiro e partiu ele e a ama de leite de Cecília. Nesta oportunidade, John dispensou Isabella. Embora ela se recusara a partir, teve que fazer, pois sabia que a vida na cidade seria mais segura para a menina. Doce engano dela. Quando John chegou na cidade, logo a noticia de que ele estava viúvo se espalhou. E isso deu margem para as oportunistas. Porém, John estava com a cabeça em sua menina, e queria criar a garota da forma em que sonhou: ensinaria a garota a montar, falar diversas línguas, dominaria a arte da esgrima e saberia ser uma dama com postura e elegância.
Porém, o tempo estava passando. Aos dez anos, Cecília já tocava piano, desenhava e pintava, bordava, cozinhava e costurava, além de dominar muito melhor do que o seu pai, a esgrima e falava francês, italiano e português fluentemente. Mas John sentia-se sozinho. Além de que, queria que Cecília tivesse em sua vida a figura de uma mãe. Casou-se então, com uma viúva famosa, que tinha duas meninas da mesma idade, Anastácia e Drizela. E, embora fosse tão bela quanto Elizabeth, Catherine tinha um coração amargo e uma mente suja. Após o casamento, tratou de dar um jeito de
ficar com a fortuna de seu marido, e o envenenou. Claro, para não levantar suspeitas, aos poucos. John estava atado à cama como uma corda bem dosada. E quando a febre lhe batia, gritava por Elizabeth. Mas apenas Cecília atendia aos socorros de seu pai. Suas meia-irmãs pouco ligavam para os berros. Na verdade, sentiam-se incomodadas por aquela fase, e pediam para que a mãe dobrasse a dose do veneno. Ela negava o desejo de suas filhas mas ela mesma também o desejava.
Em seu último delírio, disse para Cecília que nunca houve outra mulher em seu coração, além de Liz e Cecília. "Minhas garotas", ele dizia. E como que apaga um luz, John piscou pela a última vez.


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