Eu não acredito naquilo... Cadê o nosso trabalho?? Vejo a cabeça de Mat e o puxo pra fora da sala.

–Mat, cadê toda a nossa maquete? Tudo aquilo que passamos horas fazendo na casa daquela garota insuportável! Você enfiou aonde??

–Olha, hoje cheguei faz pouco tempo também, e ontem entreguei a maquete pra Pâmela e...

–E quem disse que era pra você entregar pra ela?? Você quer fuder com o grupo cara? Pois se não quer, é melhor arranjar outra maquete, e rápido! Sabe o quanto me segurei pra não dar uns tapas nela no domingo? Parece que sem minha supervisão e a de Fanny você vira um desastre!

–Eu entreguei porque ela pediu! E eu achei que não tinha problemas, ela disse que só ia dar uns retoques finais e isso e aquilo.

Pera. Vamos dar uma pausa aqui. Imagino que esteja se perguntando, e eu tenho certeza que está, o porquê de nossos nomes serem tão americanizados, né? Mary, Fanny e Mat. Pois é, isso é de muito tempo atrás (in a galaxy far far away), da época que nós nos conhecemos, para ser mais precisa 7 anos atrás, no sétimo ano, sim, bem irônico, já falei que eu sou apaixonada por ironias? Enfim. Primeiro eu e Fanny viramos amigas, porém naquela época eu era chamada de Mari, e ela de ‘‘Esté” (não tinha nome pior não gente?[Viu? Ironia{não foi o melhor exemplo, mas dá pro gasto}]), apelido que ela odiava, por achar pouco original. Ao conversarmos durante algum intervalo daquele primeiro semestre, descobrimos um filme que assistíamos desde criança em comum, e o nome dele era “High School Musical” (não me julgue, qualquer menina de 12 anos gosta). Com essa descoberta, também acabei conhecendo o lado artístico de Fanny, a dança, e ela o meu, a voz(eu cantava de um jeito que desse pra ouvir, não bem. Não que até os dias de hoje tenha mudado muita coisa). Depois disso começamos a ter aquelas idéias malucas de crianças de querer formar grupos e dançar e cantar e ser famosas por todo o mundo. Só que um grupo de dançarinas e cantoras famosas não está completo sem nomes mais bonitos que seus nomes originais, e mais convidativos que “Esté”, então, quando estávamos eu e Fanny treinando nossos shows lá em casa, ela deu a ideia de termos nomes parecidos com os dos personagens de HSM, nomes que ela diziam ser chiques. Daí vieram Mary e Fanny.

Um dia pedimos a professora para nos apresentarmos para a turma, e enquanto Fanny dançava, eu cantava uma música do High School Musical 2(HSM2) “Fabulous”, e enquanto eu cantava me achando uma diva, Fanny dançava se achando uma diva. Cara, nós éramos divas, não tem como negar. Nós recebemos aplausos da sala e nós rimos com os que riram de nós, afinal, só queríamos nos divertir com aquilo que gostávamos. Só pra constar, Fanny dançava balé naquela época, diferentemente de agora, pois ela dança danças de salão e jazz. Depois de nosso pequeno show, Mat se interessou pelos nossos “dons” artísticos e quis se juntar ao grupo, falando que também gostava de HSM. Se fosse hoje em dia, teria especulado que ele era gay, mas naquela época nem sabia o que era isso, então ele entrou no nosso grupo de apresentações divas de HSM. E junto da entrada veio o nome divo para as apresentações divas das divas e do divo, mais conhecido depois de entrar no nosso grupo, como Mat.

Quem sabe depois eu conte um pouco mais sobre nossas façanhas do sétimo ano, mas por enquanto, voltemos ao que interessa: COMO ASSIM A MAQUETE TÁ COM A PÂMELA??

–E você ainda acredita naquela vaca cara?? Você sabe que ela não gosta da gente, na verdade, de ninguém do grupo! Você ainda não perdeu a queda do nono ano por aquela ridícula não é? Ah Mat, às vezes você consegue ser inacreditável! O que você vai falar pra professora hein espertão??

–EU NÃO GOSTO MAIS DELA! E, sei lá, eu dou a desculpa de que ela tava com a maquete e faltou hoje, sei lá. Só deixe comigo que eu dou um jeito, não se preocupe okay?

–Então torça para que ela não venha, e ,se funcionar, vou querer te dar parabéns meu filho.

Puxo ele pra entrar de volta e peço desculpas à professora pelo atraso. Ainda não acredito que ele fez aquilo comigo, e com o grupo, ele sabe o quanto aquela garota é uma víbora! Quem sabe o que ela fará conosco...

–Grupo da Marianna se apresente por favor!

Olho com raiva para Mat e sussurro.

–Vai lá, explica pra ela. – Falei em um tom meio (meio nada, muito até)imperativo, pois estava morrendo de ódio naquele momento...

–Professora, é que... nossa maquete está com Pâmela, e... e nós achamos que ela não vem mais hoje...

–Ah, a mãe dela me ligou mesmo! Tinha me esquecido disso. Dessa vez vocês se safaram, dessa vez! Podem se apresentar amanhã, próximo grupo!

As primeiras aulas acabam, mas ainda estou com raiva de Mat, como ele faz isso e não avisa? Ah, eu vou te contar viu, é isso que dá deixar responsabilidade com homem. Às vezes eu tenho sorte nesses quesitos de deixar tudo nas mãos de Mat, mas às vezes também Satanás extrapola, assim como quando ele deixou a Pâmela escapar pelas portas do inferno, que ele esqueceu de fechar! Ai meu Deus, não sei como consigo ser tão má e não ter remorso por isso! Mat precisa prestar mais atenção, ele como homem cai nas brincadeiras da Pâmela, e algumas horas tenho medo dela enganar ele e acabar fazendo-o de trouxa. Mas ele não me daria ouvidos. Onde está a minha Sharpey quando eu preciso?

Ela teve que viajar logo essa semana...

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