Austrália, México, Tailândia, Tanzânia, Nova Zelândia, Colômbia e Conta Rica. Sete lugares nos últimos dois meses. Seguindo os passos da minha mãe, todos os lugares que ela passou surfando e tirando diferentes fotos eu passo agora, tirando fotos e conhecendo novas pessoas, é claro, nada de surfe pra mim, só péssima nisso.
Estou dentro do pequeno barco que nos levará da Nova Zelândia para o Havaí, vai ser uma viagem muito bonita, pelo que garantiu o piloto do barco, Sr. Trevor. Seguir os caminhos da minha mãe surgiu depois da morte dos meus pais, quando saí do internato e fui para casa, estava mexendo em umas caixas velhas e vi uma espécie de diário com milhares de fotos, uma de cada lugar que ela havia passado, embaixo vinha dando descrições do lugar e de tudo o que ela vivera naquele espaço, depois era outro e mais outros.
Então, naquele momento - já não sabendo mas o que fazer sem eles, e nem como manter tudo em seu devido lugar. - decidi que a melhor forma de saber como ela melhoraria as coisas era agir como ela na minha idade, viajar o mundo inteiro tirando fotos e curtindo minha vida. No começo meu avô foi um pouco contra, afinal de contas tenho 18 anos, herdeira de uma fortuna e dinheiro, estudada e nada mais certo do que eu começar a fazer faculdade, mais eu não queria, isso não era para mim, não por agora. Então fizemos um trato, depois de dois anos viajando, eu volto para casa e faço alguma faculdade, sei lá, direito, administração, qualquer coisa, só para poder tomar conta das empresas e vê se ele me deixava em paz.
Bom, não preciso nem dizer que ele aceitou, - afinal se ele não tivesse não estaria aqui. - ele prometeu que me mandaria dinheiro sempre que eu ligasse pedindo, dinheiro dele mesmo, ele dizia que não para eu gastar o dinheiro dos meus pais com isso e, como eu era sua única neta, ele gostava de me dar esses mimos.
Vocês devem estar se perguntando quem eu sou né? Prazer, Catherine Chandler, mais pode me chamar de Cath. Acabei de completar 18 anos e com isso saí do internato em que estudava desde os 13, quando meus pais foram mortos. Eles, juntos, eram donos da maior empresa de Bioquímica do mundo, e tinham investimentos em todo o planeta, quando eles morreram eu, como única e legitima herdeira, herdei todo esse império.
Vocês devem estar achando que sou mimada por não querer tomar conta da empresa e tudo mais, não ligo muita gente acha isso, mais a verdade é que sinto que preciso fazer isso agora. Jurei, e vou cumprir, para o meu avô que quando voltasse estudaria, mais não é o que eu sinto agora e ele me conhecendo, tanto eu quanto minha mãe, sabe que as duas são sensitivas e, sabe que se estou querendo viajar agora, é porque alguma coisa boa ou ruim estar para acontecer e eu preciso ver para poder seguir em frente.
Quando decidi fazer a viagem me sentia perdida, como se faltasse algo em mim que eu precisasse achar, e agora mais do que nunca sinto isso. Eu e minha amiga Tess, - nos conhecemos no segundo ano no internato, e somos inseparáveis. - estamos viajando a dois meses juntas, dormindo em barracas, posadas simples demais, viajando em barcos, ônibus, enfim, vivendo como duas mochileiras. Vez ou outra precisamos pegar o avião do meu avô emprestado para viajar de um país ao outro, mais isso acontece poucas vezes sempre que dá agente tenta com outros veículos. Nas duas mochilas que carregamos estavam máquina, celular e roupas, na maioria short e regatas, mais também tem jeans, e alguns agasalhos para noites geladas.
O Havaí não era o nosso próximo ponto, na verdade era o Brasil, mais algo forte e compulsivo me chama pra lá, como se fosse minha obrigação seguir meu destino e deixa que ele me carregasse para as aventuras mais loucas do mundo, sei que pode ser um erro adiantar as coisas assim, mais que mandar na gente é o coração e o meu diz que é para lá que devo ir.
- Falta cerca de uma hora, Cath. - Tess se aproximou, saindo da cabine do piloto e sentando-se ao meu lado, No barco, junto com agente, havia outras sete pessoas, duas pareciam estar fazendo o mesmo que agente, as outras pareciam estar apenas em viagem. - Os enjoos estão fortes?
- Não, melhoraram. - Respondi com um sorriso, realmente haviam melhorado, no começo da viagem eu não aguentava ficar nem meia hora em um barco que já estava vomitando, agora pelo contrário, estava bem. Eu me virei para o lado e peguei um caderno grande, de capa azul e que já estava inchado pelas coisas que tinham neles, fotos e anotações, isso eu também tinha copiado da minha mãe, passava por um lugar, tirava uma foto igual a ela, na mesma posição, e colocava ali, dizendo quem ou o que eu conheci no lugar, como foi minha passagem e como o lugar era. As coisas dois últimos sete lugares estavam ali. - Está cada vez maior.
- Nem fala, ainda falta coisa pra gente fazer e isso já está lotado. - Ela comentou sorrindo, realmente eu tirei várias fotos e deixava todas ali, mais no final apenas uma ficaria colada e com descrição. - Pretende ficar quanto tempo lá?
- Não sei, talvez continuemos por uma semana mesma, talvez agente mude. - Eu falei olhando para à água que passava por fora do barco. Até hoje estávamos ficando uma semana em cada lugar, só na Costa Tica que ficamos duas, mais lá merecia, com certeza faríamos o mesmo com o Havaí, afinal de contas era lindo.
- Tudo bem. - A conversa foi encerrada ali, Tess colocou seus fones de ouvido e fechou os olhos recostando a cabeça na borda do barco. Eu me sentei de frente para ela, cruzei as pernas, joguei um braço para fora do barco e encostei o queixo na borda no barco, fiquei sentindo a água passar suave pelos meus dedos deixando-os gelados e com aparência mais envelhecida.