Raivas Insubstituíveis escrita por Beatriz


Capítulo 9
Capítulo 9 - Beijo De Hidromel


Notas iniciais do capítulo

Esse final de semana teve um problema com a minha conta, por isso não postei, mas já está tudo resolvido. Garanto que vocês vão curtir esse *-*



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Ele me olhava.

Eu pude perceber que a cada piscadela que me mandava, ele desejava-me cada vez mais. E eu o idolatrava a cada passada de mão no cabelo. Oh, aqueles cabelos negros...

Get Out Alive tocava no fundo, enquanto ele caminhava em minha direção, como sempre. Eu podia parar pra imaginar qual é o gosto do seu beijo, seria o gosto de um sonho? Seria de chocolate? Seria de Hidromel ou de um beijo furioso como seu coração? Ou até um beijo sem graça, mas mesmo assim seria o dele.

– Acorda! – Gritavam em meu ouvido. – Catarina, não morre, por favor! Era só uma bebida!

– Ai... Não grita, Gustavo.

– Meu Deus, ela acordou! Não precisa mais ligar pro SAMU, mãe!

– Mas... eu só desmaiei por causa da bebida, por que SAMU, Gustavo?! Você é pirado! – Gritei.

– Ué, não era pra não gritar? – Ele fez aquela cara de irônico e meu Deus... NÃO! Esquece essa cara, Catarina. Por mais que seja a carinha mais linda que eu já vi.

Bom, eu tinha muitos sonhos com esse cara que descobri ser Felipe. E como eu faria para esquecê-lo não me pergunte. Eu simplesmente amava o cara dos sonhos, e odiava Felipe O Bárbaro do Fogo. Eu não quero viver com um coração partido, ou como uma boba tentando conquistar seu inimigo porque viu ele em sonhos. Por que não pesadelos? É simples. Porque você tem de sonhar pra realizar, porém o realizar não é tão fácil quando sonhar. Felipe era fechado e me odiava.

– Oral como nos velhos tempos? – Gustavo surpreendeu-me entrando no quarto apenas de cueca e relembrando coisas que fazíamos aos doze anos.

– Mas é claro que não! Sai daqui, eu em. – Lembrei-me de colocar um pouco de nojo quando falasse.

– Nossa, desculpa. – Ele deitou-se em sua cama e eu só me cobri no colchão que estava ao lado.

No dia seguinte acordei bem cedo para não perder o costume de comer sonho antes do café da manhã. Fui até a padaria, aquela que o senhor sempre estava sentado lendo algo. Comprei dois sonhos de chocolate e na saída, fiquei estupefata quando tive a coragem de lhe perguntar seu nome.

– Com licença... Como o senhor se chama? – Perguntei.

– Alberto, moça... – Ele respondeu com tanta dificuldade para falar que eu senti dó dele estar ali todos os dias, lendo o mesmo livro e com tanta dificuldade.

– É... eu estaria sendo muito curiosa se lhe perguntasse o nome do livro que está lendo? – Tentei ser mais agradável e simpática possível.

– Ah sim, moça. Moça quer saber o nome do livro? É... O Livro de São Cipriano, Capa Preta. E... – Ele soltava as sílabas tão demoradamente que arrisco dizer que esta frase durou em cerca de cinco exatos minutos.

– Sobre o que fala?

– Sobre magia negra, He He He. – Aquela risada pode não ter parecido medonha pra você, mas foi pra mim. Ele a soltou como se não tivesse a mesma dificuldade que tinha para falar as outras coisas. Ele riu como um senhor mau e que obviamente sabia muito sobre esse assunto de magia negra.

Sentindo-me assustada, disse que deveria ir embora e saí praticamente correndo em busca de conforto.

– Que cara de assustada. – Gustavo me disse quando entrei no quarto exatamente às nove e meia da manhã.

– E o que você está fazendo acordado essa hora?

– Se eu não acordasse você ia fazer isso. – Rimos.

Rapidamente fui ao banheiro me arrumar. Eu amava aquela banheira que Gustavo tinha no banheiro do quarto. Apesar de no Brasil não ser costume usar banheiras, os pais de Guga usavam. Simplesmente porque eles são, com certeza, os melhores pais que eu já pude conhecer, principalmente Cícero.

Não ter uma figura paterna dentro de casa e quando ir ao vizinho – melhor amigo – ter uma, é magnífico, porém com seus lados bem negativos. Meu pai deixou minha mãe quando ela nem havia tido a oportunidade de tocar em sua barriga e pensar com carinho aquilo que as mães pensam quando descobrem que estão grávidas. Além disso, ela não possuía nem um mês comigo lá, em seu útero.

Olhei-me no espelho.

Observei toda aquela besta quadrada que eu era.

Cabelo batendo nos ombros com cor de merda. Meus um metro e sessenta e cinco centímetros. Aquela blusa do Motley Crue. O short absurdamente rasgado, o short do azar. O tênis tão branco quanto os dentes de um dentista. As pernas que sempre foram grossas – gordas –, todos esses dezesseis anos.

– Pa-na-ca. – Disse eu, ainda olhando aquele corpo que nem sequer se parecia com minha mente.

– Você não é panaca. – Gustavo apareceu atrás de mim e vi seu reflexo no espelho. – É linda.

– Falou o paspalho que manja de beleza. – Sorri.

– Mas você é, não precisa manjar. É só olhar. – No “Você é” eu virei para olha-lo pessoalmente, e no “É só olhar” ele colocou as mãos em meus ombros e virou-me para o espelho novamente. – Preste bem atenção aqui. – Ele colocou agora as mãos inteiras em meus ombros. – E aqui... – Virou para meu colo. – Aqui... – Pulou a área proibida e pousou a ponta dos dedos na minha cintura. Aos poucos foi despejando toda a mão e todo o peso naquela parte do meu corpo. – É onde eu mais gosto. – Sério que o meu melhor amigo gosta da minha cintura? Sim, e também era sério o que eu estava prestes a fazer.

Me virei de frente pra ele novamente. Foi tão rápido que suas mãos nem se moveram em minha cintura. Eu o olhava com ternura e com o desejo de provar de seus lábios.

Não, eu não o beijei.

Nós nos beijamos.

Quando nossas línguas se tocaram, um fogo subiu por todo meu corpo pousando toda a minha timidez nas bochechas. Acredito que nesse momento elas ficaram rosadas com algumas pintas vermelhas.

Esse beijo terminou com olho no olho. Nariz com nariz. Corpo com corpo. E alma com alma.


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Notas finais do capítulo

E ai, curtiram?



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