Acordei com o sol no meu rosto. Me virei e a vi ali do meu lado dormindo como um anjo. Sara Sidle. Sorri e lembrei-me de tudo o que aconteceu na noite anterior. A noite mais perfeita da minha vida, sem duvidas. Levantei, tentando fazer o menor barulho quanto era possível. Me vesti a fui até a cozinha, preparar o café da manhã.

Vasculhei a geladeira e os armários, encontrando poucas coisas, mas o suficiente para preparar algo simples e especial. Preparei uma bandeja com ovos mexidos, torradas, frutas e suco de laranja. Peguei uma rosa do jardim, apenas para deixar tudo mais romântico.

Fui até o quarto e ela ainda dormia.

_Bom dia, Sara.

Me aproximei, sentando ao seu lado. Ela se espreguiçou e sorriu para mim.

_Bom dia, Grissom.

Estranhei ela me chamar de “Grissom”, mas não foi nada demais.

_Eu fiz o café da manhã. Disse entregando-lhe a bandeja.

Ela deu um sorrisinho meio torto e percebi que tinha ficado sem jeito.

_Que gentil, realmente... Foi muito gentil.

_Fico feliz que tenha gostado, Sara. Depois que comer, eu gostaria de conversar com você a respeito de nós.

_Nós? Ela me olhou assustada. Como assim nós?

Eu ri já nervoso. Que tipo de pergunta era aquela? Um frio percorreu minha espinha antes que eu dissesse alguma coisa.

_Ora, depois da noite que passamos juntos pensei que... Enfim... Pudéssemos assumir um relacionamento, algo sério.

Ela riu, meio sem jeito ainda. E foi aí que meu coração disparou e um frio tomou conta de meu estômago. Fiquei realmente muito assustado com sua reação. Eu jamais esperaria dela algo assim. Pelos céus, o que tinha acontecido com a doce e amável Sara?

_Escute, Gil, passamos uma noite apenas juntos. Não tem sentido conversarmos sobre isso agora. É tudo tão recente, alias muito recente. Você não acha?

Ela disse isso com um tom de voz tão frio que me deu repulsa. Como ela poderia falar algo assim? Eu a amava e a tinha tomado em meus braços naquela mesma noite. Foi a comprovação de que realmente a amava.

_Cedo? Como assim cedo Sara? Eu te amo!

Ela arregalou os olhos, visivelmente assustada.

_Me ama? Grissom acho que está confundindo as coisas.

_É, realmente, acho que me confundi. Mas foi a seu respeito!

Saí de sua casa, realmente indignado. Senti uma leve dor de cabeça e temi que aquilo pudesse se tornar em uma enxaqueca forte. Entrei em casa com as lagrimas querendo sair, mas me controlei. Tomei um remédio e fui para meu quarto. Ainda não acreditava que tinha ouvido aquilo dela, não podia ser verdade. Era como se eu estivesse em um pesadelo. Mas não estava. Eu estava acordado e aquilo era real.

Era real de uma forma tão ruim, de uma forma que machucava tanto, mas tanto. Era uma dor terrível, como se tivesse levado um tiro ou qualquer coisa do tipo. Eu tinha vontade de chorar e gritar e perguntar por que ela tinha feito com isso. Por que ela me magoou deste jeito? Por quê?

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Duas semanas já tinham se passado e eu ainda estava mal. Muito mal. Queira sumir do mundo, desaparecer. Sara tinha me magoado tanto. Eu não a via desde aquele fatídico dia, nem queria vê-la. Na verdade, até queria, meu coração queria. Mas eu sabia que se a visse tudo ficaria pior.

Cheguei em casa, depois de um turno muito cansativo. Sua casa estava toda fechada e não havia sinal de que ela estivesse em casa. As flores de seu jardim estavam murchas. Estranhei mas não quis reparar muito. Eu só queria desaparecer.

Abri a caixa de correios e vi que havia uma única carta. Abri e era um cartão postal.

“Gil

Sinto muito por tudo. Precisei de um tempo pra mim mesma. Decidi viajar, fazer um tour pela Europa. Volto em breve.

Lembranças.

Sara Sidle”

Meu coração disparou e sorri, inevitavelmente. Era um cartão da torre Eiffel. Parece que apenas de saber que ela estava tão longe, a saudade apertou. Como eu a amava, apesar de tudo o que houve. Eu sabia que a amava com todas as minhas forças, da forma mais pura e profunda. Eu a amava!