Korra estava deitada na cama, em seu quarto. Não conseguia dormir, e já estava bem tarde. Seu corpo estava cansado, mas sua mente estava mais acordada do que nunca. Ela tinha muitas questões para resolver; afinal, era o Avatar, de um jeito ou de outro.

Pensava em mil coisas ao mesmo tempo. Ela deveria derrotar Amón, o líder dos Igualitários, só não sabia como. Ele era um maluco revolucionário que precisava ser detido. Isso Korra tinha certeza. Mas como o encontraria? Ela já o desafiara para encontrá-la na Ilha do Templo do Ar, mas fora capturada. Só depois Tenzin o salvou. Portanto, a jovem Avatar deveria tomar mais cuidado. Mas não era só isso: e quanto ao seu treinamento de dominação do ar? Ela era um fiasco em dobrar esse elemento. Tenzin queria ajudá-la, mas ela não tinha uma autoestima muito boa.

E se não bastasse tudo isso, Tarrlock ainda era outro problema. Ele havia inventando uma ridícula força-tarefa, que para nada servia. O Time Avatar daria conta de pegar os Igualitários, mas Korra temia que Tarrlock prendesse seus amigos. Ele já ameaçara fazer isso.

Ela se sentia impune. Uma situação realmente complicada. Passara horas em claro, só pensando em como poderia resolver tais problemas. Ser o Avatar era difícil. Só agora que estava na Cidade República que começava a notar essa questão. Ela tinha tantos deveres e obrigações para cumprir. Achava que alguma hora ficaria louca. Ela tentou esquecer tudo isso por um momento e virou-se para dormir.

**

Passos. Era só isso que Korra ouvia aquela hora. Passos no corredor. Muito estranho. Ela acordara com esse barulho. Mas quem poderia ser? Estava muito tarde. Ela pensou em ver quem era, mas de repente o barulho cessou.

Korra teve um mal pressentimento. Isso nunca havia acontecido. Todos dormiam, ela tinha certeza. E se fossem Igualitários tentando capturá-la? A jovem Avatar começou a ficar nervosa. Ficou um tempo parada, tentando ouvir novamente os passos. Eles voltaram, mas dessa vez pareciam estar mais próximos do quarto de Korra.

Ela rápida e silenciosamente se esgueirou para o lado da cama. Ficou em alerta. Os passos pareciam se aproximar cada vez mais, e quando Korra achou que alguém iria abrir a porta, eles cessaram novamente. O que diabos estava acontecendo? Ela decidiu enfrentar quem quer que estivesse ali.

Korra suspirou, se preparando para abrir a porta. "Vou contar até três", ela pensou. "Um". Os passos voltaram. "Dois". "Três". Ela rapidamente abriu a porta, já esperando por um ataque.

Nesse momento, ela deu de cara com Mako. Eles se esbarraram, e Korra quase caiu. Mako a segurou. A Avatar se ergueu, dando para o dobrador de fogo um olhar surpreso e espantado. Ela corava.

-Mako? O que...- gaguejou Korra.

-Hã, eu... Desculpe por acordá-la. Eu estou tendo muitos pesadelos nessa noite.

-Entendo. Mas droga, Mako! Eu fiquei assustada. Pensei que...- Ela se interrompeu. Se dissesse que temia que fossem Igualitários atrás dela, poderia parecer um pouco desesperada demais.

-O quê? Quem você pensou que estivesse andando por aí?- Mako a olhou um pouco preocupado.

-Eu... achei que fossem Igualitários...- Ela disse quase rouca. Tudo bem, ela podia ter viajado demais nessa questão dos capangas de Amón. Mas estava preocupadíssima com isso. Mako pareceu notar isso olhando para ela. Ele desviou o olhar, um tanto incômodo.

-Hum... Você está preocupada com Amón.

-Não só com Amón. Também não conseguia dormir. Eu estava pensando sobre todos os meus problemas: Amón, a dobra de ar...- A Avatar olhou para ele com uma cara um tanto abatida. Ele notou.

-Ei, não fique assim.- Ele tentou animá-la- Eu, Bolin e a Asami vamos te ajudar com o Amón. E sobre a dobra de ar... Você está progredindo. Posso ver isso em seus treinos. Estamos aqui para te ajudar. Ele a olhou com olhos esperançosos. Deu um sorriso, tentando confortá-la. Mas depois de um tempo, seu sorriso sumiu. Ele ficou desajeitado.

-É, eu... na verdade, eu queria vir ficar um pouco com você. Os pesadelos me acordaram, e tentei tomar coragem de vir até aqui. Mas fiquei zanzando pelo corredor, pensando se eu iria acordá-la por causa de um motivo besta.

-Não é um motivo besta. Como foi esse pesadelo?- Perguntou Korra, agora interessada pelo fato de Mako estava tão perturbado assim para ter que acordá-la bem no meio da noite. Não que ela não gostasse disso.

Ele corou. Ficava olhando para os lados, realmente muito envergonhado. Korra não entendia o porquê. Até que ele disse:

-Bem, eu sonhei que tinha te perdido. Para sempre.

-Oh...- Ela estava sem palavras. Agora entendia a preocupação de Mako. Korra gostava muito do Mako, mas nunca imaginou que ele poderia ser tão carinhoso assim. Ela decidiu confortá-lo e apreciar o momento.

-Bem... Se quiser, pode dormir comigo. Ele sorriu. Ambos entraram no quarto e Korra se jogou na cama. Ela estava muito cansada. Mako se acomodou ao seu lado. Ela se virou para ele e disse:

-Você nunca vai me perder. Prometo.

-Tenho total certeza disso, Avatar.

E ele a beijou. Um beijo sereno e calmo. Era tudo o que Korra precisava naquela noite.