Audiolivro - Capítulo 1 

I

Reyna

A última coisa que Reyna queria era ficar sozinha com o filho de Hades, mas como Annabeth havia dito, ela deveria entregar a Atena Partenos de volta ao Acampamento Meio-Sangue para acabar de vez com aquela guerra.

Logo após o piquenique Reyna entrou no Argos II para descansar um pouco, estava exausta por atravessar as terras antigas sozinha, sentia falta de seu Pégaso, lamentava sua morte, sentia-se tão sozinha, mas era algo que nunca demonstraria, não, ela não ficava por ai com pena de si mesma, ela erguia a cabeça e continuava com o que tinha de fazer.

Não tinha pensado muito no assunto quando Nico di Angelo se ofereceu para acompanha-la até o Acampamento Meio-Sangue numa viagem pelas sobras, ela nunca tinha viajado nas sombras antes, mas não gostou da ideia, a escuridão a engolindo por completo, o frio da morte a sua espera, não saber o que encontraria quando voltasse a ver a luz era o pior de tudo.

Tentou respirar fundo, mas a respiração parecia não vir, tentou se acalmar e dormir um pouco, o que Reyna iria descobrir que foi um erro. Assim que fechou os olhos Reyna sonhou, sonhou que estava a caminho do Acampamento Meio-Sangue e quando chegou, tudo estava destruído, corpos estavam espalhados no chão, gregos e romanos, unidos finalmente.

Uma mulher estava em pé no meio dos corpos, vestia um vestido marrom como a terra, ela estava de costas para Reyna, olhava para algo logo depois da colina, era a Atena Partenos, e nela um amontoado de tecido negro estava pendurado, a mulher de marrom não tinha consciência de Reyna, e começou a se aproximar da estátua.

Reyna a seguiu com cautela, uma mão segurando sua espada pronta para embainha-la, a mulher tocou no monte de tecido e Reyna descobriu que era uma pessoa, a mulher tocou no queixo do menino de preto, e o levantou, era Nico di Angelo, pendurado pelos braços, com grossas amarras, na estátua.

Ele estava miserável, com cortes e esfoliações pelo corpo, seu rosto estava destorcido em uma máscara de dor, mas não demonstrava medo, Reyna estava horrorizada, ficou congelada no lugar quando a mulher virou-se para ela, seu rosto quase esboçava um sorriso, ela estava de olhos fechados e sua boca também, mas Reyna ouviu a voz mesmo assim, como se estivesse na sua cabeça.

“Você falhou Reyna, filha de Roma. Tudo está acabado, tudo se perderá e afundará na terra, não pode me deter, não pode impedir que eu desperte.”

“Não! Eu posso até não conseguir detê-la, mas os outros conseguirão, eles impedirão que desperte.”

A mulher riu e com a mão direita começou a enforcar Nico, seu corpo tremia e contorcia perante o aperto de Gaia, Reyna tinha que impedi-la.

“Pare!”

“Ouça criança, sua missão falhará, você nunca poderá protege-lo de todos os monstros que irei enviar para mata-los, este filho de Hades morrerá em suas mãos, você terá o sangue dele e dos outros que morrerão na guerra dos acampamentos, manchando a sua alma.”

“Não! pare!”

Reyna fechou os olhos e tentou tampar os ouvidos para não ouvir a mulher dizer seu nome.

“Reyna, acorde!”

Abriu os olhos e a sua frente Percy esperava demonstrando preocupação.

“Você está bem?”

“Sim, foi só um sonho.”

“É, eu sei bem como é. Bem Nico está pronto para ir, todos estão te esperando lá em cima.”

“Tudo bem, vamos.”

Reyna pegou sua armadura e a vestiu, colocou a espada no cinto e saiu do quarto, seguiu Percy até o convés.

Todos estavam lá, exceto Nico, que deveria já estar com a estátua, Annabeth se aproximou de Reyna e esticou a mão:

“Boa sorte, que os deuses te protejam.”

“A vocês também.”

Reyna se despediu de todos, recebendo vários abraços de boa sorte, desceu do Argos II e caminhou até onde Nico di Angelo e o treinador Hedge estavam esperando, Nico di Angelo estava com amarras em volta dos ombros que estavam presas na estátua, Reyna teve um calafrio lembrando do terrível sonho, não teve coragem de olha-lo diretamente, ficou com a cabeça baixa.

“Então é isso, di Angelo, vamos nessa chutar a traseira de alguns monstros!”

Gritou o treinador Hedge com o bastão na mão, ele parecia realmente ameaçador com aquilo.

“Sim, vamos mesmo.”

“Como funciona a viagem nas sombras?”

Reyna teve de perguntar, di Angelo a olhou miserável e respondeu:

“É como um tele transporte, mas é bem pior, pois as sombras podem ter qualquer tipo de alma maligna oculta, nós passaremos por um reflexo do mundo inferior.”

“E como você sabe onde vai parar?”
Nico deu um sorrisinho sinistro que deixou Reyna desconfortável.

“Às vezes eu não sei, digo agora está fácil pra mim ir sozinho a qualquer lugar do mundo, mas com essa carga extra vai ser mais difícil.”

“Entendo.”

“Estão prontos?”

“Eu nasci pronto di Angelo.”

Nico ergueu as sobrancelhas para Reyna, que assentiu apreensiva.

“Única regra, não soltem suas mãos das minhas em hipótese alguma, pois se vocês se perderem nas sombras, não sei se poderei encontra-los.”

Reyna suava frio quando segurou à mão de Nico di Angelo, que estava fria como gelo, o treinador Hedge segurou a sua mão esquerda, Reyna estava segurando a mão direita de Nico, assim poderia segurar sua espada. Sentiu uma leve pressão em sua mão e em um segundo tudo ficou escuro, sentiu ser sugada pela escuridão, vozes sussurravam em seu ouvido, sentia o ar frio gelar até os ossos.

A mão de Nico estava ficando mole, Reyna a apertou com toda a força e fechou os olhos rezando para os deuses não deixa-la perdida nessa escuridão, então apertou ainda mais forte.

Sentindo que o frio estava passando Reyna abriu os olhos e se viu parada num beco mal iluminado com a vista para uma praça grande com uma fonte e um monte de gente andando. Sentiu algo se mexer na sua mão e viu que ainda agarrava a Nico com toda força, os dedos dele já começavam a ficar roxos, Reyna o solto rapidamente e o garoto desmaeceu sendo segurado pelas amarras da estátua.