A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 41
Capítulo 41 - Crystal Gottarge


Notas iniciais do capítulo

Bom, desculpe a demora para postar. Em partes ela foi... "proposital". Venho aqui dizer que nossa fic está se encaminhando para o fim... o vencedor já está praticamente decidido, porque, como um bom autor, o seu enredo deve sempre estar pronto. Então, vocês devem estar se perguntando o por quê que eu pedi para vocês votarem. Excelente pergunta, é claro. O motivo é simples, apenas para ver o carisma com os personagens, o que vocês achavam deles e tals... E porque vocês, quando se comprometeram ser patrocinadores, são, além de tributos, moradores da Capital, ou seja, estavam apostando nos favoritos e não "ditando" a história, isso é meu dever. Espero que achem justo quem for vencer, e não tenham conclusões precipitadas de mim, dos personagens, da fanfic, etc... Bem, curtam este capítulo!



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As noites anteriores foram difíceis, não tenho como negar. Lara invade minha mente sempre em que tento emergir numa boa noite de sono. É complicado, se relevarmos que estamos numa arena, podendo ser mortos ou qualquer coisa do gênero.

Os últimos pesadelos foram espantosos, com Lara mostrando seu rosto queimado, me perseguindo ou mordendo e mastigando minha pele e carne como se fosse seu lanche. O laço que criamos foi além do que eu imaginava. Pensei e tratei ela como se fosse apenas uma aliada, quando na verdade ela foi uma grande amiga. O momento em que tive de consolá-la pela morte de Jonathan, ou simplesmente quando nos conhecemos no ginásio. Talvez tenha tido traição por eu ter explodido há três dias atrás. Acho que o choque foi tão grande para mim, que as vezes chamo Clevence de Lara.

Isso mesmo, não houveram vítimas nos últimos três dias. Faço várias analogias para pode explicar este fato. As estatísticas que eu faço indicam três coisas: um tempo para que as famílias se recuperem do choque, ou alguém está caçando tributos ou os Idealizadores estão planejando algo muito terrível para nós.

A manhã passa como um lampejo. Comemos pãezinhos que recebemos de nosso mentor. A massa é divina e caseira, deve ser de nosso Distrito, porque o formato e sabor são muito peculiares. Para colaborar, enviaram um molho levemente agridoce e ardido. Oito pães no total, quatro para cada. Quer dizer, agora só restam dois, e não caçamos mais para prevenir nossas vidas. Clevence e eu revezamos a guarda, logo permitindo que ele durma algumas horas.

Nossos suprimentos estão escassos para não mencionar extintos. A fome nos acomete em questão de horas. Para distrair da fome, começo a fazer rabiscos na neve, mas conforme meados da tarde chegam, o frio aumenta e eu sou obrigada a me junta de Clevence, refratando todo o calor que o blusão proporciona para meu corpo.

– Precisamos caçar - diz Clevence, ímpeto.

Dou um salto, quase me colocando em pé com a fala inesperada. Uma mistura de raiva, estupor e várias outras emoções atinge.

– Por que? - rebato.

– Nosso estoque está acabando, você ficou ontem sem comer e... se pudermos encontrar um tributo teremos a chance.

– Não, podemos viver com estes pães mais alguns dias se você souber como usá-los - digo, pondo fim na discussão.

O silêncio prolonga até que Clevence se levanta e coloca a mochila nas costas, se armando com um punhal.

– Pra onde você vai? - pergunto.

– Eu vou caçar. Se você não quiser, boa sorte, lembrando que se eu morrer, ninguém volta.

– Tudo bem! - digo, com fúria nos olhos.

Andamos trinta metros, abatendo e escondendo alguns roedores que encontramos. Não passam de quatro esquilos rechonchudos. De recompensa, recebemos uma pequena porção de arroz selvagem com carne de cordeiro, junto de uma pequena quantia de água potável num paraquedas prateado. A distração é grande que não consigo me recordar onde escondemos nossas caças.

– Estava aqui... - diz Clevence, vasculhando a região.

– Acho que sei quem foi. - digo ao enxergar um animalzinho felpudo. Seus olhos são vermelhos, seu pelo cinza e seu focinho move-se conforme ele se aproxima.

Um coelho.

O animal, com duas orelhas longas, rabo que parece uma bola peluda, pequeno e fofo. Nunca tinha me encantado com nenhum animal em minha vida, porém abro exceção para o coelho. Não consigo imaginar que ele consiga comer todos as nossas caças. Clevence está mais embevecido ainda, questionando o coelho, mesmo sabendo que ele não irá responder.

Em questão de instantes, outros de sua espécie começam a surgir. Estou maravilhada, nem me importo com a ninhada que aparece. Acho estranho coelhos aparecerem num fim de tarde tão frio, principalmente em ninhada. Todos fazem um coro de roncos esporádicos. Clevence me puxa para perto dele e sussurra perto de meu ouvido a ponto de fazer cócegas:

– Quando eu falar "já", a gente corre.

Os roncos começam a aumentar e o timbre é alterado. Talvez mais parecido com um rugido. Seu pelo cinza começa a atingir tons acastanhados, seus olhos fofos se transformam num sanguinário e seu tamanho é de um cão. Se não estivesse tão empenhada, com certeza deixaria de escutar o aviso de Clevence.

Sem hesitação, inicio uma corrida. Tenho um prato e uma lança em mãos. Clevence está praticamente desarmado se não fosse o punhal. Minhas juntas reclamam, mas eu não desacelero. Os animais começam a saltar, e alcançam-nos em dois pulos. Clevence e eu esquivamos dos pinheiros, que derrubam neve em meus cabelos, dificultando minha visão parcialmente.

Só temos tempo de bater nossas armas ou empurrar os animais contra os troncos para não cessar a corrida. Minha língua começa a ter áreas onde não consigo hidratar mais com minha saliva e a fadiga se inicia. Sem pensar muito, arremesso o prato em minhas mãos. Ele estoura no rosto de um deles, e com sua parada brusca e cacos que se espalham, outros coelhos patinam ou ficam cegos com o vidro.

Foi o estopim para que nossa fuga tornasse um êxito. Mudamos o rumo, de maneira que pudéssemos nos distanciar ao máximo, arrastando os calcanhares e pondo a língua para fora. Ninguém mais nos segue, e eu caio de cara no chão, consumindo a neve e a terra.

Rolo meu corpo, saindo da posição de bruços. A noite chega, Clevence está de quatro, vomitando tudo o que ele comeu. Tentei dizer "não", mas é inevitável, porque ele deve estar sem fôlego.

Ergui o meu tronco, Clevence se arrasta até mim.

– Pelo menos estamos vivos - ele diz. Em seguida, sou eu que vomito.

Analisando meticulosamente, nossa situação é crítica. Estamos de estômago vazio devido ao vômito, a Capital nos odeia, terminamos de mãos atadas e as chances de voltar agora são quase nulas.


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Notas finais do capítulo

Recomendem, favoritem, comentem! O próximo capítulo pode sair hoje ou terça... Mas de qualquer forma obrigado por lerem e que a sorte esteja sempre a seu favor. :D



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