A Faísca: 70° Jogos Vorazes - Interativa escrita por Tiago Pereira


Capítulo 37
Capítulo 37 - Beete Safierra


Notas iniciais do capítulo

Agora, a visão de um Carreirista nos Jogos. Não fiz o do Phillipe porque ainda, AINDA não é a hora... Desculpe o tempo sem postar, estive doente (ainda estou) e é por isso que tá curto o capítulo. Boa leitura. Recomendem, comentem, favoritem!



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Já se passaram dois dias desde nosso último assassinato. A garota do 8 foi morta por Isaac, e também matamos outros tributos na Cornucópia, embora fossem poucos. O frio apertou nos últimos dias, e isso é um problema para mim porque sou do Distrito 4, assim como Brianah.

Essa garota tem muita sorte de ser do 4 também. Ela não é carreirista, mas concordamos que ela poderia ser útil, e neste momento monta guarda, ou devo dizer, montava. A garota está dormindo praticamente sentada, com um tridente em mãos.

Me levantei e chutei as cinzas da fogueira. Segundo o nosso plano, hoje iremos caçar os tributos e matar o maior número possível. Atualmente somos aliados, mas logo aceitaremos a rivalidade. Peguei minha espada e acordei os demais cutucando o seus traseiros com a ponta do pé.

– Então, é hoje que botaremos nosso plano em prática - digo sem tardar.

– Vamos retomar o plano. Primeiramente nós vamos atrás dos mais fracos que sobraram que são estes... - Isaac começa a desenhar na neve com a lâmina da espada - o garoto do Sete está em aliança, se conseguirmos pegá-lo sozinho, as outras virão, mas se encontrarmos eles todos juntos, eliminamos todos.

– Também tem a menina do Distrito dele... a ruivinha - completa Chloe.

– Sim, eu não me esqueci dela - ele continua a rascunhar no chão. - O menino do Oito... A menina do Dez...

– Eu fico com a do Onze - pondera Viktor.

– Calma, ela é muito esperta... Ah, e o menino das armadilhas do Cinco - conclui Isaac. - Então estes são nossos alvos nos próximos dias. Vamos nos manter juntos, mas temos de nos separar em duplas ou individual. Quantos alvos são?

– Por enquanto Cinco, e nós estamos em seis - diz Charlotte. - Podemos nos separar individualmente e depois voltamos para o acampamento de noite.

– E como garantimos nossos suprimentos? - pergunta Viktor.

– Cada um pega uma pequena quantia de suprimento, temos bastante patrocinadores, então comida não vai ser muito problema. - eu disse.

– Ele tem razão... - diz Chloe - mas e o resto?

– Alguém fica de guarda - digo.

– Você fica - Isaac tira a ponta da lâmina da neve e aponta para o peito de Brianah. - E se comer tudo enquanto estivermos fora, vamos atrás de você.

– E-eu... n-n-não vou... - disse ela com o corpo trêmulo.

– Vamos tolerar duas noites fora, o.k.? - continua. Ninguém se opõe.

Apanhamos, cada um, uma mochila. Joguei por cima do meu ombro a alça de uma bolsa cinza claro. Andei por entre as árvores e inundei na floresta, com a iluminação precária e com animais soltos por perto.

Durante a longa caminhada, me hidratei com um pouco de água da garrafinha e comi alguns pedaços de ameixa. Ainda não encontrei ninguém, mas é provável que os outros já fizeram sua parte. Ouvi um tiro de canhão no início da tarde.

Um enevoado dificulta minha visão, o frio está mais intenso do que antes. Se não me engano, fiz duas paradas de uns quinze minutos, então estou determinado a continuar andando até encontrar alguém. Ouço passinhos se aproximando e uma freada brusca ocorre. Olhei para trás e uma menina, que reconheci ser do 10 pelos cabelos claros está arfando, exausta, desesperada.

Sem hesitação ela começa a correr utilizando de suas energias restantes. Por estar em melhores condições, não perdi a oportunidade para seguí-la. Só tenho uma espada e não tem como lançá-la na garota.

Já estou me aproximando dela, quando, num golpe de sorte ela tropeça e seu corpo desliza pela neve para frente. É quase certo que ela está lesionada, porque ouço gemidos de dor, súplicas e tossidas. Reparo a mochila nas suas costas.

Sei que as câmeras estão nos filmando neste momento. Nada mais justo do que dar um show para todo o país. Pisei no seu pulso, evitando qualquer movimento com a mão direita. Todo momento que ela tenta reagir, pressiono meu joelho contra sua coxa, e ela começa a chorar. Como na entrevista.

Suas mãos estão enfaixadas por uma fita. É provável que, por ser desengonçada, cortou as mãos com galhos e na sua mochila haviam algum tipo de kit de primeiros socorros, ou apenas papel.

– Como é que vai, hein, bebezinha? - provoco-a.

– Por favor não me mata! - ela suplica.

– Como é que é? Não entendi muito bem...

– Por favor...

– Vou começar por sua... - passo a lâmina por seu nariz - Ah, vou te matar de uma vez. Últimas palavras?

Neste momento, sinto seu corpo tentando reagir, mesmo depois de quase quebrar seu fêmur. Com certeza há um hematoma na sua coxa. Mas pelo jeito não foi suficiente, o pequeno momento que me distraí e parei com as dores foi um erro.

– Boa noite, Menino Cicatriz. - Vejo seu punho esquerdo se erguendo e acertando em cheio meu queixo. Sou lançado para trás, desorientado e sem a espada em mãos.

Tateio o chão, a procura da arma. Ela puxou do bolso da blusa um facão. Estou com a visão turva, cuspindo os dentes e absorvendo o gosto metálico do sangue que sai da minha gengiva e da minha língua. Quando alcanço o cabo da espada, me ergo e consigo bater a parte chata no seu braço antes dela me acertar com a faca na costela, rasgando o tecido da camisa térmica.

Agora estamos empatados. Com a visão ruim, tontos, desorientados, esperando a hora certa para atacar. Ela está ligeiramente manca, e isso dá uma vantagem. Somos muito habilidosos, isso é nítido.

Partimos para um combate corpo-a-corpo, ela é mais forte do que imaginava. Mal sabia que ela tinha força. Fiz um ligeiro corte no seu rosto. Quando fui chutá-la, ela segurou minha perna e me lançou para trás. Cambaleei, mas tentei manter o foco. Não foi possível porque não vi mais a garota.

A garotinha chorona, tímida, frágil, que tirou 3 na avaliação está fugindo da morte, enfrentando um carreirista. Estou muito mal, não costumo reconhecer mérito de ninguém.

Uma sequência de imagens passa na minha cabeça. Meus pais se divorciando, apagando o mundo com bebidas, minha entrada na academia, o sonho de vencer, meu nome sendo lido... tudo isso são ingredientes para a loucura. Minha vida não foi a melhor coisa do mundo.

O devaneio acaba em instantes, quando olho para trás e a garota aparece. Esta foi minha última visão antes da lâmina de seu facão me degolar.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



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